O Imperialismo e a Revolução
Enver Hoxha
Abril de 1978
Primeira Edição:     Abril de 1978.
Fonte: Instituto de Estudos Marxistas-Leninistas     Adjunto ao CC do Partido do Trabalho da Albânia, Casa Editora "8  Nëntori",     Tirana, 1979.
Tradução de: Anônimo.Transcrição/HTML de: Fernando A.  S.    Araújo, agosto 2005.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.
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Índice
Primeira Parte
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Segunda Parte
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O Imperialismo e a Revolução
Enver Hoxha
A Estratégia do Social-Imperialismo Chinês
Os fatos mostram cada vez melhor que a China afunda-se dia a dia no  revisionismo, no capitalismo e no imperialismo. Nesse sentido, ela  trabalha para  realizar uma série de tarefas estratégicas, em escala nacional e  internacional.
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Em escala nacional, o social-imperialismo chinês colocou-se a tarefa  de suprimir  qualquer medida de caráter socialista que possa ter sido adotada após a  libertação e de edificar no país um sistema capitalista na base e na  superestrutura, de fazer da China uma grande potência capitalista até o  fim  deste século, através da aplicação das chamadas "quatro modernizações",  da  indústria, da agricultura, do exército e da ciência.
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Ele combate para criar no interior do país uma organização capaz de  assegurar o  domínio da velha e nova burguesia capitalista chinesa sobre seu povo. O  revisionismo chinês procura instaurar essa organização e esse domínio  pela via  fascista, a golpes de chibata, pela opressão. Trabalha para criar uma  unidade  entre o exército e a retaguarda de forma que esta sirva ao exército  repressivo.
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As formas e métodos titistas, sobretudo o sistema iugoslavo da  "autogestão",  foram os que mais atraíram a atenção da direção chinesa e podem vir a  ser  aplicados na China. Muitas comissões e delegações chinesas de todos os  setores e  especialidades receberam a incumbência de estudar in loco esse sistema e  a  experiência do "socialismo" capitalista iugoslavo em geral.
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Esse sistema e essa experiência já começaram a ser levados à prática  na China.  Mas por outro lado os dirigentes revisionistas chineses não podem deixar  de  constatar os fracassos da "autogestão" titista, tampouco podem deixar de  levar  em conta que as condições de seu país são totalmente diferentes das da  Iugoslávia. Além disso, também consideram indispensável tomar de  empréstimo  muita coisa das formas e métodos capitalistas, que, segundo eles,  mostraram sua  "eficácia" nos Estados Unidos, na Alemanha Ocidental, no Japão e em  outros  países burgueses. Ao que parece, o sistema capitalista que está sendo  construído  e desenvolvido na China será um cruzamento de diferentes formas e  métodos  revisionista-capitalistas e tradicionais chineses.
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Para tornar-se uma grande potência capitalista, o revisionismo chinês  precisa de  um período de paz. O lema da "grande ordem", lançado pelo XI Congresso  do  Partido chinês vincula-se a essa necessidade. Para garantir tal "ordem" é   preciso, por um lado, manter um regime capitalista de tipo ditatorial  fascista  e, por outro, salvaguardar a todo custo a paz e o compromisso entre os  grupos  rivais que sempre existiram no Partido e no Estado chineses. O tempo  dirá em que  medida essa ordem e essa paz serão asseguradas.
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A política dos dirigentes chineses de transformar a China numa  superpotência  visa a fazer com que ela se beneficie econômica e militarmente tanto do  imperialismo norte-americano como dos países capitalistas desenvolvidos  aliados  dos Estados Unidos.
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Essa política da China despertou grande interesse da parte do mundo  capitalista,  sobretudo do imperialismo norte-americano, que vê nela um forte apoio a  sua  estratégia de sustentação do capitalismo e do imperialismo,  fortalecimento do  neocolonialismo, contenção das revoluções e asfixia do socialismo, assim  como de  enfraquecimento de seu rival, a União Soviética.
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O imperialismo norte-americano - conforme declarou Carter - deseja  "colaborar  estreitamente com os chineses". Carter sublinhou: "Consideramos as  relações  americano-chinesas como um elemento central de nossa política global e  consideramos a China como uma força-chave para a paz". A China advoga  uma  coexistência pacífica que a aproxime ao máximo dos Estados Unidos.
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Com esses pontos de vista e atitudes a China alinha-se com os Estados   burguês-capitalistas que apóiam sua existência no imperialismo  norte-americano.  Essa viragem da China rumo ao imperialismo concretiza-se cada dia mais,  tal como  ocorreu anteriormente com a União Soviética e outros. Os próprios  imperialistas  o constatam e, alegres com a "nova realidade", declaram que "os  conflitos  ideológicos que dividiram os Estados Unidos, a União Soviética e a China  na  década de 50 são hoje menos evidentes e há uma crescente necessidade de  colaboração entre as superpotências.. ."
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Os imperialistas norte-americanos e seu presidente Carter dispõem-se a  ajudar a  China a fortalecer sua economia e seu exército, naturalmente até o ponto  que  lhes interessar. Louvam os dirigentes revisionistas chineses porque a  estratégia  da China constitui uma importante ajuda aos planos hegemonistas do  imperialismo  estadunidense.
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A China aplaude os pontos de vista e atos norte-americanos contrários  à União  Soviética revisionista porque deseja fazer crer que eles servem à  revolução, ao  debilitamento da mais perigosa das grandes potências, o  social-imperialismo  soviético. Por sua vez, o imperialismo norte-americano aplaude os pontos  de  vista e atos da China contrários à União Soviética revisionista porque,  como  disse um dos mais próximos colaboradores de Carter, "o conflito  sino-soviético  cria um tipo de estrutura global mais pluralista", que o imperialismo  norte-americano prefere, considera compatível com sua noção de "como o  mundo  deve organizar-se", ou seja, de como atiçar os demais a se  entredevorarem para  que a seguir os Estados Unidos dominem mais facilmente todo o mundo.
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A política pragmática e confusa da China levou-a a tornar-se aliada  do  imperialismo norte-americano e a proclamar o social-imperialismo  soviético como  o inimigo e o perigo principal. Amanhã, quando a China verificar que  alcançou  seus objetivos de debilitar o social-imperialismo soviético, quando  constatar  que, segundo sua lógica, o imperialismo norte-americano estiver se  fortalecendo,  então, já que ela se apóia num imperialismo para combater o outro,  poderá  prosseguir a luta no flanco oposto. Nesse caso o imperialismo  norte-americano  poderá tornar-se mais perigoso e a China converterá automaticamente a  atitude  anterior em seu contrário.
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Isso é uma possibilidade real. Em seu VIII Congresso, em 1956, os  revisionistas  chineses consideraram o imperialismo norte-americano como o perigo  principal.  Mais tarde, no IX Congresso, em abril de 1969, declararam que o perigo  principal  era constituído pelas duas superpotências, o imperialismo  norte-americano e o  social-imperialismo soviético. A seguir, após o X Congresso, em agosto  de 1973,  e no XI Congresso, apenas o social-imperialismo soviético foi proclamado  como  inimigo principal. Com tais oscilações, com tal política pragmática, não  é  impossível que o XII ou o XIII Congresso apóie o social-imperialismo  soviético e  declare o imperialismo norte-americano inimigo principal, isso até que a  China  também alcance o objetivo de tornar-se uma grande potência capitalista  mundial.  Nesse caso, que papel teria a China na arena internacional? Não seria  jamais um  papel revolucionário, mas retrógrado, contra-revolucionário.
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A aliança com o Japão é um importante elemento da política externa  chinesa. Essa  aliança racista, recentemente selada com o tratado sino-nipônico, visa,  como  ressaltamos acima, realizar os planos estratégicos da China e do Japão  de  dominar conjuntamente a Ásia, os países da ASAN e da Oceania. Os  revisionistas  chineses necessitam desse tratado e dessa amizade com o Japão para,  juntamente  com os militaristas nipônicos, ameaçar o social-imperialismo soviético  e, se  possível, liquidar com ele e com sua influência na Ásia.
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Mas a China também procura aproveitar seus laços com o Japão para  conseguir  créditos junto a ele, para importar tecnologia e armamentos, para  realizar suas  próprias ambições de grande potência. A China atribui tanta importância à  sua  múltipla colaboração econômica com o Japão que concentra neste país mais  da  metade de seu comércio externo.
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Na realização de sua política expansionista, a China  social-imperialista  trabalha para ampliar ao máximo sua influência na Ásia. Atualmente ela  não tem  nenhuma influência na Índia, onde tanto os Estados Unidos como a União  Soviética  'têm interesses em particular e em comum no quadro das modificações da  situação  das alianças que poderão ter lugar no futuro. A China deseja melhorar  desde já  as relações diplomáticas com a Índia. Mas as pretensões da Índia em  relação ao  Tibete são grandes. A Índia combaterá inclusive para liquidar a pouca  influência  que a China possa ter no Paquistão, porque o Paquistão é um país  estratégico no  flanco do Irã e do Afeganistão. Aqui iniciam-se as rivalidades pela  grande área  petrolífera do Oriente Médio, dominada pelo imperialismo  norte-americano. É  muito difícil para a China penetrar ali. Ela fará uma política contrária  aos  interesses dos povos árabes e favorável aos interesses norte-americanos,  até  chegar o momento em que ela própria se fortaleça. Ao mesmo tempo,  ajudará os  Estados Unidos a formar, juntamente com países como o Irã, a Arábia  Saudita,  etc., uma poderosa barreira contra uma penetração político-econômica e  militar  soviética nessa zona vital para o imperialismo norte-americano e o  imperialismo  europeu.
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Os social-imperialistas chineses dedicam particular importância à  Europa  Ocidental na realização de seus planos. Seu objetivo é opô-la ao  social-imperialismo soviético. Para tanto, apóiam por todos os meios a  OTAN e a  aliança dos países europeus com os Estados Unidos, o Mercado Comum  Europeu e a  "Europa Unida".
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Em seu plano estratégico, a China social-imperialista visa estender  sua  influência e sua hegemonia nos países do "terceiro mundo", como ela o  denomina.  A teoria do "terceiro mundo" tem grande importância para a China. Mao Tse Tung não a proclamou como um sonhador, mas  perseguindo objetivos hegemonistas bem  definidos, para que a China domine o mundo. Os sucessores de Mao Tse Tung e Chu  En-lai seguem a mesma estratégia.
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Os objetivos estratégicos chineses também se estendem ao que se chama  de "mundo  não-alinhado", apregoado pelo titismo. Não há nenhuma diferença entre  todos  esses "mundos", um se sobrepõe ao outro. É difícil distinguir quais  Estados  estão no "terceiro mundo" e o que os diferencia dos "países  não-alinhados",  quais os Estados que fazem parte dos "não alinhados" e o que os  distingue dos do  "terceiro mundo", portanto, qualquer que seja a denominação que se lhes  dê,  trata-se dos mesmos Estados.
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Este é um dos motivos por que a direção chinesa dá tanta importância  às relações  estatais e partidárias muito amistosas com Tito e com a Iugoslávia em todos os  campos, ideológico, político, econômico, militar.
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A comunidade de pontos de vista dos revisionistas chineses e dos  revisionistas  iugoslavos não impede cada um deles de explorar em proveito próprio a  afetuosa  amizade que os une.
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Tito procura aproveitar as declarações de Hua Guofeng sobre a fidelidade de sua  pessoa e de seu partido ao marxismo-leninismo, sobre o caráter  socialista da  "autogestão", sobre a política interna e externa "marxista-leninista"  que os  titistas seguiriam, para mostrar que o desmascaramento de seus desvios  antimarxistas, de sua política chauvinista, reacionária,  pró-imperialista, de  seu revisionismo, não passaria de calúnia dos stalinistas, e, com base  nisso,  procura elevar seu renome em nível internacional.
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Hua Guofeng, por sua vez, aproveita as relações com  a Iugoslávia em função da  chamada abertura da China para a Europa. Os revisionistas chineses  também  procuram aproveitar a amizade com os titistas, que se mantêm como  campeões do  não-alinhamento", como um importante canal de penetração nos "países  não-alinhados", para estabelecer ali seu domínio. Não por acaso, durante  sua  visita à Iugoslávia Hua Guofeng colocou nas nuvens o movimento dos  "não-alinhados" como "uma força muito importante na luta dos povos do  mundo  contra o imperialismo, o colonialismo e o hegemonismo". Teceu elogios a  esse  movimento e a Tito porque sonha apoderar-se dele e estabelecer  sua sede em  Pequim.
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A política do social-imperialismo chinês é, em todos os sentidos, a  política de  uma grande potência imperialista, é uma política contra-revolucionária e   belicista e, portanto, será cada vez mais odiada, contestada e combatida  pelos  povos.
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As superpotências imperialistas de que falamos acima continuarão a  ser  imperialistas e belicosas e mais cedo ou mais tarde arrastarão o mundo  para uma  grande guerra atômica.
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O imperialismo norte-americano procura cravar cada vez mais fundo  suas garras na  economia dos demais povos enquanto o social-imperialismo soviético, que  vem de  mostrar as unhas, procura fincá-las nos diversos países para criar e  para  fortalecer também ele suas posições neocolonialistas e imperialistas.  Mas existe  também a "Europa Unida", ligada por meio da OTAN aos Estados Unidos, que  tem  tendências imperialistas, não globais, mas ao nível de alguns de seus  membros.  Por outro lado, entraram na dança a China, que procura transformar-se em   superpotência, e o militarismo japonês, que se levantou. Esses dois  imperialismos vêm se aliando entre si para formar uma potência  imperialista em  oposição às demais. Nestas condições, aumenta o já grande perigo de uma  guerra  mundial. As atuais alianças existem, mas irão se deslocando, no sentido  de  modificar sua orientação mas não seu conteúdo.
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Os belos discursos sobre o desarmamento pronunciados na ONU e em  diversas  conferências internacionais organizadas pelos imperialistas são  demagógicos. Os  imperialistas criaram e defendem o monopólio das armas estratégicas,  desenvolvem  um intenso tráfico de armas, não para garantir a paz e a segurança das  nações  mas para extrair superlucros e esmagar a revolução e os povos, para  desencadear  guerras de agressão. Stálin afirmou:
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"Os Estados burgueses armam-se e rearmam se furiosamente. Por  quê?    Seguramente não para tagarelices, mas para a guerra. E os  imperialistas    precisam da guerra porque ela é o único meio para redividir o mundo,    para redividir os mercados, as fontes de matérias primas e as esferas  de    aplicação de capital." (J. V. Stálin, Obras, ed. albanesa, vol. XII,  pgs.    242-243.)
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Em sua rivalidade, que as conduz à guerra, as superpotências  seguramente  provocarão e instigarão muitas guerras locais, entre diferentes Estados  do  "terceiro mundo", "países não-alinhados" ou "países em desenvolvimento".
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O presidente Carter emitiu a opinião de que a guerra só pode ocorrer  em dois  pontos do globo terrestre, no Oriente Médio ou na África. E  compreende-se por  que: porque é precisamente nessas duas regiões que os Estados Unidos  possuem  maiores interesses atualmente. No Oriente Médio está o petróleo e na  rica África  confrontam-se grandes interesses econômicos e estratégicos  neo-colonialistas de  divisão de mercados e zonas de influência entre as superpotências que  buscam  manter e reforçar suas posições e conquistar outras.
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Mas além do Oriente Médio e da África há outras zonas onde os  interesses das  superpotências se confrontam, como por exemplo o Sudeste Asiático. Os  Estados  Unidos, a União Soviética e mais a China procuram instaurar suas zonas  de  influência e dividir mercados. Isso cria também conflitos, que  periodicamente se  convertem em guerras locais, as quais não visam em absoluto libertar os  povos e  sim instalar ou deslocar camarilhas dominantes do capital local, que ora  estão  com uma superpotência e ora com outra. O social-imperialismo soviético e  o  imperialismo norte-americano são dois monstros. Os povos desconfiam  deles; e  tampouco confiam na China.
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Quando as superpotências não conseguem satisfazer seus interesses  rapaces por  meios econômicos, ideológicos e diplomáticos, quando as contradições se  aguçam  ao máximo e já não podem ser resolvidas com acordos e "reformas", começa  então a  guerra entre elas. Portanto, os povos, que verterão seu sangue nessa  guerra,  devem fazer todos os esforços para não serem colhidos de surpresa, para  sabotar  a guerra inter-imperialista de pilhagem, para que ela não adquira  proporções  mundiais e, se não o conseguirem, para convertê-la em guerra de  libertação e  para vencê-la.
