quarta-feira, 10 de março de 2010

Alda Espírito Santo - Vida e Obra (1926-2010)


Matriarca das letras e da política de São Tomé
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Morreu Alda Espírito Santo

09.03.2010 - 18:07 Por PÚBLICO

A política e poeta Alda Espírito Santo, que lutou pela independência de São Tomé e Príncipe, morreu hoje numa clínica de Luanda.
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Alda Espírito Santo era presidente da União Nacional dos Escritores e Artistas São-Tomenses e já fora presidente da Assembleia Nacional, bem como ministra da Educação, da Cultura e da Informação.
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Dado o agravamento do seu estado de saúde, fora há dias transferida para Angola, onde lhe amputaram uma perna para conter a gangrena provocada por má circulação sanguínea; mas entretanto entrara em coma.
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Nascida em 1926, frequentou a Universidade de Lisboa e na Casa dos Estudantes do Império, foco do nacionalismo das antigas colónias africanas, conviveu com Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade e Marcelino dos Santos.
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Deixou os livros de poemas “O Jogral das Ilhas”, de 1976, e “É nosso o solo sagrado da terra”, de 1978.
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saotome : Message: Artigo sobre poesia de Alda Espírito Santo e Conceição Lima

2 publicações - 1 autor
Uma voz de imbondeiro no silêncio da gravana: a representação da mulher na poesia de Alda Espírito Santo e Conceição Lima, de Érica Antunes, Revista Crioula ..
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[PDF]

As (in)diferenças sociais nas vozes poéticas de Alda Espírito Santo e Noémia de Sousa

Formato do ficheiro: PDF/Adobe Acrobat -de ÉA Pereira - Artigos relacionados
africana de língua portuguesa — análise das obras de Alda Espírito Santo, Alda Lara, ..... “Construir” de Alda Espírito Santo apontam para as (in)diferenças ...
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Alda Espírito Santo !
Eu vou trazer para o palco da vida
pedaços da minha gente,
a fluência quente da minha terra dos trópicos
batida pela nortada do vendaval de abril.

Eu vou descer á Chácara
Subir depois pelos coqueiros do pântano
ao coração do Riboque,
onde o Zé Tintche, tange sua viola
neste findar dum dia de cais
com gentes de longe
na Ponte Velhinha
num dia de passageiros(...)

Descendo o meu bairro

 
Dados Biográficos
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         Alda Neves da Graça do Espirito Santo, nasceu em 1926 em S. Tomé.
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         Alda do Espirito Santo é um afigura emblemática, não só da literatura e da cultura santomense, como também da história recente do país. A sua presença fez-se ao domínio colonial, motivo pelo qual interrompeu os estudos universitários, tendo terminado apenas os estudos secundários em Portugal, manteve-se após a independência, como destacada figura política, desempenhando cargos de Ministra de Educação e Cultura, Ministra da Informação e Cultura, Presidente da Assembleia Popular da Republica e Secretária Geral da UNEAS.
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         Colaboração dispersa em diversas publicações regulares: Mensagem (CEI), Jornal de Angola, A Voz de S. Tomé.
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         Alda Espirito Santo é também autora de uma poesia, na qual expressa o protesto e luta intimamente associada ás aspirações do seu povo.
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         Alda Espírito Santo, senhora-mãe desse "Solo Sagrado da Terra", reafirma a cada instantânea coerência entre vida e poesia, ou melhor, a unidade entre protesto e luta. Pôs a língua portuguesa, incorporada com firmeza e serviço de nós. A sensibilidade poética joga de mãos dadas com o seu explícito engajamento.

Obra
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Poesia.

O Jornal das Ilhas (1976)

É nosso o Solo Sagrado da Terra (1978)

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Incluída em M. Andrade e F. J. Tenreiro, Poesia Negra de Expressão Portuguesa (1958); ª Margarida, Poetas de S.Tomé e Príncipe (1963); M. Ferreira, No Reino de Caliban II (1976); C. ª Medina, Sonha Mamana África (1988); O Coro dos Poetas e Prosadores de S.Tomé e Príncipe (1992); entre outros...







