sábado, 17 de julho de 2010

O Imperialismo e a Revolução - Enver Hoxha - Abril de 1978

O Imperialismo e a Revolução

Enver Hoxha

Abril de 1978


Primeira Edição: Abril de 1978.
Fonte: Instituto de Estudos Marxistas-Leninistas Adjunto ao CC do Partido do Trabalho da Albânia, Casa Editora "8 Nëntori", Tirana, 1979.
Tradução de: Anônimo.
Transcrição/HTML de: Fernando A. S. Araújo, agosto 2005.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

Índice

Primeira Parte
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Segunda Parte
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O Imperialismo e a Revolução
Enver Hoxha

A Estratégia do Social-Imperialismo Chinês


Os fatos mostram cada vez melhor que a China afunda-se dia a dia no revisionismo, no capitalismo e no imperialismo. Nesse sentido, ela trabalha para realizar uma série de tarefas estratégicas, em escala nacional e internacional.
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Em escala nacional, o social-imperialismo chinês colocou-se a tarefa de suprimir qualquer medida de caráter socialista que possa ter sido adotada após a libertação e de edificar no país um sistema capitalista na base e na superestrutura, de fazer da China uma grande potência capitalista até o fim deste século, através da aplicação das chamadas "quatro modernizações", da indústria, da agricultura, do exército e da ciência.
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Ele combate para criar no interior do país uma organização capaz de assegurar o domínio da velha e nova burguesia capitalista chinesa sobre seu povo. O revisionismo chinês procura instaurar essa organização e esse domínio pela via fascista, a golpes de chibata, pela opressão. Trabalha para criar uma unidade entre o exército e a retaguarda de forma que esta sirva ao exército repressivo.
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As formas e métodos titistas, sobretudo o sistema iugoslavo da "autogestão", foram os que mais atraíram a atenção da direção chinesa e podem vir a ser aplicados na China. Muitas comissões e delegações chinesas de todos os setores e especialidades receberam a incumbência de estudar in loco esse sistema e a experiência do "socialismo" capitalista iugoslavo em geral.
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Esse sistema e essa experiência já começaram a ser levados à prática na China. Mas por outro lado os dirigentes revisionistas chineses não podem deixar de constatar os fracassos da "autogestão" titista, tampouco podem deixar de levar em conta que as condições de seu país são totalmente diferentes das da Iugoslávia. Além disso, também consideram indispensável tomar de empréstimo muita coisa das formas e métodos capitalistas, que, segundo eles, mostraram sua "eficácia" nos Estados Unidos, na Alemanha Ocidental, no Japão e em outros países burgueses. Ao que parece, o sistema capitalista que está sendo construído e desenvolvido na China será um cruzamento de diferentes formas e métodos revisionista-capitalistas e tradicionais chineses.
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Para tornar-se uma grande potência capitalista, o revisionismo chinês precisa de um período de paz. O lema da "grande ordem", lançado pelo XI Congresso do Partido chinês vincula-se a essa necessidade. Para garantir tal "ordem" é preciso, por um lado, manter um regime capitalista de tipo ditatorial fascista e, por outro, salvaguardar a todo custo a paz e o compromisso entre os grupos rivais que sempre existiram no Partido e no Estado chineses. O tempo dirá em que medida essa ordem e essa paz serão asseguradas.
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A política dos dirigentes chineses de transformar a China numa superpotência visa a fazer com que ela se beneficie econômica e militarmente tanto do imperialismo norte-americano como dos países capitalistas desenvolvidos aliados dos Estados Unidos.
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Essa política da China despertou grande interesse da parte do mundo capitalista, sobretudo do imperialismo norte-americano, que vê nela um forte apoio a sua estratégia de sustentação do capitalismo e do imperialismo, fortalecimento do neocolonialismo, contenção das revoluções e asfixia do socialismo, assim como de enfraquecimento de seu rival, a União Soviética.
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O imperialismo norte-americano - conforme declarou Carter - deseja "colaborar estreitamente com os chineses". Carter sublinhou: "Consideramos as relações americano-chinesas como um elemento central de nossa política global e consideramos a China como uma força-chave para a paz". A China advoga uma coexistência pacífica que a aproxime ao máximo dos Estados Unidos.
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Com esses pontos de vista e atitudes a China alinha-se com os Estados burguês-capitalistas que apóiam sua existência no imperialismo norte-americano. Essa viragem da China rumo ao imperialismo concretiza-se cada dia mais, tal como ocorreu anteriormente com a União Soviética e outros. Os próprios imperialistas o constatam e, alegres com a "nova realidade", declaram que "os conflitos ideológicos que dividiram os Estados Unidos, a União Soviética e a China na década de 50 são hoje menos evidentes e há uma crescente necessidade de colaboração entre as superpotências.. ."
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Os imperialistas norte-americanos e seu presidente Carter dispõem-se a ajudar a China a fortalecer sua economia e seu exército, naturalmente até o ponto que lhes interessar. Louvam os dirigentes revisionistas chineses porque a estratégia da China constitui uma importante ajuda aos planos hegemonistas do imperialismo estadunidense.
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A China aplaude os pontos de vista e atos norte-americanos contrários à União Soviética revisionista porque deseja fazer crer que eles servem à revolução, ao debilitamento da mais perigosa das grandes potências, o social-imperialismo soviético. Por sua vez, o imperialismo norte-americano aplaude os pontos de vista e atos da China contrários à União Soviética revisionista porque, como disse um dos mais próximos colaboradores de Carter, "o conflito sino-soviético cria um tipo de estrutura global mais pluralista", que o imperialismo norte-americano prefere, considera compatível com sua noção de "como o mundo deve organizar-se", ou seja, de como atiçar os demais a se entredevorarem para que a seguir os Estados Unidos dominem mais facilmente todo o mundo.
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A política pragmática e confusa da China levou-a a tornar-se aliada do imperialismo norte-americano e a proclamar o social-imperialismo soviético como o inimigo e o perigo principal. Amanhã, quando a China verificar que alcançou seus objetivos de debilitar o social-imperialismo soviético, quando constatar que, segundo sua lógica, o imperialismo norte-americano estiver se fortalecendo, então, já que ela se apóia num imperialismo para combater o outro, poderá prosseguir a luta no flanco oposto. Nesse caso o imperialismo norte-americano poderá tornar-se mais perigoso e a China converterá automaticamente a atitude anterior em seu contrário.
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Isso é uma possibilidade real. Em seu VIII Congresso, em 1956, os revisionistas chineses consideraram o imperialismo norte-americano como o perigo principal. Mais tarde, no IX Congresso, em abril de 1969, declararam que o perigo principal era constituído pelas duas superpotências, o imperialismo norte-americano e o social-imperialismo soviético. A seguir, após o X Congresso, em agosto de 1973, e no XI Congresso, apenas o social-imperialismo soviético foi proclamado como inimigo principal. Com tais oscilações, com tal política pragmática, não é impossível que o XII ou o XIII Congresso apóie o social-imperialismo soviético e declare o imperialismo norte-americano inimigo principal, isso até que a China também alcance o objetivo de tornar-se uma grande potência capitalista mundial. Nesse caso, que papel teria a China na arena internacional? Não seria jamais um papel revolucionário, mas retrógrado, contra-revolucionário.
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A aliança com o Japão é um importante elemento da política externa chinesa. Essa aliança racista, recentemente selada com o tratado sino-nipônico, visa, como ressaltamos acima, realizar os planos estratégicos da China e do Japão de dominar conjuntamente a Ásia, os países da ASAN e da Oceania. Os revisionistas chineses necessitam desse tratado e dessa amizade com o Japão para, juntamente com os militaristas nipônicos, ameaçar o social-imperialismo soviético e, se possível, liquidar com ele e com sua influência na Ásia.
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Mas a China também procura aproveitar seus laços com o Japão para conseguir créditos junto a ele, para importar tecnologia e armamentos, para realizar suas próprias ambições de grande potência. A China atribui tanta importância à sua múltipla colaboração econômica com o Japão que concentra neste país mais da metade de seu comércio externo.
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Na realização de sua política expansionista, a China social-imperialista trabalha para ampliar ao máximo sua influência na Ásia. Atualmente ela não tem nenhuma influência na Índia, onde tanto os Estados Unidos como a União Soviética 'têm interesses em particular e em comum no quadro das modificações da situação das alianças que poderão ter lugar no futuro. A China deseja melhorar desde já as relações diplomáticas com a Índia. Mas as pretensões da Índia em relação ao Tibete são grandes. A Índia combaterá inclusive para liquidar a pouca influência que a China possa ter no Paquistão, porque o Paquistão é um país estratégico no flanco do Irã e do Afeganistão. Aqui iniciam-se as rivalidades pela grande área petrolífera do Oriente Médio, dominada pelo imperialismo norte-americano. É muito difícil para a China penetrar ali. Ela fará uma política contrária aos interesses dos povos árabes e favorável aos interesses norte-americanos, até chegar o momento em que ela própria se fortaleça. Ao mesmo tempo, ajudará os Estados Unidos a formar, juntamente com países como o Irã, a Arábia Saudita, etc., uma poderosa barreira contra uma penetração político-econômica e militar soviética nessa zona vital para o imperialismo norte-americano e o imperialismo europeu.
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Os social-imperialistas chineses dedicam particular importância à Europa Ocidental na realização de seus planos. Seu objetivo é opô-la ao social-imperialismo soviético. Para tanto, apóiam por todos os meios a OTAN e a aliança dos países europeus com os Estados Unidos, o Mercado Comum Europeu e a "Europa Unida".
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Em seu plano estratégico, a China social-imperialista visa estender sua influência e sua hegemonia nos países do "terceiro mundo", como ela o denomina. A teoria do "terceiro mundo" tem grande importância para a China. Mao Tse Tung não a proclamou como um sonhador, mas perseguindo objetivos hegemonistas bem definidos, para que a China domine o mundo. Os sucessores de Mao Tse Tung e Chu En-lai seguem a mesma estratégia.
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Os objetivos estratégicos chineses também se estendem ao que se chama de "mundo não-alinhado", apregoado pelo titismo. Não há nenhuma diferença entre todos esses "mundos", um se sobrepõe ao outro. É difícil distinguir quais Estados estão no "terceiro mundo" e o que os diferencia dos "países não-alinhados", quais os Estados que fazem parte dos "não alinhados" e o que os distingue dos do "terceiro mundo", portanto, qualquer que seja a denominação que se lhes dê, trata-se dos mesmos Estados.
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Este é um dos motivos por que a direção chinesa dá tanta importância às relações estatais e partidárias muito amistosas com Tito e com a Iugoslávia em todos os campos, ideológico, político, econômico, militar.
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A comunidade de pontos de vista dos revisionistas chineses e dos revisionistas iugoslavos não impede cada um deles de explorar em proveito próprio a afetuosa amizade que os une.
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Tito procura aproveitar as declarações de Hua Guofeng sobre a fidelidade de sua pessoa e de seu partido ao marxismo-leninismo, sobre o caráter socialista da "autogestão", sobre a política interna e externa "marxista-leninista" que os titistas seguiriam, para mostrar que o desmascaramento de seus desvios antimarxistas, de sua política chauvinista, reacionária, pró-imperialista, de seu revisionismo, não passaria de calúnia dos stalinistas, e, com base nisso, procura elevar seu renome em nível internacional.
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Hua Guofeng, por sua vez, aproveita as relações com a Iugoslávia em função da chamada abertura da China para a Europa. Os revisionistas chineses também procuram aproveitar a amizade com os titistas, que se mantêm como campeões do não-alinhamento", como um importante canal de penetração nos "países não-alinhados", para estabelecer ali seu domínio. Não por acaso, durante sua visita à Iugoslávia Hua Guofeng colocou nas nuvens o movimento dos "não-alinhados" como "uma força muito importante na luta dos povos do mundo contra o imperialismo, o colonialismo e o hegemonismo". Teceu elogios a esse movimento e a Tito porque sonha apoderar-se dele e estabelecer sua sede em Pequim.
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A política do social-imperialismo chinês é, em todos os sentidos, a política de uma grande potência imperialista, é uma política contra-revolucionária e belicista e, portanto, será cada vez mais odiada, contestada e combatida pelos povos.
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As superpotências imperialistas de que falamos acima continuarão a ser imperialistas e belicosas e mais cedo ou mais tarde arrastarão o mundo para uma grande guerra atômica.
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O imperialismo norte-americano procura cravar cada vez mais fundo suas garras na economia dos demais povos enquanto o social-imperialismo soviético, que vem de mostrar as unhas, procura fincá-las nos diversos países para criar e para fortalecer também ele suas posições neocolonialistas e imperialistas. Mas existe também a "Europa Unida", ligada por meio da OTAN aos Estados Unidos, que tem tendências imperialistas, não globais, mas ao nível de alguns de seus membros. Por outro lado, entraram na dança a China, que procura transformar-se em superpotência, e o militarismo japonês, que se levantou. Esses dois imperialismos vêm se aliando entre si para formar uma potência imperialista em oposição às demais. Nestas condições, aumenta o já grande perigo de uma guerra mundial. As atuais alianças existem, mas irão se deslocando, no sentido de modificar sua orientação mas não seu conteúdo.
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Os belos discursos sobre o desarmamento pronunciados na ONU e em diversas conferências internacionais organizadas pelos imperialistas são demagógicos. Os imperialistas criaram e defendem o monopólio das armas estratégicas, desenvolvem um intenso tráfico de armas, não para garantir a paz e a segurança das nações mas para extrair superlucros e esmagar a revolução e os povos, para desencadear guerras de agressão. Stálin afirmou:
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"Os Estados burgueses armam-se e rearmam se furiosamente. Por quê? Seguramente não para tagarelices, mas para a guerra. E os imperialistas precisam da guerra porque ela é o único meio para redividir o mundo, para redividir os mercados, as fontes de matérias primas e as esferas de aplicação de capital." (J. V. Stálin, Obras, ed. albanesa, vol. XII, pgs. 242-243.)
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Em sua rivalidade, que as conduz à guerra, as superpotências seguramente provocarão e instigarão muitas guerras locais, entre diferentes Estados do "terceiro mundo", "países não-alinhados" ou "países em desenvolvimento".
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O presidente Carter emitiu a opinião de que a guerra só pode ocorrer em dois pontos do globo terrestre, no Oriente Médio ou na África. E compreende-se por que: porque é precisamente nessas duas regiões que os Estados Unidos possuem maiores interesses atualmente. No Oriente Médio está o petróleo e na rica África confrontam-se grandes interesses econômicos e estratégicos neo-colonialistas de divisão de mercados e zonas de influência entre as superpotências que buscam manter e reforçar suas posições e conquistar outras.
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Mas além do Oriente Médio e da África há outras zonas onde os interesses das superpotências se confrontam, como por exemplo o Sudeste Asiático. Os Estados Unidos, a União Soviética e mais a China procuram instaurar suas zonas de influência e dividir mercados. Isso cria também conflitos, que periodicamente se convertem em guerras locais, as quais não visam em absoluto libertar os povos e sim instalar ou deslocar camarilhas dominantes do capital local, que ora estão com uma superpotência e ora com outra. O social-imperialismo soviético e o imperialismo norte-americano são dois monstros. Os povos desconfiam deles; e tampouco confiam na China.
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Quando as superpotências não conseguem satisfazer seus interesses rapaces por meios econômicos, ideológicos e diplomáticos, quando as contradições se aguçam ao máximo e já não podem ser resolvidas com acordos e "reformas", começa então a guerra entre elas. Portanto, os povos, que verterão seu sangue nessa guerra, devem fazer todos os esforços para não serem colhidos de surpresa, para sabotar a guerra inter-imperialista de pilhagem, para que ela não adquira proporções mundiais e, se não o conseguirem, para convertê-la em guerra de libertação e para vencê-la.
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O Papel do Titismo e de Outras Correntes Revisionistas na Estratégia Global do Imperialismo e do Social-Imperialismo


