sexta-feira, 17 de agosto de 2012

«Resistencia» de Rosa Aneiros



Rosa Aneiros – Entrevista a propósito de “Resistência”

Rosa Aneiros, uma jornalista e escritora galega nascida em 1976, ficou apaixonada pela história dos resistentes portugueses ao regime ditatorial que vigorou até ao 25 de Abril de 1974. Tudo aconteceu durante uma visita ao Museu de Peniche. Logo aí decidiu que o seu primeiro romance (Resistência – Publicações Dom Quixote) seria sobre estas pessoas que lutaram contra o regime e conseguiu escrever um livro de fazer inveja (no bom sentido) a autores portugueses que nunca arriscaram a escrever sobre um tema tão próximo de nós. A ajuda de Álvaro Cunhal acabou por ser preciosa.


 Cmo é que uma escritora galega, tão jovem, escolhe um tema como a resistência portuguesa à ditadura como pano de fundo para romance de estreia?
Não fui eu que escolhi a ideia, ela é que me escolheu a mim. Não houve uma intenção prévia. Numa viagem de férias entrei no Museu de Peniche sem saber o que era, mas fiquei impressionada. Descobri que um acontecimento histórico tão recente (25 de Abril de 74) tinha uma exposição com nomes e apelidos das pessoas que nele participaram. Algumas dessas pessoas podem ainda estar vivas. Em Espanha ainda não conseguimos que se formasse a associação pela recuperação da memória histórica para recuperar coisas, por exemplo, da Guerra Civil. Em Portugal recupera-se essa memória, não existe essa negação do passado. Estava de férias e comecei a escrever o romance logo nessa altura. Percebi de repente: “Aqui há uma história que quer ser contada”. Entretanto, tive de regressar a Portugal para construir as personagens e tive de conhecer a História do país para que tivesse um mínimo de credibilidade.

Foi também um trabalho muito jornalístico e aprendi muito de um país que está tão próximo, mas às vezes tão longe da Galiza. A nível de conhecimento ainda há muito que temos de conhecer uns dos outros.


O pormenor com que está escrito Resistência leva a crer que é uma obra feita por um português…
Curiosamente, o Manuel Jorge Marmelo (foi o primeiro autor português a quem enviei o romance) disse-me que este era um tema que nunca seria escrito por um novo autor português. E perguntei porquê? “Porque é demasiado recente, muito chegado a nós”. Isso deu-me mais ânimo, porque era uma história que tinha o atractivo do distante, de algo que nunca vivi. Sobretudo nos espaços sabia que ia ser muito atractiva para o público galego.

Uma dos “problemas”da literatura galega é que é muito egocêntrica, é tudo ambientado muito na Galiza. Os galegos têm muito interesse por Portugal.


Como é que os portugueses poderão aceitar um livro escrito por uma galega sobre um tema que tanto diz respeito a Portugal?
Tenho um bocado de medo. Uma coisa são os dados históricos, onde podes deixar passar algum erro, mas o mais difícil é recolher o ambiente, captar o que se viveu, até porque muita gente está viva. Dependerá muito, também, de cada leitor.


Como decorreu o processo de investigação?
Recorri essencialmente a documentação escrita, à Internet, ao Centro de Documentação do 25 de Abril e Álvaro Cunhal enviou-me os seus livros e aí consegui absorver a sensação do medo, de estar sempre a ser observado.

Os livros de Manuel Tiago (pseudónimo de Álvaro Cunhal) são muito frios, estão muito próximos da realidade e o facto de lê-los serviu-me para me ambientar.


Ao escrever este livro já havia a intenção de publicá-lo em Portugal?
Nem sequer tinha a intenção de publicá-lo. Era uma história que me deixava muito insegura. Era o meu primeiro romance e não tinha a noção do que valia.

Enviei o livro a alguns amigos e eles gostaram muito. Acabou por ser rápida a publicação.


Agora já acha que é um bom livro?
O tempo leva as coisas ao sítio. Ainda o vejo com demasiada proximidade. Há partes que mudaria, mas apenas na maneira de contar a história.


Deve ser um bocado assustador lançar uma primeira obra?
Passou-se com Resistência o que os meus editores chamam o efeito-Resistência. Eu era praticamente uma desconhecida e este romance fez-me ganhar mais público. Esgotou a primeira edição na Galiza. Antes, quando escrevia, era algo muito mais individual, agora as pessoas falam comigo sobre a minha obra. Nota-se mais a presença do público.