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O Papel do Titismo e de Outras Correntes Revisionistas na Estratégia Global do Imperialismo e do Social-Imperialismo
O imperialismo e o social-imperialismo, o capitalismo mundial e a  reação contam  com os revisionistas contemporâneos de todas as correntes na luta feroz  que  travam contra a revolução, o socialismo e os povos. Esses renegados e  traidores  ajudam a aplicar a estratégia global do imperialismo, solapando por  dentro,  dividindo e sabotando os esforços do proletariado e a luta 'dos povos  para  livrar-se do jugo social e nacional. Assumiram a tarefa de denegrir e  desvirtuar  o marxismo-leninismo, confundir a mente das pessoas e afasta-las da luta   revolucionária, de ajudar o capital a manter e eternizar seu sistema de  opressão  e exploração.
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Ao lado dos revisionistas soviéticos e chineses, dos quais falamos  acima, os  revisionistas titistas iugoslavos desempenham um papel de primeira ordem  no  grande e perigoso jogo contra-revolucionário.
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O titismo é uma velha agência do capital, uma arma dileta da  burguesia  imperialista na luta contra o socialismo e os movimentos de libertação.
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Os povos da Iugoslávia lutaram com abnegação contra os ocupantes  nazi-fascistas,  pela liberdade, a democracia e o socialismo. Chegaram a libertar o país,  mas não  lhes permitiram prosseguir a revolução no caminho do socialismo.  Preparada de há  muito, clandestinamente, pelo Inteligence Service, a direção  revisionista  iugoslava com Tito à frente, que durante o período da luta fingia  manter as  características de um partido da III Internacional, na realidade tinha outros  objetivos, opostos ao marxismo-leninismo e à aspiração dos povos da  Iugoslávia  de construir uma sociedade verdadeiramente socialista em seu país.
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O Partido Comunista da Iugoslávia que chegou ao poder havia herdado  muitos erros  de natureza deviacionista. Após a II Guerra Mundial ele manifestou  traços  acentuadamente nacional-chauvinistas, que já haviam aflorado desde antes  da  guerra. Esses traços se manifestaram no afastamento da ideologia  marxista-leninista, na atitude para com a União Soviética e Stálin, nas atitudes  e ações chauvinistas contra a Albânia, etc.
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O sistema de democracia popular instaurado na Iugoslávia era  provisório, não se  coadunava com a camarilha no poder, embora esta continuasse se  auto-intitulando  "marxista". Os titistas não visavam a construção do socialismo, não  desejavam  que o Partido Comunista da Iugoslávia se guiasse pela teoria  marxista-leninista  nem aceitavam a ditadura do proletariado. Aí residia a causa do conflito  que  eclodiu entre o Birô de Informações dos Partidos Comunistas e Operários e  o  Partido Comunista da Iugoslávia. Tratou-se de um conflito ideológico  entre o  marxismo-leninismo e o revisionismo e não de um conflito entre pessoas,  por  "ambições de domínio", como os revisionistas desejam apresentá-lo. Stálin defendia a pureza da teoria  marxista-leninista, Tito defendia a corrente  deviacionista, revisionista, antimarxista do revisionismo contemporâneo,   seguindo as pegadas de Browder e dos demais oportunistas surgidos às  vésperas e  no decorrer da II Guerra Mundial.
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Nos anos que se sucederam à libertação, a direção iugoslava fingia  tomar como  exemplo a construção do socialismo na União Soviética e dizia estar  construindo  o socialismo na Iugoslávia. Fazia-o para enganar os povos iugoslavos,  que haviam  derramado sangue e aspiravam ao genuíno socialismo.
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Na realidade, os titistas nem eram nem podiam ser favoráveis ao  sistema social  socialista e à forma de organização do Estado soviético, pois Tito inclinava-se  para o sistema capitalista e para um Estado essencialmente  democrático-burguês,  em que sua camarilha tivesse o poder. Esse Estado serviria para criar a  idéia de  que o socialismo estava sendo edificado na Iugoslávia, conquanto fosse  um  socialismo "específico" e "de um tipo mais humano", precisamente o tal  "socialismo" que serviria de quinta coluna em outros países socialistas.  Tudo  estava bem calculado e coordenado pelos imperialistas anglo-americanos e  pelo  grupo titista. Assim, fazendo o jogo do imperialismo e do capitalismo  mundial,  entrando em entendimento com eles, os revisionistas iugoslavos se  contrapuseram  à União Soviética.
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Dando continuidade a velhos planos, o imperialismo inglês, e mais  tarde o  norte-americano, ajudaram Tito desde o tempo da luta antifascista de  libertação  nacional, não só para que ele se distanciasse da União Soviética mas  também para  que empreendesse ações de sabotagem contra ela e sobretudo trabalhasse  para  separar do campo socialista outros países de democracia popular,  objetivando  isolar a União Soviética de todos esses países e uni-los ao Ocidente.  Tal era a  política do capitalismo mundial e de sua agência, o titismo.
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Churchill, esse anticomunista furioso, empenhou-se  direta e pessoalmente em  colocar Tito e seu grupo a serviço do capitalismo. Durante a  Guerra enviou ao  estado-maior de Tito "seus amigos de maior confiança", conforme  afirmava o  próprio líder britânico, e mais tarde enviou seu próprio filho. Após  isso, em  maio de 1944, ele encontrou-se pessoalmente com Tito em Nápoles, Itália, para  assegurar-se plenamente de que não estava sendo ludibriado. Em suas  memórias  Churchill afirma que nas conversações Tito se prontificou a fazer mais tarde até  uma declaração aberta de que "o comunismo não será instaurado na  Iugoslávia após  a Guerra".
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Tito atuou com muita energia a serviço de seus  patrões, a ponto de Churchill,  que apreciava seus grandes préstimos, ter-lhe declarado: "Agora  compreendo que  você tinha razão, portanto estou com você e quero-lhe muito, mais do que  antes".  Um apaixonado não poderia fazer uma declaração mais ardente a sua amada.
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Sem se haver separado por completo da União Soviética e dos países de  democracia  popular, a Iugoslávia recebeu considerável ajuda econômica, política,  ideológica, militar dos imperialistas, em particular do imperialismo  norte-americano, ajuda essa que mais tarde tornou-se mais freqüente e  constante.
A única condição para essa ajuda era que o país se desenvolvesse pelo  caminho  capitalista. A burguesia imperialista não se opunha a que a Iugoslávia  resguardasse uma aparência externa socialista, pelo contrário, estava  profundamente interessada na manutenção de um verniz socialista, pois  assim  aquela arma seria mais eficaz na luta contra o socialismo e os  movimentos de  libertação. Esse gênero de "socialismo" não só se distinguiria por  completo,  como também se contraporia ao socialismo previsto e realizado por Lênin e  Stálin.
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Num prazo relativamente curto, a Iugoslávia tornou-se a porta-voz  "socialista"  do imperialismo norte-americano, uma agência diversionista de auxilio ao  capital  mundial. De 1948 até hoje, o titismo se caracteriza por uma febril  atividade  contra o marxismo-leninismo, pela organização de uma campanha  propagandística em  nível mundial para apresentar o sistema iugoslavo sob a forma de um  "verdadeiro  socialismo", de uma "nova sociedade", um "socialismo não-alinhado", que  não é  mais aquele construído na União Soviética por Lênin e Stálin, mas um sistema  socialista "com face humana", testado pela primeira vez no mundo, com  "brilhantes resultados". Essa propaganda sempre visou conduzir a um beco  sem  saída os povos e as forças progressistas que lutam pela liberdade e a  independência em todo o mundo.
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Os revisionistas iugoslavos adotaram em seu país as mesmas formas de  governo que  os trotskistas e outros elementos anarquistas, incitados pela burguesia  capitalista na sabotagem à construção do socialismo, tentaram adotar na  União  Soviética no tempo de Lênin. Ao adotar essas formas, enquanto falava em  edificar  o socialismo, Tito deformou por completo os princípios  marxista-leninistas de  construção da indústria, da agricultura, etc.
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As Repúblicas da Iugoslávia adquiriram uma fisionomia administrativa e  de  direção organizativo-política em que o centralismo democrático foi  liquidado, o  papel do Partido Comunista da Iugoslávia se estiolou. O Partido mudou de  nome,  transformou-se em "Liga dos Comunistas da Iugoslávia", uma denominação  marxista  na aparência, mas antimarxista no conteúdo, nas normas, nas atribuições e   objetivos. A Liga tornou-se uma frente sem coluna vertebral, privada dos  traços  que distinguem um partido marxista-leninista, manteve a antiga forma,  mas já não  jogava o papel de vanguarda da classe operária, não era mais a força  política  dirigente da República Federativa da Iugoslávia, cumpria apenas, no  dizer dos  revisionistas, funções "educativas" gerais.
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A direção titista colocou o Partido na dependência e sob o controle  da UDB e  converteu-o numa organização fascista, enquanto o Estado passava a ser  uma  ditadura fascista. Nós conhecemos bem o grande perigo representado por  essa  atuação, pois o agente dos titistas Koçi Xoxe tentou fazer o mesmo na  Albânia.
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Tito, Rankovich e sua agência liquidaram por  completo tudo que pudesse ter as  verdadeiras cores do socialismo. O titismo travou um drástico combate  contra as  tentativas dos elementos que no interior do país exigiam a demolição  daquela  rede de agentes e daquela organização capitalista-revisionista, bem como  contra  toda a propaganda marxista-leninista que se desenvolvia no exterior  desmascarando o regime fingidamente socialista.
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A direção titista abandonou rapidamente a coletivização da  agricultura, que  havia iniciado nos primeiros anos, criou granjas estatais capitalistas,  estimulou o desenvolvimento da propriedade privada no campo, permitiu  livremente  a compra e venda de terras, reabilitou os kulaks, deixou campo livre para a  proliferação do mercado privado nas cidades e no campo, realizou as  primeiras  reformas que fortaleciam a orientação capitalista da economia.
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Enquanto isso, a burguesia titista estava em busca de uma forma  "nova" para  camuflar o sistema capitalista iugoslavo. Encontrou-a, deu-lhe o nome de   "autogestão", cobriu-a com um véu "marxista-leninista" e passou a  pretender que  trata-se do mais autêntico dos socialismos.
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A princípio a "autogestão" surgiu como um sistema econômico; depois  estendeu-se  ao campo da organização estatal e a todos os demais aspectos da vida  iugoslava.
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A teoria e a prática da "autogestão" iugoslava são uma negação aberta  dos  ensinamentos do marxismo-leninismo e das leis gerais da construção do  socialismo. O sistema econômico e político "autogestionário" é uma forma   anarco-sindicalista de ditadura burguesa, que domina na Iugoslávia  dependente do  capital internacional.
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Todos os traços distintivos do sistema "autogestionário", como a  eliminação do  centralismo democrático e da direção estatal única, o federalismo  anarquista e a  ideologia anti-Estado em geral, criaram na Iugoslávia uma permanente  confusão  econômica, política e ideológica, um desenvolvimento débil e desigual de  suas  Repúblicas e Regiões, grandes diferenciações sociais e de classe, rinhas  e  opressão nacionais, degenerescência da vida espiritual. Criaram um  grande  retalhamento da classe operária, colocando cada um de seus destacamentos  em  concorrência com outros, alimentando um espírito setorial, localista e  individualista-burguês. A classe operária iugoslava está longe de ter o  papel  hegemônico no Estado e na sociedade. O sistema da "autogestão" deixou-a  em tais  condições que ela não tem sequer como defender seus próprios interesses  gerais,  como atuar de forma unida e compacta.
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O mundo capitalista, sobretudo o imperialismo norte-americano,  canalizou  ingentes capitais para a Iugoslávia, sob a forma de investimentos,  créditos e  empréstimos. São esses capitais que formam a base material do  "desenvolvimento"  do "socialismo autogestionário" capitalista iugoslavo. Somente a dívida  externa  ultrapassa 11 bilhões de dólares. Os Estados Unidos concederam à  Iugoslávia mais  de 7 bilhões de dólares de créditos.
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Mas, apesar dos muitos créditos que a direção titista recebe do  exterior, os  povos da Iugoslávia nunca provaram os "brilhantes resultados" do  "socialismo"  específico. Pelo contrário, há na Iugoslávia um caos político e  ideológico,  impera um sistema que cria grande desemprego internamente e forte  migração de  mão-de-obra para o exterior, o que torna a Iugoslávia completamente  dependente  das potências imperialistas. Os povos iugoslavos são explorados até a  medula em  função dos interesses da classe no poder e de todas as potências  imperialistas  que fizeram investimentos no país.
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O Estado iugoslavo nem se incomoda quando os preços sobem a cada dia,  quando a  pobreza das massas aumenta sempre mais e o país está não só mergulhado  em  dívidas mas também profundamente afundado na grande crise do mundo  capitalista.  A Iugoslávia tem uma independência e uma soberania mutiladas, pois  carece entre  outras coisas de um potencial econômico inteiramente próprio. A parte  principal  de seu potencial dividida com diferentes empresas estrangeiras e Estados   capitalistas. Portanto, ela não poderia deixar de provar na própria  carne os  efeitos ruinosos da crise e da exploração forânea.
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Não por acaso o capitalismo mundial dá tanto apoio político e  financeiro à  "autogestão" iugoslava e faz eco a propaganda titista que procura vender  seu  sistema Como uma "forma nova e provada de edificação do socialismo",  válida para  todos os países.
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Ele o faz porque a "autogestão" iugoslava é uma forma de subversão e  diversionismo ideológico e político contra os movimentos revolucionários  e  libertadores do proletariado e dos povos, é uma maneira de abrir caminho  para a  penetração política e econômica do imperialismo em diferentes países. O  imperialismo e a burguesia desejam manter a "autogestão" como um sistema  de  reserva para certas circunstâncias e em distintos países, de forma a  prolongar a  vida do capitalismo, que não entrega os pontos facilmente e procura  encontrar  variadas formas de governo às custas dos povos.
As teorias e práticas iugoslavas do "não-alinha-. mento" prestam um  grande  auxilio aos imperialistas porque ajudam a enganar os povos. Isso  interessa tanto  aos imperialistas quanto aos social-imperialistas, pois ajuda-os a  instaurar e  reforçar sua influência nos "países não-alinhados", a afastar os povos  amantes  da liberdade do caminho da libertação nacional e da revolução  proletária. É por  isso que tanto Carter como Brezhnev e também Hua Guofeng louvam a política  titista dos "não-alinhados" e tratam de explorá-la em proveito próprio.
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O titismo foi e é uma arma da burguesia imperialista, um bombeiro da  revolução.  Está no mesmo campo, tem os mesmos objetivos e possui unidade ideológica  com o  revisionismo contemporâneo em geral e com suas diferentes variantes. Os  caminhos, as formas, as táticas que emprega na luta contra o  marxismo-leninismo,  a revolução e o socialismo podem diferir, mas os fins  contra-revolucionários são  os mesmos.
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Os partidos revisionistas, em primeiro lugar da Europa e também  dos demais  países de todos os Continentes, dão uma grande ajuda à burguesia e à  reação no  esforço para sufocar a luta revolucionária do proletariado e dos povos.
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Os partidos revisionistas da Europa Ocidental estão se esforçando  para edificar  uma teoria em torno de uma "nova sociedade", dita socialista, a ser  alcançada  por meio de "reformas estruturais" e em estreita coalizão com os  partidos  social-democratas e até com os partidos de direita. Segundo dizem, tal  sociedade  constituir-se-ia em novas bases, com "reformas sociais", com "paz  social", pela  "via parlamentar", pelo "compromisso histórico" com os partidos  burgueses.
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Os partidos revisionistas da Europa, como os da Itália, da França e  da Espanha,  e atrás deles todos os demais partidos revisionistas do Ocidente, negam o   leninismo, a luta de classes, a revolução e a ditadura do proletariado.  Todos  meteram-se no caminho do compromisso com a burguesia capitalista. E  denominaram  essa linha antimarxista de "eurocomunismo". O "eurocomunismo" é uma nova   corrente pseudo-comunista que está e ao mesmo tempo não está em  contraposição  com o bloco revisionista soviético. Essa atitude oscilante deve-se ao  objetivo  de estabelecer uma coexistência de idéias com a social-democracia  européia, com  todos os diferentes pontos de vista que fervem na caldeira da Europa. Os   "eurocomunistas" podem unir-se com quem quer que seja, exceção feita aos  que  combatem pelo triunfo da revolução e pela pureza da ideologia  marxista-leninista.
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Todas as correntes revisionistas, oportunistas, social-democratas  trabalham como  podem para ajudar as superpotências na diabólica atuação visando esmagar  a  revolução e os povos. Seu apoio a correntes e organismos supostamente  novos da  burguesia tem por único objetivo sufocar a revolução, impondo-lhe mil e  um  obstáculos materiais, políticos, ideológicos. Trabalham para confundir e  dividir  o proletariado e seus aliados, pois sabem que divididos em lutas de  frações eles  não podem criar nem dentro de um país nem no plano internacional a  unidade  ideológica, política e de combate indispensável para enfrentar as  investidas do  capitalismo mundial em putrefação.
