domingo, 20 de outubro de 2013

O Domingo na Poesia ~ segundo vários escritores - 05

20 de Outubro de 2013 às 1:54
* Victor Nogueira

Embora alguns dos poemas desta nota não mencionem explicitamente o domingo, a verdade é que nele se "desenrolam" algumas das cenas descritas: o baile, o namoro, o batuque, o piquenique, a praia, a procissão e a romaria, a taberna ... E quanto às ilustrações, estas podem ser consideradas descrições pictóricas. Há cinco  propostas auditivas -  "Monangambé", do poeta angolano António Jacinto, pela voz de Rui Mingas, "Procissão", de António Lopes Ribeiro, dita por João Vilaret, "Namoro", do poeta angolano Viriato Cruz, interpretada por Fausto, "Sou patrão, não funcionário", por Menor do Chapa, com um fim inesperado, e, a encerrar com chave de ouro, o cante alentejano, numa taberna de Cuba, na voz colectiva do povo anónimo. Divirtam-se, porque hoje é domingo !


* Castro Alves - O BAILE NA FLOR
* Maria Olinda - Barco Negreiro
* António Jacinto - Monangambé
* António Lopes Ribeiro – Procissão
* Cesário Verde -  Naquele piquenique
* Manuel Bandeira - Ondas da praia
* Carlos Drummond de Andrade -  Consolo na praia
* Vinicius de Morais - Garota de Ipanema
* Viriato Cruz - Namoro
* Mc Marcio BH  (Menor do Chapa) - Eu sou patrão não funcionário
* Cleo - Ao domingo ia-se à missa
* Vinícius de Morais - Poema de Auteil


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* Castro Alves

O BAILE NA FLOR

Que belas as margens do rio possante,
Que ao largo espumante campeia sem par!...
Ali das bromélias nas flores doiradas
Há silfos e fadas, que fazem seu lar...
E, em lindos cardumes,
Sutis vaga-lumes
Acendem os lumes
P’ra o baile na flor.
E então — nas arcadas
Das pet’las doiradas,
Os grilos em festa
Começam na orquesta
Febris a tocar...
E as breves
Falenas
Vão leves,
Serenas,
Em bando
Girando,
Valsando,
Voando
No ar!...


©Castro Alves

Os Escravos, 1883

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* Maria Olinda

Barco Negreiro

Porque existo
numa terra cobiçada,
África ardente,
ofertando ouro, marfim,
malagueta e mão de obra,
fui arrastado da minha casa,
acorrentado, vergastado,
metido à força
dentro de um navio
negreiro!
Às pressas e sem compaixão,
num dia malfadado,
soube o que era um porão,
apinhado de negros escravos,
onde faltava tudo
até o pão !
Fui humilhado por tudo e por nada,
vi morrer à minha frente
gente desesperada!
Num silêncio amordaçado
fui levado par uma terra distante,
muito pouco abundante,
onde me fizeram criado,
de um fidalgo malcriado!
Vi - me de boca e coração atado,
onde até me foi negado
esse direito de amar!
Separei roupa,
coloquei cabeleiras encaracoladas,
em cabeças tresloucadas,
encerei bigodes claros
de finórios,
calcei meias e sapatos,
e ainda outros artefactos
de cavaleiro falhado,
antes de entrar na caleche
com que passeava no Chiado!
E à noite de mansinho ,eu,
tocava batuque baixinho,
era tudo o que me restava,
da minha terra amada!
Mas a força da batida
entoava e marcava
a história da escravatura!


http://pensarxpoesia.blogspot.pt/2010/06/barco-negreiro.html


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* António Jacinto

Monangambé

Naquela roça grande
não tem chuva
é o suor do meu rosto
que rega as plantações;
Naquela roça grande
tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue
feitas seiva.

O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro,
negro da cor do contratado.
Negro da cor do contratado!

Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:

Quem se levanta cedo?
quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?

Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer?
- Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
máquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?

Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande
- ter dinheiro?
- Quem?

E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:

- "Monangambééé..."

Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo
e esquecer diluído
nas minhas bebedeiras

- "Monangambéé...'"


António Jacinto (Poemas, 1961)

ouvir aqui na voz de Rui Mingas "Monagambé"
http://www.youtube.com/watch?v=f7CPHC0hZHA


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Procissão

Letra: António Lopes Ribeiro
Intérprete: João Villaret


Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!

Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.



http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/vilaret-procissao.html

João Villaret - "A Procissão", de António Lopes Ribeiro
http://www.youtube.com/watch?v=fD9W5oMm3Pw


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* Cesário Verde

Naquele piquenique

Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela;
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

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* Manuel Bandeira

Ondas da praia

Nas ondas da praia
Nas ondas do mar
Quero ser feliz
Quero me afogar.

Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a estrela-d'alva
Rainha do mar.

Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.

(Estrela da Manhã)


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* Carlos Drummond de Andrade

Consolo Na Praia

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

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 * Vinicius de Morais

Garota de Ipanema

Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
é ela menina, que vem e que passa
Num doce balanço a caminho do mar

Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
é a coisa mais linda que já vi passar

Ai! Como estou tão sozinho
Ai! Como tudo é tão triste
Ai! A beleza que existe
A beleza que não é só minha
E também passa sozinha

Ai! Se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor

Só por causa do amor...


Vinicius de Moraes
Poesia Completa e Prosa
Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1986


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* Viriato Cruz

Namoro

Mandei-lhe uma carta
em papel perfumado
e com letra bonita
eu disse ela tinha
um sorriso luminoso
tão triste e gaiato
como o sol de Novembro
brincando de artista
nas acácias floridas
na fímbria do mar
Sua pele macia
era suma-uma
sua pele macias
cheirando a rosas
seus seios laranja
laranja do Loge
eu mandei-lhe essa carta
e ela disse que não
Mandei-lhe um cartão
que o amigo maninho tipografou
'por ti sofre o meu coração'
num canto 'sim'
noutro canto 'não'
e ela o canto do 'não'
dobrou
Mandei-lhe um recado
pela Zefa do sete
pedindo e rogando
de joelhos no chão
pela Sra do Cabo,
pela Sta Efigénia
me desse a ventura
do seu namoro
e ela disse que não
Mandei à Vó Xica,
quimbanda de fama
a areia da marca
que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço
bem forte e seguro
e dele nascesse
um amor como o meu
e o feitiço falhou
Andei barbado,
sujo e descalço
como um monangamba
procuraram por mim
não viu ai não viu ai
não viu Benjamim
e perdido me deram
no morro da Samba
Para me distrair
levaram-me ao baile
do Sr. Januário,
mas ela lá estava
num canto a rir,
contando o meu caso
às moças mais lindas
do bairro operário
Tocaram a rumba
e dancei com ela
e num passo maluco
voamos na sala
qual uma estrela
riscando o céu
e a malta gritou
'Aí Benjamim'
Olhei-a nos olhos
sorriu para mim
pedi-lhe um beijo
lá lá lá lá lá
lá lá lá lá lá
E ela disse que sim


"Namoro", de Viriato da Cruz, interpretado por Fausto.
http://www.youtube.com/watch?v=S594RmTuy4s


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* Mc Marcio BH

Eu Sou Patrão Não Funcionário


Eu sou patrão não funcionário
Meu estilo te incomda
Só pego as melhores e ando sempre na moda
Bacana eu tiro é onda, olha olha olha só
O baile do Andara no Rio é o melhor

A nossa roupa é da Ed Hardy, Rio Local ou da Armani
O bonde tem um Audi, um Veloster e um Megane
Eu to portando a Captiva com som de duzentos mil
Estilo panicat me deu mole quando viu

Elas tão doida, tão louca,
Olha só como elas curte
Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Elas tão doida, tão louca,
Olha só como elas curte
Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Eu sou patrão não funcionário
Meu estilo de vida é foda
Só pego as melhores e ando sempre na moda
Bacana eu tiro é onda, olha olha olha só
O baile do Andara no Rio é o melhor

Eu sou patrão não funcionário
Meu estilo te incomoda
Só pego as melhores e ando sempre na moda
Bacana eu tiro é onda, olha olha olha só
O baile do Andara no Rio é o melhor

A nossa roupa é da Ed Hardy, Rio Local ou da Armani
O bonde tem um Audi um Veloster e um Megane
Eu to portando a Captiva com som de duzentos mil
Estilo panicat me deu mole quando viu

