2.1.SS: O Esquadrão da Morte
Nenhum grupo foi tão categórico quanto à criar as doutrinas e aplicá-las quanto as SS, sigla de Schutzstaffl, a tropa de elite do regime nazista. A SS em si foi criada em 1925, como um regimento paramilitar. Os soldados SS possuíam entusiasmo político e ideológico, portanto, juravam lealdade absoluta e possuíam a motivação necessária para levar até o limite o regime nazista.
“Quem vê o nacional-socialismo apenas como um movimento político, não compreende quase nada. Trata-se de uma criação humana nova. Sem uma base e objetivo biológicos, a política é hoje completamente cega”, certa vez disse Adolf Hitler em um de seus discursos em Berlim. O trecho consta no livro “História da Gestapo”, do historiador judeu de ascendência francesa Jacques DeLarue. Frases como estas foram a força motriz para inspirar um personagem primordial do regime nazista: Henirich Himmler.
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Esse líder nazista foi o responsável por gerir a SS em 1939 e foi seu líder máximo até 1945. Mas antes mesmo de ocupar o topo do comando das SS, Himmler já gozava de prestígio em cargos não menos importantes na organização, o que possibilitou muitos dos seus mandos e desmandos. De acordo com o escalão que vigorava no regime, o chefe das SS era o segundo homem na hierarquia nazista. Himmler foi talvez o maior responsável por pregar a cultura do ódio contra as “raças inferiores”.
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“Após séculos de lamentos sobre a defesa dos pobres e humilhados, chegou o momento de nos decidirmos a defender os fortes contra os inferiores. O instinto natural ordena a todos os seres vivos não apenas que vençam os seus inimigos, mas que os exterminem”. Segundo DeLarue, principalmente esta frase dita por Hitler inspirou Himmler a dar início aos seus ideais de sangue, que mais tarde ficariam conhecidos como um único plano com caráter maligno intitulado “Ordem Negra”.
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Assim como em qualquer departamento do nazismo, o “treinamento ideológico” começava desde cedo. De acordo com Jacques DeLarue, “o jovem alemão selecionado para ingressar na SS devia efetuar uma estada obrigatória em um serviço especial para entrar na SS”. Esse serviço especial era denominado Reichsarbeitdienst, que significava “serviço do trabalho”. Nele os jovens aprendiam os valores de sua ideologia racista. “Com o tempo tornou-se indispensável ser membro da SS se o jovem quisesse determinado cargo na administração do estado, ou ingressar em uma universidade”, afirma DeLarue. Desse modo, obrigando qualquer cidadão que queria ter uma vida mais estável – com curso superior e bom emprego – ser submetido à ideologia racista, Himmler foi implantando aos poucos a sua “Ordem Negra”.
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A principal assecla do regime nazista, aquele que levou até os últimos limites os ideais nazistas de eugenia e todo o leque de horroridades advindas dela, foi alvo de diversas análises por parte dos historiadores. Traçando um perfil a respeito de diversos líderes nazistas, DeLarue busca inspiração em um teósofo iluminista, Jacob Boehme. Certa vez, no século XVIII, Boehme disse que “o corpo apresenta a marca das forças interiores que o animam”. Com isso, o historiador francês decreta: “resulta tranquilizador saber que os assassinos ostentam estigmas de sua brutalidade”. Citando alguns exemplos, DeLarue afirma que os principais líderes nazistas obedeciam esta regra. “Roehm tinha semblante de criminoso; a expressão de Bormann não era menos inquietante; Kalterbrunner e Heydrich apresentavam fisionomias de homicidas”, dizia o escritor. No entanto, Himmler deixava DeLarue indignado: “Himmler possuía um rosto uniforme, desesperadamente banal”.
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Porém, se a fisionomia de Himmler não explica muito a respeito da personalidade do próprio, é possível recorrer às suas atitudes para ratificar que sua pessoa era realmente vil. De acordo com o livro “A Batalha de Berlim”, do jornalista americano Andrew Tully, “Himmler fixava cartazes nos campos de concentração com os dizeres ‘uma via conduz à liberdade’”, uma demonstração “horrorosamente cínica” para Tully.
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Jacques DeLarue afirma que essa frase que sempre era seguida por dizeres como obediência, honestidade, aplicação, espírito de sacrifício, e outros, não eram algo cínico promovido por Heinrich Himmler, como muitos pensavam. Na verdade, na visão de DeLarue, estes dizeres “eram uma projeção inconsciente do pai de Himmler”, um professor aplicado que morreu e não viu seu filho, fascinado pela ideologia nazista, perverter seus principais valores.
