quinta-feira, 24 de outubro de 2013

o domingo na poesia segundo vários escritores - 08


24 de Outubro de 2013 às 17:45
  • Popular – Amanhã é domingo
  • Carlos Drummond de Andrade – Desejos
  • Fernando Pessoa – Quadras ao gosto popular
  • Popular – Parlenda
  • Luísa Ducla Soares – Domingo
  • Victor Nogueira - Não me mates Maria, que sou a tua mãe
  • Edgar Ribeiro - Literatura de Cordel – a poesia na forma de rima na linguagem popular

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•             Popular

Amanhã é domingo
(Brasil)

.
Amanhã é domingo,
pé de cachimbo;
galo monteiro
pisou na areia;
a areia é fina
que dá no sino;
o sino é de ouro
que dá no besouro;
o besouro é de prata
que dá na mata;
a mata é valente
que dá no tenente;
o tenente é mofino
que dá no menino;
o menino é valente
que dá em toda a gente.

http://darabuc.wordpress.com/2009/10/07/poemas-populares-amanha-e-domingo-brasil/


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•             Carlos Drummond de Andrade

DESEJOS

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

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•             Fernando Pessoa

Quadras ao gosto popular

(…)
Quando ao domingo passeias 
Levas um vestido claro. 
Não é o que te conheço 
Mas é em ti que reparo.
(…)
Dá-me, um sorriso ao domingo, 
Para à segunda eu lembrar. 
Bem sabes: sempre te sigo 
E não é preciso andar.
(…)
http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso46.html


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Domínio popular

Parlenda

Hoje é domingo,
pede cachimbo,
o cachimbo é de ouro,
bate no touro,
o touro é valente,
bate na gente,
a gente é fraco,
cai no buraco,
o buraco é fundo,
acabou-se o mundo.
Amanhã é domingo,
pé de galinha,
a areia é fina,
que dá no sino,
o sino é de ouro,
que dá no besouro,
o besouro é valente,
que dá no tenente,
o tenente é valente,
que dá na gente,
a gente é valente
que senta o... no batente.

http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=645


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 * Luísa Ducla Soares

Domingo

Amanhã é domingo,
Toca o sino.
O sino é de ouro,
mata-se o touro.
O touro é bravo,
ataca o fidalgo.
O fidalgo é valente,
defende a gente.
A gente é fraquinha,
mata a galinha
para a nossa barriguinha.


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  • Victor Nogueira
Não me mates Maria, que sou a tua mãe

No antigamente de outrora, nas feiras, pelas ruas e pelas esquinas da cidade vendiam-se folhetos narrando acontecimentos e factos, normalmente em quadras. Eram frequentemente vendidos por cegos, que por vezes se acompanhavam desageitamente à viola ou cavaquinho ou acordeão. Era o romanceiro popular, o jornal que se comprava ou que se ouvia, com títulos apelativos e, por vezes, horripilantes. O texto que se segue remete para a literatura de cordel, com possibilidade de fazer o download ou ler inúmeras “historias” do Brasil.


* Edgar Ribeiro

Literatura de Cordel – a poesia na forma de rima na linguagem popular

Lembro-me que aos domingos ia para a feira da cidade e ficava horas ouvindo os leitores da literatura de cordel. Para matar a saudade daqueles tempos, posto alguns dos livretos mais interessantes. Boa Leitura !

http://blogdoedgarribeiro.blogspot.pt/2012/11/literatura-de-cordel-poesia-na-forma-de.html



vem de o domingo na poesia segundo vários escritores - 08
https://www.facebook.com/notes/victor-nogueira/o-domingo-na-poesia-segundo-v%C3%A1rios-escritores-07/10151735641024436

Carybe -o ovo da ema - 1976
Carybe -o ovo da ema - 1976

Almeida Júnior - Pescando
Almeida Júnior - Pescando

Heitor dos Prazeres - roda de samba
Heitor dos Prazeres - roda de samba

Auguste Renoir_-Luncheon of the Boating Party - 1880-1881
Auguste Renoir_-Luncheon of the Boating Party - 1880-1881


Heitor dos Prazeres - 3 malandros jogando na sinuca
Heitor dos Prazeres - 3 malandros jogando na sinuca

desenho de Jorge Miguel - cinema o piolho  in http://faltaapagarolapis.blogspot.pt/2010/05/cinema-o-piolho.html
desenho de Jorge Miguel - cinema o piolho in http://faltaapagarolapis.blogspot.pt/2010/05/cinema-o-piolho.html


barbearia centenária in https://www.facebook.com/pages/CAE-Centro-de-Artes-e-Espect%C3%A1culos-da-Figueira-da-Foz/194074197293917
barbearia centenária in https://www.facebook.com/pages/CAE-Centro-de-Artes-e-Espect%C3%A1culos-da-Figueira-da-Foz/194074197293917

cartaz do filme O Garoto de Charlot, de Charles Chaplin 1921 ~~~~ Esta é a grande película na qual o grande comediante trabalhou durante um ano - uma mão cheia de alegria
cartaz do filme O Garoto de Charlot, de Charles Chaplin 1921 ~~~~ Esta é a grande película na qual o grande comediante trabalhou durante um ano - uma mão cheia de alegria

