21 de Novembro de 2015 - 0h01
Andocides Bezerra *
E agora, Mariana?
(Andocides Bezerra)
E agora, Mariana?
Tua barragem rompeu
Teu rio doce morreu
Ficou o amargo que escorre
E agora, Mariana?
Teu povo chora
as lágrimas não vêem
Teu povo clama: justiça!
Mas sua voz não ouvem
Mariana, e agora?
O rio não há mais
O pasto não há mais
O gado também não
Diziam que Minas não tinha mar
o mar chegou
Um mar podre de estupidez e ganância
O mar que ninguém quer
E agora, Mariana?
Enquanto tu sofres
Alguém come quieto
Enquanto tu agonizas
Alguém esconde teu sofrimento
E já outro desastre veio
Outros gritos vieram
E estes sim foram ouvidos
Mesmo vindo de longe,
mesmo falados em outra língua
Mariana, teu mar caminha
Corre solto como um gado feroz
Com um leito de morte e desgraça
Avança sobre outras terras
Em um compasso sem graça
Destruindo tudo por onde passa
E até o Espírito Santo já ameça
O que podemos, Mariana?
Se estamos atolados até o pescoço
em um mar de lama
Que não é nosso
Que não criamos
Que não pedimos
Que não impedimos
Mar em Mariana
(Marcelo Adifa)
Nas Gerais, o mar não chega
Mariana se banha em sonhos
no luar de quem amou,
foi onda
seus olhos fundos são azuis
da cor, em água um lago extenso
Nas Gerais, o mar é lenda
é apenas a lembrança de
quem tenta ser tão mais
das Gerais o mar aumenta
o desejo de deitar além do mar
Lira Itabirana
(Carlos Drummond de Andrade)
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
E agora, Mariana?, Mar em Mariana e Lira Itabirana
E agora, Mariana?
(Andocides Bezerra)
E agora, Mariana?
Tua barragem rompeu
Teu rio doce morreu
Ficou o amargo que escorre
E agora, Mariana?
Teu povo chora
as lágrimas não vêem
Teu povo clama: justiça!
Mas sua voz não ouvem
Mariana, e agora?
O rio não há mais
O pasto não há mais
O gado também não
Diziam que Minas não tinha mar
o mar chegou
Um mar podre de estupidez e ganância
O mar que ninguém quer
E agora, Mariana?
Enquanto tu sofres
Alguém come quieto
Enquanto tu agonizas
Alguém esconde teu sofrimento
E já outro desastre veio
Outros gritos vieram
E estes sim foram ouvidos
Mesmo vindo de longe,
mesmo falados em outra língua
Mariana, teu mar caminha
Corre solto como um gado feroz
Com um leito de morte e desgraça
Avança sobre outras terras
Em um compasso sem graça
Destruindo tudo por onde passa
E até o Espírito Santo já ameça
O que podemos, Mariana?
Se estamos atolados até o pescoço
em um mar de lama
Que não é nosso
Que não criamos
Que não pedimos
Que não impedimos
Mar em Mariana
(Marcelo Adifa)
Nas Gerais, o mar não chega
Mariana se banha em sonhos
no luar de quem amou,
foi onda
seus olhos fundos são azuis
da cor, em água um lago extenso
Nas Gerais, o mar é lenda
é apenas a lembrança de
quem tenta ser tão mais
das Gerais o mar aumenta
o desejo de deitar além do mar
Lira Itabirana
(Carlos Drummond de Andrade)
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
* Publicitário, palmeirense, amante do samba, comunista, ateu, pai de três, marido de uma.
http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=7348&id_coluna=127
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