Na Europa de Leste, se nela incluirmos todo o território do antigo Bloco de Leste e o da ex-Jugoslávia, há hoje cerca de 3500 estudantes universitários a aprender português, distribuídos por dezenas de universidades de mais de uma dúzia de países.
Há muitas explicações para este singular interesse pelo português, que vem crescendo todos os anos, mas nenhuma que seja obviamente predominante. As oportunidades profissionais que o conhecimento do Português pode proporcionar, designadamente no Brasil, mas também em África, ou ainda em organismos da União Europeia, são um dos motivos que estimulam estes estudantes a aprender a língua. Mas nem sempre o estímulo inicial é tão pragmático. André Cunha, professor na Universidade de Belgrado, na Sérvia, conta que ouviu uma aluna do primeiro ano de Língua Portuguesa explicar numa oral que decidira estudar português porque "estava a ver um livro sobre jardins, numa livraria, e apaixonou-se pelos jardins de Portugal".
A Sérvia é, aliás, um caso à parte. Em 2005, André Cunha, jornalista da TSF, que se encontrava no país para "fazer uma coisa sobre os Balcãs", foi convidado pelo Instituto Camões a dar um curso livre de Português na Universidade de Belgrado. "Logo nesse ano, tivemos quase cem alunos", diz. Neste momento, são mais de trezentos, incluindo os inscritos em cursos recentemente criados em mais duas universidades sérvias.
Se as virtudes da jardinagem portuguesa não serão uma motivação habitual, André Cunha está convencido de que há factores culturais que são mesmo determinantes. Alguns generalizáveis a vários países, como a música popular brasileira, mas também outros que têm a ver com circunstâncias locais. No caso da Sérvia, a "moda" do português terá ficado a dever muito aos Madredeus, que estiveram em Belgrado ainda no tempo de Milosevic, quando poucos artistas internacionais se aventuravam a actuar no país, diz André Cunha, ou ao filme Lisbon Story, de Wim Wenders, muito apreciado pela juventude sérvia.
Clara Riso, leitora em Budapeste, acrescenta ainda o facto de os europeus de leste continuarem a olhar para Portugal como um atractivo "destino exótico, o fim da Europa". E acredita que muitos estudantes admitam que o Português lhes possa dar uma vantagem competitiva no mercado, por comparação com línguas onde a concorrência seria maior.
Tal como vários outros leitores do Instituto Camões (IC), Clara Riso acumula a docência com funções geralmente atribuídas a adidos culturais, programando concertos e exposições com artistas portugueses, e organizando deslocações de escritores e outras iniciativas de divulgação cultural.
A par da Sérvia, Madalena Arroja, responsável da divisão de ensino e promoção da língua portuguesa no IC, destaca a Croácia como outro caso de notável expansão do ensino do Português. E realça o facto de o IC estar já presente (dando apoio financeiro e científico) em escolas secundárias de países como a Polónia e a República Checa, o que poderá abrir perspectivas de emprego no seu próprio país aos estudantes de Português. Luís Miguel Queirós
Há muitas explicações para este singular interesse pelo português, que vem crescendo todos os anos, mas nenhuma que seja obviamente predominante. As oportunidades profissionais que o conhecimento do Português pode proporcionar, designadamente no Brasil, mas também em África, ou ainda em organismos da União Europeia, são um dos motivos que estimulam estes estudantes a aprender a língua. Mas nem sempre o estímulo inicial é tão pragmático. André Cunha, professor na Universidade de Belgrado, na Sérvia, conta que ouviu uma aluna do primeiro ano de Língua Portuguesa explicar numa oral que decidira estudar português porque "estava a ver um livro sobre jardins, numa livraria, e apaixonou-se pelos jardins de Portugal".
A Sérvia é, aliás, um caso à parte. Em 2005, André Cunha, jornalista da TSF, que se encontrava no país para "fazer uma coisa sobre os Balcãs", foi convidado pelo Instituto Camões a dar um curso livre de Português na Universidade de Belgrado. "Logo nesse ano, tivemos quase cem alunos", diz. Neste momento, são mais de trezentos, incluindo os inscritos em cursos recentemente criados em mais duas universidades sérvias.
Se as virtudes da jardinagem portuguesa não serão uma motivação habitual, André Cunha está convencido de que há factores culturais que são mesmo determinantes. Alguns generalizáveis a vários países, como a música popular brasileira, mas também outros que têm a ver com circunstâncias locais. No caso da Sérvia, a "moda" do português terá ficado a dever muito aos Madredeus, que estiveram em Belgrado ainda no tempo de Milosevic, quando poucos artistas internacionais se aventuravam a actuar no país, diz André Cunha, ou ao filme Lisbon Story, de Wim Wenders, muito apreciado pela juventude sérvia.
Clara Riso, leitora em Budapeste, acrescenta ainda o facto de os europeus de leste continuarem a olhar para Portugal como um atractivo "destino exótico, o fim da Europa". E acredita que muitos estudantes admitam que o Português lhes possa dar uma vantagem competitiva no mercado, por comparação com línguas onde a concorrência seria maior.
Tal como vários outros leitores do Instituto Camões (IC), Clara Riso acumula a docência com funções geralmente atribuídas a adidos culturais, programando concertos e exposições com artistas portugueses, e organizando deslocações de escritores e outras iniciativas de divulgação cultural.
A par da Sérvia, Madalena Arroja, responsável da divisão de ensino e promoção da língua portuguesa no IC, destaca a Croácia como outro caso de notável expansão do ensino do Português. E realça o facto de o IC estar já presente (dando apoio financeiro e científico) em escolas secundárias de países como a Polónia e a República Checa, o que poderá abrir perspectivas de emprego no seu próprio país aos estudantes de Português. Luís Miguel Queirós
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