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A coalizão do revisionismo contemporâneo com a social-democracia teme  a chegada  do fascismo, sobretudo em certos países ameaçados pela extrema direita.  Para  evitar a ditadura fascista, os revisionistas e social-democratas tratam  de  "amainar" as contradições e a luta de classes entre as massas do povo e o   proletariado, de um lado, e a burguesia capitalista, de outro. Portanto,  para  assegurar uma "paz social" os membros dessa coalizão devem fazer  concessões  mútuas e entrar em compromisso com a burguesia capitalista, entender-se  com ela  quanto a um regime que convenha às duas partes. Assim, enquanto a  burguesia  capitalista e seus partidos prosseguem abertamente sua guerra ao  comunismo, os  partidos revisionistas tratam de desvirtuar o marxismo-leninismo, a  ideologia  dirigente da revolução.
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Os sindicatos reformistas, educados e adestrados expressamente para o   compromisso com o patronato e apenas para solicitar esmolas econômicas e  não  para greves envolvendo exigências políticas e tendo em vista a tomada do  poder  pelo proletariado, converteram-se no apoio dos partidos revisionistas da  Europa.  Naturalmente, a barganha orienta-se ao sabor da oferta e da procura. Uma  parte  pede esmola e a outra define as dimensões da esmola a ser dada. Ambas,  tanto os  sindicatos reformistas e partidos revisionistas como o patronato com  seus  partidos, seus poder e seus sindicatos, estão ameaçadas pela revolução,  pelo  proletariado, por seus partidos autenticamente marxista-leninistas.  Portanto  ambas buscam um compromisso reacionário, uma solução que não pode ser  idêntica  em todos os países capitalistas devido às diferenças quanto à força do  capital,  às proporções do aprofundamento da crise e à amplitude das contradições  internas  que os corroem.
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O Imperialismo e a Revolução
Enver Hoxha
A Revolução - Única Arma para Destruir a Estratégia dos Inimigos do Proletariado e dos Povos
Todos os inimigos, os imperialistas, os social-imperialistas e os  diversos  revisionistas, combatem em conjunto ou em separado para ludibriar a  humanidade  progressista, para desmoralizar o marxismo-leninismo e especialmente  para  distorcer a teoria leninista da revolução, para esmagar a revolução,  qualquer  sorte de resistência popular ou luta de libertação nacional.
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O arsenal dos inimigos do marxismo-leninismo é vasto, mas as forças  da revolução  também são colossais. São precisamente essas forças que efervescem, que  se batem  e que lutam, que tiram o sono dos inimigos, que tornam impossível a vida  do  mundo capitalista e da reação mundial.
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"Um fantasma ronda a Europa - o fantasma do comunismo.  Todas as forças da velha  Europa... uniram-se na santa cruzada para acossar este fantasma."  (K. Marx e F.  Engels, "Manifesto  do Partido Comunista", pg. 13, Tirana, 1974).
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Esta constatação de Marx e Engels mantém sua atualidade em nossos dias. O  imperialismo, o social-imperialismo e o revisionismo contemporâneo  julgam que o  perigo do comunismo já não existe para eles porque, considerando  irrecuperável o  duro golpe que a revolução sofreu com a traição revisionista, subestimam  a força  do marxismo-leninismo, superestimam a força material, militar,  repressiva e  econômica que têm à sua disposição. Isso é apenas uma ilusão.
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O proletariado mundial está acumulando forças. Ele e os povos amantes  da  liberdade compreendem cada dia melhor, por sua própria experiência, a  traição  dos revisionistas contemporâneos, titistas, kruschovistas, chineses,  "eurocomunistas", etc. O tempo trabalha para a revolução, para o  socialismo e  não para a burguesia e o imperialismo, não para o revisionismo  contemporâneo e a  reação mundial. As chamas da revolução ardem em toda parte, no coração  dos povos  oprimidos que desejam conquistar a liberdade, a democracia, a soberania  verdadeira, tomar o poder em suas mãos e seguir pelo caminho do  socialismo,  destruindo o imperialismo e seus lacaios.
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Ocorre atualmente o mesmo fenômeno do período de Lênin, quando a  divisão da II  Internacional deu lugar à criação de novos partidos,  marxista-leninistas. A  traição revisionista levou e levaria necessariamente, em toda parte, à  criação e  fortalecimento de verdadeiros partidos comunistas, que tomaram em suas  mãos e  ergueram bem alto a bandeira do marxismo-leninismo e da revolução,  arriada e  pisoteada pelos revisionistas. Cabe a esses partidos o encargo de  responder à  estratégia global do imperialismo mundial e do revisionismo com a  gloriosa  estratégia leninista da revolução, com a grande teoria do  marxismo-leninismo.  Cabe-lhes o encargo de tornar as massas plenamente conscientes dos  objetivos e  do correto caminho da luta, da necessidade de sacrifícios, a tarefa de  uni-las,  organizá-las, dirigi-las e conduzi-las à vitória.
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Nós, marxista-leninistas, que estamos à frente da luta titânica em  curso entre o  proletariado e os povos oprimidos que aspiram à liberdade, de um lado, e  os  imperialistas selvagens e rapaces de outro, devemos compreender bem os  fins, as  táticas, os métodos e as formas de luta dos inimigos comuns e dos  inimigos  particulares em cada país. E não podemos encará-los devidamente caso não  nos  apoiemos com firmeza na teoria marxista-leninista da revolução, caso não   enxerguemos na situação atual e nas que virão a existência de uma série  de elos  débeis da cadeia do capitalismo mundial, em que os revolucionários e os  povos  devem desenvolver uma atividade ininterrupta, uma luta organizada,  indômita e  ousada, de forma que esses elos se rompam, um após outro. Isso  naturalmente  exige trabalho, exige luta, sacrifícios e abnegação. Os povos e homens  audaciosos, guiados pelos interesses da revolução, podem enfrentar e  enfrentarão  as grandes forças do imperialismo, do social-imperialismo e da reação,  que se  vinculam entre si, criam novas alianças e buscam saídas para a difícil  situação  que se lhes cria. Quem cria essas situações difíceis para as forças  retrógradas  são os revolucionários, os marxista-leninistas, a luta dos povos em  todos os  Continentes, em todos os países.
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Os comunistas de todo o mundo não têm por que temer os falsos mitos  que  predominaram no pensamento revolucionário por certo tempo. Os comunistas  devem  lutar para ganhar os que se equivocam, com o objetivo de corrigi-los,  fazendo  grandes esforços para isso, naturalmente sem cair no oportunismo. No processo da  luta de princípios, haverá inicialmente algumas vacilações que  repercutirão, mas  as vacilações vão se manifestar nos vacilantes. Enquanto os que são  firmes e  aplicam corretamente a teoria marxista-leninista, que olham com justeza  os  interesses do proletariado em seus países, do proletariado mundial e da  revolução, não vacilarão. E quando os vacilantes virem que seus  camaradas  permanecem inabaláveis em suas idéias revolucionárias,  marxista-leninistas,  redobrarão sua luta.
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Caso os marxista-leninistas apliquem correta e decididamente a teoria   marxista-leninista, com base nas atuais condições internacionais e nas  condições  nacionais de cada país, caso fortaleçam sem descanso a unidade  internacionalista  proletária, no combate implacável ao imperialismo e ao revisionismo  contemporâneo em todas as suas correntes, seguramente ultrapassarão  todas as  dificuldades que surgirem em seu caminho, mesmo que sejam muito grandes.   Devidamente aplicados, o marxismo-leninismo e seus princípios imortais  conduzirão inevitavelmente à destruição do capitalismo mundial e à  vitória da  ditadura do proletariado, por meio da qual a classe operária edificará o   socialismo e avançará rumo ao comunismo.
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II - A Teoria Leninista Sobre o Imperialismo Mantém Toda Atualidade
Nas condições atuais, em que os revisionistas kruschovianos,  titistas,  "eurocomunistas", chineses e outras correntes antimarxistas atacam a  causa da  revolução e da libertação dos povos a pretexto de que a situação mudou,  adquire  uma importância de primeira ordem aprofundar o estudo das obras de Lênin  sobre o  imperialismo.
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Devemos retornar a essas obras, estudá-las em profundidade e em  detalhe,  especialmente a genial obra de Lênin "O Imperialismo, Fase Superior do  Capitalismo". Ao estudá-la com atenção, veremos também como os  revisionistas,  entre os quais os dirigentes chineses, distorcem o pensamento leninista  sobre o  imperialismo, como concebem seus objetivos, sua estratégia e táticas.  Seus  escritos, declarações, atitudes e gestos mostram que eles encaram de  forma  absolutamente errônea a natureza do imperialismo, partindo de posições  contra-revolucionárias e antimarxistas, tal como faziam todos os  partidos da II  Internacional e seus ideólogos, Kautsky e companhia, impiedosamente  desmascarados por Lênin.
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Caso estudemos com atenção essa obra de Lênin e nos atenhamos  fielmente às suas  geniais análises e conclusões, constataremos que o imperialismo de  nossos dias  conserva integralmente as mesmas características dadas por Lênin, que  permanece  imutável a definição leninista de nossa época como a época do  imperialismo e das  revoluções proletárias, que a vitória da revolução é inevitável.
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Como se sabe, Lênin inicia sua análise sobre o imperialismo pela concentração  da  produção, do capital e dos monopólios. Até hoje só se pode analisar  correta e  cientificamente os fenômenos da concentração e centralização da produção  e do  capital com base na análise leninista do imperialismo.
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O capitalismo atual caracteriza-se pela crescente concentração da  produção e do  capital, que conduziu à união ou absorção das pequenas empresas pelas  empresas  poderosas. Isso acarretou também a acumulação maciça da força de  trabalho em  grandes trustes e consórcios. Tais empresas concentraram igualmente em  suas mãos  uma grande capacidade produtiva, recursos energéticos e matérias primas  em  proporções incalculáveis. Nos dias que correm as grandes empresas  capitalistas  exploram inclusive a energia nuclear e a mais nova tecnologia, que  dominam em  caráter exclusivo.
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Esses gigantescos organismos têm caráter nacional e internacional.  Dentro de seu  país, eles arruinaram a maioria dos pequenos proprietários e  industriais,  enquanto no plano internacional erigiram-se em consórcios colossais, que   compreendem ramos inteiros da indústria, da agricultura, da construção,  dos  transportes, etc. de muitos países. Em toda parte onde os consórcios  cravaram  suas garras, onde um punhado de miliardários capitalistas concentrou a  produção,  amplia-se e aprofunda-se a tendência à liquidação dos pequenos  proprietários e  industriais. Esse processo conduz ao fortalecimento ainda maior dos  monopólios.
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"Essa transformação da concorrência em monopólio -  disse Lênin -  constitui um  dos fenômenos mais importantes - para não dizer o mais importante - da  economia  do capitalismo moderno..." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol.  XXII, pg.  237).
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Referindo-se a esse traço do imperialismo ele agrega que:
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"...o surgimento dos monopólios devido à concentração  da produção é uma lei  geral e fundamental da atual fase de desenvolvimento do capitalismo".  (V. I.  Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 241).
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O desenvolvimento do capitalismo na atualidade comprova cabalmente  esta  conclusão de Lênin. Em nossos dias os monopólios tornaram-se o fenômeno  mais  típico e mais usual, que determina a fisionomia, a essência econômica do   imperialismo. Em países imperialistas como os Estados Unidos da América,  a  República Federal alemã, a Inglaterra, o Japão, a França, etc., a  concentração  da produção assumiu proporções nunca vistas.
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Em 1976, por exemplo, as 500 maiores corporações norte-americanas  empregavam  cerca de 17 milhões de pessoas, correspondendo a mais de 20% da  mão-de-obra  ativa. Respondiam por 66% das mercadorias vendidas. Quando Lênin  escreveu "O  Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo", havia no mundo capitalista  apenas  uma grande empresa norte-americana, a "United States Steel Corporation",  que  dispunha de um ativo superior a um bilhão de dólares, enquanto em 1976 o  número  de empresas bilionárias era de cerca de 350. O truste automobilístico  "General  Motors Corporation", esse supermonopólio, tinha em 1975 um capital  global que  passava dos 22 bilhões de dólares e explorava um exército de cerca de  800.000  operários. Depois dele vinha o monopólio "Standard Oil of New Jersey",  que  domina a indústria petrolífera dos Estados Unidos e outros países e  explora mais  de 700 000 operários. Na indústria automobilística três grandes  monopólios  concorrem com mais de 90% da produção do setor; na indústria aeronáutica  e na  siderurgia quatro enormes companhias concorrem respectivamente com 65 e  47% da  produção.
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O mesmo processo vem ocorrendo nos demais países imperialistas. Na  República  Federal alemã 13% do total das empresas concentraram cerca de 50% da  produção e  40% da mão-de-obra. Na Inglaterra dominam 50 grandes monopólios. A  corporação  britânica do aço concorre com mais de 90% da produção siderúrgica do  país. Na  França duas empresas concentraram em suas mãos três quartos da produção  de aço,  quatro monopólios dominam toda a produção automobilística e quatro  outros o  conjunto da produção de derivados de petróleo. No Japão dez grandes  companhias  siderúrgicas produzem todo o ferro-gusa e mais de três quartos do aço,  enquanto  na metalurgia não ferrosa atuam oito companhias. O mesmo ocorre em  outros ramos  e setores. (Dados extraídos do "Month1y Bulletin of Statistics", ONU,  1977; do "Statistikal  Yearbook", 1976; da revista norte-americana "Fortune", 1976, etc.).
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As pequenas e médias empresas que subsistem nesses países estão na  dependência  direta dos monopólios. Recebem encomendas deles, trabalham para eles,  contraem  créditos, compram matérias primas, tecnologia, etc. Transformaram-se  praticamente em seus apêndices.
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Ao criar monopólios-gigantes que não possuem uma unidade tecnológica,  a  concentração e centralização da produção e do capital difundiram-se  grandemente  na atualidade. Dentro desses monopólios-gigantes, "conglomerados",  operam  empresas e ramos inteiros da produção industrial, da construção, dos  transportes, do comércio, dos serviços, de infra-estrutura, etc. Eles  produzem  desde brinquedos para crianças até mísseis intercontinentais.
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A força econômica dos monopólios e a crescente concentração de  capitais fazem  com que as vítimas da concorrência não sejam apenas as "crianças de  colo", quer  dizer, as empresas não monopolizadas típicas do passado, mas também  grandes  empresas e grupos financeiros. Devido à insaciável sede de altos lucros  monopolistas dos consórcios e ao máximo aguçamento da concorrência, este   processo adquiriu proporções colossais nas últimas décadas. Hoje, as  fusões e  incorporações no mundo capitalista são de 7 a 10 vezes maiores do que  nos anos  que precederam a II Guerra Mundial.
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A fusão e união de empresas industriais, comerciais, agrícolas e  bancárias  levaram à criação de novas formas de monopólio, de grandes complexos  industrial-comerciais ou industrial-agrícolas, formas amplamente  encontradas não  só nos países capitalistas do Ocidente mas também na União Soviética, na   Checoslováquia, na Iugoslávia e outros países revisionistas. No passado,  as  uniões monopolistas realizavam o transporte e venda de mercadorias com a  ajuda  de outras firmas, independentes; hoje os monopólios têm em suas mãos  tanto a  produção como o transporte e o mercado.
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Além de procurar evitar a concorrência entre as empresas que  englobam, os  monopólios tratam de açambarcar todas as fontes de matérias primas,  todas as  áreas ricas em minérios essenciais, como o ferro, o carvão, o cobre, o  urânio,  etc. Este processo verifica-se em plano nacional e internacional.
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A concentração da produção e do capital assumiu dimensões colossais,  sobretudo  após a II Guerra Mundial, com a ampliação e desenvolvimento do  capitalismo  monopolista estatal.
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O capitalismo monopolista de Estado representa a Submissão do  aparelho estatal  aos monopólios, seu pleno domínio sobre a vida econômica, política e  social do  país. Através dele, o Estado interfere diretamente na economia, no  interesse da  oligarquia financeira, para garantir o máximo de lucro para a classe no  poder  por meio da exploração de todos os trabalhadores e também para sufocar a   revolução e as lutas de libertação dos povos.
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A propriedade monopolista estatal, enquanto elemento básico mais  característico  do capitalismo monopolista de Estado, não representa a propriedade de um   capitalista ou grupo de capitalistas particulares, mas a propriedade do  Estado  capitalista, a propriedade da classe burguesa no poder. Em diversos  países  imperialistas, o setor capitalista monopolista de Estado domina de 20 a  30% da  produção global.
