domingo, 26 de agosto de 2012

VOLFRO ! - esboço de uma teoria geral do "rush"mineiro -o caso de Arouca.


um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto


QUINTA-FEIRA, 29 DE MARÇO DE 2012

Corridas ao ouro.

.
.
.
.
DO HOMEM, NA BUSCA DO, NO ENCONTRO COM E NA PERDA DO BEZERRO DE OURO - VOLFRO !

Teria eu os meus 10 ou 11 anos, quando, com meu Pai, visitava a sua aldeia natal. Chegado eu de Africa, onde nasci e vivi até quase os 1o anos, queria Ele oferecer-me a Alma do seu Torrão. Nas cercanias do qual havia perigosíssimos buracos de abandonadas minas de volfrâmio. Explicou-me o porquê de tais minas que se situavam a 2 ou 3 kms da sua aldeia. Aí e então, fiquei a saber o que foi o fenómeno da corrida ao volframio em Portugal, durante o período da 2ª guerra mundial. Para me dar uma ideia de um dos aspectos do fenómeno referiu-me ter ouvido, um seu colega de escola primária, pintar-lhe esse fenómeno social na região, (meu Pai havia estado todos esses anos fora do país), testemunhando-o com o seu próprio exemplo, ao dizer-lhe, de modo profundamente exclamativo: "em minha casa a fartura era tanta que até os cães se negavam ao pão de ló!"

Qual bolha de azeite, "sobrenadousse-me" no caldo da memória esta espantosa definição por um homem pobre, simples, que vivenciou pessoalmente o fenómeno da corrida à riqueza pela busca do volfrámio. Toda a sua vida viveu para os seus, do seu trabalho, e, por isso, morreu pobre. Era - para meu Pai - um amigo e, para mim, miúdo, um Senhor. Esta bolha desengatilhou-se lá das profundezas, quando, há já cerca de 2 anos e meio, recebi do Zé Miguel a sua Tese de Mestrado, em Sociologia, na Universidade Nova de Lisboa e reborbulhou agora, há já 7 meses, quando me ofereceu a sua opus magnum VOLFRO ! - esboço de uma teoria geral do "rush"mineiro -o caso de Arouca. É a edição do mesmo trabalho, mas agora para difusão urbi et orbi, para o grande público «com pequenas alterações formais, rectificações necessárias e algumas observações e complementos julgados oportunos»(sic in nota prévia respectiva, pelo Autor).Na figura junta se observa a reprodução digital da respectiva capa. Mostra o trabalho em acrílico sobre tela, de 2010, do pintor Cesare Novi.Chamou-lhe "Il Ritorno dei Minatori".

Só por corcundas que me afectam a coluna de suporte da vida não pude ainda trazer a este nosso blog a referência ao evento - ao sucesso.

Já testemunhei várias corridas à riqueza: a do café, em Angola, logo que terminou a II Guerra Mundial, a da emigração massiva nos anos 50, para o Brasil e, de seguida, para Angola e Moçambique, a emigração no princípio dos anos 60 para França, Alemanha e Suiça, pouco mais que a pé, descalço, a corrida bolsista no consulado de Marcelo Caetano e, agora, desde há 10 ou 15 anos, a da expansão da finança sem fidúcia.

Tentando pensar largo, considero este trabalho do Zé Miguel sobre o fenómeno da corrida ao ou-rAlinhar à esquerdao ou, como ele diz, à riqueza, uma profunda elaboração científica do que antropologicamente isso mesmo representa e significa.

Fazendo curta uma longa história transcrevo o abstract que o Autor dela faz:

«Durante a Segunda Guerra Mundial os recursos volframíferos de Portugal e Espanha foram considerados importantes para o esforço de guerra de ambos os beligerantes, que se envolveram numa fera concorrência de que resultaram preços crescentes e uma forte migração interna de grande parte da população camponesa e operária para as regiões mineiras. Arouca um concelho tranquilo com uma vila de média dimensão, no centro-norte de Portugal, perto do Porto, recebeu o impacto dessa "corrida", pois tinha concessões afectas a cada parte beligerante, minas (concessões) independentes, ocorrências não concessionadas e um forte mercado negro a actuar entre todas estas. Com a considerável riqueza que se obtinha, a vida tranquila daquela comunidade agrícola acabou por ser agitada por diversos "comportamentos de fronteira" que reproduziam numa escala adequada o conjunto de factos que são descritos para situações similares de corrida à riqueza. Tomando Arouca como modelo, a dissertação que está na origem desta obra pretendeu estabelecer as diferenças entre a actividade mineira formal e informal, enumerar as características gerais que podem definir uma "corrida" ou "rush" mineiro, aprofundar numa prespectiva antropológica a análise dos personagens e dos aspectos típicos do "rush", apreciar os efeitos produzidos em diversas variáveis locais e os comportamentos das instituições afectadas, concluindo com uma breve avaliação da representação actual do "rush" na memória social local, duas gerações volvidas desde esse acontecimento.»