O imperialismo e o social-imperialismo, o capitalismo mundial e a reação contam com os revisionistas contemporâneos de todas as correntes na luta feroz que travam contra a revolução, o socialismo e os povos. Esses renegados e traidores ajudam a aplicar a estratégia global do imperialismo, solapando por dentro, dividindo e sabotando os esforços do proletariado e a luta 'dos povos para livrar-se do jugo social e nacional. Assumiram a tarefa de denegrir e desvirtuar o marxismo-leninismo, confundir a mente das pessoas e afasta-las da luta revolucionária, de ajudar o capital a manter e eternizar seu sistema de opressão e exploração.
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Ao lado dos revisionistas soviéticos e chineses, dos quais falamos acima, os revisionistas titistas iugoslavos desempenham um papel de primeira ordem no grande e perigoso jogo contra-revolucionário.
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O titismo é uma velha agência do capital, uma arma dileta da burguesia imperialista na luta contra o socialismo e os movimentos de libertação.
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Os povos da Iugoslávia lutaram com abnegação contra os ocupantes nazi-fascistas, pela liberdade, a democracia e o socialismo. Chegaram a libertar o país, mas não lhes permitiram prosseguir a revolução no caminho do socialismo. Preparada de há muito, clandestinamente, pelo Inteligence Service, a direção revisionista iugoslava com Tito à frente, que durante o período da luta fingia manter as características de um partido da III Internacional, na realidade tinha outros objetivos, opostos ao marxismo-leninismo e à aspiração dos povos da Iugoslávia de construir uma sociedade verdadeiramente socialista em seu país.
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O Partido Comunista da Iugoslávia que chegou ao poder havia herdado muitos erros de natureza deviacionista. Após a II Guerra Mundial ele manifestou traços acentuadamente nacional-chauvinistas, que já haviam aflorado desde antes da guerra. Esses traços se manifestaram no afastamento da ideologia marxista-leninista, na atitude para com a União Soviética e Stálin, nas atitudes e ações chauvinistas contra a Albânia, etc.
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O sistema de democracia popular instaurado na Iugoslávia era provisório, não se coadunava com a camarilha no poder, embora esta continuasse se auto-intitulando "marxista". Os titistas não visavam a construção do socialismo, não desejavam que o Partido Comunista da Iugoslávia se guiasse pela teoria marxista-leninista nem aceitavam a ditadura do proletariado. Aí residia a causa do conflito que eclodiu entre o Birô de Informações dos Partidos Comunistas e Operários e o Partido Comunista da Iugoslávia. Tratou-se de um conflito ideológico entre o marxismo-leninismo e o revisionismo e não de um conflito entre pessoas, por "ambições de domínio", como os revisionistas desejam apresentá-lo. Stálin defendia a pureza da teoria marxista-leninista, Tito defendia a corrente deviacionista, revisionista, antimarxista do revisionismo contemporâneo, seguindo as pegadas de Browder e dos demais oportunistas surgidos às vésperas e no decorrer da II Guerra Mundial.
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Nos anos que se sucederam à libertação, a direção iugoslava fingia tomar como exemplo a construção do socialismo na União Soviética e dizia estar construindo o socialismo na Iugoslávia. Fazia-o para enganar os povos iugoslavos, que haviam derramado sangue e aspiravam ao genuíno socialismo.
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Na realidade, os titistas nem eram nem podiam ser favoráveis ao sistema social socialista e à forma de organização do Estado soviético, pois Tito inclinava-se para o sistema capitalista e para um Estado essencialmente democrático-burguês, em que sua camarilha tivesse o poder. Esse Estado serviria para criar a idéia de que o socialismo estava sendo edificado na Iugoslávia, conquanto fosse um socialismo "específico" e "de um tipo mais humano", precisamente o tal "socialismo" que serviria de quinta coluna em outros países socialistas. Tudo estava bem calculado e coordenado pelos imperialistas anglo-americanos e pelo grupo titista. Assim, fazendo o jogo do imperialismo e do capitalismo mundial, entrando em entendimento com eles, os revisionistas iugoslavos se contrapuseram à União Soviética.
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Dando continuidade a velhos planos, o imperialismo inglês, e mais tarde o norte-americano, ajudaram Tito desde o tempo da luta antifascista de libertação nacional, não só para que ele se distanciasse da União Soviética mas também para que empreendesse ações de sabotagem contra ela e sobretudo trabalhasse para separar do campo socialista outros países de democracia popular, objetivando isolar a União Soviética de todos esses países e uni-los ao Ocidente. Tal era a política do capitalismo mundial e de sua agência, o titismo.
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Churchill, esse anticomunista furioso, empenhou-se direta e pessoalmente em colocar Tito e seu grupo a serviço do capitalismo. Durante a Guerra enviou ao estado-maior de Tito "seus amigos de maior confiança", conforme afirmava o próprio líder britânico, e mais tarde enviou seu próprio filho. Após isso, em maio de 1944, ele encontrou-se pessoalmente com Tito em Nápoles, Itália, para assegurar-se plenamente de que não estava sendo ludibriado. Em suas memórias Churchill afirma que nas conversações Tito se prontificou a fazer mais tarde até uma declaração aberta de que "o comunismo não será instaurado na Iugoslávia após a Guerra".
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Tito atuou com muita energia a serviço de seus patrões, a ponto de Churchill, que apreciava seus grandes préstimos, ter-lhe declarado: "Agora compreendo que você tinha razão, portanto estou com você e quero-lhe muito, mais do que antes". Um apaixonado não poderia fazer uma declaração mais ardente a sua amada.
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Sem se haver separado por completo da União Soviética e dos países de democracia popular, a Iugoslávia recebeu considerável ajuda econômica, política, ideológica, militar dos imperialistas, em particular do imperialismo norte-americano, ajuda essa que mais tarde tornou-se mais freqüente e constante.
A única condição para essa ajuda era que o país se desenvolvesse pelo caminho capitalista. A burguesia imperialista não se opunha a que a Iugoslávia resguardasse uma aparência externa socialista, pelo contrário, estava profundamente interessada na manutenção de um verniz socialista, pois assim aquela arma seria mais eficaz na luta contra o socialismo e os movimentos de libertação. Esse gênero de "socialismo" não só se distinguiria por completo, como também se contraporia ao socialismo previsto e realizado por Lênin e Stálin.
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Num prazo relativamente curto, a Iugoslávia tornou-se a porta-voz "socialista" do imperialismo norte-americano, uma agência diversionista de auxilio ao capital mundial. De 1948 até hoje, o titismo se caracteriza por uma febril atividade contra o marxismo-leninismo, pela organização de uma campanha propagandística em nível mundial para apresentar o sistema iugoslavo sob a forma de um "verdadeiro socialismo", de uma "nova sociedade", um "socialismo não-alinhado", que não é mais aquele construído na União Soviética por Lênin e Stálin, mas um sistema socialista "com face humana", testado pela primeira vez no mundo, com "brilhantes resultados". Essa propaganda sempre visou conduzir a um beco sem saída os povos e as forças progressistas que lutam pela liberdade e a independência em todo o mundo.
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Os revisionistas iugoslavos adotaram em seu país as mesmas formas de governo que os trotskistas e outros elementos anarquistas, incitados pela burguesia capitalista na sabotagem à construção do socialismo, tentaram adotar na União Soviética no tempo de Lênin. Ao adotar essas formas, enquanto falava em edificar o socialismo, Tito deformou por completo os princípios marxista-leninistas de construção da indústria, da agricultura, etc.
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As Repúblicas da Iugoslávia adquiriram uma fisionomia administrativa e de direção organizativo-política em que o centralismo democrático foi liquidado, o papel do Partido Comunista da Iugoslávia se estiolou. O Partido mudou de nome, transformou-se em "Liga dos Comunistas da Iugoslávia", uma denominação marxista na aparência, mas antimarxista no conteúdo, nas normas, nas atribuições e objetivos. A Liga tornou-se uma frente sem coluna vertebral, privada dos traços que distinguem um partido marxista-leninista, manteve a antiga forma, mas já não jogava o papel de vanguarda da classe operária, não era mais a força política dirigente da República Federativa da Iugoslávia, cumpria apenas, no dizer dos revisionistas, funções "educativas" gerais.
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A direção titista colocou o Partido na dependência e sob o controle da UDB e converteu-o numa organização fascista, enquanto o Estado passava a ser uma ditadura fascista. Nós conhecemos bem o grande perigo representado por essa atuação, pois o agente dos titistas Koçi Xoxe tentou fazer o mesmo na Albânia.
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Tito, Rankovich e sua agência liquidaram por completo tudo que pudesse ter as verdadeiras cores do socialismo. O titismo travou um drástico combate contra as tentativas dos elementos que no interior do país exigiam a demolição daquela rede de agentes e daquela organização capitalista-revisionista, bem como contra toda a propaganda marxista-leninista que se desenvolvia no exterior desmascarando o regime fingidamente socialista.
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A direção titista abandonou rapidamente a coletivização da agricultura, que havia iniciado nos primeiros anos, criou granjas estatais capitalistas, estimulou o desenvolvimento da propriedade privada no campo, permitiu livremente a compra e venda de terras, reabilitou os kulaks, deixou campo livre para a proliferação do mercado privado nas cidades e no campo, realizou as primeiras reformas que fortaleciam a orientação capitalista da economia.
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Enquanto isso, a burguesia titista estava em busca de uma forma "nova" para camuflar o sistema capitalista iugoslavo. Encontrou-a, deu-lhe o nome de "autogestão", cobriu-a com um véu "marxista-leninista" e passou a pretender que trata-se do mais autêntico dos socialismos.
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A princípio a "autogestão" surgiu como um sistema econômico; depois estendeu-se ao campo da organização estatal e a todos os demais aspectos da vida iugoslava.
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A teoria e a prática da "autogestão" iugoslava são uma negação aberta dos ensinamentos do marxismo-leninismo e das leis gerais da construção do socialismo. O sistema econômico e político "autogestionário" é uma forma anarco-sindicalista de ditadura burguesa, que domina na Iugoslávia dependente do capital internacional.
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Todos os traços distintivos do sistema "autogestionário", como a eliminação do centralismo democrático e da direção estatal única, o federalismo anarquista e a ideologia anti-Estado em geral, criaram na Iugoslávia uma permanente confusão econômica, política e ideológica, um desenvolvimento débil e desigual de suas Repúblicas e Regiões, grandes diferenciações sociais e de classe, rinhas e opressão nacionais, degenerescência da vida espiritual. Criaram um grande retalhamento da classe operária, colocando cada um de seus destacamentos em concorrência com outros, alimentando um espírito setorial, localista e individualista-burguês. A classe operária iugoslava está longe de ter o papel hegemônico no Estado e na sociedade. O sistema da "autogestão" deixou-a em tais condições que ela não tem sequer como defender seus próprios interesses gerais, como atuar de forma unida e compacta.
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O mundo capitalista, sobretudo o imperialismo norte-americano, canalizou ingentes capitais para a Iugoslávia, sob a forma de investimentos, créditos e empréstimos. São esses capitais que formam a base material do "desenvolvimento" do "socialismo autogestionário" capitalista iugoslavo. Somente a dívida externa ultrapassa 11 bilhões de dólares. Os Estados Unidos concederam à Iugoslávia mais de 7 bilhões de dólares de créditos.
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Mas, apesar dos muitos créditos que a direção titista recebe do exterior, os povos da Iugoslávia nunca provaram os "brilhantes resultados" do "socialismo" específico. Pelo contrário, há na Iugoslávia um caos político e ideológico, impera um sistema que cria grande desemprego internamente e forte migração de mão-de-obra para o exterior, o que torna a Iugoslávia completamente dependente das potências imperialistas. Os povos iugoslavos são explorados até a medula em função dos interesses da classe no poder e de todas as potências imperialistas que fizeram investimentos no país.
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O Estado iugoslavo nem se incomoda quando os preços sobem a cada dia, quando a pobreza das massas aumenta sempre mais e o país está não só mergulhado em dívidas mas também profundamente afundado na grande crise do mundo capitalista. A Iugoslávia tem uma independência e uma soberania mutiladas, pois carece entre outras coisas de um potencial econômico inteiramente próprio. A parte principal de seu potencial dividida com diferentes empresas estrangeiras e Estados capitalistas. Portanto, ela não poderia deixar de provar na própria carne os efeitos ruinosos da crise e da exploração forânea.
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Não por acaso o capitalismo mundial dá tanto apoio político e financeiro à "autogestão" iugoslava e faz eco a propaganda titista que procura vender seu sistema Como uma "forma nova e provada de edificação do socialismo", válida para todos os países.
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Ele o faz porque a "autogestão" iugoslava é uma forma de subversão e diversionismo ideológico e político contra os movimentos revolucionários e libertadores do proletariado e dos povos, é uma maneira de abrir caminho para a penetração política e econômica do imperialismo em diferentes países. O imperialismo e a burguesia desejam manter a "autogestão" como um sistema de reserva para certas circunstâncias e em distintos países, de forma a prolongar a vida do capitalismo, que não entrega os pontos facilmente e procura encontrar variadas formas de governo às custas dos povos.
As teorias e práticas iugoslavas do "não-alinha-. mento" prestam um grande auxilio aos imperialistas porque ajudam a enganar os povos. Isso interessa tanto aos imperialistas quanto aos social-imperialistas, pois ajuda-os a instaurar e reforçar sua influência nos "países não-alinhados", a afastar os povos amantes da liberdade do caminho da libertação nacional e da revolução proletária. É por isso que tanto Carter como Brezhnev e também Hua Guofeng louvam a política titista dos "não-alinhados" e tratam de explorá-la em proveito próprio.
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O titismo foi e é uma arma da burguesia imperialista, um bombeiro da revolução. Está no mesmo campo, tem os mesmos objetivos e possui unidade ideológica com o revisionismo contemporâneo em geral e com suas diferentes variantes. Os caminhos, as formas, as táticas que emprega na luta contra o marxismo-leninismo, a revolução e o socialismo podem diferir, mas os fins contra-revolucionários são os mesmos.
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Os partidos revisionistas, em primeiro lugar da Europa e também dos demais países de todos os Continentes, dão uma grande ajuda à burguesia e à reação no esforço para sufocar a luta revolucionária do proletariado e dos povos.
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Os partidos revisionistas da Europa Ocidental estão se esforçando para edificar uma teoria em torno de uma "nova sociedade", dita socialista, a ser alcançada por meio de "reformas estruturais" e em estreita coalizão com os partidos social-democratas e até com os partidos de direita. Segundo dizem, tal sociedade constituir-se-ia em novas bases, com "reformas sociais", com "paz social", pela "via parlamentar", pelo "compromisso histórico" com os partidos burgueses.
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Os partidos revisionistas da Europa, como os da Itália, da França e da Espanha, e atrás deles todos os demais partidos revisionistas do Ocidente, negam o leninismo, a luta de classes, a revolução e a ditadura do proletariado. Todos meteram-se no caminho do compromisso com a burguesia capitalista. E denominaram essa linha antimarxista de "eurocomunismo". O "eurocomunismo" é uma nova corrente pseudo-comunista que está e ao mesmo tempo não está em contraposição com o bloco revisionista soviético. Essa atitude oscilante deve-se ao objetivo de estabelecer uma coexistência de idéias com a social-democracia européia, com todos os diferentes pontos de vista que fervem na caldeira da Europa. Os "eurocomunistas" podem unir-se com quem quer que seja, exceção feita aos que combatem pelo triunfo da revolução e pela pureza da ideologia marxista-leninista.
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Todas as correntes revisionistas, oportunistas, social-democratas trabalham como podem para ajudar as superpotências na diabólica atuação visando esmagar a revolução e os povos. Seu apoio a correntes e organismos supostamente novos da burguesia tem por único objetivo sufocar a revolução, impondo-lhe mil e um obstáculos materiais, políticos, ideológicos. Trabalham para confundir e dividir o proletariado e seus aliados, pois sabem que divididos em lutas de frações eles não podem criar nem dentro de um país nem no plano internacional a unidade ideológica, política e de combate indispensável para enfrentar as investidas do capitalismo mundial em putrefação.
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A coalizão do revisionismo contemporâneo com a social-democracia teme a chegada do fascismo, sobretudo em certos países ameaçados pela extrema direita. Para evitar a ditadura fascista, os revisionistas e social-democratas tratam de "amainar" as contradições e a luta de classes entre as massas do povo e o proletariado, de um lado, e a burguesia capitalista, de outro. Portanto, para assegurar uma "paz social" os membros dessa coalizão devem fazer concessões mútuas e entrar em compromisso com a burguesia capitalista, entender-se com ela quanto a um regime que convenha às duas partes. Assim, enquanto a burguesia capitalista e seus partidos prosseguem abertamente sua guerra ao comunismo, os partidos revisionistas tratam de desvirtuar o marxismo-leninismo, a ideologia dirigente da revolução.
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Os sindicatos reformistas, educados e adestrados expressamente para o compromisso com o patronato e apenas para solicitar esmolas econômicas e não para greves envolvendo exigências políticas e tendo em vista a tomada do poder pelo proletariado, converteram-se no apoio dos partidos revisionistas da Europa. Naturalmente, a barganha orienta-se ao sabor da oferta e da procura. Uma parte pede esmola e a outra define as dimensões da esmola a ser dada. Ambas, tanto os sindicatos reformistas e partidos revisionistas como o patronato com seus partidos, seus poder e seus sindicatos, estão ameaçadas pela revolução, pelo proletariado, por seus partidos autenticamente marxista-leninistas. Portanto ambas buscam um compromisso reacionário, uma solução que não pode ser idêntica em todos os países capitalistas devido às diferenças quanto à força do capital, às proporções do aprofundamento da crise e à amplitude das contradições internas que os corroem.
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O Imperialismo e a Revolução
Enver Hoxha

