Outubro 6, 2007
Posted by joaovalenteaguiar
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Para quem acha que o regime do Estado Novo não teve nada a ver com o fascismo leiam-se as seguintes acertivas palavras de Álvaro Cunhal.
«Governado por Salazar, Portugal participou na política reaccionária que conduziu à guerra, colaborou com a Alemanha de Hitler, aplaudiu Hitler, auxiliou Hitler nas suas acções agressivas antes e durante a guerra. Não deixa de ser oportuno lembrar aqui um pouco de história.
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Quando, em 1936, as forças democráticas espanholas obtiveram uma estrondosa vitória nas eleições de Fevereiro, Lisboa converteu-se num foco de conspiração antiespanhola, de preparação da agressão à Espanha e da sublevação dos generais fascistas com o auxílio moral e material da Alemanha e da Itália agressoras. O governo de Salazar interveio activamente na guerra de agressão à Espanha e da sublevação dos generais fascistas com o auxílio moral e material da Alemanha e da Itália agressoras. O governo de Salazar interveio activamente na guerra de agressão, auxiliando os rebeldes com armas, com munições, com géneros, com homens, com propaganda, com manobras diplomáticas»
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«O governo de Salazar auxiliou por todas as formas a intervenção ítalo-alemã e participou a seu lado no esmagamento do governo legítimo da Espanha e do povo que o apoiava em massa. Talvez que hoje não seja muito agradável a Salazar lembrar as suas próprias palavras proferidas em 22 de Maio de 1939: “Em todos os domínios onde era livre a nossa acção ajudamos no que pudemos o nacionalismo espanhol enfrentando por toda a parte a incompreensão e cegueira da Europa arrastando com más vontades, perigos e ameaças, sem cansaço, sem desânimo, sem cálculo, despendemos esforços, perdemos vidas, corremos riscos, compartilhámos sofrimentos. Vencemos - eis tudo”. E dirigindo-se a oficiais da esquadra espanhola em 12 de Abril de 1940, Salazar vangloria-se de, como Ministro dos Negócios Estrangeiros, ter dirigido, ter vivido “a nossa campanha diplomática desta verdadeira guerra peninsular”, e se ter achado “mais de uma vez as diligências e a tomar as atitudes que vos interessavam, antes mesmo de me serem solicitadas”.»
«O governo de Salazar auxiliou por todas as formas a intervenção ítalo-alemã e participou a seu lado no esmagamento do governo legítimo da Espanha e do povo que o apoiava em massa. Talvez que hoje não seja muito agradável a Salazar lembrar as suas próprias palavras proferidas em 22 de Maio de 1939: “Em todos os domínios onde era livre a nossa acção ajudamos no que pudemos o nacionalismo espanhol enfrentando por toda a parte a incompreensão e cegueira da Europa arrastando com más vontades, perigos e ameaças, sem cansaço, sem desânimo, sem cálculo, despendemos esforços, perdemos vidas, corremos riscos, compartilhámos sofrimentos. Vencemos - eis tudo”. E dirigindo-se a oficiais da esquadra espanhola em 12 de Abril de 1940, Salazar vangloria-se de, como Ministro dos Negócios Estrangeiros, ter dirigido, ter vivido “a nossa campanha diplomática desta verdadeira guerra peninsular”, e se ter achado “mais de uma vez as diligências e a tomar as atitudes que vos interessavam, antes mesmo de me serem solicitadas”.»