É uma fase mais bonita, porque te mostra a verdadeira literatura. Não o tempo que passas a escrever, mas o momento em que partilhas as histórias e as personagens.


Agora vai começar a receber a reacção de portugueses…
Isso assusta-me bastante. É complicado contarem-nos uma história sobre nós, mas contada de fora é mais asséptica e mais livre de pressões. Não gostava que ninguém se sentisse ofendido, porque não era a minha intenção.


Já está trabalhar noutro romance?
Sim… Mas na Galiza digo sempre que não (risos). Sou uma escritora que acredita muito pouco em mim. As histórias atrapalham-me muito e sou pouco objectiva com elas e nunca sei se as vou acabar. Já tenho umas páginas manuscritas, mas digo sempre não. Estou a escrever a história de uma mulher, de 34 anos, que está passar uma fase difícil da sua vida em que todas as coisas em que acreditava de repente se desmoronam. Passa-se durante a época da maré negra do “Prestige” na Galiza. Vivemos essa fase muito como um conjunto, colectivamente. Temos de deixar passar algum tempo para perceber como nos afectou individualmente, como interiorizamos. Esta é uma história nada colectiva, é muito intimista. Afundou-se o barco no momento em que ela se afundou e uniram-se as duas coisas.


Deve ser difícil fazer uma segunda obra, depois de uma primeira tão bem sucedida?
O problema que tenho é que histórias como Resistência surgem uma vez na vida. É difícil que todas as histórias te consigam agarrar da mesma maneira. É uma história fascinante, de um povo que um dia se revolta e derruba uma ditadura. Em Espanha deixou-se o ditador morrer na cama


(Entrevista realizada em 2004)
O LIVRO


Resistência, livro escrito pela galega Rosa Aneiros e editado pela Dom Quixote, mais parece obra de um romancista português, tal o detalhe, a emoção, a paixão e o conhecimento que emprega ao descrever histórias que tanto nos dizem respeito. De São Pedro de Moel a Lisboa leva-nos a seguir os passos daqueles que, principalmente na década de 60, lutaram pela liberdade. Rosa Aneiros mistura estas causas políticas com dramas pessoais, daí resultando um livro bastante atraente, humano e equilibrado. Nem é um panfleto político, nem um simples drama humano, e nota-se ainda uma constante presença da esperança, como que prenunciando a revolução que aí vinha.

Mas Resistência traz tudo ao leitor: a guerra colonial, as dúvidas instaladas em quem lá estava, os abusos de poder, assim como o desejo de mudança e as diversas formas de luta.

Dinis e Filipa, protagonistas de um amor incompreendido, representam o motor que faz/fez funcionar a Resistência.

«Resistencia» de Rosa Aneiros

23 Marzo 2010

Narrativa,Opinións_lectores/as,Xerais nos blogs

[Resistencia de Rosa Aneiros]Pareceume unha historia interesante, sobre todo polo feito de contar a situación política e social de Portugal durante case un século a través da vida de distintos personaxes pertencentes á mesma familia pero de diferentes xeracións, así como a influencia que esta pode chegar a ter na vida das persoas, sobre todo nun sistema fascista como foi o que se deu en Portugal, no que as ditaduras de Salazar e Marcelo caetano non permitían ningún tipo de liberdades.


En relación coa situación política, tamén se trata o tema das colonias en África, outro dos motivos qeu levan á separación de Dinís e Filipa, e na que a autora parece expresar por medio das oopinións de Dinís o absurdo desas guerras coloniais xa ben entrado o século XX, cando Europa está en proceso de cambio e Portugal semella quedar estancado polo seu réxime político.


Tamén me pareceu interesante a descrición da vida dos presos políticos nos cárceres, onde estaban illados e nunhas condicións de vida infrahumanas. A pesar disto, apréciase a solidariedade dos uns cos outros por moitas diferenzas que puidese haber entre eles, e a loita interna que levan a cabo, sempre buscando unha esperanza e resistindo clandestinamente ao réxime. Unha das cousas que máis me chamou a atención relacionada con isto é o feito de que deixasen de comunicarse con eles, porque me parece unha forma de crueldade case peor que as torturas ás que os sometían, xa que a pesar de que a comunicación que mantiñan co exterior era sempre revisada e sometida á censura, polo menos tiñan unha vía de escape que non estivese relacionada coa prisión.



