segunda-feira, 21 de outubro de 2013

sebastião alba - uma efeméride desapercebida

sebastião alba - uma efeméride desapercebida

21 de Outubro de 2013 às 17:02
Dinis Albano Carneiro Gonçalves, cujo pseudónimo é Sebastião Alba (Braga, 11 de Março de 1940 - 14 de Outubro de 2000)

sobre sebastião alba
http://www.macua.org/livros/sebalba.html


nesta nota as hiperligações no final de cada poema dão acesso a outros
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Ninguém meu amor

Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos.

http://ulisses-borges.blogspot.pt/2013/06/5-poemas-de-sebastiao-alba_5.html


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num álbum

Estar só
é meditar numa ausência
erguer os olhos do que, escrevendo, o constata
por uma ordem emanada já se sabe donde

ir só reivindica
sonega a caneta
dobra os papéis escritos
e conduz docemente
a uma longa suspeição de música.


http://canaldepoesia.blogspot.pt/search/label/sebasti%C3%A3o%20alba


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certo de que voltas, canção (o amor confuso)

Certo de que voltas, canção,
a incerta hora,
espero como quem mora
só, a visitação.

Sei, por sinais e anjos e desviados,
que rebentas dos sonhos desolados
em flores no chão.

Apenas flores, nem nimbos na lapela.
Flores para a mesa,
com o odor da certeza
de água, vinho e pão.

Apenas flores e tu,
ó meu amor sem nome,
e a nossa dupla fome
dum menino nu.

http://boticelli.no.sapo.pt/sebastiao_alba.htm


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Aqueço-me a um fogo
que só a minha
respiração ateia
Ao sabor dela
se expande e contrai
o círculo de luz
em que armo a tenda
Acaba aqui o rasto
Meu clã deixou-me
este lote de bruma
Com a manhã sobrevém
uma pausa
encho-a até cima
de víveres, lenha
Na terra saciada
de sua forma
a cada giro
volve o instante
de reacender o lume
que detém   por agora
os lobos.

http://www.verbo21.com.br/v4/index.php?option=com_content&view=article&id=497:sebastiao-alba-errancia-orfica&catid=81:resenhas-e-ensaios-novembro-2010&Itemid=152


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A luz, morosa,
esconde a minha sombra:
vou indigno de nota.

Uma escusa é a melhor dádiva de mim
à língua em que me calo, irreprovável.

Calo?

Com o verso insto, instalo o clima,
amenizando o da região.


http://poemapossivel.blogspot.pt/search/label/Sebasti%C3%A3o%20Alba%20%281940-2000%29


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A morte de Ricardo Sorge

Hora a hora, largara
uma ténue porção de si.
Em vida é que seus despojos
se amontoavam.


O «vento divino» baloiça-lhe
o corpo suspenso
de longínqua trama...


que apenas golfa na memória
de Miyako, ao sol nascente,
e eiva as cerejeiras.

http://nescritas.com/cgi-bin/mt/mt-search.cgi?IncludeBlogs=18&tag=Sebasti%C3%A3o%20Alba&limit=20


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ULTIMO POEMA
Ao  Jorge Viegas


Nestes lugares desguarnecidos
e ao alto limpos no ar
como as bocas dos túmulos
de que nos serve já polir mais símbolos?

De que nos serve já aos telhados
canelar as águas de gritos
e com eles varrer o céu
(ou com os feixes de luar que devolvemos)?

É ou não o último voo
bíblico da pomba?

Que sem horizonte a esperamos
em nossa arca onde há milénios se acumulam
os ramos podres da esperança.


http://www.macua.org/livros/sebalba1.html


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A Busca da Sacralidade
Este filme foi realizado como forma de homenagem ao poeta Sebastião Alba através de um poema de Antonin Artaud intitulado "A Busca da Fecalidade" No filme surgem também poemas de Alba e do próprio realizador Ricardo Leite. O filme foi inteiramente rodado na cidade de Braga, onde o poeta viveu os seus últimos anos de vida.

http://www.youtube.com/watch?v=NGRAe96nJA8


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Sindicato do Credo - Tributo a Sebastião Alba
Demo do tributo do Sindicato do Credo à obra de Sebastião Alba. Porto - 2010

 http://www.youtube.com/watch?v=G1iS9qZmVtM





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