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O capitalismo monopolista de Estado, que representa a escala mais  elevada da  concentração da produção e do capital, é a principal forma de  propriedade que  domina atualmente na União Soviética e nos demais países revisionistas.  Esse  capitalismo monopolista de Estado encontra-se a serviço da nova classe  burguesa  no poder.
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Também na China a economia vem adquirindo formas típicas do  capitalismo  monopolista de Estado, através de uma série de reformas que incluem a  colocação  do lucro como objetivo principal da atividade das empresas, a aplicação  de  práticas capitalistas de organização, direção e remuneração, a criação  de  regiões econômicas, de trustes e complexos muito semelhantes aos  soviéticos,  iugoslavos e japoneses, a abertura das portas do país ao capital  estrangeiro, o  estabelecimento de vínculos diretos entre empresas chinesas e monopólios   forâneos, etc.
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A concentração e centralização da produção e do capital atingiram  atualmente o  nível interestatal no mundo capitalista e revisionista. Trata-se de uma  tendência estimulada e levada à prática inclusive pelo Mercado Comum  Europeu, o  Comecon, etc., que representam a união dos monopólios de diferentes  potências  imperialistas.
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Ao analisar as formas dos monopólios internacionais, Lênin referiu-se  em seu  tempo aos cartéis e sindicatos. Nas condições atuais, em que a  concentração da  produção e do capital alcançou enormes dimensões, a burguesia  monopolista  encontrou novas formas de exploração dos trabalhadores. É o caso das  empresas  multinacionais.
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Na aparência, essas empresas desejam dar a impressão de serem  propriedade  conjunta de capitalistas de muitos países. Na realidade, as  multinacionais  pertencem principalmente a um país no que se refere ao capital e ao  controle,  enquanto sua atividade estende-se por muitos países. Elas se expandem  cada vez  mais através da absorção de pequenas e grandes sociedades e firmas  locais, que  não conseguem fazer frente à selvagem Concorrência.
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As multinacionais abrem filiais e empresas nos países onde a  perspectiva de  obter o máximo de lucro é mais segura. A multinacional norte-americana  "Ford",  por exemplo, instalou em outros países 20 grandes fábricas onde  trabalham  100.000 operários de diferentes nacionalidades.
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Existem entre as multinacionais e o Estado burguês vínculos estreitos  e uma  dependência recíproca com base em seu caráter de classe e explorador.  Essas  empresas utilizam o Estado capitalista como um instrumento a seu  serviço, com  fins de domínio e expansão tanto no plano nacional como no  internacional.
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Por seu grande papel econômico e pelo importante peso que têm em toda  a vida do  país, certas multinacionais, tomadas em particular, constituem uma força  enorme  que em muitos casos iguala ou ultrapassa o orçamento ou a produção de  vários  países capitalistas desenvolvidos tomados em conjunto. Uma das poderosas   empresas multinacionais dos Estados Unidos, a "General Motors  Corporation",  ultrapassa a produção industrial conjunta da Holanda, da Bélgica e da  Suíça.  Essas empresas interferem nos países onde atuam para garantir favores e  privilégios especiais. Os proprietários da indústria eletrônica dos  Estados  Unidos, por exemplo, pediram em 1975 ao governo mexicano que modificasse  o  código de trabalho, que previa certas medidas de defesa, dizendo que do  contrário eles transfeririam suas indústrias para a Costa Rica e, para  fazer  pressão, fecharam várias fábricas onde trabalhavam cerca de 12.000  operários  mexicanos.
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As multinacionais são alavancas do imperialismo e uma das suas  principais formas  de expansão. São esteios do neocolonialismo e afetam a soberania  nacional e a  independência dos países onde atuam. Para abrir caminho ao seu domínio,  elas não  se detêm diante de nenhum crime, desde a organização de complôs, a  desestabilização da economia, até a simples compra de altos  funcionários, de  dirigentes políticos e sindicais, etc. O escândalo Lockheed foi a melhor  prova  disso.
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Muitas multinacionais também se instalaram e atuam nos Países  revisionistas (17  multinacionais norte-americanas, 18 japonesas, 13 alemãs-ocidentais, 20  francesas, 7 italianas, etc., se instalaram ou possuem escritórios na  União  Soviética. Mais de 30 multinacionais se instalam na Polônia, das quais  10  norte-americanas, 6 alemãs-ocidentais, 6 inglesas, 3 japonesas, etc. Na  Romênia  são 32, na Hungria 31, na Checoslováquia 30 e o mesmo ocorre nos demais  países  revisionistas. (Dados extraídos do livro "Vodka-Cola", de Carl Levinson,  1977,  pgs. 79-82). Já começaram igualmente a se introduzir na China.
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A concentração e centralização da produção e do capital, que  caracterizam o  mundo capitalista atual e levaram a uma grande socialização da produção,  não  modificaram em nada a natureza espoliadora do imperialismo. Pelo  contrário,  aumentaram e intensificaram a opressão e o empobrecimento dos  trabalhadores.  Esses fenômenos comprovam cabalmente a tese de Lênin de que, nas  condições de  concentração da produção e do capital, no imperialismo,
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"verifica-se um gigantesco progresso da socialização  da produção", mas apesar  disso "...a apropriação permanece privada. Os meios sociais de produção  continuam sendo propriedade privada de um reduzido número de indivíduos."  (V. I.  Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 247).
Os monopólios e as multinacionais se mantêm enquanto grandes inimigos  do  proletariado e dos povos.
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A intensificação do processo de concentração da produção e do capital  que se  desenvolve em nossos dias acirrou ainda mais a contradição fundamental  do  capitalismo, entre o caráter social da produção e a apropriação privada,  bem  como todas as demais contradições. Hoje, como ontem, as colossais rendas  e  superlucros provenientes da feroz exploração dos trabalhadores são  apropriados  por um punhado de magnatas capitalistas. Os meios de produção que  equipam os  setores industriais são igualmente propriedade privada dos capitalistas,   enquanto a classe operária continua escrava dos donos dos meios de  produção, e a  força de seus braços continua sendo uma mercadoria. As grandes empresas  capitalistas já não exploram algumas dezenas ou centenas de operários,  mas  centenas de milhares. A mais-valia usurpada pelas corporações  norte-americanas  com a selvagem exploração capitalista desse grande exército de operários  foi de  mais de 100 bilhões de dólares somente em 1976, contra 44 bilhões em  1960.
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Lênin desmascarou os oportunistas da II Internacional que pregavam a  possibilidade da liquidação das contradições antagônicas do capitalismo  devido  ao surgimento e desenvolvimento dos monopólios. Demonstrou  cientificamente que  os monopólios, que trazem consigo a opressão, a exploração e a  apropriação  privada dos frutos do trabalho, acirram ainda mais as contradições do  capitalismo. A superestrutura do sistema capitalista ergue-se com base  no  domínio dos monopólios. Ela defende e representa tanto no plano nacional  como no  internacional os interesses rapaces dos monopólios. São os monopólios  que ditam  a política interna e externa, a política econômica, social, militar,  etc.
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A realidade atual da concentração da produção e do capital também  desmascara a  prédica dos chefes reacionários da social-democracia, dos revisionistas  contemporâneos e oportunistas de toda laia, de que os trustes, a  propriedade do  capitalismo monopolista de Estado, etc., poderiam "transformar-se"  pacificamente  em economia socialista, de que o atual capitalismo monopolista  "integrar-se-ia"  pouco a pouco no socialismo.
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Lênin ensina que a concentração da produção e do capital serve de  base para a  crescente concentração do capital monetário, para sua acumulação nas  mãos dos  grandes bancos, para o surgimento e desenvolvimento do capital  financeiro. No  processo de desenvolvimento do capitalismo, juntamente com os monopólios  também  os bancos cobram grande desenvolvimento, absorvendo capital monetário  dos  monopólios e consórcios, bem como dos pequenos produtores ou das  poupanças  pessoais. Os bancos, em mãos e a serviço dos capitalistas tornam-se  assim os  detentores dos principais meios financeiros.
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O mesmo processo ocorrido para a eliminação das pequenas empresas  pelas grandes,  pelos cartéis e monopólios, verificou-se também para a liquidação  sucessiva dos  pequenos bancos. Dessa forma, assim como as grandes empresas criaram os  monopólios, os grandes bancos formaram seus consórcios bancários. Esse  fenômeno  adquiriu proporções colossais nestas duas últimas décadas e prossegue,  ainda  hoje, em ritmo extremamente acelerado. A característica que distingue as  fusões  e absorções atualmente é que elas atingem não só os bancos pequenos, mas  também  os médios e os relativamente grandes. Esse fenômeno deve-se ao  acirramento das  contradições da reprodução capitalista, à ampliação da concorrência e à  grave  crise do sistema financeiro e monetário do mundo capitalista.
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Nos Estados Unidos da América, reinam 26 grandes grupos financeiros, O  maior  deles, o grupo Morgan, possui 20 grandes bancos, companhias de  seguros, etc.,  com um ativo que alcança a soma de 90 bilhões de dólares.
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A taxa de concentração e centralização do capital bancário também é  muito  elevada nos outros principais países capitalistas, Na Alemanha  Ocidental, três  dos 70 grandes bancos dominam mais de 58% da soma dos ativos bancários.  Na  Inglaterra, toda a atividade dos bancos é controlada por quatro  estabelecimentos  conhecidos como o "Big Four". Também no Japão e na França há um nível  elevado de  concentração do capital bancário.
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Lênin demonstrou que o capital bancário se entrelaça com o capital  industrial. A  princípio os bancos se interessam pelo destino dos créditos que concedem  aos  industriais. Servem de mediadores entre os industriais que tomam  créditos, para  que se entendam entre si, não concorram uns com os outros, pois os  próprios  bancos sofreriam com isso. Este é o primeiro passo do entrelaçamento dos  bancos  com o capital industrial. Com o desenvolvimento e concentração da  produção e do  capital monetário, os bancos convertem-se em investidores diretos nas  empresas  produtivas, promovendo sociedade anônimas conjuntas. Dessa forma o  capital  bancário penetra na indústria, na construção, na agricultura, nos  transportes,  na esfera da circulação e em toda parte. Por seu lado, as empresas  adquirem  maciçamente ações dos bancos e tornam-se participantes destes.  Atualmente, os  diretores dos bancos e os das empresas monopolistas participam dos  conselhos  administrativos uns dos outros, criando aquilo que Lênin denominou  "união  pessoal". O capital financeiro surgido desse processo compreende em si  mesmo  todas as formas de capital: o capital industrial, o capital monetário e o   capital mercantil. Caracterizando esse processo, Lênin disse:
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"Concentração da produção; monopólios derivados dela;  fusão ou entrelaçamento  dos bancos com a indústria - eis a história do aparecimento do capital  financeiro e o conteúdo deste conceito." (V. I. Lênin. Obras, ed.  albanesa, vol.  XXII, pg. 273).
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Embora o capital financeiro tenha crescido e sofrido transformações  estruturais  após a II Guerra Mundial, persegue os mesmos fins de sempre: assegurar o  máximo  de lucro através da exploração das amplas massas trabalhadoras, dentro e  fora de  seu país. É este também o papel das empresas de seguros, que cresceram  bastante  nos principais países capitalistas durante estes últimos anos e  tornaram-se  sérias concorrentes dos bancos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o ativo  dos  bancos cresceu três vezes e meia entre 1950 e 1970, enquanto o ativo das   companhias de seguros crescia seis vezes e meia.
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Com os capitais que acumulam graças pilhagem do povo, essas  companhias chegam a  conceder créditos enormes aos monopólios, que ascendem a centenas de  milhões de  dólares. Desta forma, as seguradoras se fundem e se entrelaçam com os  monopólios  industriais, e bancários, tornando-se parte orgânica do capital  financeiro.
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Movida por uma sede insaciável de lucro, a burguesia monopolista  transforma em  capital qualquer fonte de recursos monetários temporariamente  disponíveis, como  as cotas depositadas pelos trabalhadores para aposentadoria, as  poupanças da  população, etc.
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O capital financeiro concentrado aufere benefícios extraordinários  não só do  lucro oriundo da absorção do dinheiro dos consórcios, dos pequenos  industriais,  etc., etc., mas também da emissão de letras de câmbio e dos depósitos  que  movimenta. Tanto nesses casos como nos depósitos de poupança oferece-se  uma  pequena taxa de juros ao depositante, mas o banco aufere com eles lucros   colossais, com os quais incrementa seu capital e aumenta os  investimentos que,  naturalmente, trazem novos e constantes lucros para o capital  financeiro, O  capital financeiro investe mais na industria, porém estendeu sua rede de   especulações a outros recursos, a terra, as ferrovias e outros ramos e  setores.
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Os bancos têm as condições reais de fornecer as consideráveis somas  de créditos  exigidas pelo alto grau de concentração e de domínio dos monopólios  Dessa forma,  criam-se condições mais favoráveis para as grandes uniões monopolistas  explorarem mais selvagemente as massas trabalhadoras dentro e fora de  seu país,  para conseguir o máximo de lucro.
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Com a restauração do capitalismo na União Soviética e outros países  revisionistas, os bancos adquiriram todos os traços característicos do  monopólio. Nesses países, assim como em todo o mundo capitalista, eles  servem à  exploração das amplas massas trabalhadoras tanto internamente como no  exterior.
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O sistema de crédito ao consumidor para a compra de bens de consumo e  sobretudo  de bens de consumo durável difundiu-se rapidamente nos países  capitalistas e  revisionistas durante os últimos anos. Com esse tipo de crédito a  burguesia  garante mercado para colocar suas mercadorias, os capitalistas garantem  lucros  fabulosos através das altas taxas de juros, os credores e firmas  capitalistas  amarram os devedores de pés e mãos.
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As dívidas e outras obrigações dos trabalhadores para com os bancos e   instituições de crédito cresceram muito em nossos dias. Somente nos  Estados  Unidos os compromissos da população com esse gênero de créditos somavam  167  bilhões de dólares em 1967, contra 6 bilhões em 1945; enquanto na  República  Federal Alemã atingiam uma soma superior a 46 bilhões de marcos.
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A crescente concentração e centralização do capital bancário levaram a  um  aumento do domínio econômico e político por parte da oligarquia  financeira e ao  emprego de uma série de formas e meios para aumentar o jugo econômico, o   empobrecimento e a miséria das amplas massas trabalhadoras.
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O desenvolvimento do capital financeiro possibilitou concentrar nas  mãos de um  punhado de poderosos capitalistas industriais e banqueiros não só uma  grande  riqueza mas também um verdadeiro poder econômico e político, que atua em  toda a  vida do país. E essa gente todo-poderosa que encontra-se à frente dos  monopólios  e bancos e constitui o que se chama oligarquia financeira. Invocando o  fato de  que as grandes companhias converteram-se agora em sociedades anônimas em  que um  ou outro operário pode dispor de um número simbólico de ações, os  apologistas do  capitalismo procuram demonstrar que o capital teria perdido o caráter  privado  que tinha no tempo em que Marx escreveu "O Capital", ou quando Lênin analisou o   imperialismo; que o capital estaria se tornando popular. Isso é uma  quimera.  Hoje, como antes, quem domina nos países imperialistas são os poderosos  grupos  industrial-financeiros privados: os Rockefeller, os Morgan, os Dupont, os Melion,  os Ford, os grupos de Chicago, Texas, Califórnia e alguns outros nos  Estados  Unidos da América; os grupos financeiros dos Roschild, dos Behring, dos  Samuel e  outros na Inglaterra; dos Krupp, Siemens Mannessmann, Thyssen, Gerling etc.  na  Alemanha Ocidental; a Fiat, a Alfa-Romeo, a Montedison, a Olivetti, etc.  na  Itália; as grandes famílias na França e assim por diante.
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Como possuidora do capital industrial e financeiro, a oligarquia  financeira  assegurou seu domínio econômico e político sobre toda a vida do país.  Submeteu  também aos seus interesses o aparelho estatal, que transformou-se num  instrumento nos mãos da plutocracia financeira. A oligarquia financeira  destitui  e nomeia governos, dita a política interna e externa. Internamente ela  se  vincula às forças reacionárias, a todas as instituições políticas,  ideológicas,  educacionais, culturais que defendem seu poder político e econômico. Na  política  externa ela defende e apóia todas as forças conservadoras e reacionárias  que  sustentam e abrem caminho para a expansão monopolista, que lutam para  salvaguardar e consolidar o capitalismo.
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A oligarquia financeira não recua diante de nada para garantir seu  domínio,  instaurando a reação política em todos os campos.
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"...O capital financeiro - dizia Lênin - persegue  o domínio e não a  liberdade".(V. I. Lênin. Obras, ed. albanesa, vol. XXIII, pg. 124).