Ou seja e numa curta linha, digo agora eu: em 553 páginas o Zé Miguel destapa por métodos da antropologia a memória social do modelo Arouca no intuito de iluminar o entendimento do comportamentalismo do homem na busca do, no encontro com e na perda do bezerro de ouro.

Pimenta da Índia,"Preto" da Guiné para o engenho do açucar no Brasil, antes disso já o Infante D. Henrique se tinha abarbatado com 400 (quatro centos) escravos que encomendou, para uso pessoal no "afromarché" do Senegal), mais òpradiante ouro do Brasil para um gajo que tinha a mania de que havia de ter um filho, mas não sabia como...tropas portuguesas para França, na 1ª Guerra Mundial, para acautelar na Conferencia de Paz as colónias com riquesas a haver por tudo quanto era sítio...

...Again and again, here we are - again: Portugal sec XXI-2012!!!

Oh Zé Miguel !: Achimpa-lhe! Faz outra! agora de Doutoramento. Aí tens o título: Arouca parte II -Portugal sec. XXI - 2012.

Deixa-me ser elegante ao menos uma vez na vida! Ex abundantia cordiste digo: ex utraque parte que se olhe para o teu granítico trabalhogradus, gradus ad Parnasum.

.

Rui Abrunhosa

_____________

“N.” de Ernesto Ferrero



HÁ SEMPRE UM LIVRO...à nossa espera!

Blog sobre todos os livros que eu conseguir ler! Aqui, podem procurar um livro, ler a minha opinião ou, se quiserem, deixar apenas a vossa opinião sobre algum destes livros que já tenham lido. Podem, simplesmente, sugerir um livro para que eu o leia! Fico à espera das V. sugestões e comentários! Agradeço a V. estimada visita. Boas leituras!



WEDNESDAY, FEBRUARY 29, 2012


“N.” de Ernesto Ferrero (Teorema)

Cláudia de Sousa Dias







Ernesto Ferrero é autor de vários romances , biografias ensaio e teatro. É, também, tradutor da obra de Gustave Flaubert  e Céline, para a língua italiana. Com “N.” recebeu o Prémio Strega 2000, uma das maiores distinções literárias daquele país. 

A obra de que aqui tratamos é um romance que se assemelha com características biográficas, acerca de Napoleão Bonaparte e relativo ao período de trezentos dias de exílio, na ilha de Elba.

O Autor é dono de uma escrita pautada por um discurso marcadamente diarístico, narrado pelo bibliotecário local, Martino Acquabona, de origem aristocrática e homem de saber e cultura invulgar.

A obra divide-se em capítulos, a descrever a lenta evolução dos dias que escorrem ao ritmo da insularidade local, porto de chegada e partida, quer dos ilhéus exilados quer dos estrangeiros, invasores. O porto é, assim, a principal fonte de obtenção de notícias para a Ilha e o único ponto de contacto com o exterior. Os movimentos portuários implicam sempre, de alguma forma, uma mudança na vida dos locais, marcando sempre, num ou noutro aspecto o término de um ciclo, seja para alguém em particular, seja para a população ou parte dela. À lentidão das horas que passam de forma pachorrenta nos intervalos do horário do tráfego portuário, está sempre presente o tédio e a indignação de exilados e locais, face à imposição a partir da capital, de um soberano que será a partir de então o Governador Local e cuja megalomania foi responsável pelo dizimar de toda uma geração de jovens rapazes e trabalhadores úteis.

O romance incide todo ele no exílio de Napoleão e sua corte em Elba durante os nove meses que precedem o seu desterro para Santa Helena, mais o epílogo que relata o desfecho narrado pelo sobrinho do protagonista.

Após a restauração da monarquia pelos Bourbon e a vitória de Nelson em Waterloo, Napoleão e a sua comitiva formada por generais, cortesãos, família e amigos próximos de lealdade férrea, continuam a ser uma ameaça para os vencedores: a “águia” está inquieta no seu ninho e demasiado próxima da Europa para ser inofensiva.

