quarta-feira, 16 de junho de 2010

O amor não bate à porta - Oscar Quiroga

José Pereira diz 9/Mai/2010 22:55

Boa Noite(JP)

TEM UMA BOA SEMANA VICTOR. ABRAÇO.

O amor não bate à porta


A palavra amor é curta em letras, porém infinita em significados e imensa nas fantasias e sonhos que evoca da alma de qualquer pessoa que esteja em seu são juízo. Ninguém deixa de pensar no amor, até mesmo os cépticos, que afirmam não acreditar no amor, precisam dele para convencer-se de que não existe algo assim para os seres humanos.

Por que será que o amor, que inspira poetas e também alavanca a realização de obras grandiosas, é fugidio ao ponto de ninguém poder afirmar com plena certeza tê-lo encontrado? Ou se o encontrou, tê-lo preservado também? E se o perdeu, por que o perdeu?

Eu, particularmente, pela experiência vivida, não posso dizer tampouco que o encontrei, mas posso dizer aonde ele, com certeza, não está. Assim como milhares de outros seres humanos, me acostumei, quando adolescente, que o amor chegaria até mim como um presente, uma dádiva que me era merecida. Dessa forma entrei naquela sala de espera existencial, aguardando que alguém entoasse meu nome, para só então eu me converter no felizardo que deixaria para trás todas as outras pessoas, que continuariam esperando.

Logo descobri que o amor não é uma espera, pois quem o espera consegue isso: ficar esperando, se iludindo, e então, tudo ficará bem para sempre. O amor chama sim, e inclusive chama para que termine a espera, pois dá a pista que ele só pode acontecer com quem o fizer acontecer.

Ou seja, para se receber um pouco de amor, há de se dar o mesmo tanto de amor. É como diz a última frase musical, da última trilha do álbum branco dos Beatles: "and in the end, the love you take, is equal to the love you make." Traduzindo: no fim, o amor que você pega, é igual ao amor que você faz.

Você quer uma tradução mais clara? Se você quiser colher amor, você terá de se transformar numa pessoa amável, alguém que mereça ser amado. E só merece ser amada a pessoa que ame intensamente.

Pois é, o amor nunca será encontrado esperando, mas praticando-o. Você que está aí esperando amor, lamentando-se porque ele não bate na tua porta, se a tua busca é verdadeira e digna, você vai ter de tomar a iniciativa e amar a despeito de ser amado, fazer o amor acontecer. O amor acontecerá porque você o pratica, e não porque você o espera. E para que continue acontecendo, você terá de preservar-se nessa atitude, pois quando o deixares de praticar, ele desaparecerá.

(Oscar Quiroga) 
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1 comentário:

Anónimo disse...

Prezado senhor autor,

Um bonito texto.
Mas...
O senhor, ao discorrer sobre o amor, não menciona o que há de mais fundamental em amar: o outro. Ver o outro completamente, tomar conhecimento do outro como sujeito, não como objecto - objecto do desejo. Amar o outro, amar alguém, amar uma outra pessoa. Como é possível falar de amor, encontrar o amor, ser encontrado pelo amor, ser digno de ser amado, e et cetera, sem jamais mencionar o outro? De maneira ambiciosa, querer alcançar o amor – abstrato – me parece algo incompleto, insatisfatório, frustrante.
É natural não encontrar o amor dessa maneira. Não seria esta uma ego trip?
Na sala de espera existencial, a expectativa era encontrar... o que?
Não me parece impossível encontrar a pessoa amada nessa sala de espera, ou em qualquer outro lugar. O amor entre duas pessoas pode acontecer de repente, em qualquer lugar, e em qualquer circunstancia. Ele poderá até mesmo bater à porta. Porque não? A historia, a literatura, e o próprio cotidiano mostram que isto não é impossível. É apenas raro, e cada vez mais raro. Mas quando não há entrega, não se doa, e não se enxerga o outro, que nome podemos dar a este exercício do ego?
Respeitosamente pergunto:
como inserir o digno e verdadeiro nisso tudo?

Atentamente,
Maria Del Pilar, T..., C..., Silva, Alvarez, de Toledo.