Poemas.HUMANIDADE
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Em Torno da Minha Baía
Aqui, na areia,
Sentada a beira do caís da minha baía
do caís simbólico, dos fardos,
das malas e da chuva
caindo em torrente
sobra o caís desmantelado,
caindo em ruínas
eu queria ver à volta de mim,
nesta hora morna do entardecer
no mormaço tropical
desta terra de África
à beira a do caís a desfazer-se em ruínas,
abrigados por um toldo movediço
uma legião de cabecinhas pequenas,
à roda de mim,
num voo magistral em torno do mundo
desenhando na areia
a senda de todos os destinos
pintando na grande tela da vida
uma história bela
para os homens de todas as terras
ciciando em coro, canções melodiosas
numa toada universal
num cortejo gigante de humana poesia
na mais bela de todas as lições
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(1963)
Abraços de Roma
Enzo

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LÁ NO ÁGUA GRANDE
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Lá no Água Grande a caminho da roça
negritas batem que batem co’a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.
Cantam e riem em riso de mofa
histórias contadas, arrastadas pelo vento.
Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.
As crianças brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.
E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.
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(1991)
In Primeiro Livro de Poesia


Outros Sites
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http://nicewww.cerne.ch/~pintopc/www/afica/EspiritoSanto/TornoBaia.htm
http://nicewww.cerne.ch/~pintopc/www/afica/EspiritoSanto/OndeEstao.htm

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ILHA NUA



Coqueiros e palmares da Terra Natal
Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos
Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos.
Verdura, oceano, calor tropical
Gritando a sede imensa do salgado mar
No deserto paradoxal das praias humanas
Sedentas de espaço e de vida
Nos cantos amargos do ossobô
Anunciando o cair das chuvas
Varrendo de rijo a terra calcinada
saturada do calor ardente
Mas faminta de irradiação humana
Ilhas paradoxais do Sul do Sará
Os desertos humanos clamam
Na floresta virgem
Dos teus destinos sem planuras
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É Nosso o Solo Sagrado da Terra
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Alda do Espírito Santo








Para lá da praia


Baía morena da nossa terra 
vem beijar os pézinhos agrestes 
das nossas praias sedentas, 
e canta, baía minha 
os ventres inchados 
da minha infância, 
sonhos meus, ardentes 
da minha gente pequena 
lançada na areia 
da Praia Gamboa morena 
gemendo na areia 
 da Praia Gamboa.
 
Canta, criança minha
teu sonho gritante 
na areia distante 
da praia morena.
Teu teto de andala 
à berma da praia.
Teu ninho deserto 
em dias de feira.
Mamã tua, menino 
na luta da vida 
gamã pixi à cabeça 
na faina do dia 
maninho pequeno, no dorso ambulante 
e tu, sonho meu, na areia morena 
camisa rasgada, 
no lote da vida,
na longa espera, duma perna inchada 
Mamã caminhando p'ra venda do peixe 
e tu, na canoa das águas marinhas ...
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 — Ai peixe à tardinha
na minha baía...
Mamã minha serena
na venda do peixe.
 
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PARA A TANIA
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Nesta noite morna de luar africano
Salpicando de sombras as estradas
Eu estendo os meus braços sedentos
Para a nossa mãe África, gigante
E ergo para ti meu canto sem palavras
Suplicando bênção da terra
Para as vias dos teus caminhos
Para a rota do destino imenso
Traçado na inteireza de todo o teu ser 
Para ti, a projecção das nossas estradas 
Varridas da impureza dos dejectos inúteis 
Para ti, o canto de glória da nossa 
Mãe África dignificada.













Vozes poética da lusofonia






http://www.revista.agulha.nom.br/santo.html
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