Elas tão doida, tão louca,
Olha só como elas curte
Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Elas tão doida, tão louca,
Olha só como elas curte
Whisky, Big Apple, Red Bull e Absolut

Eu sou patrão não funcionário
Meu estilo te incomoda
Só pego as melhores e ando sempre na moda
Bacana eu tiro é onda, olha olha olha só
O baile do Andara no Rio é o melhor

ouvir em
http://www.youtube.com/watch?v=nZqoh1GTZhk


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*  cleo

Ao Domingo ía-se à missa


Ao Domingo não se trabalhava. Diziam que era pecado... Por isso só se faziam pequenos trabalhos leves, coisa pouca que não escandalizasse o povo da aldeia, caso contrário haveria de haver falatório pela certa! Por isso, nada de cavar terra nem de roçar mato, se não se quisesse andar na boca do povo há falta de melhor para tema de conversa.

Era também um dia sagrado que se distinguia dos outros quando pela volta das onze da manhã, se ouviam as primeiras badaladas do sino da torre da igreja da freguesia a avisar os mais distraídos, que dali a uma hora começava a missa; daí a meia hora voltaria a chamar.

Tomava-se o banho semanal obrigatório e quem não tivesse onde o tomar, que pegasse num alguidar e ao menos se lavasse a prestações, vestisse o melhor fato e se pusesse ao caminho. Se fosse pelo atalho e sendo a descer, uns vinte minutos a andar bem deveriam chegar. Para cima é que eram elas... mas talvez se arranjasse alguma boleia, pois que os mais abastados que tinham automóvel também costumavam ir à missa e alguns até eram da irmandade que em dias de festa e de funerais, se alinhavam em duas fileiras e acompanhavam a procissão com a pompa da circunstância.

Amélia também costumava ir à missa de Domingo, mas tinha um problema: era preciso calçar sapatos! Os pés dela não gostavam de andar apertados dentro de sapatos, pois que sempre se acharam livres e caminhavam ligeiros pelos carreiros das cabras nem que estivesse geada negra, daquela que emergia da terra no pico do Inverno. Mas ir para a missa descalça não parecia lá muito bem...

Então, Amélia fazia o caminho quase todo descalça, até ao cimo das barreiras, de onde já se avistava a igreja e o adro cheio. Um pouco mais abaixo, na fonte das moscas, passava os pés pelo fio da água que corria em bica e, conformada, lá calçava as meias de vidro, porque as de mousse logo se agarravam à pele grossa e compacta dos pés que mais pareciam uma sola e de seguida enfiava a custo os sapatos que lhe faziam gemer os dedos e lancinavam em cada passada que dava a caminho da santa missa. Ainda nem tinha passado da soleira da porta da igreja e já só pensava na hora de voltar a tirar os malditos sapatos que lhe apertavam a alma até suar, asfixiando-a sem a deixar purificar-se como devia. E nem os mexericos que se bichanavam quase em surdina, lhe desviavam a atenção do desconforto que sentia.