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«A intervenção salazarista na guerra de agressão à Espanha, a entrega de milhares de republicanos aos pelotões falangistas, a passagem de tropas fascistas pelo território fronteiriço português, os abastecimentos, as armas e munições, os “voluntários”, mais que um serviço a Franco, foram um serviço a Hitler para os seus planos de agressão e conquista»
«A intervenção salazarista na guerra de agressão à Espanha, a entrega de milhares de republicanos aos pelotões falangistas, a passagem de tropas fascistas pelo território fronteiriço português, os abastecimentos, as armas e munições, os “voluntários”, mais que um serviço a Franco, foram um serviço a Hitler para os seus planos de agressão e conquista»
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«Durante os negros anos de preparação da Alemanha para a guerra, em que a Alemanha caminhava e ganhava forças de agressão em agressão, Salazar tornou-se um arauto da expansão hitleriana. “É insensato supor”, dizia em 27-10-1938, “que a Alemanha poderia indefinidamente resignar-se ou viver uma espécie de menoridade que violentava a sua consciência nacional e, a ser possível, privaria, em qualquer caso, a Europa da extraordinária capacidade de organização e de trabalho de muitas dezenas de milhões de homens superiormente apetrechados e cultos”. Salazar enaltecia então o regime hitleriano que “consubstanciava a unidade, a plenitude de soberania e a recuperação da anterior grandeza” e louvava: “vereis em nações que blasonam de livres serem negadas liberdades reconhecidas e praticadas nos Estados autoritários” (discurso de 15 de Abril de 1937). Salazar gritava ser um “erro clamorosamente desmentido pelos factos” a ideia da existência de “regimes políticos essencialmente agressivos” (discurso de 22 de Maio de 1939). E a luta entre as forças democráticas nacionais e as forças fascistas de agressão era assim descrita por Salazar: “Uma violenta luta está travada entre as forças da ordem e da desordem, entre a nação e o internacionalismo, entre o comunismo e a civilização. Os povos europeus e asiáticos vão uns após outros definindo atitudes».
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«Um governo que tinha tal política no período de preparação da guerra não podia deixar de ser na guerra um colaborador de Hitler, um cúmplice de Hitler e dos agressores fascistas.
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A coberto da “neutralidade”, o governo de Salazar auxiliou no que pôde a Alemanha hitleriana. Enviou para a Alemanha centenas e centenas de comboios com géneros roubados ao estômago do nosso povo. Enviou para a Alemanha a quase totalidade do volfrâmio para a indústria de guerra hitleriana. Deixou que se multiplicassem as empresas de “transportes internacionais” (autênticas agências comerciais alemãs), e que no Tejo se carregassem milhares de toneladas de mercadorias com destino à Alemanha, por várias vias. Permitiu a formação livre da quinta coluna nazi em Portugal e que Portugal se convertesse numa base de conspiração diplomática hitleriana. O governo de Salazar tornou-se uma peça da máquina hitleriana para as suas campanhas anticomunistas e anti-soviéticas e para as suas manobras de paz tendentes a dividir os aliados».
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«Nunca é demais lembrar a célebre “ordem do dia” de 10 de julho de 1941, em que a Legião Portuguesa, cujo presidente da Junta Central era o ministro das Finanças Costa Leite (Lumbralles), declarava: “a grandeza das forças que hoje enfrentam o comunismo russo não carece de colaboração nossa na frente de batalha, mas devemos considerar-nos mobilizados e prontos a travar combate, logo que seja necessário, neste extremo ocidental da Europa”. E afirmava-se a fé na vitória alemã. A esta Legião nazi eram entregues importantes departamentos da defesa nacional. Os afundamentos de barcos mercantes portugueses pelos submarinos alemães eram recebidos com indiferença pelo governo. Os jornais fascistas, e em especial, o jornal oficioso Diário da Manhã, a Emissora Nacional, os discursos de fascistas responsáveis, enalteciam os “feitos de armas” hitlerianos”».
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«Em 25 de Junho de 1942 - ainda os alemães marchavam em maré de vitórias e não tinham sofrido a derrota histórica de Stalinegrado - Salazar, ao mesmo tempo que acusava a Inglaterra e os Estados Unidos, e que lançava a Legião numa feroz campanha anticomunista e antidemocrática, prevenia que “a neutralidade está sujeita a contínua revisão e por isso não pode alguma vez dizer-se que é definitiva”, e acrescentava que “o nosso espírito não deve amolecer na ideia de se não bater”. Já em 19 de Outubro de 1936, logo após o começo da intervenção fascista em Espanha, Salazar falava na “impossibilidade de se reconstituírem, por virtude dos conflitos ideológicos, as frentes de 1914-1918″, e esclarecia: “vão-se pouco a pouco desatando antigos laços e modificando velhas posições”».