A Revolução - Única Arma para Destruir a Estratégia dos Inimigos do Proletariado e dos Povos


Todos os inimigos, os imperialistas, os social-imperialistas e os diversos revisionistas, combatem em conjunto ou em separado para ludibriar a humanidade progressista, para desmoralizar o marxismo-leninismo e especialmente para distorcer a teoria leninista da revolução, para esmagar a revolução, qualquer sorte de resistência popular ou luta de libertação nacional.
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O arsenal dos inimigos do marxismo-leninismo é vasto, mas as forças da revolução também são colossais. São precisamente essas forças que efervescem, que se batem e que lutam, que tiram o sono dos inimigos, que tornam impossível a vida do mundo capitalista e da reação mundial.
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"Um fantasma ronda a Europa - o fantasma do comunismo. Todas as forças da velha Europa... uniram-se na santa cruzada para acossar este fantasma." (K. Marx e F. Engels, "Manifesto do Partido Comunista", pg. 13, Tirana, 1974).
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Esta constatação de Marx e Engels mantém sua atualidade em nossos dias. O imperialismo, o social-imperialismo e o revisionismo contemporâneo julgam que o perigo do comunismo já não existe para eles porque, considerando irrecuperável o duro golpe que a revolução sofreu com a traição revisionista, subestimam a força do marxismo-leninismo, superestimam a força material, militar, repressiva e econômica que têm à sua disposição. Isso é apenas uma ilusão.
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O proletariado mundial está acumulando forças. Ele e os povos amantes da liberdade compreendem cada dia melhor, por sua própria experiência, a traição dos revisionistas contemporâneos, titistas, kruschovistas, chineses, "eurocomunistas", etc. O tempo trabalha para a revolução, para o socialismo e não para a burguesia e o imperialismo, não para o revisionismo contemporâneo e a reação mundial. As chamas da revolução ardem em toda parte, no coração dos povos oprimidos que desejam conquistar a liberdade, a democracia, a soberania verdadeira, tomar o poder em suas mãos e seguir pelo caminho do socialismo, destruindo o imperialismo e seus lacaios.
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Ocorre atualmente o mesmo fenômeno do período de Lênin, quando a divisão da II Internacional deu lugar à criação de novos partidos, marxista-leninistas. A traição revisionista levou e levaria necessariamente, em toda parte, à criação e fortalecimento de verdadeiros partidos comunistas, que tomaram em suas mãos e ergueram bem alto a bandeira do marxismo-leninismo e da revolução, arriada e pisoteada pelos revisionistas. Cabe a esses partidos o encargo de responder à estratégia global do imperialismo mundial e do revisionismo com a gloriosa estratégia leninista da revolução, com a grande teoria do marxismo-leninismo. Cabe-lhes o encargo de tornar as massas plenamente conscientes dos objetivos e do correto caminho da luta, da necessidade de sacrifícios, a tarefa de uni-las, organizá-las, dirigi-las e conduzi-las à vitória.
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Nós, marxista-leninistas, que estamos à frente da luta titânica em curso entre o proletariado e os povos oprimidos que aspiram à liberdade, de um lado, e os imperialistas selvagens e rapaces de outro, devemos compreender bem os fins, as táticas, os métodos e as formas de luta dos inimigos comuns e dos inimigos particulares em cada país. E não podemos encará-los devidamente caso não nos apoiemos com firmeza na teoria marxista-leninista da revolução, caso não enxerguemos na situação atual e nas que virão a existência de uma série de elos débeis da cadeia do capitalismo mundial, em que os revolucionários e os povos devem desenvolver uma atividade ininterrupta, uma luta organizada, indômita e ousada, de forma que esses elos se rompam, um após outro. Isso naturalmente exige trabalho, exige luta, sacrifícios e abnegação. Os povos e homens audaciosos, guiados pelos interesses da revolução, podem enfrentar e enfrentarão as grandes forças do imperialismo, do social-imperialismo e da reação, que se vinculam entre si, criam novas alianças e buscam saídas para a difícil situação que se lhes cria. Quem cria essas situações difíceis para as forças retrógradas são os revolucionários, os marxista-leninistas, a luta dos povos em todos os Continentes, em todos os países.
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Os comunistas de todo o mundo não têm por que temer os falsos mitos que predominaram no pensamento revolucionário por certo tempo. Os comunistas devem lutar para ganhar os que se equivocam, com o objetivo de corrigi-los, fazendo grandes esforços para isso, naturalmente sem cair no oportunismo. No processo da luta de princípios, haverá inicialmente algumas vacilações que repercutirão, mas as vacilações vão se manifestar nos vacilantes. Enquanto os que são firmes e aplicam corretamente a teoria marxista-leninista, que olham com justeza os interesses do proletariado em seus países, do proletariado mundial e da revolução, não vacilarão. E quando os vacilantes virem que seus camaradas permanecem inabaláveis em suas idéias revolucionárias, marxista-leninistas, redobrarão sua luta.
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Caso os marxista-leninistas apliquem correta e decididamente a teoria marxista-leninista, com base nas atuais condições internacionais e nas condições nacionais de cada país, caso fortaleçam sem descanso a unidade internacionalista proletária, no combate implacável ao imperialismo e ao revisionismo contemporâneo em todas as suas correntes, seguramente ultrapassarão todas as dificuldades que surgirem em seu caminho, mesmo que sejam muito grandes. Devidamente aplicados, o marxismo-leninismo e seus princípios imortais conduzirão inevitavelmente à destruição do capitalismo mundial e à vitória da ditadura do proletariado, por meio da qual a classe operária edificará o socialismo e avançará rumo ao comunismo.

