* Maria Azenha
Navegação
navegar o silêncio a memória
navegar as estrelas o odor do espaço
o seu sangue coagulado em planícies de vento
por jardins alinhados de poeira e ar
navegar os destroçosas palavras e os barcos
navegar por sinais intemporais
ou por silêncios de espectros terraços
templos imersos
em conversas de aéreos vitrais
navegar os astros em cânticos desertos
em grandes transatlânticos do espaço
entrevistando luzes terrestres
navegar alucinadamente
vocábulos e tendões
por inúmeros portais invisíveis electrões
navegar na cápsula do Tempo muito lentamente
galáxias ritmos e ritos
navegar o vento
navegar inesperadamente
a astrofísica da vida
navegar secretamente contra o escuro
contra a luz apodrecida
uma esfera de silêncio
navegar contra os átomos ausentes
As Veias do Espaço
digo o voo das aves
essas veias levíssimas do espaço
as suas sílabas subitamente sentadas
em cadeiras voláteis
digo essas delicadas naves
que navegam por metáforas matemáticas
as suas figuras de números tranquilos
os seus modos de penetrar o espaço
as suas danças de átomos
os seus múltiplos resíduos
em silenciosos halos de naufrágios
digo as suas galáxias de luz e números
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