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A situação atual prova que a burguesia monopolista intensificou a  opressão em  toda parte. Com base nela aprofunda-se a contradição entre o  proletariado e a  burguesia. Ao mesmo tempo a expansão econômica e financeira, acompanhada  da  expansão política e militar, acirrou ainda mais a contradição entre os  povos e o  imperialismo, bem como as contradições entre as próprias potências  imperialistas. A propaganda atual dos revisionistas chineses ignora esta   realidade objetiva incontestável.
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A concentração e centralização de capitais bancários verificam-se  agora não só  dentro de cada país mas também entre vários países capitalistas ou  capitalistas  e revisionistas. É este o caráter dos bancos conjuntos do Mercado Comum  Europeu  ou do "Banco Internacional para a Cooperação Econômica", bem como do  "Banco de  Investimentos" do Comecon. Também são uniões bancárias de tipo  capitalista as  dos bancos germano-ocidental-poloneses ou dos bancos anglo-romenos,  franco-romenos, anglo-húngaros, ou as corporações bancárias  norte-americano-iugoslavas, anglo-iugoslavas, etc. A União Soviética  abriu em  vários países capitalistas muitos bancos, que se tornaram concorrentes e   parceiros dos bancos capitalistas, onde quer que estejam, seja em  Zurique,  Londres ou Paris, na África, na América Latina ou outro lugar.
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A China também se engaja cada vez mais na voragem desse processo de  integração  capitalista dos bancos. Além dos bancos que possui em Hong-Kong, Macau e   Singapura, ela também criará amanhã bancos no Japão, igualmente na  América, etc.  Ao mesmo tempo, a China está permitindo a penetração de bancos das  potências  imperialistas em seu território.
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Lênin acentuava que o capitalismo atual caracteriza-se pela  exportação de  capitais. Esse traço econômico do imperialismo desenvolveu-se e  fortaleceu-se  ainda mais em nossos dias. Os maiores exportadores de capitais do mundo  de hoje  são os Estados Unidos, o Japão, a União Soviética, a República Federal  alemã, a  Inglaterra e a França.
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Em certo período, a exportações de capitais vinham dos Estados  Unidos, da  Inglaterra, da França e da Alemanha, onde havia uma indústria  desenvolvida, que  absorvia os recursos do solo e do subsolo das colônias. Mais tarde, a  guerra, as  crises, fizeram com que algumas potências imperialistas, como a  Inglaterra, a  França, a Alemanha, se debilitassem economicamente e o imperialismo  norte-americano se enriquecesse, tornando-se uma superpotência. Na  situação  criada após a II Guerra Mundial, as exportações de capital  norte-americano  avançaram muito em detrimento das demais potências capitalistas.
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Hoje o capital norte-americano é exportado para todos os países,  mesmo os  industrializados, sob a forma de investimentos, créditos, empréstimos,  sob a  forma de participação em empresas mistas ou através da criação de  grandes  companhias industriais. O imperialismo norte-americano investe o capital   monopolista nos países não desenvolvidos e pobres, pois ali os custos de   produção são reduzidos, enquanto a taxa de exploração dos trabalhadores é   elevada. Investe para garantir matérias primas, para açambarcar  mercados, para  vender produtos industrializados.
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É fato sabido que o desenvolvimento dos países capitalistas se  processa de  maneira desigual; por isso os monopólios e grandes empresas dos Estados  Unidos e  outros países exportam capitais precisamente para os países onde o  desenvolvimento econômico exige inversões e tecnologia.
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Os capitais investidos produzem lucros fabulosos para os consórcios e  monopólios  financeiros, pois nos países pobres, não desenvolvidos, a terra é muito  barata e  com pouco dinheiro pode-se comprar grandes extensões, adquirindo-se  junto com a  terra as suas riquezas. A mão-de-obra também é barata, pois as pessoas  que  passam fome são obrigadas a trabalhar por salários muito baixos.  Calcula-se que  as potências imperialistas auferem lucros de cinco dólares por cada  dólar  investido nesses países.
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Segundo fontes oficiais norte-americanas, somente entre 1971 e 1975 a  soma  global dos investimentos diretos dos Estados Unidos nos jovens Estados  foi de 6  bilhões e meio de dólares, enquanto que os lucros auferidos no mesmo  período e  nos mesmos países chegaram a cerca de 30 bilhões de dólares. (Revista  norte-americana Survey of Business, agosto de 1976, pg. 44).
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Para disfarçar a exportação de capitais, as potências imperialistas  praticam  também a concessão de créditos. Através desses ditos créditos ou ajuda,  os  grandes consórcios capitalistas e os Estados aos quais pertencem exercem  grande  pressão e mantêm sob seu guante os Estados e povos que os aceitam. A  "ajuda" ou  os créditos aos países não desenvolvidos provém da pilhagem dos recursos  desses  mesmos países e da exploração das massas trabalhadoras dos países  desenvolvidos;  e vão para os ricos dos países não desenvolvidos. Em outras palavras,  isso  significa que os grandes monopólios norte-americanos, por exemplo, sigam  o suor  do povo norte-americano e de outros povos e, quando exportam capital e  concedem  créditos, trata-se precisamente do suor e do sangue desses povos. Por  outro  lado, os créditos que os grandes monopólios concedem aos países do  chamado  terceiro mundo servem na prática às classes feudal-burguesas que ali  dominam.
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Os créditos contraídos pelos jovens Estados servem como elos da  cadeia  imperialista que acorrenta seus povos. Conforme indicam as estatísticas,  a  dívida desses países duplica a cada cinco anos. De oito bilhões e meio  de  dólares em 1955, as dívidas dos países não desenvolvidos para com as  potências  imperialistas cresceram para mais de 150 bilhões de dólares em 1977.
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O capitalismo mundial desenvolveu a técnica e a tecnologia em seu  próprio  interesse, para multiplicar os lucros através da descoberta dos recursos  do  subsolo, da criação de uma agricultura intensiva, etc. Toda essa  tecnologia, a  própria revolução técnico-científica e os novos meios de exploração  econômica  servem ao imperialismo, aos monopólios capitalistas e não aos povos. O  capitalismo jamais pode investir no exterior, fornecer empréstimos,  exportar  capitais sem calcular antecipadamente os lucros que lhe advirão.
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Se não se apresenta aos grandes monopólios e bancos, que se  estenderam como uma  teia de aranha pelo mundo capitalista e revisionista, dados concretos  sobre a  renda obtida da exploração de uma mina, de terras, da extração de  petróleo ou de  água num deserto, etc., eles não concedem créditos.
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Há também outras formas de concessão de créditos, praticadas em  relação aos  Estados pseudo-socialistas que procuram disfarçar a via capitalista que  vêm  trilhando. Esses créditos são fornecidos em grandes proporções, sob a  forma de  créditos comerciais, e naturalmente retornam dentro de um curto período.  São  oferecidos conjuntamente por vários Estados capitalistas, que calcularam  de  antemão os benefícios econômicos e também políticos que arrancarão do  Estado  tomador, levando em conta tanto seu potencial econômico como sua  solvência. Os  capitalistas nunca oferecem tais créditos para construir mais sim para  destruir  o socialismo. Portanto, um pais verdadeiramente socialista jamais aceita   créditos, sob qualquer forma, de um país capitalista, burguês ou  revisionista.
A exemplo dos revisionistas soviéticos, kruschovistas, os  revisionistas chineses  também empregam muitos slogans, muitas citações, constroem muitas frases  que  soam "leninistas", "revolucionárias", mas sua verdadeira atividade é  reacionária, contra-revolucionária. Os dirigentes chineses procuram  apresentar  suas atitudes oportunistas e relações com os países imperialistas como  se elas  interessassem ao socialismo. Esses revisionistas praticam tal impostura  intencionalmente, para manter as massas do proletariado e do povo nas  trevas, de  forma que não possam converter sua insatisfação em força para fazer a  revolução.
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Tomemos, por exemplo, o problema da construção econômica do país, do  desenvolvimento da economia socialista com as próprias forças. Trata-se  de um  princípio justo. Qualquer Estado independente, soberano, socialista deve   mobilizar todo o povo e definir com justeza a política econômica, adotar  todas  as providências para explorar devidamente e da forma mais racional todos  os  recursos que possui, para administrá-los com parcimônia e fazê-los  crescer no  interesse de seu próprio povo e para impedir que sejam saqueados por  terceiros.  Esta é a orientação principal, básica, para qualquer país socialista,  enquanto  que a ajuda externa, a ajuda vinda de outros países socialistas, é  suplementar.
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Os créditos acordados entre dois países socialistas possuem caráter  completamente distinto dos demais. Representam uma ajuda  internacionalista,  desinteressada. A ajuda internacionalista jamais produz capitalismo, não   empobrece as massas populares, ao contrário, desenvolve a indústria e a  agricultura, serve a sua harmonização, conduz à elevação do nível de  bem-estar  das massas trabalhadoras, ao fortalecimento do socialismo.
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Os Estados socialistas economicamente desenvolvidos devem ajudar em  primeiro  lugar os demais países socialistas. Isso não quer dizer que um país  socialista  não deva desenvolver relações com outros países, não socialistas. Mas  devem ser  relações econômicas com base no interesse mútuo e não devem de forma  alguma  colocar a economia de um país socialista ou não socialista na  dependência de  países mais poderosos. Caso essas relações inter-estatais se apóiem na  exploração dos Estados pequenos e economicamente débeis pelos Estados  grandes e  poderosos, tal "ajuda" deve ser rejeitada, pois tem caráter  escravizante.
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Lênin disse que o capital financeiro lançou, na verdadeira acepção da  palavra,  suas malhas por todos os países do mundo. Os monopólios, cartéis e  sindicatos  dos capitalistas trabalham de forma sistemática, se apropriam primeiro  do  mercado interno de seu país, se adonam da indústria, da agricultura,  escravizam  a classe operária e os demais trabalhadores, arrancam superlucros e em  seguida  criam vastas possibilidades para também açambarcar mercados em todo o  mundo. O  capital financeiro desempenha um papel direto nesse sentido.
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Também atualmente observamos, em plena concordância com as  ensinamentos de Lênin  sobre o imperialismo como última fase do capitalismo, que as duas  superpotências, o imperialismo norte-americano e o social-imperialismo  soviético, lutam pela divisão do mundo, pela ocupação de mercados. O  petróleo,  por exemplo, que tornou-se um problema agudo em todo o planeta, é em  primeiro  lugar domínio das grandes empresas monopolistas norte-americanas, mas  com a  participação de empresas petrolíferas da Inglaterra, da Holanda, etc. Os   norte-americanos manobram na questão do petróleo para que ele seja seu  monopólio. Investiram grandes capitais e empregaram técnicas avançadas  na Arábia  Saudita, Irã e outros países petrolíferos, acorrentaram. as camarilhas  dominantes desses países, comprometeram reis, sheiks e imames com  grandes somas  de dólares. Os governantes dos países petrolíferos recebem permissão da  plutocracia financeira para investir nos Estados Unidos, na Inglaterra e  em  outros países, inclusive comprando ações de diferentes companhias  monopolistas,  bem como luxuosos hotéis, fábricas, etc.
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A Arábia Saudita, por exemplo, é um país semifeudal, onde reinam a  pobreza e o  obscurantismo, embora extraia 420 milhões de toneladas de petróleo por  ano.  Enquanto as massas trabalhadoras vivem na pobreza, o rei e a classe dos  grandes  senhores de terras depositaram mais de 40 bilhões de dólares somente nos  bancos  da Wall Street. A situação é a mesma no Kuwait, nos Emirados Árabes  Unidos, etc.  Essas camarilhas fazem todas as concessões para que as potências  imperialistas  saqueiem as riquezas dos povos dos países que dominam, objetivando  participar  dos lucros.
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Os investimentos dos países produtores de petróleo, que são  propriedade das  camarilhas dominantes, representam uma união, naturalmente em escala  muito  reduzida, do capital dessas camarilhas com o norte-americano ou inglês. A   primeira vista, parece que as camarilhas dominantes dos países que têm  petróleo  teriam estabelecido uma certa sociedade de investimentos com o  imperialismo  norte-americano, inglês ou francês e influiriam em sua economia. Na  verdade,  ocorre o oposto. Os lucros do imperialismo norte-americano e dos demais  imperialistas são tremendamente maiores do que os proventos dados a tais   camarilhas. Esta é uma característica do neo-colonialismo atual, que  para poder  explorar ao máximo os recursos de certos países faz algumas concessões  comedidas  em favor de grupos dominantes burguês-capitalistas, feudais, mas  seguramente não  em prejuízo próprio. Esse exemplo comprova a justeza da tese de Lênin de  que  podem entrelaçar-se muito facilmente os interesses das burguesias de  diferentes  países, assim como dos monopólios privados com os estatais. Os grandes  monopólios também podem se conjugar com monopólios menos possantes mas  que detêm  o domínio de grandes riquezas, sobretudo do subsolo, como jazidas de  ferro,  cromo, cobre, urânio, etc.
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Os empréstimos, créditos e ajudas governamentais tornaram-se  atualmente uma das  formas mais difundidas de exportação de capitais, praticada em especial  pela  União Soviética e demais países revisionistas.
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Além de produzir lucros capitalistas, esses créditos, "ajuda" e  empréstimos  perseguem também objetivos políticos. Os Estados que os concedem visam  apoiar e  consolidar o poder político e econômico de determinadas camarilhas, que  defendem  os interesses econômicos, políticos, militares do país credor. Como os  acordos  quanto a esses tipos de créditos são concluídos entre governos, reforçam  ainda  mais a dependência econômica e política do devedor em relação ao credor.  O  "Plano Marshall" constitui um exemplo clássico dessa  forma de exportação de  capital. Após a II Guerra Mundial, ele tornou-se a base econômica da  expansão  política e militar dos Estados Unidos nos países da Europa Ocidental. É  esse  também o sentido da chamada ajuda que os revisionistas soviéticos  concedem  pretensamente em favor do desenvolvimento da economia e da criação do  setor  estatal da indústria em países como a Índia, o Iraque e outros.
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O imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e o  capitalismo  nos países industrializados alcançaram atualmente um tal nível de  desenvolvimento que o lucro obtido com a acumulação de capitais cresceu  extraordinariamente. A acumulação de capitais cria grandes lucros, que  vão para  o bolso dos monopolistas, da oligarquia financeira, os quais não colocam  esses  recursos a serviço do povo trabalhador, pobre, miserável, mas  exportam-nos para  os países onde podem auferir lucros ainda maiores. São estes países que a  China  chama de "terceiro mundo". Mas os monopolistas também fazem  investimentos do  mesmo gênero nos países capitalistas desenvolvidos.
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Muitos livros foram escritos sobre o processo de penetração de  capitais  norte-americanos na Europa, sobre seus objetivos políticos e econômicos.  O livro  do autor norte-americano Geoffrey Owen traça um quadro nítido desse  processo. No  início do capítulo "As Empresas Internacionais", ele diz que o aumento  dos  investimentos norte-americanos no exterior obedeceu à concepção de que  os  norte-americanos não representam uma sociedade com interesses no  além-mar, mas  uma sociedade internacional. O quartel-general dessa sociedade  encontra-se nos  Estados Unidos da América. Isso significa que as diversas grandes firmas   norte-americanas não pensam apenas em se estender por todo o país e  atender às  necessidades da indústria e dos clientes dentro dos Estados Unidos, mas  também  em lançar suas malhas sobre outros países. Essas empresas investem o  "capital  excedente" em outros países para extrair lucros ainda maiores.  Gigantescas  corporações como a "Socony Mobil", a "Standard Oil of New Jersey" e  outras  arrancam quase a metade de seus lucros do saque e exploração de outros  países.  Cerca de 500 companhias auferem lucros da ordem de 10 bilhões de dólares  anuais  no exterior. O número de empresas que fizeram inversões fora dos Estados  Unidos  ultrapassa 3.000. Foi assim que fórmulas e termos como "empresas  multinacionais"  ou "capitalismo internacional", entre outros, tornaram-se usuais,  entraram na  linguagem jornalística e nas operações bancárias.
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Geoffrey Owen informa que em 1929 mais de 1.300 empresas européias  eram  propriedade ou estavam sob controle de firmas norte-americanas. Essa foi  a  primeira etapa da ofensiva norte-americana rumo à indústria européia. A  pressão  da II Guerra Mundial que então se preparava deteve temporariamente a  invasão dos  capitais norte-americanos. De 1929 a 1946, o valor das inversões diretas  de  empresas norte-americanas no exterior reduziu-se de 7,5 para 7,2 bilhões  de  dólares. Mas após a II Guerra, em 1950, o montante de investimentos  norte-americanos no exterior subira para 11 bilhões e 200 milhões, das  quais a  metade concentrava-se na América Latina e no Canadá. Os investimentos na  América  Latina visavam explorar matérias primas: petróleo, cobre, minério de  ferro,  bauxita, bem como bananas e outros produtos agrícolas. No Canadá, eles  se  dirigiam mais para as minas e o petróleo e desenvolviam-se em ampla  escala  devido à proximidade do país e outras condições que facilitavam essa  penetração.