Martino Acquabona é o narrador e protagonista, uma personagem ficcional obcecada pela figura do mítico general. Tem o cargo de bibliotecário na Ilha, nomeado pelo próprio N., abreviatura de que se serve para despachar mais rapidamente as questões burocráticas, e que o narrador utiliza para se lhe referir no diário até mesmo para sua protecção pessoal: o mesmo diário que contém revelações algo embaraçosas para a personagem por ele biografada. Acquabona é oriundo de uma família nobre mas empobrecida e senhor de invulgar erudição, a qual também é secretamente invejada pelo general.

Na óptica deste narrador de invulgar talento literário, a comitiva de Napoleão chega à Ilha e instala-se arrogantemente, ocupando edifícios públicos ou expulsando algumas famílias ilustres das suas propriedades, pretendendo compensá-las mediante avultadas prestações pecuniárias mensais. Poderia, à primeira vista parecer um negócio vantajoso para estas famílias, mas na realidade trata-se de expropriações, já que não são apresentadas alternativas aos proprietários. Os ocupantes escolhem as melhores casas da região, pagando o respectivo aluguer, mas trata-se de uma situação que, dadas as circunstâncias, não deixa de ser humilhante para os respectivos donos. Quanto aos edifícios públicos, trata-se de ocupação pura e simples. Os membros da corte de Napoleão tornam-se os novos senhores da ilha, sempre vigiados de longe e pelo canto do olho pelos locais, que enganam o tédio a comentar os mais ínfimos detalhes do quotidiano do ex-Imperador e dos que o rodeiam, incluindo as ordens que dá, os impostos recém-criados, as mudanças de humor, as relações com amigos, inimigos, família, amantes. Tudo temperado com a proporção dada pelo rumor a apimentar a informação original. Nada escapa ao olhar de lince dos insulares, habituados a ver chegar e partir forasteiros, sabendo de antemão que, também para estes, um dia, será a vez de partir.

Mas à medida que avançamos nos capítulos, apercebemo-nos de que a relação obsessiva de amor-ódio que se estabelece entre o bibliotecário e o ex-general se agudiza gravemente com a chegada da bela e frívola Baronesa di Calabria…A partir de então, deixa de haver paz no dia-a-dia de Acquabona, incapaz de fazer frente à ordens e caprichos de N. Este continua a agir como se fosse ainda o Imperador, de facto é-o, embora só naquela Ilha, sentindo-se dono e senhor absoluto da vontade dos homens que aí habitam. E das respectivas mulheres.


Estrutura e Estilo no romance de Ferrero

A estrutura do romance de que aqui tratamos está directamente ligada ao tempo da acção, uma vez que os capítulos estão divididos em meses.

O arranque da acção dá-se com o prólogo, o qual consiste na descrição de um sonho de Acquabona em que este assassina o Imperador. O bibliotecário atribui a esta descrição o título de Reverie em forma de prólogo e cujo conteúdo consiste no verdadeiro desejo do protagonista, desejo esse que nunca chega a realizar. Ao longo da obra, o leitor, debate-se com o desejo de descobrir o motivo que despoleta tamanho ódio, sendo esta curiosidade, em grande parte, a mola que impulsiona a leitura da obra. Mas não só. À medida que se tenta decifrar as motivações para tão violenta reacção, deparamo-nos com uma estranha ambivalência de emoções por parte de Acquabona que vão desde um ódio profundo pela prepotência dos actos do ex-general, até a uma igualmente profunda admiração pelo respectivo génio e capacidade de planeamento. Mas tirando a força que assenta numa vontade de ferro e numa invulgar capacidade de cálculo e previsão, Martino Acquabona considera o novo Governador da Ilha um homem inferior, ao qual o desejo ilimitado de poder conseguiu exterminar por completo qualquer sentido de ética.

No discurso de Acquabona são transparecem as medidas tomadas pelo novo governo local, imbuídas de um estilo de liderança inequivocamente tirânico, apesar de disfarçadas com um manto de racionalidade – o despotismo, mascarado de moral, a avidez e ganância pessoais travestidas de acções direccionadas para as necessidades de desenvolvimento local, que se traduzem em avultados desvios de verbas públicas para os cofres particulares do governador e seus amigos.

A conclusão, à laia de epílogo, é-nos dada pela reflexão de Telémaco – um mês depois do desenrolar dos acontecimentos, isto é, escrita já num tempo fora do tempo da estória -, o sobrinho de Acquabona, herdeiro do Tio Martino.


A Mulher como o pomo da discórdia

Uma palavra para a personagem da Baronesa, a qual não se limita a exercer o sortilégio da própria beleza como a típica mulher fatal: a sedução advém-lhe não só dos atributos físicos, do requinte e da erudição, mas sobretudo de um desejo incomensurável de “ser livre”, dona do próprio destino. O caminho percorrido pela Baronesa revela a profunda ironia com que o Ernesto Ferrero revestiu o destino desta personagem, cujo maior desejo acaba por ser completamente mutilado ao procurar a libertação, submetendo-se à tirania do Governador.