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=117615


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 * Vinícius de Morais

Poema de Auteil

A coisa não é bem essa.
Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!)
Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira com o nome de um pintor estrangeiro.
Eu devia estar andando numa rua chamada Travessa Di Cavalcanti
No Alto da Tijuca, ou melhor na Gávea, ou melhor ainda, no lado de dentro de lpanema:
E não vai nisso nenhum verde-amarelismo. De verde quereria apenas um colo de morro e de amarelo um pé de acácias repontando de um quintal entre telhados.
Deveria vir de algum lugar
Um dedilhar de menina estudando piano ou o assovio de um ciclista
Trauteando um samba de Antônio Maria. Deveria haver
Um silêncio pungente cortado apenas
Por um canto de cigarra, bruscamente interrompido
E o ruído de um ônibus varando como um desvairado uma preferencial vizinha.
Deveria súbito
Fazer-se ouvir num apartamento térreo próximo
Uma fresca descarga de latrina abrindo um frio vórtice na espessura irremediável do mormaço
Enquanto ao longe
O vulto de uma banhista (que tristeza sem fim voltar da praia!)
Atravessaria lentamente a rua arrastando um guarda-sol vermelho.
Ah, que vontade de chorar me subiria!
Que vontade de morrer, de me diluir em lágrimas
Entre uns seios suados de mulher! Que vontade
De ser menino, em vão, me subiria
Numa praia luminosa e sem fim, a buscar o não-sei-quê
Da infância, que faz correr correr correr...
Deveria haver também um rato morto na sarjeta, um odor de bogaris
E um cheiro de peixe fritando. Deveria
Haver muito calor, que uma sub-reptícia
Brisa viria suavizar fazendo festa na axila.
Deveria haver em mim um vago desejo de mulher e ao mesmo tempo
De espaciar-me. Relógios deveriam bater
Alternadamente como bons relógios nunca certos.
Eu poderia estar voltando de, ou indo para: não teria a menor importância.
O importante seria saber que eu estava presente
A um momento sem história, defendido embora
Por muros, casas e ruas (e sons, especialmente
Esses que fizeram dizer a um locutor novato, numa homenagem póstuma: "Acabaram de ouvir um minuto de silêncio…")
Capazes de testemunhar por mim em minha imensa
E inútil poesia.
Eu deveria estar sem saber bem para onde ir: se para a casa materna
E seus encantados recantos, ou se para o apartamento do meu velho Braga
De onde me poria a telefonar, à Amiga e às amigas
A convocá-las para virem beber conosco, virem todas
Beber e conversar conosco e passear diante de nossos olhos gratos
A graça e nostalgia com que povoam a nossa infinita solidão.

http://www.cancioneros.com/nc/15455/0/poema-de-auteil-vinicius-de-moraes

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Taberna em Cuba - Baixo Alentejo - ouve a seguir o cante  alentejano 
http://www.youtube.com/watch?v=GBhgE3EMQy4

ou em
http://www.youtube.com/watch?v=sGDnyq-UR-w


vem de O Domingo na Poesia ~ segundo vários escritores - 04
https://www.facebook.com/notes/victor-nogueira/o-domingo-na-poesia-segundo-v%C3%A1rios-escritores-04/10151726484844436

A Procissão
A Procissão

Obra do ateliê do Mestre da Vida de Maria, pintor alemão que recebeu esse nome devido a uma série de oito pinturas que ilustram a vida de Nossa Senhora. Intitulada "A Missa de Santo Humberto", é o painel direito de um retábulo, foi pintada entre 1480 e 1485 e se encontra na National Gallery,  Londres
Obra do ateliê do Mestre da Vida de Maria, pintor alemão que recebeu esse nome devido a uma série de oito pinturas que ilustram a vida de Nossa Senhora. Intitulada "A Missa de Santo Humberto", é o painel direito de um retábulo, foi pintada entre 1480 e 1485 e se encontra na National Gallery, Londres

José Malhoa - A  promessa
José Malhoa - A promessa

Manet,_Edouard_-_Le_Déjeuner_sur_l'Herbe_(The_Picnic)
Manet,_Edouard_-_Le_Déjeuner_sur_l'Herbe_(The_Picnic)


poster do ITAU, anos 60 do século XX
poster do ITAU, anos 60 do século XX

Namoro a Beira do Laguinho_Galeria Jacques Ardies
Namoro a Beira do Laguinho_Galeria Jacques Ardies

The Ball at the Moulin de la Galette - Auguste Renoir
The Ball at the Moulin de la Galette - Auguste Renoir

Max Beckmann – 1943 - Carnaval
Max Beckmann – 1943 - Carnaval

Botero -Baile na Colômbia
Botero -Baile na Colômbia

Ricardo B. Pereira - O baile dos mascarados in http://www.artelista.com/obra/7912155084518218-obailedosmascarados.html
Ricardo B. Pereira - O baile dos mascarados in http://www.artelista.com/obra/7912155084518218-obailedosmascarados.html

cézanne - os  jogadores de cartas
cézanne - os jogadores de cartas

George_Grosz _Café
George_Grosz _Café


picasso - 3 músicos - 1921
picasso - 3 músicos - 1921


festa na aldeia Leonel Marques Pereira (1828 - 1892)
festa na aldeia Leonel Marques Pereira (1828 - 1892)


Paula Rego - O Baile
Paula Rego - O Baile

cantiga roda noites de luar no bairro da maianga
cantiga roda noites de luar no bairro da maianga

Albano Neves e Sousa - Dança    in   http://pinturanagaleria.blogspot.pt/2011/08/1-albano-neves-e-sousa.html
Albano Neves e Sousa - Dança in http://pinturanagaleria.blogspot.pt/2011/08/1-albano-neves-e-sousa.html

Albano Neves e Sousa - Baile Mahungo.
Albano Neves e Sousa - Baile Mahungo.