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A Europa também tornou-se importante alvo das inversões  norte-americanas na  década de 50. Neste continente, os investimentos se alastraram  rapidamente às  comunicações, à grande produção em série, aos equipamentos complexas.  Junto com  eles veio a avalanche de produtos norte-americanos.
O autor em questão ressalta que a situação criada após a II Guerra  Mundial no  mercado capitalista impulsionou ainda mais os investimentos  norte-americanos.  Eis os dados referentes ao aumento desses investimentos externos: Seu  total em  1946 era de 7,2 bilhões de dólares; logo após começou a crescer e em  1950 já era  de 11,2 bilhões; em 1964 chegou a 44,3 bilhões e em 1977 ultrapassava os  60  bilhões de dólares.
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Ao ampliar constantemente suas operações em escala mundial, as  empresas  norte-americanas acirraram a concorrência com as firmas de cada país e  aumentaram o medo do domínio por parte dos gigantes norte-americanos.  Esse  problema torna-se ainda mais agudo nos países não desenvolvidos, onde as  firmas  estadunidenses se especializaram nos setores-chave da indústria e  possuem uma  influência preponderante na economia nacional. Em outras palavras, essas   gigantescas empresas norte-americanas têm nas mãos e dirigem na prática a   economia e os governos locais.
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É conhecida a prolongada luta travada entre as empresas petrolíferas  estadunidenses e o governo mexicano, que concluiu-se em 1938 com a  falência da  política de oposição seguida por este governo. Idêntico foi o desfecho  da luta  entre o monopólio inglês do petróleo e o governo iraniano, que terminou  com a  destituição de Mossadegh. Tais contendas são constantes, danosas e  encerram-se  com a vitória dos grandes trustes norte-americanos.
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As grandes companhias petrolíferas atuam em escala mundial. Para  elas, é usual e  necessário controlar plenamente todos os capitais e a produção deste  ramo nos  países onde investiram, controlar os governos, etc. E se não dispõem  dessa  possibilidade, criam-se dificuldades para a coordenação mundial de sua  atividade. É por isso que as grandes companhias estrangeiras combatem os   esforços dos capitalistas nacionais visando participar dos lucros em  nível  superior ao que é dado pelos investidores dos Estados Unidos ou de  outros países  imperialistas.
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Na Europa, no Canadá, na Ásia, na África, etc., as empresas  norte-americanas  criaram uma situação em que praticamente controlam a economia de muitos  países.  Os governos desses países têm muito medo dos Estados Unidos, que  tornaram-se a  liderança da economia européia assim como fizeram no terreno militar.  Por isso  os países capitalistas industrializados da Europa procuram entravar a  enxurrada  de capitais norte- americanos que se precipita em nível crescente sobre  eles.
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A direção chinesa pretende que os Estados europeus, industrializados  desde o  século XIX, estão fazendo mais investimentos nos Estados Unidos. Mas  sabe-se  que, enquanto os investimentos de capitais europeus nos Estados Unidos  assumem  sobretudo a forma de letras de câmbio, ações, obrigações, depósitos,  etc., os  investimentos norte-americanos na Europa detêm posições de domínio nos  mais  importantes setores da economia local.
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Procurando justificar o aumento das inversões norte-americanas,  Geoffrey Owen  pretende que os países europeus desejam e procuram desenvolver sua  indústria,  como por exemplo a eletrônica e a de computadores, sobre bases  científicas.  Essas indústrias contribuem em certa medida para o progresso técnico,  para o  aumento das exportações e para o crescimento geral da economia desses  países.  Mas as companhias norte-americanas estão mais avançadas nesse campo do  que suas  rivais européias e controlam esse progresso técnico segundo seus  interesses.
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No que diz respeito aos computadores, por exemplo as empresas  européias do ramo  uniram-se estreitamente para defender-se da concorrência da corporação  estadunidense "International Business Machine" (IBM), que responde por  mais de  70% do mercado norte-americano e por uma parcela ainda maior do mercado  mundial.
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Outra tendência das grandes empresas norte-americanas é a associação  com firmas  locais. Para disfarçar a exploração, muitas empresas evitam possuir  filiais 100%  suas e criam companhias com investimentos conjuntos na proporção de 49  para 51%  ou de 50 para 50%. Assim atuaram os norte-americanos no Japão e também  na  Iugoslávia - que procura dar a impressão de que constrói o socialismo  com as  próprias forças, quando na realidade os titistas partilharam-na  economicamente  com os Estados Unidos e com grandes firmas de outros países industriais  desenvolvidos. Dessa forma, os titistas empenharam igualmente a  liberdade e a  independência da Iugoslávia.
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A tendência de muitas dessas grandes empresas norte-americanas, como a  "General  Motors", a "Ford", a "Crysler", "General Eletric" e outras é apoderar-se  de fato  de 100% de suas filiais no exterior. Mesmo assim, essas filiais -  segundo Owen -  não esquecem o problema da nacionalização; sua resposta é: "Não se trata  de  formarmos associações com investidores locais, mas de encorajarmos a  internacionalização da propriedade das ações das empresas mães". É esta a   concepção da "internacional" do capitalismo, que tem especialmente na  "General  Motors" uma fervorosa defensora.
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Essas orientações do capital imperialista norte-americano ou do poder  da  indústria estadunidense, que investe fora dos Estados Unidos para criar  suas  colônias e seu império, são alguns dos fatos que ilustram claramente a  tese de  que o imperialismo norte-americano absolutamente não se debilitou. Ao  contrário  do que pretendem os revisionistas chineses, ele se fortaleceu,  conquistou  grandes concessões no exterior, dirige muitos e importantes ramos da  economia de  outros países. Ele também colocou os governos desses países em  incontáveis  dificuldades, muitas vezes é ele próprio quem faz a lei, tem muitos  governos sob  sua direção e controle. Evidentemente, esse processo também tem seus  altos e  baixos, mas seu sentido geral não indica um debilitamento do  imperialismo  norte-americano.
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II - A Teoria Leninista Sobre o Imperialismo Mantém Toda Atualidade (continuação)
Vivemos atualmente um período em que outra superpotência, o  social-imperialismo  soviético, exporta seus capitais e trata de explorar diferentes povos.  Os  capitais exportados por essa superpotência emanam da mais-valia  realizada na  União Soviética, que transformou-se num país capitalista.
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A restauração do capitalismo conduziu a uma polarização da sociedade  soviética  contemporânea, em que uma pequena parcela domina e explora a esmagadora  maioria  do povo. Atualmente, uma classe à parte, burguesa, exploradora, criou-se  e tomou  forma, é a camada composta pelos burocratas, os tecnocratas, a  intelectualidade  criadora e superior, que se apropria e partilha entre si a mais-valia  arrancada  com a selvagem exploração da classe operária e das amplas massas  trabalhadoras.  Distintamente dos paises de capitalismo clássico, onde essa mais-valia é   apropriada na proporção do capital de cada capitalista, na União  Soviética e  demais países revisionistas ela é distribuída de acordo com o posto  ocupado  pelos elementos da camada superior burguesa na hierarquia estatal,  econômica,  científica, cultural, etc. Os altos vencimentos, as gratificações usuais  e  especiais, os prêmios e estímulos, os favoritismos, etc.,  transformaram-se em  toda uma instituição para a apropriação da mais-valia extraída às custas  do suor  dos trabalhadores. A camada que representa o "capitalista coletivo"  salvaguarda  essa pilhagem através de uma infinidade de leis e normas que garantem a  opressão  e a exploração capitalistas.
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A economia soviética já se integrou no sistema do capitalismo  mundial. Enquanto  os capitais norte-americanos, alemães, japoneses, etc. penetraram  profundamente  na União Soviética, capitais soviéticos são exportados para outros  países e se  fundem sob diversas formas com os capitais locais.
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É fato sabido que a União Soviética explora economicamente em  primeiro lugar os  países satélites. Mas agora ela concorre e luta com outros Estados  capitalistas  por mercados, por esferas de investimentos, pela pilhagem de matérias  primas,  pela manutenção das leis neocolonialistas no comércio mundial, etc.
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A nova burguesia soviética exporta capitais para estender sua  hegemonia, mas ao  fazê-lo defronta-se com a concorrência, não só do imperialismo  norte-americano,  que é muito poderoso, mas também dos outros Estados capitalistas  desenvolvidos,  como o Japão, a Inglaterra, a Alemanha Ocidental, a França, etc. Para  auferir  superlucros, esses Estados exportam capitais tanto para a Ásia, África e  América  Latina como também para os países da Europa Oriental, que estão sob a  tutela da  União Soviética revisionista. Exportam capitais inclusive para a própria  União  Soviética.
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As camarilhas dominantes dos países ditos socialistas, União  Soviética,  Checoslováquia, Polônia, etc., e agora também a China, permitem o afluxo  de  capitais estrangeiros em seus países pois esses capitais servem a elas,  enquanto  pesam sobre as costas dos povos. Os países do Comecon estão mergulhados  em  grandes dívidas. Possuem uma dívida de 50 bilhões de dólares junto aos  países  ocidentais.
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A Iugoslávia foi um dos primeiros países revisionistas a permitir a  penetração  de capitais estrangeiros em sua economia. No início ela contraiu  créditos,  depois comprou patentes e a seguir passou à constituição de empresas  mistas. Em  1967 aprovou-se na Iugoslávia uma lei permitindo a criação de empresas  mistas  com 49% de capital de companhias estrangeiras. Em 1977 havia no país 170  dessas  empresas. A Iugoslávia assegurou as condições mais favoráveis para as  empresas  capitalistas desenvolverem sua atividade e garantirem o máximo de lucro.
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O fenômeno ocorrido na Iugoslávia comprova que os capitais  estrangeiros ali  investidos constituem um dos fatores decisivos de sua transformação num  país  capitalista. Os Estados Unidos e outros ricos países capitalistas não  perderam  com esses investimentos, pelo contrário, auferiram grandes lucros,  aumentando a  miséria da classe operária e do campesinato da Iugoslávia. Lênin disse que a  exportação de capitais é uma sólida base para a exploração da maioria  das nações  e países do mundo, para o parasitismo capitalista de um punhado de  Estados  riquíssimos.
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Os Estados capitalistas também auferirão grandes lucros na China.  Estamos vendo  como os capitais norte-americanos, japoneses, alemães ocidentais, etc.  precipitam-se para a China aos bilhões de dólares. Assinou-se com os  japoneses  acordos para exploração conjunta das jazidas petrolíferas e do potencial   energético do rio Yangtsé. Assinou-se com os alemães um acordo para a  construção  de minas de carvão e assim por diante. Os investimentos que são e serão  feitos  na China trarão seguramente lucros satisfatórios para os capitalistas  estrangeiros, mas ao mesmo tempo fortalecerão as bases do capitalismo na  China.
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A exportação de capitais de um país capitalista para outro,  capitalista ou  revisionista, seja grande ou pequeno o Estado que exporta ou importa, é  sempre  uma das formas de exploração dos povos pelo capital. Essa exploração  traz  consigo a dependência econômica e política do país que recebe esses  capitais.
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Lênin acentuou que, depois de apoderar-se do  mercado interno, os monopólios  lutam para redividir e conquistar economicamente o mercado mundial de  produtos  industrializados e matérias primas. A concorrência e a sede de  lucros levam os  monopolistas dos diferentes paises a concluir acordos temporários,  entrar em  alianças e uniões para dividir os mercados no plano internacional,  vender  manufaturados e comprar matérias primas. Mesmo quando possuem reservas  de  matérias primas e energéticas, os Estados capitalistas desenvolvidos  precipitam-se sobre os demais países, pois os custos de produção nestes  últimos  são mais reduzidos e acima de tudo o salário dos operários é várias  vezes mais  baixo.
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É conhecida a luta que vem se travando pela conquista das jazidas e  dos mercados  de petróleo. Em decorrência dela, dezenas, centenas de empresas e  associações  privadas foram destruídas e chegou-se a uma situação em que o cartel  internacional do petróleo, que une sete grandes monopólios (cinco  norte-americanos, um inglês e um anglo-holandês, as famosas Esso,  Texaco, Shell,  etc.), controla mais de 60% da extração e comercialização do petróleo  nos países  capitalistas do mundo ocidental e refina cerca de 54% desse óleo.
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Essa divisão das fontes de produção e dos mercados consumidores  também se  estende atualmente aos minérios de cobre e estanho, ao urânio e outros  minerais  preciosos e estratégicos.
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Muitos dos antigos países colonialistas, como a Inglaterra e a  França,  concluíram com as ex-colônias acordos especiais, ditos preferenciais, de   colaboração, etc., que lhes asseguram privilégios econômicos e  comerciais quase  exclusivos. As chamadas zonas do dólar, da libra, do franco, do rublo,  mostram  uma divisão econômica do mundo entre os diversos monopólios e Estados  imperialistas.
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O imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e as  demais  potências imperialistas garantem o lucro máximo por diversos meios,  através do  comércio discriminatório e desigual com as antigas colônias. Somente os  países  "em desenvolvimento", excetuando os da OPEP, possuem hoje um saldo  comercial  passivo de quase 34 bilhões de dólares.
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Sobretudo nas atuais condições de crise econômica, os monopólios  concluem  acordos diretos com os governos dos países capitalistas, quanto às cotas  de  produção, aos preços, ao escoamento dos produtos, etc. A existência de  organismos como o Mercado Comum Europeu, o Comecon, etc., também  evidencia a  divisão econômica existente hoje no mundo.
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Essa divisão econômica do mundo, o domínio dos monopólios, sua tutela  sobre a  vida e o desenvolvimento econômico de outros países, acirram ainda mais  não só a  contradição entre o trabalho e o capital como as contradições entre os  povos e o  imperialismo e as contradições inter-imperialistas.
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A teoria chinesa dos "três mundos", que procura conciliar o  "terceiro" com o  "segundo" mundo e com o imperialismo norte-americano, desconhece essa  realidade.  Não deseja enxergar que a ofensiva irrefreável dos monopólios  norte-americanos,  ingleses, alemães, japoneses, franceses, etc., rumo ao que a China chama  de  "terceiro mundo", aumenta a resistência dos povos a todas as potências  imperialistas e hegemonistas e amplia as condições objetivas para a luta   irreconciliável entre eles. Por outro lado, o desenvolvimento desigual  das  potências imperialistas, que é uma lei objetiva do desenvolvimento do  capitalismo, leva a uma concorrência e a atritos irredutíveis na luta  pela  expansão econômica em todo o mundo.
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Ao procurar conciliar essas contradições e repetir a mesma velha  pregação da  social-democracia e dos revisionistas de todos os matizes, a teoria  chinesa dos  "três mundos" entra em contradição flagrante com a estratégia leninista,  que  visa não negar mas sim aprofundar essas contradições de forma a preparar  o  proletariado para a revolução e os povos para a libertação.
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Em sua análise do imperialismo, Lênin pôs em evidência que, com a passagem do  capitalismo pré-monopolista à sua fase superior e final, ao  imperialismo,  conclui-se a divisão territorial do mundo entre as grandes potências  imperialistas.
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"... o traço característico do período que nos ocupa é  a repartição definitiva  da Terra, definitiva não no sentido de que seja impossível redividí-la -  pelo  contrário, novas divisões são possíveis e inevitáveis -, mas no sentido  de que a  política colonial dos países capitalistas já terminou a conquista de  todas as  terras não ocupadas que havia em nosso planeta. Pela primeira vez, o  mundo já se  encontra repartido, de modo que daqui por diante poderá haver unicamente  redivisões, ou seja, a passagem de territórios de um 'proprietário'  para  outro...". (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pgs.  308-309).
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O velho colonialismo clássico, que explorava física, econômica,  política e  ideologicamente a maioria dos povos do mundo, transformou-se depois da  II Guerra  Mundial num novo colonialismo. Esse novo colonialismo compreende todo um  sistema  de medidas econômicas, políticas, militares e ideológicas, que o  imperialismo  erigiu objetivando manter seu domínio, garantir o controle político e a  exploração econômica das ex-colônias e de muitos outros países,  adequando-se às  novas condições criadas no após-guerra.
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Quais são essas novas condições?
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Os países imperialistas - França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Japão  e América  do Norte - não tinham condições de manter pela força, no após-guerra, a  situação  que existia anteriormente. A França, por exemplo, não podia mais manter  como  colônias, como antes, o Marrocos, a Argélia, a Tunísia e outros países  da  África. Podemos dizer o mesmo do imperialismo inglês, do italiano e  outros.