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«Não só na Europa Salazar auxiliou os agressores fascistas. No Oriente, Salazar auxiliou os militaristas japoneses na sua acção agressiva. Em 13 de Outubro de 1941, o governo de Salazar cedia bases aéreas ao Japão em Timor, com o fim de transformar Timor num trampolim de agressão à Austrália e Índias Holandesas. Em 19 de Dezembro Salazar afirmou que “resistiria pela força a uma eventual agressão japonesa em Timor”. Palavras para esconderem os factos. Salazar, que protestou contra a acção preventiva dos velhos aliados ingleses em Timor, aceitou em silêncio a ocupação japonesa. Os japoneses instalaram-se em Timor, assassinaram, roubaram, violentaram, destruíram, e o governo fascista continuou recebendo como amigos os seus embaixadores, não teve senão protestos tímidos, manteve a nação na ignorância do ocorrido e, enquanto os deportados políticos em Timor encabeçavam a resistência, o governo fascista não participou no mínimo na libertação. Hoje glorifica os fascistas que se acobardaram perante o inimigo e esconde à nação os nomes dos heróis de Timor».
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«Até à última hora, Salazar permaneceu de coração ao lado da Alemanha hitleriana. E, pela morte de Hitler, prestou-lhe a última homenagem decretando luto nacional. Os acontecimentos foram, porém, mais fortes que os desejos de Salazar e, uma vez convencido da inevitabilidade da derrota hitleriana, para defender a sua permanência no Poder, operou a reviravolta “para o lado da Inglaterra” que o Partido Comunista anunciara. E o nosso Partido previra e anunciara que o apoio que Salazar receberia dos reaccionários ingleses. “Salazar conta com a reacção inglesa”, dizia, por exemplo, o Avante da segunda quinzena de Junho de 1943, “que procura fazer sobreviver o fascismo à derrota hitleriana».
«Até à última hora, Salazar permaneceu de coração ao lado da Alemanha hitleriana. E, pela morte de Hitler, prestou-lhe a última homenagem decretando luto nacional. Os acontecimentos foram, porém, mais fortes que os desejos de Salazar e, uma vez convencido da inevitabilidade da derrota hitleriana, para defender a sua permanência no Poder, operou a reviravolta “para o lado da Inglaterra” que o Partido Comunista anunciara. E o nosso Partido previra e anunciara que o apoio que Salazar receberia dos reaccionários ingleses. “Salazar conta com a reacção inglesa”, dizia, por exemplo, o Avante da segunda quinzena de Junho de 1943, “que procura fazer sobreviver o fascismo à derrota hitleriana».
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Álvaro Cunhal, O Caminho para o Derrubamento do Fascismo, p.432-437
Álvaro Cunhal, O Caminho para o Derrubamento do Fascismo, p.432-437
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in As vinhas da Ira , um blog de João Aguiar a não perder
in As vinhas da Ira , um blog de João Aguiar a não perder
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Fotos da responsabilidade de Victor Nogueira
1 comentário:
De: João Aguiar [mailto:joaovalenteaguiar@...]
Enviada: quarta-feira, 10 de Outubro de 2007 0:33
Para: Victor Nogueira
Assunto: Re: D'ali e D'aqui : Sobre o fascismo !
À vontade Camarada.
Um abraço,
João
On 10/10/07, Victor Nogueira kantoximpi@... wrote:
Victor Nogueira enviou-lhe uma hiperligação para um blogue:
Camarada João Tomei a liberdade de tirar este post do teu blog, tanto mais que o fascismo anda de novo por aí, embora ainda travestido de lantejoulas. Um abraço VN
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