II - A Teoria Leninista Sobre o Imperialismo Mantém Toda Atualidade


Nas condições atuais, em que os revisionistas kruschovianos, titistas, "eurocomunistas", chineses e outras correntes antimarxistas atacam a causa da revolução e da libertação dos povos a pretexto de que a situação mudou, adquire uma importância de primeira ordem aprofundar o estudo das obras de Lênin sobre o imperialismo.
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Devemos retornar a essas obras, estudá-las em profundidade e em detalhe, especialmente a genial obra de Lênin "O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo". Ao estudá-la com atenção, veremos também como os revisionistas, entre os quais os dirigentes chineses, distorcem o pensamento leninista sobre o imperialismo, como concebem seus objetivos, sua estratégia e táticas. Seus escritos, declarações, atitudes e gestos mostram que eles encaram de forma absolutamente errônea a natureza do imperialismo, partindo de posições contra-revolucionárias e antimarxistas, tal como faziam todos os partidos da II Internacional e seus ideólogos, Kautsky e companhia, impiedosamente desmascarados por Lênin.
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Caso estudemos com atenção essa obra de Lênin e nos atenhamos fielmente às suas geniais análises e conclusões, constataremos que o imperialismo de nossos dias conserva integralmente as mesmas características dadas por Lênin, que permanece imutável a definição leninista de nossa época como a época do imperialismo e das revoluções proletárias, que a vitória da revolução é inevitável.
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Como se sabe, Lênin inicia sua análise sobre o imperialismo pela concentração da produção, do capital e dos monopólios. Até hoje só se pode analisar correta e cientificamente os fenômenos da concentração e centralização da produção e do capital com base na análise leninista do imperialismo.
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O capitalismo atual caracteriza-se pela crescente concentração da produção e do capital, que conduziu à união ou absorção das pequenas empresas pelas empresas poderosas. Isso acarretou também a acumulação maciça da força de trabalho em grandes trustes e consórcios. Tais empresas concentraram igualmente em suas mãos uma grande capacidade produtiva, recursos energéticos e matérias primas em proporções incalculáveis. Nos dias que correm as grandes empresas capitalistas exploram inclusive a energia nuclear e a mais nova tecnologia, que dominam em caráter exclusivo.
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Esses gigantescos organismos têm caráter nacional e internacional. Dentro de seu país, eles arruinaram a maioria dos pequenos proprietários e industriais, enquanto no plano internacional erigiram-se em consórcios colossais, que compreendem ramos inteiros da indústria, da agricultura, da construção, dos transportes, etc. de muitos países. Em toda parte onde os consórcios cravaram suas garras, onde um punhado de miliardários capitalistas concentrou a produção, amplia-se e aprofunda-se a tendência à liquidação dos pequenos proprietários e industriais. Esse processo conduz ao fortalecimento ainda maior dos monopólios.
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"Essa transformação da concorrência em monopólio - disse Lênin - constitui um dos fenômenos mais importantes - para não dizer o mais importante - da economia do capitalismo moderno..." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 237).
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Referindo-se a esse traço do imperialismo ele agrega que:
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"...o surgimento dos monopólios devido à concentração da produção é uma lei geral e fundamental da atual fase de desenvolvimento do capitalismo". (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 241).
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O desenvolvimento do capitalismo na atualidade comprova cabalmente esta conclusão de Lênin. Em nossos dias os monopólios tornaram-se o fenômeno mais típico e mais usual, que determina a fisionomia, a essência econômica do imperialismo. Em países imperialistas como os Estados Unidos da América, a República Federal alemã, a Inglaterra, o Japão, a França, etc., a concentração da produção assumiu proporções nunca vistas.
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Em 1976, por exemplo, as 500 maiores corporações norte-americanas empregavam cerca de 17 milhões de pessoas, correspondendo a mais de 20% da mão-de-obra ativa. Respondiam por 66% das mercadorias vendidas. Quando Lênin escreveu "O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo", havia no mundo capitalista apenas uma grande empresa norte-americana, a "United States Steel Corporation", que dispunha de um ativo superior a um bilhão de dólares, enquanto em 1976 o número de empresas bilionárias era de cerca de 350. O truste automobilístico "General Motors Corporation", esse supermonopólio, tinha em 1975 um capital global que passava dos 22 bilhões de dólares e explorava um exército de cerca de 800.000 operários. Depois dele vinha o monopólio "Standard Oil of New Jersey", que domina a indústria petrolífera dos Estados Unidos e outros países e explora mais de 700 000 operários. Na indústria automobilística três grandes monopólios concorrem com mais de 90% da produção do setor; na indústria aeronáutica e na siderurgia quatro enormes companhias concorrem respectivamente com 65 e 47% da produção.
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O mesmo processo vem ocorrendo nos demais países imperialistas. Na República Federal alemã 13% do total das empresas concentraram cerca de 50% da produção e 40% da mão-de-obra. Na Inglaterra dominam 50 grandes monopólios. A corporação britânica do aço concorre com mais de 90% da produção siderúrgica do país. Na França duas empresas concentraram em suas mãos três quartos da produção de aço, quatro monopólios dominam toda a produção automobilística e quatro outros o conjunto da produção de derivados de petróleo. No Japão dez grandes companhias siderúrgicas produzem todo o ferro-gusa e mais de três quartos do aço, enquanto na metalurgia não ferrosa atuam oito companhias. O mesmo ocorre em outros ramos e setores. (Dados extraídos do "Month1y Bulletin of Statistics", ONU, 1977; do "Statistikal Yearbook", 1976; da revista norte-americana "Fortune", 1976, etc.).
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As pequenas e médias empresas que subsistem nesses países estão na dependência direta dos monopólios. Recebem encomendas deles, trabalham para eles, contraem créditos, compram matérias primas, tecnologia, etc. Transformaram-se praticamente em seus apêndices.
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Ao criar monopólios-gigantes que não possuem uma unidade tecnológica, a concentração e centralização da produção e do capital difundiram-se grandemente na atualidade. Dentro desses monopólios-gigantes, "conglomerados", operam empresas e ramos inteiros da produção industrial, da construção, dos transportes, do comércio, dos serviços, de infra-estrutura, etc. Eles produzem desde brinquedos para crianças até mísseis intercontinentais.
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A força econômica dos monopólios e a crescente concentração de capitais fazem com que as vítimas da concorrência não sejam apenas as "crianças de colo", quer dizer, as empresas não monopolizadas típicas do passado, mas também grandes empresas e grupos financeiros. Devido à insaciável sede de altos lucros monopolistas dos consórcios e ao máximo aguçamento da concorrência, este processo adquiriu proporções colossais nas últimas décadas. Hoje, as fusões e incorporações no mundo capitalista são de 7 a 10 vezes maiores do que nos anos que precederam a II Guerra Mundial.
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A fusão e união de empresas industriais, comerciais, agrícolas e bancárias levaram à criação de novas formas de monopólio, de grandes complexos industrial-comerciais ou industrial-agrícolas, formas amplamente encontradas não só nos países capitalistas do Ocidente mas também na União Soviética, na Checoslováquia, na Iugoslávia e outros países revisionistas. No passado, as uniões monopolistas realizavam o transporte e venda de mercadorias com a ajuda de outras firmas, independentes; hoje os monopólios têm em suas mãos tanto a produção como o transporte e o mercado.
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Além de procurar evitar a concorrência entre as empresas que englobam, os monopólios tratam de açambarcar todas as fontes de matérias primas, todas as áreas ricas em minérios essenciais, como o ferro, o carvão, o cobre, o urânio, etc. Este processo verifica-se em plano nacional e internacional.
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A concentração da produção e do capital assumiu dimensões colossais, sobretudo após a II Guerra Mundial, com a ampliação e desenvolvimento do capitalismo monopolista estatal.
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O capitalismo monopolista de Estado representa a Submissão do aparelho estatal aos monopólios, seu pleno domínio sobre a vida econômica, política e social do país. Através dele, o Estado interfere diretamente na economia, no interesse da oligarquia financeira, para garantir o máximo de lucro para a classe no poder por meio da exploração de todos os trabalhadores e também para sufocar a revolução e as lutas de libertação dos povos.
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A propriedade monopolista estatal, enquanto elemento básico mais característico do capitalismo monopolista de Estado, não representa a propriedade de um capitalista ou grupo de capitalistas particulares, mas a propriedade do Estado capitalista, a propriedade da classe burguesa no poder. Em diversos países imperialistas, o setor capitalista monopolista de Estado domina de 20 a 30% da produção global.
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O capitalismo monopolista de Estado, que representa a escala mais elevada da concentração da produção e do capital, é a principal forma de propriedade que domina atualmente na União Soviética e nos demais países revisionistas. Esse capitalismo monopolista de Estado encontra-se a serviço da nova classe burguesa no poder.
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Também na China a economia vem adquirindo formas típicas do capitalismo monopolista de Estado, através de uma série de reformas que incluem a colocação do lucro como objetivo principal da atividade das empresas, a aplicação de práticas capitalistas de organização, direção e remuneração, a criação de regiões econômicas, de trustes e complexos muito semelhantes aos soviéticos, iugoslavos e japoneses, a abertura das portas do país ao capital estrangeiro, o estabelecimento de vínculos diretos entre empresas chinesas e monopólios forâneos, etc.
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A concentração e centralização da produção e do capital atingiram atualmente o nível interestatal no mundo capitalista e revisionista. Trata-se de uma tendência estimulada e levada à prática inclusive pelo Mercado Comum Europeu, o Comecon, etc., que representam a união dos monopólios de diferentes potências imperialistas.
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Ao analisar as formas dos monopólios internacionais, Lênin referiu-se em seu tempo aos cartéis e sindicatos. Nas condições atuais, em que a concentração da produção e do capital alcançou enormes dimensões, a burguesia monopolista encontrou novas formas de exploração dos trabalhadores. É o caso das empresas multinacionais.
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Na aparência, essas empresas desejam dar a impressão de serem propriedade conjunta de capitalistas de muitos países. Na realidade, as multinacionais pertencem principalmente a um país no que se refere ao capital e ao controle, enquanto sua atividade estende-se por muitos países. Elas se expandem cada vez mais através da absorção de pequenas e grandes sociedades e firmas locais, que não conseguem fazer frente à selvagem Concorrência.
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As multinacionais abrem filiais e empresas nos países onde a perspectiva de obter o máximo de lucro é mais segura. A multinacional norte-americana "Ford", por exemplo, instalou em outros países 20 grandes fábricas onde trabalham 100.000 operários de diferentes nacionalidades.
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Existem entre as multinacionais e o Estado burguês vínculos estreitos e uma dependência recíproca com base em seu caráter de classe e explorador. Essas empresas utilizam o Estado capitalista como um instrumento a seu serviço, com fins de domínio e expansão tanto no plano nacional como no internacional.
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Por seu grande papel econômico e pelo importante peso que têm em toda a vida do país, certas multinacionais, tomadas em particular, constituem uma força enorme que em muitos casos iguala ou ultrapassa o orçamento ou a produção de vários países capitalistas desenvolvidos tomados em conjunto. Uma das poderosas empresas multinacionais dos Estados Unidos, a "General Motors Corporation", ultrapassa a produção industrial conjunta da Holanda, da Bélgica e da Suíça. Essas empresas interferem nos países onde atuam para garantir favores e privilégios especiais. Os proprietários da indústria eletrônica dos Estados Unidos, por exemplo, pediram em 1975 ao governo mexicano que modificasse o código de trabalho, que previa certas medidas de defesa, dizendo que do contrário eles transfeririam suas indústrias para a Costa Rica e, para fazer pressão, fecharam várias fábricas onde trabalhavam cerca de 12.000 operários mexicanos.
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As multinacionais são alavancas do imperialismo e uma das suas principais formas de expansão. São esteios do neocolonialismo e afetam a soberania nacional e a independência dos países onde atuam. Para abrir caminho ao seu domínio, elas não se detêm diante de nenhum crime, desde a organização de complôs, a desestabilização da economia, até a simples compra de altos funcionários, de dirigentes políticos e sindicais, etc. O escândalo Lockheed foi a melhor prova disso.
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Muitas multinacionais também se instalaram e atuam nos Países revisionistas (17 multinacionais norte-americanas, 18 japonesas, 13 alemãs-ocidentais, 20 francesas, 7 italianas, etc., se instalaram ou possuem escritórios na União Soviética. Mais de 30 multinacionais se instalam na Polônia, das quais 10 norte-americanas, 6 alemãs-ocidentais, 6 inglesas, 3 japonesas, etc. Na Romênia são 32, na Hungria 31, na Checoslováquia 30 e o mesmo ocorre nos demais países revisionistas. (Dados extraídos do livro "Vodka-Cola", de Carl Levinson, 1977, pgs. 79-82). Já começaram igualmente a se introduzir na China.
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A concentração e centralização da produção e do capital, que caracterizam o mundo capitalista atual e levaram a uma grande socialização da produção, não modificaram em nada a natureza espoliadora do imperialismo. Pelo contrário, aumentaram e intensificaram a opressão e o empobrecimento dos trabalhadores. Esses fenômenos comprovam cabalmente a tese de Lênin de que, nas condições de concentração da produção e do capital, no imperialismo,
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"verifica-se um gigantesco progresso da socialização da produção", mas apesar disso "...a apropriação permanece privada. Os meios sociais de produção continuam sendo propriedade privada de um reduzido número de indivíduos." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 247).
Os monopólios e as multinacionais se mantêm enquanto grandes inimigos do proletariado e dos povos.
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A intensificação do processo de concentração da produção e do capital que se desenvolve em nossos dias acirrou ainda mais a contradição fundamental do capitalismo, entre o caráter social da produção e a apropriação privada, bem como todas as demais contradições. Hoje, como ontem, as colossais rendas e superlucros provenientes da feroz exploração dos trabalhadores são apropriados por um punhado de magnatas capitalistas. Os meios de produção que equipam os setores industriais são igualmente propriedade privada dos capitalistas, enquanto a classe operária continua escrava dos donos dos meios de produção, e a força de seus braços continua sendo uma mercadoria. As grandes empresas capitalistas já não exploram algumas dezenas ou centenas de operários, mas centenas de milhares. A mais-valia usurpada pelas corporações norte-americanas com a selvagem exploração capitalista desse grande exército de operários foi de mais de 100 bilhões de dólares somente em 1976, contra 44 bilhões em 1960.
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Lênin desmascarou os oportunistas da II Internacional que pregavam a possibilidade da liquidação das contradições antagônicas do capitalismo devido ao surgimento e desenvolvimento dos monopólios. Demonstrou cientificamente que os monopólios, que trazem consigo a opressão, a exploração e a apropriação privada dos frutos do trabalho, acirram ainda mais as contradições do capitalismo. A superestrutura do sistema capitalista ergue-se com base no domínio dos monopólios. Ela defende e representa tanto no plano nacional como no internacional os interesses rapaces dos monopólios. São os monopólios que ditam a política interna e externa, a política econômica, social, militar, etc.