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A II Guerra Mundial provocou uma mudança radical na correlação de  forças no  mundo. Levou à destruição das grandes potências fascistas, mas também  abalou  desde os alicerces e debilitou muito as velhas potências colonialistas. A  guerra  antifascista despertou em toda parte, mesmo nos países que não foram  incluídos  na sua voragem, o problema da libertação nacional. Os povos das  ex-colônias que  participaram da guerra juntamente com os países da coalizão antifascista  para  escapar do jugo do fascismo não podiam retroceder e tolerar por mais  tempo o  jugo colonial. A Vitória da União Soviética sobre o nazismo, a criação  do campo  socialista, a libertação da China, deram um impulso poderosíssimo ao  despertar  da consciência nacional e da luta de libertação dos povos. As amplas  massas dos  povos colonizados conseguiram compreender que a situação anterior tinha  de  mudar. Eclodiram lutas de libertação na Indochina, no Norte da África,  etc.
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Forçados por essa situação, muitos países colonialistas compreenderam  que o  velho modo de exploração e administração das colônias, sem qualquer  liberdade ou  independência, estava ultrapassado. As potências imperialistas,  colonialistas,  chegaram a essa conclusão não movidas por sentimentos democráticos ou  pelo  desejo de dar liberdade aos povos, mas empurradas pelos povos  colonizados e por  sua debilidade militar, econômica, política, ideológica para manter o  velho  colonialismo. Mas o imperialismo francês inglês, italiano,  norte-americano, etc.  não queria renunciar à exploração desses povos e países. As  circunstâncias  obrigaram cada uma das potências imperialistas a conceder autonomia ou  prometer  liberdade e independência a esses povos após certo tempo. Nesse período,  que  diziam fixar para que se criasse uma consciência de autodeterminação e  se  preparasse quadros nativos, elas visavam na verdade urdir novas formas  de  exploração imperialista, o novo colonialismo, dando a países e povos a  falsa  impressão de haverem conquistado a liberdade.
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Essa foi uma fase do após-guerra em que o imperialismo mundial sofreu  uma grande  derrota, em que a crise do sistema colonial do imperialismo se acentuou  ainda  mais. Nesse período de putrefação do capitalismo devido ao  enfraquecimento do  imperialismo na II Guerra Mundial, os Estados Unidos aproveitaram e  criaram uma  nova e profunda forma de exploração dos povos coloniais supostamente  livres e  independentes. Alastraram seu poderio imperialista em países que eram  colônias  de outras potências imperialistas, então debilitadas de uma ou de outra  maneira.
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Embora tivessem conseguido essa "independência" e essa "liberdade",  dadas à sua  maneira pelas antigas potências colonialistas, vários povos de  ex-colônias foram  obrigados a empunhar armas, pois os imperialistas não se dispunham a  conceder  imediatamente tal "liberdade" e "independência". Os imperialistas  franceses,  sobretudo, procuravam manter no após-guerra a força ou "grandeza" da  França.  Dessa forma, os povos da Argélia, do Vietnã e muitos outros iniciaram a  prolongada luta de libertação que finalmente coroaram com a vitória. Não   entraremos aqui em detalhes sobre como alcançaram essa vitória, quais  foram as  forças sociais que combateram, etc. O fato é que o velho imperialismo  francês e  inglês debilitou-se. Comprovou-se assim a tese de Lênin de que o imperialismo  está em decomposição, de que a velha sociedade capitalista-imperialista  está  sendo minada pelos movimentos revolucionários e pelas aspirações de  liberdade  dos povos oprimidos e escravizados.
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Durante esse período o imperialismo norte-americano empanturrou-se,  ampliou a  zona do dólar, colocou sob seu controle territórios da zona do franco,  da libra  esterlina e, para manter seu poderio hegemônico imperialista, que  consistia na  máxima exploração dos povos, criou muitas bases militares e instalou  camarilhas  políticas pró-americanas em muitos países que haviam supostamente  conquistado a  liberdade e a independência. Essa exploração naturalmente era  acompanhada de uma  série de mudanças de estrutura e de superestrutura.
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O capital financeiro criou também uma ideologia própria, que o guia  na  exploração do proletariado e na conquista do mundo. Completa a dominação  dos  povos e a legitimação desse domínio com formas variadas e adocicadas,  advogando  e concedendo certa liberdade, certa independência, criando também uns  tantos  partidos ditos democráticos, etc.
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Juntamente com as inversões de capitais norte-americanos, com a  criação de  bancos e das chamadas multinacionais, exporta-se também o modo de vida  norte-americano, com a degenerescência que lhe é própria.
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A exportação de capitais pelas grandes potências imperialistas cria  colônias,  que hoje são os países onde reina o neocolonialismo. Esses países têm  uma  independência meramente formal. Em outras palavras, hoje como antes  desenvolve-se o mesmo processo de exportação de capitais, mas de formas  distintas, com explicações e propaganda "adocicada". A exploração dos  povos  desses países até a medula permanece sempre a mesma e mais selvagem  ainda;  prossegue igualmente a pilhagem dos recursos naturais.
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A maior potência neocolonialista de nosso tempo são os Estados Unidos  da  América. Os investimentos de capitais governamentais e privados dos  Estados  Unidos nas ex-colônias, países dependentes e semi-dependentes no triênio  1973/75  representavam cerca de 36% de todos os investimentos dos países  capitalistas e  revisionistas mais desenvolvidos nas mesmas áreas. (Anuário Estatístico  da RFA,  1977).
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Os tratados e acordos econômicos, políticos e militares entre as  potências  imperialistas e as ex-colônias são escravizantes, são armas nas mãos do  imperialismo para manter esses países avassalados. Hoje, como ontem,  soam muito  atuais as palavras de Lênin, que acentuava que:
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"... é indispensável explicar e desmascarar  incansavelmente perante as amplas  massas trabalhadoras de todos os países, sobretudo dos países atrasados,  o  engodo sistematicamente empregado pelas potências imperialistas, que,  fingindo  criar Estados politicamente independentes, criam na verdade Estados sob  sua  completa dependência dos pontos de vista econômico, financeiro e  militar..." (V.  1. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXXI, pg. 159).
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Para manter os povos dominados, o imperialismo norte-americano, o  social-imperialismo soviético e as demais potências imperialistas velhas  e novas  instigam, onde quer que possam, rixas entre Estados vizinhos ou entre  distintos  grupos sociais dentro de um país; e depois interferem nos assuntos  internos dos  outros, no papel de árbitros ou de defensores de uma das partes,  justificam sua  presença econômica, política e militar. Os fatos mostram que sempre que  as  superpotências intrometeram nos assuntos internos dos povos, os  problemas  ficaram por solucionar, ou desembocaram na consolidação das posições do  imperialismo e do social-imperialismo nos países em questão. Os  acontecimentos  no Oriente Médio, o conflito entre a Somália e a Etiópia, a guerra entre  o  Camboja e o Vietnã, etc. atestam esta verdade.
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Os Estados Unidos, a União Soviética e todos os demais países  capitalistas  consolidam, juntamente com seus investimentos, as posições que possuem  nos  países que os aceitam, lutam por mercados e zonas de influência. Isso  cria  atritos entre diversos Estados capitalistas, entre grandes consórcios  que não  são ligados entre si nem interdependentes. Esses atritos instigam  guerras locais  e podem levar a uma conflagração geral. Segundo ensina o leninismo, a  guerra  deflagrada por tais motivos, seja ela local ou geral, tem caráter rapace  e não  libertador. Somente quando os povos se erguem contra invasores  estrangeiros,  quando se levantam contra a burguesia capitalista nativa que se encontra   estreitamente ligada ao imperialismo, ao social-imperialismo e ao  capital  mundial, essa guerra é justa, é libertadora.
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Os representantes do grande capital internacional falam muito na  suposta  necessidade de modificar o atual sistema de relações econômicas  internacionais e  de criar uma "nova ordem econômica mundial", apoiada também pelos  dirigentes  chineses. Segundo eles, essa "nova ordem econômica" servirá de "base  para a  estabilidade global". Os revisionistas soviéticos por seu turno falam na  criação  da chamada nova estrutura das relações econômicas internacionais.
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São estes os esforços e planos das potências imperialistas e  neocolonialistas,  desejosas de dar alento e prolongar a vida do neocolonialismo, de manter  a  opressão e a pilhagem dos povos. Mas as leis do desenvolvimento do  capitalismo e  do imperialismo não se submetem aos desejos nem às invenções teóricas da   burguesia e dos revisionistas. Como disse Lênin, a saída dessas contradições é a  luta conseqüente contra o colonialismo e o neocolonialismo, a revolução.
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Ao analisar os traços econômicos fundamentais do imperialismo, Lênin definiu  também seu lugar histórico. Acentuou que o imperialismo é não só a  fase superior  mas também a última fase do capitalismo, é a ante-sala da revolução  proletária.  Lênin disse que:
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"O imperialismo é uma fase histórica específica do  capitalismo..., é (1)  capitalismo monopolista; (2) capitalismo parasitário ou em decomposição;  (3)  capitalismo agonizante." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXIII, pg.  122).
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A realidade do mundo capitalista atual confirma plenamente esta  conclusão.
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Conforme demonstrou Lênin, o monopólio é a base econômica de todas as  mazelas  econômico-sociais do imperialismo. Os monopólios são impotentes para  superar as  contradições da economia capitalista. Lênin vinculava organicamente o  parasitismo e a decomposição do imperialismo com a tendência do  monopólio para  frear em geral o desenvolvimento das forças produtivas, para aprofundar o   desenvolvimento desproporcional dos ramos econômicos e ao nível de toda a   economia nacional, para não explorar capacidades produtivas humanas e  materiais,  com a tendência a entravar a aplicação das novidades da ciência e da  técnica em  favor das massas e do progresso de toda a sociedade.
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A ambição do lucro, a concorrência, obrigam os monopólios a investir  na  introdução de técnicas avançadas no processo produtivo. Mas em todo o  processo  histórico do desenvolvimento do imperialismo o que domina é a tendência  ao  desenvolvimento desproporcional e contido.
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Os gastos na pesquisa e desenvolvimento da ciência no campo  industrial,  especialmente na indústria bélica, nos Estados Unidos, por exemplo,  passaram de  2 bilhões de dólares em 1950 para cerca de 11 bilhões em 1965 e por  volta de 30  bilhões em 1972. Muitas vezes as grandes firmas também encontram  dificuldades na  pesquisa científica, mas assim que fazem uma descoberta compram a  patente,  contratam operários qualificados e, unicamente onde seus interesses o  ditam,  colocam-na em prática.
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Naturalmente, os setores principais e que apresentam mais interesse  para os  investimentos destinados ao desenvolvimento e à revolução da técnica têm   prioridade, pois asseguram maiores lucros. O primeiro lugar fica com a  indústria  bélica, pois também é ela que apresenta a taxa de lucro mais elevada.  Nos  Estados Unidos, por exemplo, em 1964 investiu-se 3 bilhões e 565 milhões  de  dólares em pesquisa científica no setor de aeronáutica e mísseis. No  mesmo ano  investia-se 1 bilhão e 537 mil dólares na indústria elétrica e de  telecomunicações, 196 milhões na indústria química, 136 milhões na de  máquinas,  174 milhões na automobilística, 172 milhões na de instrumentos  científicos, 38  milhões na de produtos de borracha, 8 milhões na de querosene, 9 milhões  na de  metano, etc.
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Como expressão da decomposição do imperialismo, a militarização da  economia  tornou-se, nas atuais condições, um traço característico de todos os  países  capitalistas e revisionistas. Mas o processo de militarização da  economia  assumiu dimensões nunca vistas particularmente nos Estados Unidos e na  União  Soviética. Os gastos militares diretos das duas partes cobraram  proporções  astronômicas, compreendendo conjuntamente uma soma de mais de 240  bilhões de  dólares anuais.
Em sua política de hegemonia e domínio mundial, os Estados Unidos e a  União  Soviética também empregam em ampla escala o tráfico de armas, que é  outra  expressão clara da putrefação do imperialismo. Eles vendem a cada ano  armas num  valor de mais de 20 bilhões de dólares. A Inglaterra, a Alemanha  Ocidental, a  França, a Itália e outros Estados imperialistas também vendem  armamentos. Os  clientes ordinários desse comércio imperialista são camarilhas  reacionárias e  fascistas como as do Chile, Brasil, Argentina, Israel, Espanha, Coréia  do Sul,  Rodésia, República da África do Sul, etc. Também são clientes os países  ricos em  matérias primas estratégicas ou petróleo, que os imperialistas tentam  seduzir  com armas, a troco da pilhagem de seus recursos.
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A eclosão cada vez mais amiudada das crises econômicas de  superprodução  testemunha claramente a decomposição e o parasitismo do capitalismo  monopolista  atual. A eclosão das crises, que agora tornaram-se muito profundas,  comprova a  justeza da teoria marxista sobre o caráter anárquico, espontâneo e  desproporcional da produção e do consumo; e desmente as "teorias"  burguesas do  desenvolvimento do capitalismo "sem crises", ou da transformação do  capitalismo  num "capitalismo dirigido".
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A lei geral da acumulação capitalista, descoberta por Marx, atua com força ainda  maior na sociedade capitalista atual: enquanto de um lado aumenta a  pobreza dos  trabalhadores, do outro crescem os lucros dos capitalistas. Aprofunda-se  o  processo de polarização da sociedade em proletários e burgueses, estes  últimos  representando um número limitado de pessoas.
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Possuindo maiores condições econômicas para corromper as camadas  superiores do  proletariado, a aristocracia operária, o sistema imperialista atual  incrementou-as em proporções muito vastas.
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Hoje em dia a oligarquia financeira emprega amplamente essa  aristocracia para  enganar e confundir o proletariado, para extinguir seu ímpeto  revolucionário.  Aqueles que Lênin chamava socialistas de palavras, mas  imperialistas de fato,  saem ordinariamente da aristocracia operária. Esta caracterização de Lênin  inclui a social-democracia, os "partidos operários burgueses", os  dirigentes  oportunistas dos sindicatos, os revisionistas contemporâneos, etc. Lênin acentua  que o imperialismo liga-se com o oportunismo, que os oportunistas ajudam a  manter e reforçar o imperialismo. Dizia ele que:
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"... os mais perigosos são aqueles que não desejam  compreender que a luta contra  o imperialismo é uma frase vazia e falsa se não se encontra  indissoluvelmente  ligada à luta contra o oportunismo". (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol.  XXII, pg. 367).
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Também se observa claramente a decomposição do imperialismo no  aumento e  aprofundamento da reação em todos os campos e sobretudo no político e  social.  Como confirma a prática, a burguesia monopolista, ao ver que a luta de  classes  se acirra, arranca a máscara, negando às massas trabalhadoras até os  poucos  direitos que elas conquistaram a preço de sangue. Prova disso são os  regimes e  ditaduras fascistas instaurados em numerosos países.
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Todo esse sistema apodrecido, que encontra-se numa situação caótica, é   sustentado por um grande exército pretoriano, por uma polícia  numerosíssima,  fortemente mobilizada e armada até os dentes. Todas essas forças  militar-policiais entram em ação para evitar ou esmagar qualquer  resistência que  ultrapasse os quadros definidos por um emaranhado de leis feitas pela  burguesia  no poder. Os quadros do exército e das demais armas repressivas vivem à  farta e  recebem polpudos soldos. Na Itália, por exemplo, só se ouve falar no  exército,  na polícia, nos carabineiros, nos agentes de segurança, que são  condecorados,  mas também mortos.
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Nessa situação tão confusa reinante nos Estados burgueses,  desenvolveu-se e  espraiou-se o banditismo, que é engendro do próprio sistema capitalista,   expressão de sua degenerescência, espelho do desespero e da  desorientação  provocados pelo sistema burguês de opressão e exploração. A burguesia  procura  conter as manifestações de banditismo que lhe causam problemas e que  criam  inquietude para o Estado burguês. Mas incita e emprega o banditismo para   aterrorizar as amplas massas trabalhadoras, que vivem na miséria. Em  muitos  países capitalistas o banditismo converteu-se numa indústria e  difundiu-se desde  os assaltos a bancos, a lojas, até os seqüestros de pessoas, exigindo-se  grandes  resgates para libertá-las. Em alguns países, o banditismo está  organizado em  diferentes agrupamentos. Tais agrupamentos possuem alguns nomes que soam   "revolucionários", "comunistas", etc. A burguesia deixa-lhes campo livre  para  atuarem a fim de preparar a situação e justificar a consumação de um  golpe de  Estado fascista. Para desmoralizar a revolução e o socialismo,  apresenta-se essa  atividade bandidesca como se fosse desenvolvida por "grupos comunistas"  que  supostamente atuariam contra o sistema burguês.