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Mais tarde, agregando outros regimentos do esquadrão nazista – muitas vezes utilizando a força e expurgando outros líderes -, Himmler obteve poder ilimitado. Em meados da década de 30 foi criada a Waffen SS (um grupo armado desvinculado do exército alemão). Os soldados da Waffen seguiam regras e dogmas ainda mais violentos que os soldados “normais”.
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Os Waffen possuíam, por exemplo, um punhal especial. Em 1935 Himmler lançou um decreto dizendo que o punhal SS “deveria ser lavado a sangue sempre que o empunhador sentir-se afrontado”.
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Um relato contido no livro “História da Gestapo” serve para exemplificar muito bem como esse artefato simbolizava a autonomia sem limites destes soldados especiais. “Em setembro de 1939, um membro das Waffen SS que vigiava um grupo de cinquenta trabalhadores judeus considerou divertido, depois de concluída a tarefa do dia, abater os infelizes, um após outro com seu punhal”, diz trecho do livro de DeLarue. Na época foi aberto um inquérito, mas o soldado ficou impune. “Observava o relatório, a sua qualidade de SS [do soldado] o tornava ‘particularmente sensível a vista de judeus’ e agira apenas ‘de espírito de aventura próprio da juventude’”, relata DeLarue. “Seria muito provável que um indivíduo de escol tão dotado fosse beneficiado por uma promoção rápida”, ironiza o escritor francês de origem judia. Além disso, na ocasião o tribunal também ratificou que os “SS podiam utilizar suas armas, mesmo que o adversário fosse dominável por outros meios”.
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Outro “sistema” criado por Himmler serviu para mostrar quão insanas eram suas ideias, que compunham a Ordem Negra. Chamava-se Lebensborn (“Fonte da Vida”) e consistia em um sistema para conceber crianças originadas de mulheres e homens selecionados criteriosamente pelos seus caracteres nórdicos, sem qualquer união legal entre o casal. DeLarue classifica o sistema como uma espécie de “coudelaria humana”, onde os casais se uniam e copulavam. As crianças quando nascidas eram criadas longe dos pais – na verdade, não se fazia questão nenhuma de manter essa ligação – em centros especiais, onde recebiam alimentação e se desenvolviam “naturalmente”, aprendendo, logicamente, desde cedo os valores nazistas. Essa era a representação máxima de um eugenismo orientado e, teoricamente, essas crianças formariam, na visão de Himmler, a primeira geração de nazistas puros moldados desde o embrião. “A derrocada do regime nazista impediu que a experiência fosse mais longe. Não obstante, 50 mil crianças tinham já nascido por esse sistema. O seu nível intelectual é hoje nitidamente mais baixo que a média e apresentam um taxa de débeis ment
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4.Os braços de Hitler
Foi com palavras desse tipo que Adolf Hitler convenceu o povo alemão de que a guerra era o caminho para a evolução da raça ariana: “Para se desenvolver, os alemães precisam de um grande território. As outras raças da Europa devem ser eliminadas para que os arianos possam se desenvolver sem risco de miscigenação”, disse o líder nazista em um discurso em 1939, às vésperas de invadir a Polônia.
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Não obstante, o regime nazista necessitava de grupos táticos, estratégicos, que colocassem em prática os planos de ataque, bem como organizar e impossibilitar insurgências no regime que enfraquecessem o governo.
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Nesse aspecto, a Gestapo (sigla de Geheime Stadts Polizei, polícia secreta do estado alemão) foi primorosa. “Evitar toda a discussão do dogma nazista, eliminar todos os oponentes por qualquer meio, mesmo aqueles que ousavam duvidar da excelência do regime, tal era a missão da Gestapo”, diz DeLarue. Portanto, enquanto temos SS cuidando da parte ideológica, a Gestapo aparece como a força encarregada de praticamente obrigar que todos seguissem o nazismo.
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Em seu livro “História da Gestapo”, DeLarue explica minuciosamente como a Gestapo controlava qualquer fagulha que havia de subversão – além, é claro, de denunciar todos os malefícios causados pelos policiais da Gestapo, acusado de tortura, assassinatos, atentados e os mais variados crimes.
Mas para dar um breve exemplo de como a Gestapo podia ser eficaz e onipresente, é bom relembrar um breve trecho do livro. Utilizando um sistema de espionagem inimaginável, amparada por tecnologia e parâmetros científicos. “A partir de 1933, a Alemanha ficou dividida em trinta e duas Gaue (regiões administrativas). Cada Gau dividia-se, por sua vez, em Kreise (círculos). Cada Kreis em Ortsgruppens (grupos locais); cada um destes em Zellen (células), cada Zelle em Blocks. Cada uma destas divisões tinha um líder a dirigindo”, explica DeLarue, mostrando como era possível rastrear todas as ligações dos moradores de Berlim. Ou seja, a privacidade era nula na capital alemã.