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A realidade atual da concentração da produção e do capital também desmascara a prédica dos chefes reacionários da social-democracia, dos revisionistas contemporâneos e oportunistas de toda laia, de que os trustes, a propriedade do capitalismo monopolista de Estado, etc., poderiam "transformar-se" pacificamente em economia socialista, de que o atual capitalismo monopolista "integrar-se-ia" pouco a pouco no socialismo.
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Lênin ensina que a concentração da produção e do capital serve de base para a crescente concentração do capital monetário, para sua acumulação nas mãos dos grandes bancos, para o surgimento e desenvolvimento do capital financeiro. No processo de desenvolvimento do capitalismo, juntamente com os monopólios também os bancos cobram grande desenvolvimento, absorvendo capital monetário dos monopólios e consórcios, bem como dos pequenos produtores ou das poupanças pessoais. Os bancos, em mãos e a serviço dos capitalistas tornam-se assim os detentores dos principais meios financeiros.
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O mesmo processo ocorrido para a eliminação das pequenas empresas pelas grandes, pelos cartéis e monopólios, verificou-se também para a liquidação sucessiva dos pequenos bancos. Dessa forma, assim como as grandes empresas criaram os monopólios, os grandes bancos formaram seus consórcios bancários. Esse fenômeno adquiriu proporções colossais nestas duas últimas décadas e prossegue, ainda hoje, em ritmo extremamente acelerado. A característica que distingue as fusões e absorções atualmente é que elas atingem não só os bancos pequenos, mas também os médios e os relativamente grandes. Esse fenômeno deve-se ao acirramento das contradições da reprodução capitalista, à ampliação da concorrência e à grave crise do sistema financeiro e monetário do mundo capitalista.
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Nos Estados Unidos da América, reinam 26 grandes grupos financeiros, O maior deles, o grupo Morgan, possui 20 grandes bancos, companhias de seguros, etc., com um ativo que alcança a soma de 90 bilhões de dólares.
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A taxa de concentração e centralização do capital bancário também é muito elevada nos outros principais países capitalistas, Na Alemanha Ocidental, três dos 70 grandes bancos dominam mais de 58% da soma dos ativos bancários. Na Inglaterra, toda a atividade dos bancos é controlada por quatro estabelecimentos conhecidos como o "Big Four". Também no Japão e na França há um nível elevado de concentração do capital bancário.
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Lênin demonstrou que o capital bancário se entrelaça com o capital industrial. A princípio os bancos se interessam pelo destino dos créditos que concedem aos industriais. Servem de mediadores entre os industriais que tomam créditos, para que se entendam entre si, não concorram uns com os outros, pois os próprios bancos sofreriam com isso. Este é o primeiro passo do entrelaçamento dos bancos com o capital industrial. Com o desenvolvimento e concentração da produção e do capital monetário, os bancos convertem-se em investidores diretos nas empresas produtivas, promovendo sociedade anônimas conjuntas. Dessa forma o capital bancário penetra na indústria, na construção, na agricultura, nos transportes, na esfera da circulação e em toda parte. Por seu lado, as empresas adquirem maciçamente ações dos bancos e tornam-se participantes destes. Atualmente, os diretores dos bancos e os das empresas monopolistas participam dos conselhos administrativos uns dos outros, criando aquilo que Lênin denominou "união pessoal". O capital financeiro surgido desse processo compreende em si mesmo todas as formas de capital: o capital industrial, o capital monetário e o capital mercantil. Caracterizando esse processo, Lênin disse:
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"Concentração da produção; monopólios derivados dela; fusão ou entrelaçamento dos bancos com a indústria - eis a história do aparecimento do capital financeiro e o conteúdo deste conceito." (V. I. Lênin. Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 273).
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Embora o capital financeiro tenha crescido e sofrido transformações estruturais após a II Guerra Mundial, persegue os mesmos fins de sempre: assegurar o máximo de lucro através da exploração das amplas massas trabalhadoras, dentro e fora de seu país. É este também o papel das empresas de seguros, que cresceram bastante nos principais países capitalistas durante estes últimos anos e tornaram-se sérias concorrentes dos bancos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o ativo dos bancos cresceu três vezes e meia entre 1950 e 1970, enquanto o ativo das companhias de seguros crescia seis vezes e meia.
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Com os capitais que acumulam graças pilhagem do povo, essas companhias chegam a conceder créditos enormes aos monopólios, que ascendem a centenas de milhões de dólares. Desta forma, as seguradoras se fundem e se entrelaçam com os monopólios industriais, e bancários, tornando-se parte orgânica do capital financeiro.
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Movida por uma sede insaciável de lucro, a burguesia monopolista transforma em capital qualquer fonte de recursos monetários temporariamente disponíveis, como as cotas depositadas pelos trabalhadores para aposentadoria, as poupanças da população, etc.
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O capital financeiro concentrado aufere benefícios extraordinários não só do lucro oriundo da absorção do dinheiro dos consórcios, dos pequenos industriais, etc., etc., mas também da emissão de letras de câmbio e dos depósitos que movimenta. Tanto nesses casos como nos depósitos de poupança oferece-se uma pequena taxa de juros ao depositante, mas o banco aufere com eles lucros colossais, com os quais incrementa seu capital e aumenta os investimentos que, naturalmente, trazem novos e constantes lucros para o capital financeiro, O capital financeiro investe mais na industria, porém estendeu sua rede de especulações a outros recursos, a terra, as ferrovias e outros ramos e setores.
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Os bancos têm as condições reais de fornecer as consideráveis somas de créditos exigidas pelo alto grau de concentração e de domínio dos monopólios Dessa forma, criam-se condições mais favoráveis para as grandes uniões monopolistas explorarem mais selvagemente as massas trabalhadoras dentro e fora de seu país, para conseguir o máximo de lucro.
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Com a restauração do capitalismo na União Soviética e outros países revisionistas, os bancos adquiriram todos os traços característicos do monopólio. Nesses países, assim como em todo o mundo capitalista, eles servem à exploração das amplas massas trabalhadoras tanto internamente como no exterior.
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O sistema de crédito ao consumidor para a compra de bens de consumo e sobretudo de bens de consumo durável difundiu-se rapidamente nos países capitalistas e revisionistas durante os últimos anos. Com esse tipo de crédito a burguesia garante mercado para colocar suas mercadorias, os capitalistas garantem lucros fabulosos através das altas taxas de juros, os credores e firmas capitalistas amarram os devedores de pés e mãos.
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As dívidas e outras obrigações dos trabalhadores para com os bancos e instituições de crédito cresceram muito em nossos dias. Somente nos Estados Unidos os compromissos da população com esse gênero de créditos somavam 167 bilhões de dólares em 1967, contra 6 bilhões em 1945; enquanto na República Federal Alemã atingiam uma soma superior a 46 bilhões de marcos.
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A crescente concentração e centralização do capital bancário levaram a um aumento do domínio econômico e político por parte da oligarquia financeira e ao emprego de uma série de formas e meios para aumentar o jugo econômico, o empobrecimento e a miséria das amplas massas trabalhadoras.
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O desenvolvimento do capital financeiro possibilitou concentrar nas mãos de um punhado de poderosos capitalistas industriais e banqueiros não só uma grande riqueza mas também um verdadeiro poder econômico e político, que atua em toda a vida do país. E essa gente todo-poderosa que encontra-se à frente dos monopólios e bancos e constitui o que se chama oligarquia financeira. Invocando o fato de que as grandes companhias converteram-se agora em sociedades anônimas em que um ou outro operário pode dispor de um número simbólico de ações, os apologistas do capitalismo procuram demonstrar que o capital teria perdido o caráter privado que tinha no tempo em que Marx escreveu "O Capital", ou quando Lênin analisou o imperialismo; que o capital estaria se tornando popular. Isso é uma quimera. Hoje, como antes, quem domina nos países imperialistas são os poderosos grupos industrial-financeiros privados: os Rockefeller, os Morgan, os Dupont, os Melion, os Ford, os grupos de Chicago, Texas, Califórnia e alguns outros nos Estados Unidos da América; os grupos financeiros dos Roschild, dos Behring, dos Samuel e outros na Inglaterra; dos Krupp, Siemens Mannessmann, Thyssen, Gerling etc. na Alemanha Ocidental; a Fiat, a Alfa-Romeo, a Montedison, a Olivetti, etc. na Itália; as grandes famílias na França e assim por diante.
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Como possuidora do capital industrial e financeiro, a oligarquia financeira assegurou seu domínio econômico e político sobre toda a vida do país. Submeteu também aos seus interesses o aparelho estatal, que transformou-se num instrumento nos mãos da plutocracia financeira. A oligarquia financeira destitui e nomeia governos, dita a política interna e externa. Internamente ela se vincula às forças reacionárias, a todas as instituições políticas, ideológicas, educacionais, culturais que defendem seu poder político e econômico. Na política externa ela defende e apóia todas as forças conservadoras e reacionárias que sustentam e abrem caminho para a expansão monopolista, que lutam para salvaguardar e consolidar o capitalismo.
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A oligarquia financeira não recua diante de nada para garantir seu domínio, instaurando a reação política em todos os campos.
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"...O capital financeiro - dizia Lênin - persegue o domínio e não a liberdade".(V. I. Lênin. Obras, ed. albanesa, vol. XXIII, pg. 124).
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A situação atual prova que a burguesia monopolista intensificou a opressão em toda parte. Com base nela aprofunda-se a contradição entre o proletariado e a burguesia. Ao mesmo tempo a expansão econômica e financeira, acompanhada da expansão política e militar, acirrou ainda mais a contradição entre os povos e o imperialismo, bem como as contradições entre as próprias potências imperialistas. A propaganda atual dos revisionistas chineses ignora esta realidade objetiva incontestável.
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A concentração e centralização de capitais bancários verificam-se agora não só dentro de cada país mas também entre vários países capitalistas ou capitalistas e revisionistas. É este o caráter dos bancos conjuntos do Mercado Comum Europeu ou do "Banco Internacional para a Cooperação Econômica", bem como do "Banco de Investimentos" do Comecon. Também são uniões bancárias de tipo capitalista as dos bancos germano-ocidental-poloneses ou dos bancos anglo-romenos, franco-romenos, anglo-húngaros, ou as corporações bancárias norte-americano-iugoslavas, anglo-iugoslavas, etc. A União Soviética abriu em vários países capitalistas muitos bancos, que se tornaram concorrentes e parceiros dos bancos capitalistas, onde quer que estejam, seja em Zurique, Londres ou Paris, na África, na América Latina ou outro lugar.
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A China também se engaja cada vez mais na voragem desse processo de integração capitalista dos bancos. Além dos bancos que possui em Hong-Kong, Macau e Singapura, ela também criará amanhã bancos no Japão, igualmente na América, etc. Ao mesmo tempo, a China está permitindo a penetração de bancos das potências imperialistas em seu território.
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Lênin acentuava que o capitalismo atual caracteriza-se pela exportação de capitais. Esse traço econômico do imperialismo desenvolveu-se e fortaleceu-se ainda mais em nossos dias. Os maiores exportadores de capitais do mundo de hoje são os Estados Unidos, o Japão, a União Soviética, a República Federal alemã, a Inglaterra e a França.
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Em certo período, a exportações de capitais vinham dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França e da Alemanha, onde havia uma indústria desenvolvida, que absorvia os recursos do solo e do subsolo das colônias. Mais tarde, a guerra, as crises, fizeram com que algumas potências imperialistas, como a Inglaterra, a França, a Alemanha, se debilitassem economicamente e o imperialismo norte-americano se enriquecesse, tornando-se uma superpotência. Na situação criada após a II Guerra Mundial, as exportações de capital norte-americano avançaram muito em detrimento das demais potências capitalistas.
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Hoje o capital norte-americano é exportado para todos os países, mesmo os industrializados, sob a forma de investimentos, créditos, empréstimos, sob a forma de participação em empresas mistas ou através da criação de grandes companhias industriais. O imperialismo norte-americano investe o capital monopolista nos países não desenvolvidos e pobres, pois ali os custos de produção são reduzidos, enquanto a taxa de exploração dos trabalhadores é elevada. Investe para garantir matérias primas, para açambarcar mercados, para vender produtos industrializados.
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É fato sabido que o desenvolvimento dos países capitalistas se processa de maneira desigual; por isso os monopólios e grandes empresas dos Estados Unidos e outros países exportam capitais precisamente para os países onde o desenvolvimento econômico exige inversões e tecnologia.
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Os capitais investidos produzem lucros fabulosos para os consórcios e monopólios financeiros, pois nos países pobres, não desenvolvidos, a terra é muito barata e com pouco dinheiro pode-se comprar grandes extensões, adquirindo-se junto com a terra as suas riquezas. A mão-de-obra também é barata, pois as pessoas que passam fome são obrigadas a trabalhar por salários muito baixos. Calcula-se que as potências imperialistas auferem lucros de cinco dólares por cada dólar investido nesses países.
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Segundo fontes oficiais norte-americanas, somente entre 1971 e 1975 a soma global dos investimentos diretos dos Estados Unidos nos jovens Estados foi de 6 bilhões e meio de dólares, enquanto que os lucros auferidos no mesmo período e nos mesmos países chegaram a cerca de 30 bilhões de dólares. (Revista norte-americana Survey of Business, agosto de 1976, pg. 44).
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Para disfarçar a exportação de capitais, as potências imperialistas praticam também a concessão de créditos. Através desses ditos créditos ou ajuda, os grandes consórcios capitalistas e os Estados aos quais pertencem exercem grande pressão e mantêm sob seu guante os Estados e povos que os aceitam. A "ajuda" ou os créditos aos países não desenvolvidos provém da pilhagem dos recursos desses mesmos países e da exploração das massas trabalhadoras dos países desenvolvidos; e vão para os ricos dos países não desenvolvidos. Em outras palavras, isso significa que os grandes monopólios norte-americanos, por exemplo, sigam o suor do povo norte-americano e de outros povos e, quando exportam capital e concedem créditos, trata-se precisamente do suor e do sangue desses povos. Por outro lado, os créditos que os grandes monopólios concedem aos países do chamado terceiro mundo servem na prática às classes feudal-burguesas que ali dominam.
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Os créditos contraídos pelos jovens Estados servem como elos da cadeia imperialista que acorrenta seus povos. Conforme indicam as estatísticas, a dívida desses países duplica a cada cinco anos. De oito bilhões e meio de dólares em 1955, as dívidas dos países não desenvolvidos para com as potências imperialistas cresceram para mais de 150 bilhões de dólares em 1977.
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O capitalismo mundial desenvolveu a técnica e a tecnologia em seu próprio interesse, para multiplicar os lucros através da descoberta dos recursos do subsolo, da criação de uma agricultura intensiva, etc. Toda essa tecnologia, a própria revolução técnico-científica e os novos meios de exploração econômica servem ao imperialismo, aos monopólios capitalistas e não aos povos. O capitalismo jamais pode investir no exterior, fornecer empréstimos, exportar capitais sem calcular antecipadamente os lucros que lhe advirão.
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Se não se apresenta aos grandes monopólios e bancos, que se estenderam como uma teia de aranha pelo mundo capitalista e revisionista, dados concretos sobre a renda obtida da exploração de uma mina, de terras, da extração de petróleo ou de água num deserto, etc., eles não concedem créditos.
