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'Rentrée'
A língua é protagonista do novo livro de Agualusa
por ANTÓNIO PEDRO PEREIRA09 Março 2010
Escritor angolano revela que o novo romance sairá no Outono e fala de um ano em cheio com escala na Bienal de São Paulo
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Depois de Barroco Tropical, em 2008, chega este ano mais um romance de José Eduardo Agualusa, que em 2010 se multiplica por vários projectos - a bienal de São Paulo é um deles. O escritor revelou ao DN que na rentrée, lá para Outubro, sairá um livro editado pela D. Quixote que terá como personagem principal a língua portuguesa. E, assegura, com um enredo "divertido".
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"É um romance sobre a língua portuguesa, sobre a construção comum da língua. Passa-se em vários territórios, do Brasil a Portugal até África, como Angola", revelou o escritor. "Sim, pode dizer-se que a personagem principal é a Língua. Mas há dois personagens [narrativos]: um velho linguista angolano e uma jovem linguista portuguesa", acrescentou. "Tenho um título de trabalho para o romance que não sei se irá até ao fim, por isso é melhor não o revelar", junta sobre aquele que será o nono romance.
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Mas a vida literária de Agualusa é muito diversa. Há novelas, poesia, contos, teatro e crónicas - a propósito, foi o livro Um Pai em Nascimento (lançado amanhã pela Alfaguara, em Lisboa), que reúne textos publicados entre a Pais & Filhos e a Pública, e "já esquecidos", sobre a experiência de ser pai, que gerou a conversa com Agualusa. E que se estendeu ao que anda a fazer o premiado escritor nascido no Huambo (Angola) em 1960. Mas que vive "cada vez mais tempo por cá [Lisboa]". "A situação em Angola complicou-se, parecia que caminhava para a democracia, mas retrocedeu. Mas se calhar é melhor assim, que haja uma ditadura mais clara", diz - e é por dizer abertamente o que pensa sobre o regime de José Eduardo dos Santos que tem vivido mais em Lisboa.
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Vivido e escrito, entre mil tarefas vertidas em letras. Para ser mais fácil de apreender: está a coordenar o pavilhão da lusofonia para a Bienal de São Paulo; também para Agosto de 2010, mas no Rio de Janeiro, mantém-se associado ao "festival de cultura negra" que é o bebé "Back to Black" (arrancou em 2009); há uma peça de teatro pronta a estrear e escrita a quatro mãos com o moçambicano Mia Couto (depois de Chovem Amores na Rua do Matador, que também será encenada pelo ACERT de Tondela); há um romance também a quatro mãos, ainda embrionário, com Mia que vem de um desafio do editor Zeferino Coelho.
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Agualusa é um rio caudaloso, portanto. Pronto, é preciso dizer em abono da sua humana produção que em 2009 deixou de ser cronista em Portugal, terminando a coluna na Pública e a ligação de 20 anos (desde a fundação) ao jornal Público - mas acrescentar que mantém a proeza de escrever semanalmente num jornal angolano, A Capital, que pelo menos três mil lêem (os que compram o pequeno periódico independente). E juntar que o autor considera as crónicas um laboratório literário de retira material para os livros.
Finalmente, ainda se dá a ares de editor. Em 2008, criou a Língua Geral, editora que vive no Brasil e da "alma" de "Coni" Conceição Lopes (já foi a agente de Caetano Veloso) e Fátima Otero. Um projecto em que confessa pouco influir agora, depois de ter mergulhado de início na selecção das colecções, e que vive de jovens autores brasileiros e de alguns portugueses. "Não dá dinheiro, mas já se paga a si própria", conclui satisfeito.
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