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Podemos dizer à guisa de conclusão que na situação atual do  imperialismo em seu  conjunto, do imperialismo norte-americano, do social-imperialismo  soviético e  também dos demais imperialismos, o imperialismo, seja qual for, está na  fase do  debilitamento e da putrefação. E que, através da revolução, a velha  sociedade  será destruída pelos alicerces e substituída por uma nova sociedade,  pela  sociedade socialista. Esta nova sociedade socialista existe e  ampliar-se-á,  desenvolver-se-á, conquistará terreno, independente dos revisionistas  soviéticos  terem traído o socialismo na União Soviética, independente de que na  China  domina o oportunismo e está se erguendo um novo  social-imperialismo,  independente de que o capitalismo tenha sido restaurado nos antigos  países de  democracia popular. O socialismo seguirá seu caminho e triunfará por  meio de  luta e de esforços contra o imperialismo e o capitalismo mundial, mas  jamais e  de forma alguma por meio de reformas, pela via parlamentar e pacífica,  como  pregava Kruschov e como pregam todos os revisionistas.  Triunfará permanecendo  fiel à teoria leninista sobre o imperialismo e a revolução proletária e  jamais  segundo as atuais teorias revisionistas que proclamam o capitalismo  monopolista  de Estado como uma fase nova e específica do capitalismo, como o  "surgimento de  elementos socialistas no seio do capitalismo".
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Partindo-se da conclusão de Lênin sobre a natureza e o lugar histórico do  imperialismo, todo o imperialismo mundial, enquanto sistema social, não  tem mais  aquele poder dominante exclusivo de antes, em conseqüência das  contradições que  o corroem por dentro e das lutas libertadoras e revolucionárias dos  povos. É  essa a dialética da história e ela comprova e tese marxista-leninista de  que o  imperialismo está em declínio, está em decadência, está em decomposição.
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O enfraquecimento do capitalismo e do imperialismo é hoje a tendência  principal  da história mundial. Marx e Lênin o demonstraram, baseando-se em dados  concretos, nos acontecimentos da história, na dialética materialista. A  tendência à união dos esforços dos Estados que se opõem ao imperialismo  também  conduz ao debilitamento deste. Mas esta segunda tendência, absolutizada  como é  pela China, sem se fazer as necessárias diferenciações, sem se estudar  as  situações específicas, não conduz a um caminho correto. Ao pretender que  o  imperialismo norte-americano está em declínio e é menos poderoso do que o   social-imperialismo soviético, ao proclamar o "terceiro mundo" como  principal  força motriz de nossa época, os dirigentes chineses incitam na prática à   capitulação e à submissão perante a burguesia.
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É verdade que os povos exigem a libertação, mas devem conquistá-la  unicamente  com luta, com esforços e tendo à frente uma direção combativa. Marx, Engels,  Lênin e Stálin nos ensinam que esta direção é o  proletariado de cada país. Mas o  proletariado e seus partidos marxista-leninistas devem fazer bem as  análises  políticas, econômicas e militares, colocar todas elas na balança, adotar   decisões e definir uma estratégia e uma tática adequadas, tendo sempre  em vista  a preparação e a realização da revolução. Se não se tem em vista a  revolução,  como fazem os chineses, nem as análises, nem as ações, nem a estratégia e  nem as  táticas podem ser marxista-leninistas, revolucionárias.
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Não podemos ter nenhuma ilusão quanto a qualquer tipo de  imperialismo, seja ele  forte ou menos forte. A natureza do imperialismo cria as condições para a   expansão econômica e política, para a deflagração de guerras, pois seu  caráter  intrínseco é explorador, agressivo. Portanto, enganar as amplas massas  dos povos  que exigem a libertação, dizendo-lhes que a alcançarão sob a guia de  teorias  revisionistas como a dos "três mundos", é cometer um crime contra os  povos e a  revolução.
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Nossa época, como nos ensina Lênin, é a época do imperialismo e das revoluções  proletárias. Nós, marxista-leninistas, devemos deduzir disso que  precisamos  combater com o máximo desabrimento o imperialismo mundial, qualquer  imperialismo, qualquer potência capitalista que explora o proletariado e  os  povos. Acentuamos a tese leninista de que a revolução encontra-se hoje  na ordem  do dia. O mundo avançará rumo a uma nova sociedade, que será a sociedade   socialista, O capitalismo mundial, o imperialismo e o  social-imperialismo  apodrecerão ainda mais e sucumbirão através da revolução.
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Lênin nos ensina a combater até o fim o  imperialismo, a criticá-lo na ampla  acepção do termo e a levantar as classes oprimidas contra a política  imperialista, contra a burguesia. A análise marxista-leninista do  atual  desenvolvimento do imperialismo mostra claramente que não há nada a  mudar na  análise e nas conclusões de Lênin sobre o imperialismo, sobre sua natureza e  características, sobre a revolução. Os esforços de todos os  oportunistas, desde  os social-democratas até os revisionistas kruschovianos e chineses, para   desvirtuar as teses leninistas sobre o imperialismo são  contra-revolucionários.  Seu objetivo é negar a revolução, embelezar o imperialismo, prolongar a  vida do  capitalismo.
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Quando Lênin desmascara o imperialismo e seus apologistas  do tipo de Bernstein,    Kautsky, Hilferding e todos os demais oportunistas da II  Internacional, observa  que:
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"A ideologia imperialista penetra, inclusive, no seio  da classe operária. Não há  uma muralha da China entre esta e as demais classes. " (V. I. Lênin, Obras, ed.  albanesa, vol. XXII, pg. 34
.7).
Mas, desgraçadamente, até a "muralha chinesa" agora foi demolida e a  propaganda  e a ideologia imperialistas penetraram na China. Os oportunistas  chineses não  são nada originais. Ao trilhar o caminho de Kautsky e companhia, também eles  embelezam o imperialismo em geral e o norte-americano em particular,  apresentando este último como um imperialismo que se encontra em  retirada e no  qual os povos devem se apoiar para defender-se dos social-imperialistas  soviéticos.
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A semelhança entre as "teorias" dos revisionistas chineses e as de Kautsky é por  demais evidente. Em seu tempo, este último tentava defender a política  colonial  do imperialismo ocultar sua atividade de exploração e expansão,  deformando a  teoria marxista sobre o desenvolvimento do capitalismo. Atualmente os  dirigentes  chineses estão fazendo o mesmo. Desejosos de apoiar o imperialismo  norte-americano e sua política neocolonialista, promulgam teorias  absurdas,  supostamente apoiadas em Marx ou em Lênin. Mas, para se usar a linguagem de  Lênin, a "teoria" chinesa é uma chafurdice no  lodaçal do revisionismo e do  oportunismo.
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A teoria de Kautsky difundia a ilusão de que nas condições do  capitalismo  monopolista existiria a possibilidade de outra política, não  anexionista. Lênin  acentuava a esse respeito:
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"O essencial consiste em que Kautsky separa a política do imperialismo de sua  economia, interpretando as anexações como uma política 'preferida' pelo  capital  financeiro e opondo a ela outra política burguesa, possível, segundo  ele, sobre  a mesma base do capital financeiro. Resulta daí que os monopólios na  economia  são compatíveis com a atuação não monopolista, não violenta, não  anexionista em  política. Resulta que a repartição territorial do mundo, concluída  precisamente  na época do capital financeiro e que constitui a base da peculiaridade  das  formas atuais da rivalidade entre os maiores Estados capitalistas, é  compatível  com uma política não imperialista. Isso leva a se dissimular, a se  atenuar as  contradições mais importantes da fase atual do capitalismo ao invés de  pô-las a  descoberto em toda a sua profundidade; chega-se assim a um reformismo burguês em  lugar do marxismo." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 328).
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Ignorando o fato de que os monopólios, o capital financeiro, dominam o  campo  econômico nos Estados Unidos e de que são precisamente eles que ditam a  política  interna e externa, os revisionistas chineses falam de um imperialismo  pacífico,  que não exige mais a expansão e inclusive está em retirada. Os  dirigentes  chineses "esquecem" o que disse Stálin, que os traços e exigências principais da  lei econômica fundamental do capitalismo atual são:
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"... assegurar o máximo de lucro capitalista  explorando, arruinando e  empobrecendo a maioria da população de determinado país, escravizando e  despojando sistematicamente os povos de outros países, sobretudo dos  países  atrasados, enfim, desencadeando guerras e militarizando a economia  nacional, com  vistas a assegurar o máximo de lucros". (J. V. Stálin, Problemas  Econômicos do  Socialismo na URSS, pg. 45, Tirana, 1974).
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Assim, as "novas" teorias dos dirigentes chineses testemunham que  eles entoam a  velha cantilena de Kautsky com um novo refrão.
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Ao desmascarar os chefes da II Internacional, que desejavam fazer uma  distinção  entre as potências imperialistas, dividindo-as em mais e menos  agressivas, Lênin  acentuava que se tratava de uma postura antimarxista. Essa atitude levou  os  partidos da II Internacional às posições do chauvinismo, à traição  aberta à  causa do proletariado e da revolução. Em nossa época - dizia Lênin - não se pode  colocar o problema de qual dos Estados imperialistas envolvidos na I  Guerra  Mundial, num ou noutro campo, é o "mal maior".
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"A democracia moderna - diz ele - só será fiel a si  mesma se não se aliar a  nenhuma burguesia imperialista, se declarar que 'as duas são piores', se  buscar  em cada país a derrota da burguesia imperialista. Qualquer outra solução  será,  de fato, nacional-liberal, que nada tem em comum com o verdadeiro  internacionalismo. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI, pgs.  145-146)
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Nas condições atuais, caso se aceitasse a tese chinesa segundo a qual  o  social-imperialismo soviético é mais agressivo do que o imperialismo  norte-americano, passar-se-ia à traição aberta à revolução, à missão  histórica  da classe operária, passar-se-ia às posições da II Internacional. As  duas  superpotências imperialistas representam no mesmo grau o inimigo e o  perigo  principal para o socialismo, para a liberdade e independência dos povos,  para a  soberania das nações. Elas são os principais defensores do capitalismo  mundial.
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Para ocultar sua traição aos povos, os dirigentes chineses dizem que  as relações  entre os grandes monopólios e alguns países que têm grandes riquezas  criam uma  situação que pode evitar inclusive os conflitos entre as potências  monopolistas  e os povos. Trata-se de um grande absurdo, uma tentativa de fazer passar  por  mansa a fera imperialista, de criar um clima de falsa euforia, como se o   investimento de capital criasse bem-estar para o povo do país onde ele é   realizado e assim não mais existissem contradições antagônicas entre os  imperialistas e os povos desses países. Essa teoria falsificada pregada  atualmente pelos dirigentes chineses foi concebida pelo imperialismo  para  estender seu domínio por todo o mundo, para ajudar as camarilhas  reacionárias  dominantes em diversos países a oprimir seu povo e a leiloar o país aos  estrangeiros.
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Essas "teorias" são a repetição, sob novas e refinadas vestes, das  teorias  reacionárias dos oportunistas da II Internacional. Na época da I Guerra  Mundial,  Lênin desmascarou a teoria antimarxista do  "ultra-imperialismo", de Kautsky.  Este dizia que, nas condições do imperialismo, as guerras poderiam ser  evitadas  através de um acordo entre os capitalistas de diversos países.
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"... as alianças 'inter-imperialistas' ou  'ultraimperialistas' na realidade  capitalista, e não na vulgar fantasia pequeno-burguesa dos curas  ingleses ou do  'marxista' alemão Kautsky - seja qual for a forma que assumam: de uma  coalizão  imperialista contra outra coalizão imperialista ou a de uma aliança  geral de  todas as potências imperialistas -, não passam, inevitavelmente, de  'tréguas'  entre as guerras". (V. I. Lênin. Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pgs.  359-360).
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Estes ensinamentos de Lênin são muito atuais nas condições de hoje, em  que os  revisionistas chineses falam e esforçam-se febrilmente para criar uma  aliança e  uma grande frente mundial com todos os Estados e regimes fascistas e  feudais,  capitalistas e imperialistas, inclusive os Estados Unidos, contra o  social-imperialismo soviético.
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As alianças entre os países imperialistas - ressaltava Lênin - podem ser  criadas, mas com o único objetivo de esmagar conjuntamente a revolução, o   socialismo, de saquear conjuntamente as colônias e países dependentes e  semidependentes.
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A exemplo dos chefes da II Internacional, os revisionistas chineses  substituíram  a palavra de ordem do Manifesto Comunista "Proletários de todos os  países,  uní-vos !" pela palavra de ordem pragmática de "Unamo-nos a todos os  susceptíveis de serem unidos", contra o social-imperialismo soviético.
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A teoria dos "três mundos", inventada pelos dirigentes chineses, não  analisa o  desenvolvimento histórico do imperialismo sob o prisma  marxista-leninista.  Analisa-o sob um prisma genérico, ignorando as contradições de nossa  época, tão  claramente definidas por Marx e Lênin. Seguindo essa "teoria", a China  "socialista" une-se com o imperialismo norte-americano e com o "segundo  mundo",  ou seja, com os demais imperialistas, que exploram os povos, e conclama o   "terceiro mundo", os povos que aspiram combater o imperialismo e o  capitalismo  mundial, seja ele o norte-americano ou o social-imperialismo soviético, a   unirem-se apenas contra o social-imperialismo soviético.
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A teoria titista dos países "não-alinhados" é tão antimarxista quanto  a teoria  dos "três mundos".
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Essas duas "teorias" são os trilhos de uma mesma ferrovia, sobre a  qual passa o  trem do imperialismo norte-americano e do social-imperialismo soviético,  cuja  carga são as riquezas saqueadas aos povos do mundo. Os titistas e os  revisionistas chineses procuram abrir uns tantos furos nos vagões desse  trem  imperialista e social-imperialista, para deixar cair um pouco de óleo,  um pouco  de açúcar, algum dólar, alguma libra, algum franco ou algum rublo. Esses   trilhos, que se assentam sobre o dorso dos povos oprimidos e procuram  mantê-los  constantemente subjugados, são duas teorias tão reacionárias quanto  todas as  demais teorias antimarxistas dos trotskistas, anarquistas, bukarinistas,   kruschovianos, togliattistas, carrillistas, marchaistas, etc.
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A vida comprova continuamente as geniais teses de Lênin sobre o imperialismo. O  capitalismo ingressou em sua fase de decomposição. Essa situação suscita  a  revolta dos povos e empurra-os para a revolução. A luta dos povos contra  o  imperialismo e contra as camarilhas capitalistas burguesas cresce sob  formas  diferentes e com intensidade diferente. A quantidade transformar-se-á  indubitavelmente em qualidade. Isso ocorrerá primeiro nos países que  constituem  os elos mais débeis da cadeia capitalista, onde a consciência e a  organização da  classe operária alcançaram um nível elevado, onde a compreensão política  e  ideológica do problema aprofundou-se.
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O imperialismo intensificou a bárbara opressão e exploração dos  povos. Mas ao  mesmo tempo os povos do mundo também tornam-se cada vez mais conscientes  de que  não se pode mais viver na sociedade capitalista de hoje, onde as massas  trabalhadoras não são menos oprimidas e exploradas do que no período  anterior à  Guerra.
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Apesar de seus esforços e dos de seus adeptos, o imperialismo não  poderá nem  agora e nem tampouco mais tarde encontrar estabilidade na tentativa de  instaurar  a hegemonia sobre os povos. Não poderá encontra-la devido ao despertar  da  consciência da classe operária e das massas trabalhadoras oprimidas, que  querem  a libertação, e também devido às inevitáveis contradições  inter-imperialistas.
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Os povos estão vendo e mais tarde verão ainda melhor que o  imperialismo e o  capitalismo mundial não se apóiam apenas na força econômica, militar,  política,  ideológica das duas superpotências, mas também nas classes ricas que  mantêm os  povos de seus países subjugados, explorados, amedrontados, para que não  se  ponham de pé pela conquista da verdadeira liberdade e independência.
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As amplas massas dos diferentes povos do mundo começaram a  compreender  igualmente que se deve derrubar a atual sociedade burguês-capitalista, o  sistema  explorador do imperialismo mundial. Para os povos isso não é apenas urna   aspiração, em muitos países eles inclusive pegaram em armas.
Portanto, não há necessidade de se teorizar dividindo o mundo em três  ou quatro  partes, em "alinhados" e "não-alinhados", mas de encarar e interpretar  corretamente o grande processo histórico objetivo segundo os  ensinamentos do  marxismo-leninismo. O mundo está dividido em dois, o mundo do  capitalismo e o  novo mundo do socialismo, que estão em guerra sem quartel entre si.  Nesta luta  triunfará o novo, o mundo socialista, enquanto a velha sociedade  capitalista, a  sociedade burguesa e imperialista, será destroçada.
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