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Há também outras formas de concessão de créditos, praticadas em relação aos Estados pseudo-socialistas que procuram disfarçar a via capitalista que vêm trilhando. Esses créditos são fornecidos em grandes proporções, sob a forma de créditos comerciais, e naturalmente retornam dentro de um curto período. São oferecidos conjuntamente por vários Estados capitalistas, que calcularam de antemão os benefícios econômicos e também políticos que arrancarão do Estado tomador, levando em conta tanto seu potencial econômico como sua solvência. Os capitalistas nunca oferecem tais créditos para construir mais sim para destruir o socialismo. Portanto, um pais verdadeiramente socialista jamais aceita créditos, sob qualquer forma, de um país capitalista, burguês ou revisionista.
A exemplo dos revisionistas soviéticos, kruschovistas, os revisionistas chineses também empregam muitos slogans, muitas citações, constroem muitas frases que soam "leninistas", "revolucionárias", mas sua verdadeira atividade é reacionária, contra-revolucionária. Os dirigentes chineses procuram apresentar suas atitudes oportunistas e relações com os países imperialistas como se elas interessassem ao socialismo. Esses revisionistas praticam tal impostura intencionalmente, para manter as massas do proletariado e do povo nas trevas, de forma que não possam converter sua insatisfação em força para fazer a revolução.
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Tomemos, por exemplo, o problema da construção econômica do país, do desenvolvimento da economia socialista com as próprias forças. Trata-se de um princípio justo. Qualquer Estado independente, soberano, socialista deve mobilizar todo o povo e definir com justeza a política econômica, adotar todas as providências para explorar devidamente e da forma mais racional todos os recursos que possui, para administrá-los com parcimônia e fazê-los crescer no interesse de seu próprio povo e para impedir que sejam saqueados por terceiros. Esta é a orientação principal, básica, para qualquer país socialista, enquanto que a ajuda externa, a ajuda vinda de outros países socialistas, é suplementar.
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Os créditos acordados entre dois países socialistas possuem caráter completamente distinto dos demais. Representam uma ajuda internacionalista, desinteressada. A ajuda internacionalista jamais produz capitalismo, não empobrece as massas populares, ao contrário, desenvolve a indústria e a agricultura, serve a sua harmonização, conduz à elevação do nível de bem-estar das massas trabalhadoras, ao fortalecimento do socialismo.
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Os Estados socialistas economicamente desenvolvidos devem ajudar em primeiro lugar os demais países socialistas. Isso não quer dizer que um país socialista não deva desenvolver relações com outros países, não socialistas. Mas devem ser relações econômicas com base no interesse mútuo e não devem de forma alguma colocar a economia de um país socialista ou não socialista na dependência de países mais poderosos. Caso essas relações inter-estatais se apóiem na exploração dos Estados pequenos e economicamente débeis pelos Estados grandes e poderosos, tal "ajuda" deve ser rejeitada, pois tem caráter escravizante.
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Lênin disse que o capital financeiro lançou, na verdadeira acepção da palavra, suas malhas por todos os países do mundo. Os monopólios, cartéis e sindicatos dos capitalistas trabalham de forma sistemática, se apropriam primeiro do mercado interno de seu país, se adonam da indústria, da agricultura, escravizam a classe operária e os demais trabalhadores, arrancam superlucros e em seguida criam vastas possibilidades para também açambarcar mercados em todo o mundo. O capital financeiro desempenha um papel direto nesse sentido.
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Também atualmente observamos, em plena concordância com as ensinamentos de Lênin sobre o imperialismo como última fase do capitalismo, que as duas superpotências, o imperialismo norte-americano e o social-imperialismo soviético, lutam pela divisão do mundo, pela ocupação de mercados. O petróleo, por exemplo, que tornou-se um problema agudo em todo o planeta, é em primeiro lugar domínio das grandes empresas monopolistas norte-americanas, mas com a participação de empresas petrolíferas da Inglaterra, da Holanda, etc. Os norte-americanos manobram na questão do petróleo para que ele seja seu monopólio. Investiram grandes capitais e empregaram técnicas avançadas na Arábia Saudita, Irã e outros países petrolíferos, acorrentaram. as camarilhas dominantes desses países, comprometeram reis, sheiks e imames com grandes somas de dólares. Os governantes dos países petrolíferos recebem permissão da plutocracia financeira para investir nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros países, inclusive comprando ações de diferentes companhias monopolistas, bem como luxuosos hotéis, fábricas, etc.
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A Arábia Saudita, por exemplo, é um país semifeudal, onde reinam a pobreza e o obscurantismo, embora extraia 420 milhões de toneladas de petróleo por ano. Enquanto as massas trabalhadoras vivem na pobreza, o rei e a classe dos grandes senhores de terras depositaram mais de 40 bilhões de dólares somente nos bancos da Wall Street. A situação é a mesma no Kuwait, nos Emirados Árabes Unidos, etc. Essas camarilhas fazem todas as concessões para que as potências imperialistas saqueiem as riquezas dos povos dos países que dominam, objetivando participar dos lucros.
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Os investimentos dos países produtores de petróleo, que são propriedade das camarilhas dominantes, representam uma união, naturalmente em escala muito reduzida, do capital dessas camarilhas com o norte-americano ou inglês. A primeira vista, parece que as camarilhas dominantes dos países que têm petróleo teriam estabelecido uma certa sociedade de investimentos com o imperialismo norte-americano, inglês ou francês e influiriam em sua economia. Na verdade, ocorre o oposto. Os lucros do imperialismo norte-americano e dos demais imperialistas são tremendamente maiores do que os proventos dados a tais camarilhas. Esta é uma característica do neo-colonialismo atual, que para poder explorar ao máximo os recursos de certos países faz algumas concessões comedidas em favor de grupos dominantes burguês-capitalistas, feudais, mas seguramente não em prejuízo próprio. Esse exemplo comprova a justeza da tese de Lênin de que podem entrelaçar-se muito facilmente os interesses das burguesias de diferentes países, assim como dos monopólios privados com os estatais. Os grandes monopólios também podem se conjugar com monopólios menos possantes mas que detêm o domínio de grandes riquezas, sobretudo do subsolo, como jazidas de ferro, cromo, cobre, urânio, etc.
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Os empréstimos, créditos e ajudas governamentais tornaram-se atualmente uma das formas mais difundidas de exportação de capitais, praticada em especial pela União Soviética e demais países revisionistas.
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Além de produzir lucros capitalistas, esses créditos, "ajuda" e empréstimos perseguem também objetivos políticos. Os Estados que os concedem visam apoiar e consolidar o poder político e econômico de determinadas camarilhas, que defendem os interesses econômicos, políticos, militares do país credor. Como os acordos quanto a esses tipos de créditos são concluídos entre governos, reforçam ainda mais a dependência econômica e política do devedor em relação ao credor. O "Plano Marshall" constitui um exemplo clássico dessa forma de exportação de capital. Após a II Guerra Mundial, ele tornou-se a base econômica da expansão política e militar dos Estados Unidos nos países da Europa Ocidental. É esse também o sentido da chamada ajuda que os revisionistas soviéticos concedem pretensamente em favor do desenvolvimento da economia e da criação do setor estatal da indústria em países como a Índia, o Iraque e outros.
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O imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e o capitalismo nos países industrializados alcançaram atualmente um tal nível de desenvolvimento que o lucro obtido com a acumulação de capitais cresceu extraordinariamente. A acumulação de capitais cria grandes lucros, que vão para o bolso dos monopolistas, da oligarquia financeira, os quais não colocam esses recursos a serviço do povo trabalhador, pobre, miserável, mas exportam-nos para os países onde podem auferir lucros ainda maiores. São estes países que a China chama de "terceiro mundo". Mas os monopolistas também fazem investimentos do mesmo gênero nos países capitalistas desenvolvidos.
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Muitos livros foram escritos sobre o processo de penetração de capitais norte-americanos na Europa, sobre seus objetivos políticos e econômicos. O livro do autor norte-americano Geoffrey Owen traça um quadro nítido desse processo. No início do capítulo "As Empresas Internacionais", ele diz que o aumento dos investimentos norte-americanos no exterior obedeceu à concepção de que os norte-americanos não representam uma sociedade com interesses no além-mar, mas uma sociedade internacional. O quartel-general dessa sociedade encontra-se nos Estados Unidos da América. Isso significa que as diversas grandes firmas norte-americanas não pensam apenas em se estender por todo o país e atender às necessidades da indústria e dos clientes dentro dos Estados Unidos, mas também em lançar suas malhas sobre outros países. Essas empresas investem o "capital excedente" em outros países para extrair lucros ainda maiores. Gigantescas corporações como a "Socony Mobil", a "Standard Oil of New Jersey" e outras arrancam quase a metade de seus lucros do saque e exploração de outros países. Cerca de 500 companhias auferem lucros da ordem de 10 bilhões de dólares anuais no exterior. O número de empresas que fizeram inversões fora dos Estados Unidos ultrapassa 3.000. Foi assim que fórmulas e termos como "empresas multinacionais" ou "capitalismo internacional", entre outros, tornaram-se usuais, entraram na linguagem jornalística e nas operações bancárias.
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Geoffrey Owen informa que em 1929 mais de 1.300 empresas européias eram propriedade ou estavam sob controle de firmas norte-americanas. Essa foi a primeira etapa da ofensiva norte-americana rumo à indústria européia. A pressão da II Guerra Mundial que então se preparava deteve temporariamente a invasão dos capitais norte-americanos. De 1929 a 1946, o valor das inversões diretas de empresas norte-americanas no exterior reduziu-se de 7,5 para 7,2 bilhões de dólares. Mas após a II Guerra, em 1950, o montante de investimentos norte-americanos no exterior subira para 11 bilhões e 200 milhões, das quais a metade concentrava-se na América Latina e no Canadá. Os investimentos na América Latina visavam explorar matérias primas: petróleo, cobre, minério de ferro, bauxita, bem como bananas e outros produtos agrícolas. No Canadá, eles se dirigiam mais para as minas e o petróleo e desenvolviam-se em ampla escala devido à proximidade do país e outras condições que facilitavam essa penetração.
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A Europa também tornou-se importante alvo das inversões norte-americanas na década de 50. Neste continente, os investimentos se alastraram rapidamente às comunicações, à grande produção em série, aos equipamentos complexas. Junto com eles veio a avalanche de produtos norte-americanos.
O autor em questão ressalta que a situação criada após a II Guerra Mundial no mercado capitalista impulsionou ainda mais os investimentos norte-americanos. Eis os dados referentes ao aumento desses investimentos externos: Seu total em 1946 era de 7,2 bilhões de dólares; logo após começou a crescer e em 1950 já era de 11,2 bilhões; em 1964 chegou a 44,3 bilhões e em 1977 ultrapassava os 60 bilhões de dólares.
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Ao ampliar constantemente suas operações em escala mundial, as empresas norte-americanas acirraram a concorrência com as firmas de cada país e aumentaram o medo do domínio por parte dos gigantes norte-americanos. Esse problema torna-se ainda mais agudo nos países não desenvolvidos, onde as firmas estadunidenses se especializaram nos setores-chave da indústria e possuem uma influência preponderante na economia nacional. Em outras palavras, essas gigantescas empresas norte-americanas têm nas mãos e dirigem na prática a economia e os governos locais.
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É conhecida a prolongada luta travada entre as empresas petrolíferas estadunidenses e o governo mexicano, que concluiu-se em 1938 com a falência da política de oposição seguida por este governo. Idêntico foi o desfecho da luta entre o monopólio inglês do petróleo e o governo iraniano, que terminou com a destituição de Mossadegh. Tais contendas são constantes, danosas e encerram-se com a vitória dos grandes trustes norte-americanos.
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As grandes companhias petrolíferas atuam em escala mundial. Para elas, é usual e necessário controlar plenamente todos os capitais e a produção deste ramo nos países onde investiram, controlar os governos, etc. E se não dispõem dessa possibilidade, criam-se dificuldades para a coordenação mundial de sua atividade. É por isso que as grandes companhias estrangeiras combatem os esforços dos capitalistas nacionais visando participar dos lucros em nível superior ao que é dado pelos investidores dos Estados Unidos ou de outros países imperialistas.
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Na Europa, no Canadá, na Ásia, na África, etc., as empresas norte-americanas criaram uma situação em que praticamente controlam a economia de muitos países. Os governos desses países têm muito medo dos Estados Unidos, que tornaram-se a liderança da economia européia assim como fizeram no terreno militar. Por isso os países capitalistas industrializados da Europa procuram entravar a enxurrada de capitais norte- americanos que se precipita em nível crescente sobre eles.
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A direção chinesa pretende que os Estados europeus, industrializados desde o século XIX, estão fazendo mais investimentos nos Estados Unidos. Mas sabe-se que, enquanto os investimentos de capitais europeus nos Estados Unidos assumem sobretudo a forma de letras de câmbio, ações, obrigações, depósitos, etc., os investimentos norte-americanos na Europa detêm posições de domínio nos mais importantes setores da economia local.
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Procurando justificar o aumento das inversões norte-americanas, Geoffrey Owen pretende que os países europeus desejam e procuram desenvolver sua indústria, como por exemplo a eletrônica e a de computadores, sobre bases científicas. Essas indústrias contribuem em certa medida para o progresso técnico, para o aumento das exportações e para o crescimento geral da economia desses países. Mas as companhias norte-americanas estão mais avançadas nesse campo do que suas rivais européias e controlam esse progresso técnico segundo seus interesses.
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No que diz respeito aos computadores, por exemplo as empresas européias do ramo uniram-se estreitamente para defender-se da concorrência da corporação estadunidense "International Business Machine" (IBM), que responde por mais de 70% do mercado norte-americano e por uma parcela ainda maior do mercado mundial.
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Outra tendência das grandes empresas norte-americanas é a associação com firmas locais. Para disfarçar a exploração, muitas empresas evitam possuir filiais 100% suas e criam companhias com investimentos conjuntos na proporção de 49 para 51% ou de 50 para 50%. Assim atuaram os norte-americanos no Japão e também na Iugoslávia - que procura dar a impressão de que constrói o socialismo com as próprias forças, quando na realidade os titistas partilharam-na economicamente com os Estados Unidos e com grandes firmas de outros países industriais desenvolvidos. Dessa forma, os titistas empenharam igualmente a liberdade e a independência da Iugoslávia.
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A tendência de muitas dessas grandes empresas norte-americanas, como a "General Motors", a "Ford", a "Crysler", "General Eletric" e outras é apoderar-se de fato de 100% de suas filiais no exterior. Mesmo assim, essas filiais - segundo Owen - não esquecem o problema da nacionalização; sua resposta é: "Não se trata de formarmos associações com investidores locais, mas de encorajarmos a internacionalização da propriedade das ações das empresas mães". É esta a concepção da "internacional" do capitalismo, que tem especialmente na "General Motors" uma fervorosa defensora.
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Essas orientações do capital imperialista norte-americano ou do poder da indústria estadunidense, que investe fora dos Estados Unidos para criar suas colônias e seu império, são alguns dos fatos que ilustram claramente a tese de que o imperialismo norte-americano absolutamente não se debilitou. Ao contrário do que pretendem os revisionistas chineses, ele se fortaleceu, conquistou grandes concessões no exterior, dirige muitos e importantes ramos da economia de outros países. Ele também colocou os governos desses países em incontáveis dificuldades, muitas vezes é ele próprio quem faz a lei, tem muitos governos sob sua direção e controle. Evidentemente, esse processo também tem seus altos e baixos, mas seu sentido geral não indica um debilitamento do imperialismo norte-americano.
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II - A Teoria Leninista Sobre o Imperialismo Mantém Toda Atualidade (continuação)