Alcínio Vicente - a ronda
Alcínio Vicente - a ronda

Alcinio Vicente - os 3 ceguinhos
Alcinio Vicente - os 3 ceguinhos

Peter Brueghel - os provérbios
Peter Brueghel - os provérbios

Pintura de Jeronimo Jacinto, século XII, retratando uma Missa
Pintura de Jeronimo Jacinto, século XII, retratando uma Missa

pintura de Willy Zumblick, sertanejos em Terno de Reis de Irani
pintura de Willy Zumblick, sertanejos em Terno de Reis de Irani

Pintura feita por artista mogiana será usada em cartaz da Festa do Divino in  http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2013/01/pintura-para-cartaz-da-festa-do-divino-e-divulgada-em-mogi-das-cruzes
Pintura feita por artista mogiana será usada em cartaz da Festa do Divino in http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2013/01/pintura-para-cartaz-da-festa-do-divino-e-divulgada-em-mogi-das-cruzes

Camille Corot - a carta
Camille Corot - a carta

Paul Cezanne - os jogadores de cartas
Paul Cezanne - os jogadores de cartas

Almeida Junior, Violeiro 1889
Almeida Junior, Violeiro 1889

Almeida Junior - moça lendo um livro
Almeida Junior - moça lendo um livro



Heitor dos Prazeres
Heitor dos Prazeres

Heitor dos Prazeres
Heitor dos Prazeres

Álvaro Brandão - o violeiro
Álvaro Brandão - o violeiro


Almeida Junior - Cozinha Caipira
Almeida Junior - Cozinha Caipira
  • Maria Do Mar Maravilhoso!! Obrigada pela partilha.. ADOREI!!
  • Maria João De Sousa Excelente partilha que muito agradeço, Victor Nogueira! Confesso que me deixei extasiar pelo Violeiro, de Álvaro Brandão e pela Moça Lendo um Livro, do Almeida Júnior... e por tudo o mais, pois é uma excelente recolha... mas estas duas telas tocaram-me muito particularmente. Obrigada!
  • Teresa Ng ADOREI!!!! Que beleza! Com sua permissão vou partilhar, estas belíssimas imagens, os Poemas de autores conceituados a literatura de cordel, que tanto amo! 

  • Luisa Neves  __________________________ 

  • Maria Rodrigues  obrigada pela partilha adorei 

  • Fatima Mourão adorei 

  • Maria Jorgete Teixeira Bela recolha de textos! As imagens são espectaculares no seu colorido e diversidade !
  • Maria Mamede Obrigada meu Amigo Victor, por trazeres à minha memória coisa que já tinha lido ou ouvido, e conhecia, portanto, e me dares a conhecer outras, que desconhecia! Sempre me ensinas algo, obrigada por isso. Bjs.
  • Cecilia Barata Mais um poema sobre "Domingo” 


    Quando chega domingo,
    faço tenção de todas as coisas mais belas
    que um homem pode fazer na vida.

    Há quem vá para o pé das águas
    deitar-se na areia e não pensar…
    E há os que vão para o campo
    cheios de grandes sentimentos bucólicos
    porque leram, de véspera, no boletim do jornal:
    «Bom tempo para amanhã»…
    Mas uma maioria sai para as ruas pedindo,
    pois nesse dia
    aqueles que passeiam com a mulher e os filhos
    são mais generosos.

    Um rapaz que era pintor
    não disse nada a ninguém
    e escolheu o domingo para se matar.
    Ainda hoje a família e os amigos
    andam pensando porque seria.
    Só não relacionam que se matou num domingo!

    Mariazinha Santos
    (aquela que um dia se quis entregar,
    que era o que a família desejava,
    para que o seu futuro ficasse resolvido),
    Mariazinha Santos
    quando chega domingo,
    vai com uma amiga para o cinema.
    Deixa que lhe apalpem as coxas
    e abafa os suspiros mordendo um lencinho que sua mãe lhe bordou,
    quando ela era ainda muito menina…

    Para eu contar isto
    é que conheço todas as horas que fazem um dia de domingo!
    À hora negra das noites frias e longas
    sei duma hora numa escada
    onde uma velha põe sua neta
    e vem sorrir aos homens que passam!
    E a costureirinha mais honesta que eu namorei
    vendeu a virgindade num domingo
    — porque é o dia em que estão fechadas as casas de penhores!

    Há mais amargura nisto
    que em toda a História das Guerras.

    Partindo deste principio,
    que os economistas desconhecem ou fingem desconhecer,
    eu podia destruir esta civilização capitalista, que inventou o domingo.
    E esta era uma das coisas mais belas
    que um homem podia fazer na vida!

    Então,
    todas as raparigas amariam no tempo próprio
    e tudo seria natural
    sem mendigos nas ruas nem casas de penhores…

    Penso isto, e vou a grandes passadas…
    E um domingo parei numa praça
    e pus-me a gritar o que sentia.
    mas todos acharam estranhos os meus modos
    e estranha a minha voz…
    Mariazinha Santos foi para o cinema
    e outras menearam as ancas
    — ao sol como num ritual consagrado a um deus! —
    até chegar o homem bem-amado entre todos
    com uma nota de cem na mão estendida…

    Venha a miséria maior que todas
    secar o último restolho de moral que em mim resta;
    e eu fique rude como o deserto
    e agreste como o recorte das altas serras;
    venha a ânsia do peito para os braços!

    E vou a grandes passadas
    como um louco maior que a sua loucura…
    O rapaz que era pintor
    aconchegou-se sobre a linha férrea
    para que a morte o desfigurasse
    e o seu corpo anónimo fosse uma bandeira trágica
    de revolta contra o mundo.
    Mas como o rosto lhe estava intacto
    vai a família ao necrotério e ficou aterrada!
    Conheci-o numa noite de bebedeira
    e acho tudo aquilo natural.

    A costureirinha que eu namorei
    deixava-se ir para as ruas escuras
    sem nenhum receio.
    Uma vez que chovia até entrámos numa escada.
    Somente sequer um beijo trocámos…
    E isto porque no momento próprio
    olhava para mim com um propósito tão sereno
    que eu, que dela só desejava o corpo bem feito
    me punha a observar o outro aspecto do seu rosto,
    que era aquela serenidade
    de pessoa que tem a vida cheia e inteira.
    No entanto, ela nunca pôs obstáculo
    que nesse instante as minhas mãos segurassem as suas.
    Hoje encontramo-nos aí pelos cafés…
    (ela está sempre com sujeitos decentes)
    e quando nos fitamos nos olhos.
    bem lá no fundo dos olhos,
    eu que sou homem nascido
    para fazer as coisas mais heróicas da vida
    viro a cabeça para o lado e digo:
    — rapaz, traz-me um café…

    O meu amigo, que era pintor,
    contou-me numa noite de bebedeira:
    — Olha, quando chega domingo,
    não há nada melhor que ir para o futebol…
    E como os olhos se me enevoassem de água,
    continuou com uma voz
    que deve ser igual à que se ouve nos sonhos:
    — …. no entanto, conheço um homem
    que ia para a beira do rio
    e passava um dia inteirinho de domingo
    segurando uma cana donde caia um fio para a água…
    … um dia pescou um peixe,
    e nunca mais lá voltou…

    O pior é pensar:
    que hei-de fazer hoje, que toda a gente anda alegre
    como se fosse uma festa?…
    O rapaz que era pintor sabia uma ciência rara,
    tão rara e certa e maravilhosa
    que deslumbrado se matou.

    Pago o café e saio a grandes passadas.
    Hoje e depois e todos os dias que vierem,
    amo a vida mais e mais
    que aqueles que sabem que vão morrer amanhã!

    Mariazinha Santos,
    que vá para o cinema morder o lencinho que sua mãe lhe bordou…
    E os senhores serenos, acompanhados da mulher e dos filhos,
    que parem ao sol
    e joguem um tostão na mão dos pedintes…
    E a menina das horas longas e frias
    continue pela mão de sua avó…
    E tu, que só andas com cavalheiros decentes,
    ó costureirinha honesta que eu namorei um dia,
    fita-me bem no fundo dos olhos,
    fita-me bem no fundo dos olhos!

    Então,
    virá a miséria maior que todas
    secar o último restolho de moral que em mim resta;
    e eu ficarei rude como o deserto
    e agreste como o recorte das altas serras:
    e virá a ânsia do peito para os braços!

    Domingo que vem,
    eu vou fazer as coisas mais belas
    que um homem pode fazer na vida!
    Manuel da Fonseca
  • Victor Nogueira Cecilia Barata gracias. Vai para uma nota autónoma pois é muito longo 

    há 2 horas · Gosto · 1
  • Carlos Rodrigues Muito bom, Victor e que belas imagens. Obrigado, um abraço.
  • Manuela Miranda ó Victor Nogueira meu Amigunho eu estou emocionada estou sem palavras, você é o máximo, isto que partilhou hoje é autentica maravilha, gostei do poema de Fernando Pessoa especialmente e depois deixei-me encantar com as fotografias são uma beleza muito Obrigada, e eu pensei que o Victor já não partilhava hoje aqui na minha página Surpresa!! lindo, lindo... beijinhos Grata!! 

  • Manuela Miranda Partilhei Victor Desculpe!!

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