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Durante o decorrer do regime, muitos outros regimentos surgiram devido as necessidades. Para garantir que a vida do führer fosse zelada, foi criada a Reichessicherheitstahauptant (sigla RSHA: departamento central de segurança do Reich). Antes mesmo de 1939 havia a SA (sigla de Sturmabteilung) uma tropa de assalto muito maior que as SS Porém, esse grupo, apesar de ter centenas de membros a mais que as SS, não tinham a motivação política da “rival”. Quando Himmler assume o poder ele absorve a SA ao seu grupo – após eliminar Röhm, o chefe da SA por causa de seus expurgos contra outros líderes nazistas, Himmler criou a SD: Sicherheitsdienst des Reichsführers. Tratava-se do “Serviço de Segurança do Chefe das SS no Reich”.
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Se na sociedade nazista a Gestapo era responsável por manter a ordem, a Wermatch e Luftwaffe (Exército e Força Aérea alemã) eram os braços de Hitler no campo de guerra. O poderio bélico alemão era um dos maioores do planeta, sem dúvida. Tanques, rifles, bombas, mísseis e todo e qualquer tipo de armamento possuíam os regimentos nazistas. Esses armamentos, somados à táticas minuciosamente ensaiadas, formaram um tipo de ataque letal, capaz de render os adversários em poucos dias.
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Mas alguns grupos nos campos de guerra, que surgiram principalmente durante a derrocada do regime nazista, chamam mais a atenção por seu caráter único. Os Totenkopf (“cabeças de morte”), por exemplo, equivalente aos “Boinas Verdes” americanos, caracterizavam-se por sua violência extrema no campo de batalha. De acordo com Andrew Tully, “tratavam-se de um grupo de regimento que atuava nos campos”. Para ter noção da brutalidade empregada por estes soldados, há um relato que conta que, certa vez, membros desse grupo fizeram prisioneiros soldados soviéticos em uma incursão pela Floresta Negra. Os soldados foram enforcados um a um com cordas de piano. Segundo Tully, o mais forte desses soldados, com corpulência avantajada, demorou mais de 1 hora para morrer.
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Na derrocada final do nazismo, quando os soviéticos bateram ás portas de Berlim, outro grupo se destacou. Era a chamada “Volksturm” (“assalto do povo”). Com o exército alemão às mínguas, o povo teve que ir à luta. Basicamente a Volksturm era formada por homens entre 16 e 60 anos, escalados para defender Berlim da iminente invasão soviética. Mal treinados e com equipamento escasso, o “assalto do povo” foi presa fácil dos experientes soldados do Exército Vermelho. Acredita-se que quase 15 mil “soldados” desse “regimento” morreram na batalha de Berlim. A bem da verdade, alguns garotos foram inclusive condecorados pelo próprio führer em função de sua bravura.
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Já os SS Charlemagne Panzergrenadier eram a prova viva de que havia vida nazista fora das fronteiras alemãs. A divisão SS Cherlemagne (alusão ao lendário rei Carlos Magno), era formada por voluntários franceses fascistas que se alistaram no exército alemão para combater os comunistas do leste. Grupos semelhantes se estabeleceram na Espanha e na Escandinávia também.
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Acredita-se também que havia os Werwölfes (“lobisomens”). Estes, ao contrário dos citados anteriormente, não gozavam nem um pouco do prestigio de Hitler. Supostamente o Werwölves era um grupo paramilitar encarregado de promover ataques terroristas extra-oficiais após a capitulação alemã. O führer via isso como uma ofensa, já que a ideia de capitulação não passava nem perto de ser algo palpável para ele. Inclusive, Hitler não comutava de nenhuma ideia derrotista – o führer preferia a auto-destruição em detrimento da redenção. O caso deste grupo que supostamente estava preparando uma organização clandestina nazista é contado no livro “A Batalha de Berlim”. Porém, para o jornalista Andrew Tully, essa história dos “lobisomens” era fruto da imaginação de homens de Paris, Londres e Washington. Ou seja, de cronistas e jornalistas em busca de uma boa fábula.
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http://nopassado.wordpress.com/bracos/
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1 comentário:
Quem quiser saber mais sobre a Gestapo, tem aqui uma série documental para download:
http://culturatuga.hostoi.com/documentario/gestapo
Abraço
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