Vivemos atualmente um período em que outra superpotência, o social-imperialismo soviético, exporta seus capitais e trata de explorar diferentes povos. Os capitais exportados por essa superpotência emanam da mais-valia realizada na União Soviética, que transformou-se num país capitalista.
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A restauração do capitalismo conduziu a uma polarização da sociedade soviética contemporânea, em que uma pequena parcela domina e explora a esmagadora maioria do povo. Atualmente, uma classe à parte, burguesa, exploradora, criou-se e tomou forma, é a camada composta pelos burocratas, os tecnocratas, a intelectualidade criadora e superior, que se apropria e partilha entre si a mais-valia arrancada com a selvagem exploração da classe operária e das amplas massas trabalhadoras. Distintamente dos paises de capitalismo clássico, onde essa mais-valia é apropriada na proporção do capital de cada capitalista, na União Soviética e demais países revisionistas ela é distribuída de acordo com o posto ocupado pelos elementos da camada superior burguesa na hierarquia estatal, econômica, científica, cultural, etc. Os altos vencimentos, as gratificações usuais e especiais, os prêmios e estímulos, os favoritismos, etc., transformaram-se em toda uma instituição para a apropriação da mais-valia extraída às custas do suor dos trabalhadores. A camada que representa o "capitalista coletivo" salvaguarda essa pilhagem através de uma infinidade de leis e normas que garantem a opressão e a exploração capitalistas.
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A economia soviética já se integrou no sistema do capitalismo mundial. Enquanto os capitais norte-americanos, alemães, japoneses, etc. penetraram profundamente na União Soviética, capitais soviéticos são exportados para outros países e se fundem sob diversas formas com os capitais locais.
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É fato sabido que a União Soviética explora economicamente em primeiro lugar os países satélites. Mas agora ela concorre e luta com outros Estados capitalistas por mercados, por esferas de investimentos, pela pilhagem de matérias primas, pela manutenção das leis neocolonialistas no comércio mundial, etc.
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A nova burguesia soviética exporta capitais para estender sua hegemonia, mas ao fazê-lo defronta-se com a concorrência, não só do imperialismo norte-americano, que é muito poderoso, mas também dos outros Estados capitalistas desenvolvidos, como o Japão, a Inglaterra, a Alemanha Ocidental, a França, etc. Para auferir superlucros, esses Estados exportam capitais tanto para a Ásia, África e América Latina como também para os países da Europa Oriental, que estão sob a tutela da União Soviética revisionista. Exportam capitais inclusive para a própria União Soviética.
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As camarilhas dominantes dos países ditos socialistas, União Soviética, Checoslováquia, Polônia, etc., e agora também a China, permitem o afluxo de capitais estrangeiros em seus países pois esses capitais servem a elas, enquanto pesam sobre as costas dos povos. Os países do Comecon estão mergulhados em grandes dívidas. Possuem uma dívida de 50 bilhões de dólares junto aos países ocidentais.
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A Iugoslávia foi um dos primeiros países revisionistas a permitir a penetração de capitais estrangeiros em sua economia. No início ela contraiu créditos, depois comprou patentes e a seguir passou à constituição de empresas mistas. Em 1967 aprovou-se na Iugoslávia uma lei permitindo a criação de empresas mistas com 49% de capital de companhias estrangeiras. Em 1977 havia no país 170 dessas empresas. A Iugoslávia assegurou as condições mais favoráveis para as empresas capitalistas desenvolverem sua atividade e garantirem o máximo de lucro.
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O fenômeno ocorrido na Iugoslávia comprova que os capitais estrangeiros ali investidos constituem um dos fatores decisivos de sua transformação num país capitalista. Os Estados Unidos e outros ricos países capitalistas não perderam com esses investimentos, pelo contrário, auferiram grandes lucros, aumentando a miséria da classe operária e do campesinato da Iugoslávia. Lênin disse que a exportação de capitais é uma sólida base para a exploração da maioria das nações e países do mundo, para o parasitismo capitalista de um punhado de Estados riquíssimos.
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Os Estados capitalistas também auferirão grandes lucros na China. Estamos vendo como os capitais norte-americanos, japoneses, alemães ocidentais, etc. precipitam-se para a China aos bilhões de dólares. Assinou-se com os japoneses acordos para exploração conjunta das jazidas petrolíferas e do potencial energético do rio Yangtsé. Assinou-se com os alemães um acordo para a construção de minas de carvão e assim por diante. Os investimentos que são e serão feitos na China trarão seguramente lucros satisfatórios para os capitalistas estrangeiros, mas ao mesmo tempo fortalecerão as bases do capitalismo na China.
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A exportação de capitais de um país capitalista para outro, capitalista ou revisionista, seja grande ou pequeno o Estado que exporta ou importa, é sempre uma das formas de exploração dos povos pelo capital. Essa exploração traz consigo a dependência econômica e política do país que recebe esses capitais.
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Lênin acentuou que, depois de apoderar-se do mercado interno, os monopólios lutam para redividir e conquistar economicamente o mercado mundial de produtos industrializados e matérias primas. A concorrência e a sede de lucros levam os monopolistas dos diferentes paises a concluir acordos temporários, entrar em alianças e uniões para dividir os mercados no plano internacional, vender manufaturados e comprar matérias primas. Mesmo quando possuem reservas de matérias primas e energéticas, os Estados capitalistas desenvolvidos precipitam-se sobre os demais países, pois os custos de produção nestes últimos são mais reduzidos e acima de tudo o salário dos operários é várias vezes mais baixo.
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É conhecida a luta que vem se travando pela conquista das jazidas e dos mercados de petróleo. Em decorrência dela, dezenas, centenas de empresas e associações privadas foram destruídas e chegou-se a uma situação em que o cartel internacional do petróleo, que une sete grandes monopólios (cinco norte-americanos, um inglês e um anglo-holandês, as famosas Esso, Texaco, Shell, etc.), controla mais de 60% da extração e comercialização do petróleo nos países capitalistas do mundo ocidental e refina cerca de 54% desse óleo.
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Essa divisão das fontes de produção e dos mercados consumidores também se estende atualmente aos minérios de cobre e estanho, ao urânio e outros minerais preciosos e estratégicos.
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Muitos dos antigos países colonialistas, como a Inglaterra e a França, concluíram com as ex-colônias acordos especiais, ditos preferenciais, de colaboração, etc., que lhes asseguram privilégios econômicos e comerciais quase exclusivos. As chamadas zonas do dólar, da libra, do franco, do rublo, mostram uma divisão econômica do mundo entre os diversos monopólios e Estados imperialistas.
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O imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e as demais potências imperialistas garantem o lucro máximo por diversos meios, através do comércio discriminatório e desigual com as antigas colônias. Somente os países "em desenvolvimento", excetuando os da OPEP, possuem hoje um saldo comercial passivo de quase 34 bilhões de dólares.
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Sobretudo nas atuais condições de crise econômica, os monopólios concluem acordos diretos com os governos dos países capitalistas, quanto às cotas de produção, aos preços, ao escoamento dos produtos, etc. A existência de organismos como o Mercado Comum Europeu, o Comecon, etc., também evidencia a divisão econômica existente hoje no mundo.
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Essa divisão econômica do mundo, o domínio dos monopólios, sua tutela sobre a vida e o desenvolvimento econômico de outros países, acirram ainda mais não só a contradição entre o trabalho e o capital como as contradições entre os povos e o imperialismo e as contradições inter-imperialistas.
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A teoria chinesa dos "três mundos", que procura conciliar o "terceiro" com o "segundo" mundo e com o imperialismo norte-americano, desconhece essa realidade. Não deseja enxergar que a ofensiva irrefreável dos monopólios norte-americanos, ingleses, alemães, japoneses, franceses, etc., rumo ao que a China chama de "terceiro mundo", aumenta a resistência dos povos a todas as potências imperialistas e hegemonistas e amplia as condições objetivas para a luta irreconciliável entre eles. Por outro lado, o desenvolvimento desigual das potências imperialistas, que é uma lei objetiva do desenvolvimento do capitalismo, leva a uma concorrência e a atritos irredutíveis na luta pela expansão econômica em todo o mundo.
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Ao procurar conciliar essas contradições e repetir a mesma velha pregação da social-democracia e dos revisionistas de todos os matizes, a teoria chinesa dos "três mundos" entra em contradição flagrante com a estratégia leninista, que visa não negar mas sim aprofundar essas contradições de forma a preparar o proletariado para a revolução e os povos para a libertação.
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Em sua análise do imperialismo, Lênin pôs em evidência que, com a passagem do capitalismo pré-monopolista à sua fase superior e final, ao imperialismo, conclui-se a divisão territorial do mundo entre as grandes potências imperialistas.
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"... o traço característico do período que nos ocupa é a repartição definitiva da Terra, definitiva não no sentido de que seja impossível redividí-la - pelo contrário, novas divisões são possíveis e inevitáveis -, mas no sentido de que a política colonial dos países capitalistas já terminou a conquista de todas as terras não ocupadas que havia em nosso planeta. Pela primeira vez, o mundo já se encontra repartido, de modo que daqui por diante poderá haver unicamente redivisões, ou seja, a passagem de territórios de um 'proprietário' para outro...". (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pgs. 308-309).
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O velho colonialismo clássico, que explorava física, econômica, política e ideologicamente a maioria dos povos do mundo, transformou-se depois da II Guerra Mundial num novo colonialismo. Esse novo colonialismo compreende todo um sistema de medidas econômicas, políticas, militares e ideológicas, que o imperialismo erigiu objetivando manter seu domínio, garantir o controle político e a exploração econômica das ex-colônias e de muitos outros países, adequando-se às novas condições criadas no após-guerra.
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Quais são essas novas condições?
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Os países imperialistas - França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Japão e América do Norte - não tinham condições de manter pela força, no após-guerra, a situação que existia anteriormente. A França, por exemplo, não podia mais manter como colônias, como antes, o Marrocos, a Argélia, a Tunísia e outros países da África. Podemos dizer o mesmo do imperialismo inglês, do italiano e outros.
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A II Guerra Mundial provocou uma mudança radical na correlação de forças no mundo. Levou à destruição das grandes potências fascistas, mas também abalou desde os alicerces e debilitou muito as velhas potências colonialistas. A guerra antifascista despertou em toda parte, mesmo nos países que não foram incluídos na sua voragem, o problema da libertação nacional. Os povos das ex-colônias que participaram da guerra juntamente com os países da coalizão antifascista para escapar do jugo do fascismo não podiam retroceder e tolerar por mais tempo o jugo colonial. A Vitória da União Soviética sobre o nazismo, a criação do campo socialista, a libertação da China, deram um impulso poderosíssimo ao despertar da consciência nacional e da luta de libertação dos povos. As amplas massas dos povos colonizados conseguiram compreender que a situação anterior tinha de mudar. Eclodiram lutas de libertação na Indochina, no Norte da África, etc.
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Forçados por essa situação, muitos países colonialistas compreenderam que o velho modo de exploração e administração das colônias, sem qualquer liberdade ou independência, estava ultrapassado. As potências imperialistas, colonialistas, chegaram a essa conclusão não movidas por sentimentos democráticos ou pelo desejo de dar liberdade aos povos, mas empurradas pelos povos colonizados e por sua debilidade militar, econômica, política, ideológica para manter o velho colonialismo. Mas o imperialismo francês inglês, italiano, norte-americano, etc. não queria renunciar à exploração desses povos e países. As circunstâncias obrigaram cada uma das potências imperialistas a conceder autonomia ou prometer liberdade e independência a esses povos após certo tempo. Nesse período, que diziam fixar para que se criasse uma consciência de autodeterminação e se preparasse quadros nativos, elas visavam na verdade urdir novas formas de exploração imperialista, o novo colonialismo, dando a países e povos a falsa impressão de haverem conquistado a liberdade.
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Essa foi uma fase do após-guerra em que o imperialismo mundial sofreu uma grande derrota, em que a crise do sistema colonial do imperialismo se acentuou ainda mais. Nesse período de putrefação do capitalismo devido ao enfraquecimento do imperialismo na II Guerra Mundial, os Estados Unidos aproveitaram e criaram uma nova e profunda forma de exploração dos povos coloniais supostamente livres e independentes. Alastraram seu poderio imperialista em países que eram colônias de outras potências imperialistas, então debilitadas de uma ou de outra maneira.
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Embora tivessem conseguido essa "independência" e essa "liberdade", dadas à sua maneira pelas antigas potências colonialistas, vários povos de ex-colônias foram obrigados a empunhar armas, pois os imperialistas não se dispunham a conceder imediatamente tal "liberdade" e "independência". Os imperialistas franceses, sobretudo, procuravam manter no após-guerra a força ou "grandeza" da França. Dessa forma, os povos da Argélia, do Vietnã e muitos outros iniciaram a prolongada luta de libertação que finalmente coroaram com a vitória. Não entraremos aqui em detalhes sobre como alcançaram essa vitória, quais foram as forças sociais que combateram, etc. O fato é que o velho imperialismo francês e inglês debilitou-se. Comprovou-se assim a tese de Lênin de que o imperialismo está em decomposição, de que a velha sociedade capitalista-imperialista está sendo minada pelos movimentos revolucionários e pelas aspirações de liberdade dos povos oprimidos e escravizados.
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Durante esse período o imperialismo norte-americano empanturrou-se, ampliou a zona do dólar, colocou sob seu controle territórios da zona do franco, da libra esterlina e, para manter seu poderio hegemônico imperialista, que consistia na máxima exploração dos povos, criou muitas bases militares e instalou camarilhas políticas pró-americanas em muitos países que haviam supostamente conquistado a liberdade e a independência. Essa exploração naturalmente era acompanhada de uma série de mudanças de estrutura e de superestrutura.
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O capital financeiro criou também uma ideologia própria, que o guia na exploração do proletariado e na conquista do mundo. Completa a dominação dos povos e a legitimação desse domínio com formas variadas e adocicadas, advogando e concedendo certa liberdade, certa independência, criando também uns tantos partidos ditos democráticos, etc.
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Juntamente com as inversões de capitais norte-americanos, com a criação de bancos e das chamadas multinacionais, exporta-se também o modo de vida norte-americano, com a degenerescência que lhe é própria.
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A exportação de capitais pelas grandes potências imperialistas cria colônias, que hoje são os países onde reina o neocolonialismo. Esses países têm uma independência meramente formal. Em outras palavras, hoje como antes desenvolve-se o mesmo processo de exportação de capitais, mas de formas distintas, com explicações e propaganda "adocicada". A exploração dos povos desses países até a medula permanece sempre a mesma e mais selvagem ainda; prossegue igualmente a pilhagem dos recursos naturais.
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A maior potência neocolonialista de nosso tempo são os Estados Unidos da América. Os investimentos de capitais governamentais e privados dos Estados Unidos nas ex-colônias, países dependentes e semi-dependentes no triênio 1973/75 representavam cerca de 36% de todos os investimentos dos países capitalistas e revisionistas mais desenvolvidos nas mesmas áreas. (Anuário Estatístico da RFA, 1977).
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Os tratados e acordos econômicos, políticos e militares entre as potências imperialistas e as ex-colônias são escravizantes, são armas nas mãos do imperialismo para manter esses países avassalados. Hoje, como ontem, soam muito atuais as palavras de Lênin, que acentuava que:
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"... é indispensável explicar e desmascarar incansavelmente perante as amplas massas trabalhadoras de todos os países, sobretudo dos países atrasados, o engodo sistematicamente empregado pelas potências imperialistas, que, fingindo criar Estados politicamente independentes, criam na verdade Estados sob sua completa dependência dos pontos de vista econômico, financeiro e militar..." (V. 1. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXXI, pg. 159).
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Para manter os povos dominados, o imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e as demais potências imperialistas velhas e novas instigam, onde quer que possam, rixas entre Estados vizinhos ou entre distintos grupos sociais dentro de um país; e depois interferem nos assuntos internos dos outros, no papel de árbitros ou de defensores de uma das partes, justificam sua presença econômica, política e militar. Os fatos mostram que sempre que as superpotências intrometeram nos assuntos internos dos povos, os problemas ficaram por solucionar, ou desembocaram na consolidação das posições do imperialismo e do social-imperialismo nos países em questão. Os acontecimentos no Oriente Médio, o conflito entre a Somália e a Etiópia, a guerra entre o Camboja e o Vietnã, etc. atestam esta verdade.
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Os Estados Unidos, a União Soviética e todos os demais países capitalistas consolidam, juntamente com seus investimentos, as posições que possuem nos países que os aceitam, lutam por mercados e zonas de influência. Isso cria atritos entre diversos Estados capitalistas, entre grandes consórcios que não são ligados entre si nem interdependentes. Esses atritos instigam guerras locais e podem levar a uma conflagração geral. Segundo ensina o leninismo, a guerra deflagrada por tais motivos, seja ela local ou geral, tem caráter rapace e não libertador. Somente quando os povos se erguem contra invasores estrangeiros, quando se levantam contra a burguesia capitalista nativa que se encontra estreitamente ligada ao imperialismo, ao social-imperialismo e ao capital mundial, essa guerra é justa, é libertadora.
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Os representantes do grande capital internacional falam muito na suposta necessidade de modificar o atual sistema de relações econômicas internacionais e de criar uma "nova ordem econômica mundial", apoiada também pelos dirigentes chineses. Segundo eles, essa "nova ordem econômica" servirá de "base para a estabilidade global". Os revisionistas soviéticos por seu turno falam na criação da chamada nova estrutura das relações econômicas internacionais.
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São estes os esforços e planos das potências imperialistas e neocolonialistas, desejosas de dar alento e prolongar a vida do neocolonialismo, de manter a opressão e a pilhagem dos povos. Mas as leis do desenvolvimento do capitalismo e do imperialismo não se submetem aos desejos nem às invenções teóricas da burguesia e dos revisionistas. Como disse Lênin, a saída dessas contradições é a luta conseqüente contra o colonialismo e o neocolonialismo, a revolução.
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Ao analisar os traços econômicos fundamentais do imperialismo, Lênin definiu também seu lugar histórico. Acentuou que o imperialismo é não só a fase superior mas também a última fase do capitalismo, é a ante-sala da revolução proletária. Lênin disse que:
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"O imperialismo é uma fase histórica específica do capitalismo..., é (1) capitalismo monopolista; (2) capitalismo parasitário ou em decomposição; (3) capitalismo agonizante." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXIII, pg. 122).
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A realidade do mundo capitalista atual confirma plenamente esta conclusão.
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Conforme demonstrou Lênin, o monopólio é a base econômica de todas as mazelas econômico-sociais do imperialismo. Os monopólios são impotentes para superar as contradições da economia capitalista. Lênin vinculava organicamente o parasitismo e a decomposição do imperialismo com a tendência do monopólio para frear em geral o desenvolvimento das forças produtivas, para aprofundar o desenvolvimento desproporcional dos ramos econômicos e ao nível de toda a economia nacional, para não explorar capacidades produtivas humanas e materiais, com a tendência a entravar a aplicação das novidades da ciência e da técnica em favor das massas e do progresso de toda a sociedade.
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A ambição do lucro, a concorrência, obrigam os monopólios a investir na introdução de técnicas avançadas no processo produtivo. Mas em todo o processo histórico do desenvolvimento do imperialismo o que domina é a tendência ao desenvolvimento desproporcional e contido.
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Os gastos na pesquisa e desenvolvimento da ciência no campo industrial, especialmente na indústria bélica, nos Estados Unidos, por exemplo, passaram de 2 bilhões de dólares em 1950 para cerca de 11 bilhões em 1965 e por volta de 30 bilhões em 1972. Muitas vezes as grandes firmas também encontram dificuldades na pesquisa científica, mas assim que fazem uma descoberta compram a patente, contratam operários qualificados e, unicamente onde seus interesses o ditam, colocam-na em prática.
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Naturalmente, os setores principais e que apresentam mais interesse para os investimentos destinados ao desenvolvimento e à revolução da técnica têm prioridade, pois asseguram maiores lucros. O primeiro lugar fica com a indústria bélica, pois também é ela que apresenta a taxa de lucro mais elevada. Nos Estados Unidos, por exemplo, em 1964 investiu-se 3 bilhões e 565 milhões de dólares em pesquisa científica no setor de aeronáutica e mísseis. No mesmo ano investia-se 1 bilhão e 537 mil dólares na indústria elétrica e de telecomunicações, 196 milhões na indústria química, 136 milhões na de máquinas, 174 milhões na automobilística, 172 milhões na de instrumentos científicos, 38 milhões na de produtos de borracha, 8 milhões na de querosene, 9 milhões na de metano, etc.