Por outra parte gustáronme as distintas historias que se suceden ao longo da novela, xa sexan de amizade, coma a de Aaial, Miguel da Silva e Dinís; de amor secreto entre Isaura e Antonio Gonçalves; a historia de amor non correspondido de Ana Barbosa; e por suposto a de Filipa e Dinís, a de un amor que perdura nas súas mentes sen sequera saber se o outro seguirá vivo ou se o seguirá querendo como antes de que todo acontecese.


Tamén me chamou a atención a historia de Leonor polo feito de ser unha especie de personaxe espectador ao redor do cal técense todas as historias, e cuxa vida semella estar marcada polas palabra contidas nas cartas.
Porén, o que máis me gustou do libro é o ben documentada que está a historia: os lugares, as revolucións, a guerra colonial… Ainara García Doval
Anotación publicada o 22 de marzo de 2010 no blog Trafegando ronseis con motivo da visita ao club de lectura do IES Laxeiro de Lalín de Rosa Aneiros.

1 comentario

  1. Ola! Hoxe veu Rosa Aneiros… mañá colgareino no blogue. Unha aclaración tan só: veu ao IES nº1 d’O Carballiño, non ao IES Laxeiro de Lalín. Ainara García é alumna, por tanto, do primeiro centro.
    Saúdos
    Comment by Ronsel — 23 Marzo 2010 @ 11:07 p.m.

    http://xerais.blogaliza.org/2010/03/23/%C2%ABresistencia%C2%BB-de-rosa-aneiros/


    Hoy vengo a hablar de un libro que me regaló una estupenda amiga hace un par de meses y que me sorprendió mucho: Resistencia de Rosa Aneiros en español o en castellano, como prefiráis.

Rosa Aneiros cuenta en un lenguaje poético, fresco y renovador una difícil historia de amor entre Dinís y Filipa en el Portugal del siglo pasado; explica y narra, además, la atmósfera que rodea a dicho romance: la historia de unos personajes secundarios, que bien podrían ser tratados por principales. Expresa con soltura la velocidad con que pasa el tiempo y deja al final el corazón repleto de salitre. 



Esta historia nos narra las dificultades de un amor en una época y unas circunstancias determinadas, donde las leyes de la vida lo rigen todo y la resistencia es lo único que puede hacerle frente. En ella encontraremos personajes hechos de salitre y agujas de pino, que deberán afrontar una lucha con la vida y con los personajes que obstaculizan su felicidad, mediante tesón y una acérrima resistencia. En la novela confluyen momentos, pues, históricos, sociales y sentimentales que muestran una terrible realidad acontecida en el Portugal de la dictadura salazarista, en la prisión de Peniche y en la Marinha Grande. La trama es trepidante y está hilada con hilo fino: parece tan real que, al llegar al último punto, el lector se queda con la sensación y la duda de si la historia ocurrió tal cual está contada o se trata de una simple historia de ficción.


El estilo, por cierto, recuerda en mucho a Gabriel García Márquez: poesía, repeticiones, militarismo, situaciones curiosas, reivindicaciones, excelentes descripciones...

Quizás le pondría un pero al libro: tiene demasiadas descripciones y pocos diálogos. Lo bueno es que, como he dicho antes, las descripciones son excelentes y mágicas.

La versión en español de la mano de Eva María Carrión es maravillosa. La traductora consigue transmitir a la perfección el estilo de la autora y las sensaciones del libro demostrando la frescura que se puede llegar a alcanzar en una novela bien traducida; de hecho no se nota que esté traducida. Esta versión me ha gustado, además, por la cuidada maquetación, el uso de una letra legible y el amplio espaciado de los márgenes aayudando así al lector a no naufragar en la oscuridad de la tinta; a no caer abatido por la fuerza de una alentía. La cubierta en gallego es violeta y en absoluto llamativa; todo lo contrario del caso de la portada en castellano que es de un atractivo (por atrayente) color fucsia, con fondo blanco y un pequeño dibujo, que, aunque no muy bien, refleja una escena importante en la historia. Hay algo de esta cubierta que no me parece lógico: la mitad superior está ocupada por el nombre de la autora en tamaño gigante. Eso me echa un poco para atrás.


No me cabe la menor duda de que este libro tiene todos los ingredientes para convertirse en todo un clásico. Y ahora, gracias a la traductora Eva Carrión y a la editorial Faktoria K, podemos disfrutar todos los hispanohablantes de esta obra de arte.  


"Nunca llegué a creer que me quisieras lo suficiente"

Sem comentários: