quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Poesia de Filipe Chinita

* Filipe Chinita


 1º nível das perdas
.
perdi 
o meu avó isidoro
ferreiro e combatente da 1ª grande guerra
ainda antes de eu haver nascido
para uma outra mulher
que amava 
ele
sem nunca! sequer o haver conhecido
.
perdi 
em simultâneo o meu pai 
a nossa grande... casa  
e toda a minha aldeia de escoural 
de pirolitos berlindes 
cromos da bola
bolas de trapo
e amigos
.
perdi 
depois 
em definitivo 
(sem ainda bem noção do que havia perdido)
o meu pai doente de áfrica vindo
cinco anos passados
pela.s mulher.es....
e pela malária
acossado
.
perdi 
em consquência 
minha amada mãe maria para a subsistência em frança 
.
perdi
eu.próprio o meu país 
contra a repulsa da guerra colonial
.
perdi 
depois a minha vida em frança 
pela liberdade 
e revolução 
no meu 
país
.
perdi
a revolução... 
nas ruas de mora.em novembro.
mal acabara eu de fazer 20 anos
e logo
perdi évora... para a tuberculose
.
quasi 
logo de seguida.em maio de 76
perdi a dores em voo de morte
ficando eu em vida! 
sem uma única beliscadura
senão esse golpe
para todo o 
sempre
.
perdi 
campo maior 
do meu povo... para o nabeiro 
depois de haver.mos sido o único 
que lhe ganhou.... em 
toda a inteira 
vida
.
perdi/perdemos 
de um só.golpe casquinha e caravela
o que para mim foi o quasi.fim de tudo
.
perdi 
a minha avó maria chinita.
a que um dia foi mulher do tal isidoro.
dando ainda assim origem ao manuel da bia.meu pai
que haveia de me procriar a mim.
cem minha mãe.maria.
jovem de 19 anos 
de idade
.
acabei 
por perder a maria 
na distância de alentejo/lisboa 
como de há muito estava previsto
.
foi então 
que cansado de tantas perdas... 
em que não tive mão 
querendo salvar 
me deixei trair 
e perder a mim mesmo... 
perdendo assim de vez
o meu partido
toda 
a minha designada vida futura
ficando absolutamente só
e sem nada de nada 
de mim e de meu
tal 
um escorraçado cão de rua
no absoluto chão dos dias
na des.conhecida cidade... 
grande
afinal... apenas 
nossa aldeia 
maior
.
fj
11.31
11.01.2022



13:59

comuna.
e não por acaso 
de paris.minha amada!
.
não
eu não quero 'liberdade'... desta
.
não
eu não quero 'democracia'... desta
.
não
eu não quero de capitalismo... algum
.
nem
de social-democracia alguma...
travestida de apenas (mais) 
capitalismo
.
eu 
só quero socialismo!
e
caminho 
do comunismo
.
não! 
em apenas portugal
.
nem 
apenas na europa unida
.
mas sim
em todo o mundo,planeta terra
.
não nenhum outro 
regime.sistema.religião do dinheiro ou do.s deus.es... me satisfaz
.
que não me contento com o nada.
nem com tão pouco
.
só quero o tudo 
e o todo!
.
e não para mim.
mas para...
todos!
.
fj
13.51
12.01.2022
de tudo! em comum

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