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Como expressão da decomposição do imperialismo, a militarização da economia tornou-se, nas atuais condições, um traço característico de todos os países capitalistas e revisionistas. Mas o processo de militarização da economia assumiu dimensões nunca vistas particularmente nos Estados Unidos e na União Soviética. Os gastos militares diretos das duas partes cobraram proporções astronômicas, compreendendo conjuntamente uma soma de mais de 240 bilhões de dólares anuais.
Em sua política de hegemonia e domínio mundial, os Estados Unidos e a União Soviética também empregam em ampla escala o tráfico de armas, que é outra expressão clara da putrefação do imperialismo. Eles vendem a cada ano armas num valor de mais de 20 bilhões de dólares. A Inglaterra, a Alemanha Ocidental, a França, a Itália e outros Estados imperialistas também vendem armamentos. Os clientes ordinários desse comércio imperialista são camarilhas reacionárias e fascistas como as do Chile, Brasil, Argentina, Israel, Espanha, Coréia do Sul, Rodésia, República da África do Sul, etc. Também são clientes os países ricos em matérias primas estratégicas ou petróleo, que os imperialistas tentam seduzir com armas, a troco da pilhagem de seus recursos.
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A eclosão cada vez mais amiudada das crises econômicas de superprodução testemunha claramente a decomposição e o parasitismo do capitalismo monopolista atual. A eclosão das crises, que agora tornaram-se muito profundas, comprova a justeza da teoria marxista sobre o caráter anárquico, espontâneo e desproporcional da produção e do consumo; e desmente as "teorias" burguesas do desenvolvimento do capitalismo "sem crises", ou da transformação do capitalismo num "capitalismo dirigido".
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A lei geral da acumulação capitalista, descoberta por Marx, atua com força ainda maior na sociedade capitalista atual: enquanto de um lado aumenta a pobreza dos trabalhadores, do outro crescem os lucros dos capitalistas. Aprofunda-se o processo de polarização da sociedade em proletários e burgueses, estes últimos representando um número limitado de pessoas.
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Possuindo maiores condições econômicas para corromper as camadas superiores do proletariado, a aristocracia operária, o sistema imperialista atual incrementou-as em proporções muito vastas.
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Hoje em dia a oligarquia financeira emprega amplamente essa aristocracia para enganar e confundir o proletariado, para extinguir seu ímpeto revolucionário. Aqueles que Lênin chamava socialistas de palavras, mas imperialistas de fato, saem ordinariamente da aristocracia operária. Esta caracterização de Lênin inclui a social-democracia, os "partidos operários burgueses", os dirigentes oportunistas dos sindicatos, os revisionistas contemporâneos, etc. Lênin acentua que o imperialismo liga-se com o oportunismo, que os oportunistas ajudam a manter e reforçar o imperialismo. Dizia ele que:
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"... os mais perigosos são aqueles que não desejam compreender que a luta contra o imperialismo é uma frase vazia e falsa se não se encontra indissoluvelmente ligada à luta contra o oportunismo". (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 367).
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Também se observa claramente a decomposição do imperialismo no aumento e aprofundamento da reação em todos os campos e sobretudo no político e social. Como confirma a prática, a burguesia monopolista, ao ver que a luta de classes se acirra, arranca a máscara, negando às massas trabalhadoras até os poucos direitos que elas conquistaram a preço de sangue. Prova disso são os regimes e ditaduras fascistas instaurados em numerosos países.
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Todo esse sistema apodrecido, que encontra-se numa situação caótica, é sustentado por um grande exército pretoriano, por uma polícia numerosíssima, fortemente mobilizada e armada até os dentes. Todas essas forças militar-policiais entram em ação para evitar ou esmagar qualquer resistência que ultrapasse os quadros definidos por um emaranhado de leis feitas pela burguesia no poder. Os quadros do exército e das demais armas repressivas vivem à farta e recebem polpudos soldos. Na Itália, por exemplo, só se ouve falar no exército, na polícia, nos carabineiros, nos agentes de segurança, que são condecorados, mas também mortos.
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Nessa situação tão confusa reinante nos Estados burgueses, desenvolveu-se e espraiou-se o banditismo, que é engendro do próprio sistema capitalista, expressão de sua degenerescência, espelho do desespero e da desorientação provocados pelo sistema burguês de opressão e exploração. A burguesia procura conter as manifestações de banditismo que lhe causam problemas e que criam inquietude para o Estado burguês. Mas incita e emprega o banditismo para aterrorizar as amplas massas trabalhadoras, que vivem na miséria. Em muitos países capitalistas o banditismo converteu-se numa indústria e difundiu-se desde os assaltos a bancos, a lojas, até os seqüestros de pessoas, exigindo-se grandes resgates para libertá-las. Em alguns países, o banditismo está organizado em diferentes agrupamentos. Tais agrupamentos possuem alguns nomes que soam "revolucionários", "comunistas", etc. A burguesia deixa-lhes campo livre para atuarem a fim de preparar a situação e justificar a consumação de um golpe de Estado fascista. Para desmoralizar a revolução e o socialismo, apresenta-se essa atividade bandidesca como se fosse desenvolvida por "grupos comunistas" que supostamente atuariam contra o sistema burguês.
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Podemos dizer à guisa de conclusão que na situação atual do imperialismo em seu conjunto, do imperialismo norte-americano, do social-imperialismo soviético e também dos demais imperialismos, o imperialismo, seja qual for, está na fase do debilitamento e da putrefação. E que, através da revolução, a velha sociedade será destruída pelos alicerces e substituída por uma nova sociedade, pela sociedade socialista. Esta nova sociedade socialista existe e ampliar-se-á, desenvolver-se-á, conquistará terreno, independente dos revisionistas soviéticos terem traído o socialismo na União Soviética, independente de que na China domina o oportunismo e está se erguendo um novo social-imperialismo, independente de que o capitalismo tenha sido restaurado nos antigos países de democracia popular. O socialismo seguirá seu caminho e triunfará por meio de luta e de esforços contra o imperialismo e o capitalismo mundial, mas jamais e de forma alguma por meio de reformas, pela via parlamentar e pacífica, como pregava Kruschov e como pregam todos os revisionistas. Triunfará permanecendo fiel à teoria leninista sobre o imperialismo e a revolução proletária e jamais segundo as atuais teorias revisionistas que proclamam o capitalismo monopolista de Estado como uma fase nova e específica do capitalismo, como o "surgimento de elementos socialistas no seio do capitalismo".
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Partindo-se da conclusão de Lênin sobre a natureza e o lugar histórico do imperialismo, todo o imperialismo mundial, enquanto sistema social, não tem mais aquele poder dominante exclusivo de antes, em conseqüência das contradições que o corroem por dentro e das lutas libertadoras e revolucionárias dos povos. É essa a dialética da história e ela comprova e tese marxista-leninista de que o imperialismo está em declínio, está em decadência, está em decomposição.
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O enfraquecimento do capitalismo e do imperialismo é hoje a tendência principal da história mundial. Marx e Lênin o demonstraram, baseando-se em dados concretos, nos acontecimentos da história, na dialética materialista. A tendência à união dos esforços dos Estados que se opõem ao imperialismo também conduz ao debilitamento deste. Mas esta segunda tendência, absolutizada como é pela China, sem se fazer as necessárias diferenciações, sem se estudar as situações específicas, não conduz a um caminho correto. Ao pretender que o imperialismo norte-americano está em declínio e é menos poderoso do que o social-imperialismo soviético, ao proclamar o "terceiro mundo" como principal força motriz de nossa época, os dirigentes chineses incitam na prática à capitulação e à submissão perante a burguesia.
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É verdade que os povos exigem a libertação, mas devem conquistá-la unicamente com luta, com esforços e tendo à frente uma direção combativa. Marx, Engels, Lênin e Stálin nos ensinam que esta direção é o proletariado de cada país. Mas o proletariado e seus partidos marxista-leninistas devem fazer bem as análises políticas, econômicas e militares, colocar todas elas na balança, adotar decisões e definir uma estratégia e uma tática adequadas, tendo sempre em vista a preparação e a realização da revolução. Se não se tem em vista a revolução, como fazem os chineses, nem as análises, nem as ações, nem a estratégia e nem as táticas podem ser marxista-leninistas, revolucionárias.
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Não podemos ter nenhuma ilusão quanto a qualquer tipo de imperialismo, seja ele forte ou menos forte. A natureza do imperialismo cria as condições para a expansão econômica e política, para a deflagração de guerras, pois seu caráter intrínseco é explorador, agressivo. Portanto, enganar as amplas massas dos povos que exigem a libertação, dizendo-lhes que a alcançarão sob a guia de teorias revisionistas como a dos "três mundos", é cometer um crime contra os povos e a revolução.
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Nossa época, como nos ensina Lênin, é a época do imperialismo e das revoluções proletárias. Nós, marxista-leninistas, devemos deduzir disso que precisamos combater com o máximo desabrimento o imperialismo mundial, qualquer imperialismo, qualquer potência capitalista que explora o proletariado e os povos. Acentuamos a tese leninista de que a revolução encontra-se hoje na ordem do dia. O mundo avançará rumo a uma nova sociedade, que será a sociedade socialista, O capitalismo mundial, o imperialismo e o social-imperialismo apodrecerão ainda mais e sucumbirão através da revolução.
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Lênin nos ensina a combater até o fim o imperialismo, a criticá-lo na ampla acepção do termo e a levantar as classes oprimidas contra a política imperialista, contra a burguesia. A análise marxista-leninista do atual desenvolvimento do imperialismo mostra claramente que não há nada a mudar na análise e nas conclusões de Lênin sobre o imperialismo, sobre sua natureza e características, sobre a revolução. Os esforços de todos os oportunistas, desde os social-democratas até os revisionistas kruschovianos e chineses, para desvirtuar as teses leninistas sobre o imperialismo são contra-revolucionários. Seu objetivo é negar a revolução, embelezar o imperialismo, prolongar a vida do capitalismo.
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Quando Lênin desmascara o imperialismo e seus apologistas do tipo de Bernstein, Kautsky, Hilferding e todos os demais oportunistas da II Internacional, observa que:
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"A ideologia imperialista penetra, inclusive, no seio da classe operária. Não há uma muralha da China entre esta e as demais classes. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 34
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Mas, desgraçadamente, até a "muralha chinesa" agora foi demolida e a propaganda e a ideologia imperialistas penetraram na China. Os oportunistas chineses não são nada originais. Ao trilhar o caminho de Kautsky e companhia, também eles embelezam o imperialismo em geral e o norte-americano em particular, apresentando este último como um imperialismo que se encontra em retirada e no qual os povos devem se apoiar para defender-se dos social-imperialistas soviéticos.
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A semelhança entre as "teorias" dos revisionistas chineses e as de Kautsky é por demais evidente. Em seu tempo, este último tentava defender a política colonial do imperialismo ocultar sua atividade de exploração e expansão, deformando a teoria marxista sobre o desenvolvimento do capitalismo. Atualmente os dirigentes chineses estão fazendo o mesmo. Desejosos de apoiar o imperialismo norte-americano e sua política neocolonialista, promulgam teorias absurdas, supostamente apoiadas em Marx ou em Lênin. Mas, para se usar a linguagem de Lênin, a "teoria" chinesa é uma chafurdice no lodaçal do revisionismo e do oportunismo.
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A teoria de Kautsky difundia a ilusão de que nas condições do capitalismo monopolista existiria a possibilidade de outra política, não anexionista. Lênin acentuava a esse respeito:
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"O essencial consiste em que Kautsky separa a política do imperialismo de sua economia, interpretando as anexações como uma política 'preferida' pelo capital financeiro e opondo a ela outra política burguesa, possível, segundo ele, sobre a mesma base do capital financeiro. Resulta daí que os monopólios na economia são compatíveis com a atuação não monopolista, não violenta, não anexionista em política. Resulta que a repartição territorial do mundo, concluída precisamente na época do capital financeiro e que constitui a base da peculiaridade das formas atuais da rivalidade entre os maiores Estados capitalistas, é compatível com uma política não imperialista. Isso leva a se dissimular, a se atenuar as contradições mais importantes da fase atual do capitalismo ao invés de pô-las a descoberto em toda a sua profundidade; chega-se assim a um reformismo burguês em lugar do marxismo." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 328).
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Ignorando o fato de que os monopólios, o capital financeiro, dominam o campo econômico nos Estados Unidos e de que são precisamente eles que ditam a política interna e externa, os revisionistas chineses falam de um imperialismo pacífico, que não exige mais a expansão e inclusive está em retirada. Os dirigentes chineses "esquecem" o que disse Stálin, que os traços e exigências principais da lei econômica fundamental do capitalismo atual são:
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"... assegurar o máximo de lucro capitalista explorando, arruinando e empobrecendo a maioria da população de determinado país, escravizando e despojando sistematicamente os povos de outros países, sobretudo dos países atrasados, enfim, desencadeando guerras e militarizando a economia nacional, com vistas a assegurar o máximo de lucros". (J. V. Stálin, Problemas Econômicos do Socialismo na URSS, pg. 45, Tirana, 1974).
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Assim, as "novas" teorias dos dirigentes chineses testemunham que eles entoam a velha cantilena de Kautsky com um novo refrão.
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Ao desmascarar os chefes da II Internacional, que desejavam fazer uma distinção entre as potências imperialistas, dividindo-as em mais e menos agressivas, Lênin acentuava que se tratava de uma postura antimarxista. Essa atitude levou os partidos da II Internacional às posições do chauvinismo, à traição aberta à causa do proletariado e da revolução. Em nossa época - dizia Lênin - não se pode colocar o problema de qual dos Estados imperialistas envolvidos na I Guerra Mundial, num ou noutro campo, é o "mal maior".
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"A democracia moderna - diz ele - só será fiel a si mesma se não se aliar a nenhuma burguesia imperialista, se declarar que 'as duas são piores', se buscar em cada país a derrota da burguesia imperialista. Qualquer outra solução será, de fato, nacional-liberal, que nada tem em comum com o verdadeiro internacionalismo. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI, pgs. 145-146)
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Nas condições atuais, caso se aceitasse a tese chinesa segundo a qual o social-imperialismo soviético é mais agressivo do que o imperialismo norte-americano, passar-se-ia à traição aberta à revolução, à missão histórica da classe operária, passar-se-ia às posições da II Internacional. As duas superpotências imperialistas representam no mesmo grau o inimigo e o perigo principal para o socialismo, para a liberdade e independência dos povos, para a soberania das nações. Elas são os principais defensores do capitalismo mundial.
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Para ocultar sua traição aos povos, os dirigentes chineses dizem que as relações entre os grandes monopólios e alguns países que têm grandes riquezas criam uma situação que pode evitar inclusive os conflitos entre as potências monopolistas e os povos. Trata-se de um grande absurdo, uma tentativa de fazer passar por mansa a fera imperialista, de criar um clima de falsa euforia, como se o investimento de capital criasse bem-estar para o povo do país onde ele é realizado e assim não mais existissem contradições antagônicas entre os imperialistas e os povos desses países. Essa teoria falsificada pregada atualmente pelos dirigentes chineses foi concebida pelo imperialismo para estender seu domínio por todo o mundo, para ajudar as camarilhas reacionárias dominantes em diversos países a oprimir seu povo e a leiloar o país aos estrangeiros.
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Essas "teorias" são a repetição, sob novas e refinadas vestes, das teorias reacionárias dos oportunistas da II Internacional. Na época da I Guerra Mundial, Lênin desmascarou a teoria antimarxista do "ultra-imperialismo", de Kautsky. Este dizia que, nas condições do imperialismo, as guerras poderiam ser evitadas através de um acordo entre os capitalistas de diversos países.
Na polêmica com Kautsky, Lênin dizia que:
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"... as alianças 'inter-imperialistas' ou 'ultraimperialistas' na realidade capitalista, e não na vulgar fantasia pequeno-burguesa dos curas ingleses ou do 'marxista' alemão Kautsky - seja qual for a forma que assumam: de uma coalizão imperialista contra outra coalizão imperialista ou a de uma aliança geral de todas as potências imperialistas -, não passam, inevitavelmente, de 'tréguas' entre as guerras". (V. I. Lênin. Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pgs. 359-360).
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Estes ensinamentos de Lênin são muito atuais nas condições de hoje, em que os revisionistas chineses falam e esforçam-se febrilmente para criar uma aliança e uma grande frente mundial com todos os Estados e regimes fascistas e feudais, capitalistas e imperialistas, inclusive os Estados Unidos, contra o social-imperialismo soviético.
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As alianças entre os países imperialistas - ressaltava Lênin - podem ser criadas, mas com o único objetivo de esmagar conjuntamente a revolução, o socialismo, de saquear conjuntamente as colônias e países dependentes e semidependentes.
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A exemplo dos chefes da II Internacional, os revisionistas chineses substituíram a palavra de ordem do Manifesto Comunista "Proletários de todos os países, uní-vos !" pela palavra de ordem pragmática de "Unamo-nos a todos os susceptíveis de serem unidos", contra o social-imperialismo soviético.
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A teoria dos "três mundos", inventada pelos dirigentes chineses, não analisa o desenvolvimento histórico do imperialismo sob o prisma marxista-leninista. Analisa-o sob um prisma genérico, ignorando as contradições de nossa época, tão claramente definidas por Marx e Lênin. Seguindo essa "teoria", a China "socialista" une-se com o imperialismo norte-americano e com o "segundo mundo", ou seja, com os demais imperialistas, que exploram os povos, e conclama o "terceiro mundo", os povos que aspiram combater o imperialismo e o capitalismo mundial, seja ele o norte-americano ou o social-imperialismo soviético, a unirem-se apenas contra o social-imperialismo soviético.
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A teoria titista dos países "não-alinhados" é tão antimarxista quanto a teoria dos "três mundos".
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Essas duas "teorias" são os trilhos de uma mesma ferrovia, sobre a qual passa o trem do imperialismo norte-americano e do social-imperialismo soviético, cuja carga são as riquezas saqueadas aos povos do mundo. Os titistas e os revisionistas chineses procuram abrir uns tantos furos nos vagões desse trem imperialista e social-imperialista, para deixar cair um pouco de óleo, um pouco de açúcar, algum dólar, alguma libra, algum franco ou algum rublo. Esses trilhos, que se assentam sobre o dorso dos povos oprimidos e procuram mantê-los constantemente subjugados, são duas teorias tão reacionárias quanto todas as demais teorias antimarxistas dos trotskistas, anarquistas, bukarinistas, kruschovianos, togliattistas, carrillistas, marchaistas, etc.
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A vida comprova continuamente as geniais teses de Lênin sobre o imperialismo. O capitalismo ingressou em sua fase de decomposição. Essa situação suscita a revolta dos povos e empurra-os para a revolução. A luta dos povos contra o imperialismo e contra as camarilhas capitalistas burguesas cresce sob formas diferentes e com intensidade diferente. A quantidade transformar-se-á indubitavelmente em qualidade. Isso ocorrerá primeiro nos países que constituem os elos mais débeis da cadeia capitalista, onde a consciência e a organização da classe operária alcançaram um nível elevado, onde a compreensão política e ideológica do problema aprofundou-se.
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O imperialismo intensificou a bárbara opressão e exploração dos povos. Mas ao mesmo tempo os povos do mundo também tornam-se cada vez mais conscientes de que não se pode mais viver na sociedade capitalista de hoje, onde as massas trabalhadoras não são menos oprimidas e exploradas do que no período anterior à Guerra.
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Apesar de seus esforços e dos de seus adeptos, o imperialismo não poderá nem agora e nem tampouco mais tarde encontrar estabilidade na tentativa de instaurar a hegemonia sobre os povos. Não poderá encontra-la devido ao despertar da consciência da classe operária e das massas trabalhadoras oprimidas, que querem a libertação, e também devido às inevitáveis contradições inter-imperialistas.
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Os povos estão vendo e mais tarde verão ainda melhor que o imperialismo e o capitalismo mundial não se apóiam apenas na força econômica, militar, política, ideológica das duas superpotências, mas também nas classes ricas que mantêm os povos de seus países subjugados, explorados, amedrontados, para que não se ponham de pé pela conquista da verdadeira liberdade e independência.
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As amplas massas dos diferentes povos do mundo começaram a compreender igualmente que se deve derrubar a atual sociedade burguês-capitalista, o sistema explorador do imperialismo mundial. Para os povos isso não é apenas urna aspiração, em muitos países eles inclusive pegaram em armas.
Portanto, não há necessidade de se teorizar dividindo o mundo em três ou quatro partes, em "alinhados" e "não-alinhados", mas de encarar e interpretar corretamente o grande processo histórico objetivo segundo os ensinamentos do marxismo-leninismo. O mundo está dividido em dois, o mundo do capitalismo e o novo mundo do socialismo, que estão em guerra sem quartel entre si. Nesta luta triunfará o novo, o mundo socialista, enquanto a velha sociedade capitalista, a sociedade burguesa e imperialista, será destroçada.

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