Albano Neves e Sousa -  Capoeira
Albano Neves e Sousa - Capoeira

Alvaro Cunhal - desenhos da prisão
Alvaro Cunhal - desenhos da prisão

José Malhoa - os bêbados - festejando o S. Martinho
José Malhoa - os bêbados - festejando o S. Martinho


José Malhoa - O fado
José Malhoa - O fado

Foto Victor Nogueira - Lisboa - Terreiro do Paço
Foto Victor Nogueira - Lisboa - Terreiro do Paço

Foto Victor Nogueira - Cascais
Foto Victor Nogueira - Cascais

BANHISTAS NA PRAIA, PINTURA DE GIORGIO DE CHIRICO, 1934
BANHISTAS NA PRAIA, PINTURA DE GIORGIO DE CHIRICO, 1934

as-banhistas_almada_negreiros_1925  Lisboa  café a brasileira do chiado
as-banhistas_almada_negreiros_1925 Lisboa café a brasileira do chiado

Bazille - Cena de Verão
Bazille - Cena de Verão

Serrat - -Baigneurs_a_Asnieres
Serrat - -Baigneurs_a_Asnieres

Botero - Banhistas
Botero - Banhistas

Rafael-Zabaleta-Fuentes-Bathers-on-the-beach-under-umbrella
Rafael-Zabaleta-Fuentes-Bathers-on-the-beach-under-umbrella

Cézanne - Banhistas
Cézanne - Banhistas

Albano Neves e Sousa, pintor angolano
Albano Neves e Sousa, pintor angolano

Imagem de António Cunha – Na já finada taberna do Arrufa - Cuba ~~~~ É o copo de vinho que se bebe de um trago. É a mão que alcança o pão e a azeitona. É o cigarrito que calmamente se fuma. É a roda de companheiros. Com um súbito entendimento de muito tempo, o silêncio cobre as falas. Vem aí o cante. O ponto chega-se à frente, e rompe com a moda elevando a voz lucidamente limpa pela noite. Os outros, com os pés acachapados ao chão, austeros, cismam a moda acompanhando em silêncio o ondulante progredir da voz do ponto. Subitamente, o alto, solta a voz, aguçada, sibilante, fazendo o apelo. É então que o coro destapa as gargantas e o vozeirão dos baixos retribui, entornando a entoação majestosa no avançar da moda. A toada do cante suspende-se na noite como se a voz dos homens tocasse o absoluto. É a roda de companheiros. É a mão que alcança o pão e a azeitona. É o copo de vinho que se bebe de um trago. É o cigarrito que calmamente se fuma. Volta o silêncio a cobrir as falas. Vem aí novamente o cante… in   http://acincotons.blogspot.pt/2010/12/cante.html
Imagem de António Cunha – Na já finada taberna do Arrufa - Cuba ~~~~ É o copo de vinho que se bebe de um trago. É a mão que alcança o pão e a azeitona. É o cigarrito que calmamente se fuma. É a roda de companheiros. Com um súbito entendimento de muito tempo, o silêncio cobre as falas. Vem aí o cante. O ponto chega-se à frente, e rompe com a moda elevando a voz lucidamente limpa pela noite. Os outros, com os pés acachapados ao chão, austeros, cismam a moda acompanhando em silêncio o ondulante progredir da voz do ponto. Subitamente, o alto, solta a voz, aguçada, sibilante, fazendo o apelo. É então que o coro destapa as gargantas e o vozeirão dos baixos retribui, entornando a entoação majestosa no avançar da moda. A toada do cante suspende-se na noite como se a voz dos homens tocasse o absoluto. É a roda de companheiros. É a mão que alcança o pão e a azeitona. É o copo de vinho que se bebe de um trago. É o cigarrito que calmamente se fuma. Volta o silêncio a cobrir as falas. Vem aí novamente o cante… in http://acincotons.blogspot.pt/2010/12/cante.html

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