O ritmo com que Ernesto Ferrero dota o discurso do bibliotecário Acquabona assemelha-se a uma valsa lenta: reflexivo, cheio de momentos de pausa, descritivo mas sem floreados. Não deixa, no entanto, de exprimir emoções turbulentas, fruto de um vincado sentido crítico, que lhe é dado por um misto de erudição clássica e saber científico, conhecendo em profundidade a maior parte das obras da biblioteca e de uma certa impaciência despoletada pela atitude prepotente do invasor. À mistura do racionalismo que lhe vem do conhecimento científico e da extensa cultura livresca associada à efervescência emotiva, dirigida ao ex-Imperador, ainda mais inflamada pela ardente paixão que nutre pela Baronesa, é cozinhado ao longo da trama um delicioso caldo de venenos que torna a leitura da obra irresistível. Como contraponto, o clima ameno e algo anestesianteda ilha do Mediterrâneo.

N. é assim um livro escrito para ser lido ao sabor dos dias insulares, em férias ritmadas pelo movimento de navios que acostem e partam indiferentes ao tédio das horas…


Cláudia de Sousa Dias
31.05.20
Blog d'humeur littéraire - Livres, lectures, romans, essais, critiques. La lecture comme source de plaisir, d'inspiration et de réflexion.


29.4.09



N. – Ernesto Ferrero

N, c’est Napoléon, ce monstre froid, cet orque assoiffé de sang et pour qui la vie humaine n’a pas de prix. Des morts par dizaines de milliers sur chaque champ de bataille, par millions au bout des campagnes qui n’ont eu d’autres objectifs que d’alimenter une volonté insatiable de grandeur et de puissance.



C’est ce bourreau que déteste M. Aquabono, lettré et féru de littérature française et qu’il voit débarquer sur son île d’Elbe, jusque là bien tranquille. Une île en ébullition et vite conquise, sans coup férir.



Le parti-pris de l’auteur est intéressant. Ce n’est pas au militaire, au Consul ou à l’Empereur qu’il s’adresse. C’est au petit roi déchu, émigré sous des cieux italiens, placés sous la férule des Anglais et à qui on a laissé un lopin de terre, loin de tout, pour jouer sans risques. Un épisode peu glorieux et mal connu de l’épopée napoléonienne.



Rapidement, à peine débarqué, N. n’aura de cesse que de réorganiser de fond en comble une île jusqu’ici endormie et profondément agricole. Il y mettra la même énergie et détermination qu’en toutes choses, gouvernant de façon inflexible, un objectif toujours en tête : revenir au pouvoir à Paris.



Accompagné de ceux qui lui sont resté fidèles (son fidèle Drouot en particulier), il va s’appliquer à amadouer les autochtones en les obligeant et saura parfaitement endormir la vigilance de ses geôliers par une politique active de rénovation profonde de l’île.



Ce sont des citernes d’eau qui sont mises en place, un système complet de traitement des eaux usées, des routes qui sont tracées, des palais construits, des fortifications consolidées. Une administration totale est mise sur pied ainsi qu’une marine militaire et une petite armée.



Mais N. est aussi un homme de lettres, non pas par amour (sait-il au moins ce qu’est l’amour ?), mais parce qu’il veut tout maîtriser dans l’art de la guerre : la géographie, l’histoire, les mathématiques (pour la balistique), la physique… Il lui faut donc un bibliothécaire pour s’occuper des superbes volumes qu’il a fait venir de ses bibliothèques impériales, plus ou moins au nez et à la barbe des Anglais.



C’est Aquabono qui se voit confier cette responsabilité, lui qui déteste N. pour des raisons éthiques et morales.



Mais à côtoyer le grand homme, bientôt c’est la haine intellectuelle va bientôt se transformer en authentique admiration. Celle de l’énergie inépuisable, celle de la volonté délibérée de revenir au pouvoir, le moment venu, celle du paternalisme dont N. use sans mesure pour parvenir à ses fins, celle du stratège brillant et manipulateur d’hommes, obtenant en tout, ce qu’il désire..



Comment faire quand on ne sait que servir loyalement, que l’on se prend à admirer un homme hors du commun et qu’en même temps on aimerait l’assassiner, pour protéger l’Europe de nouvelles saignées humaines ?



Pusillanime, Aquabono ne saura qu’être la proie de ses doutes, rêvant d’être celui qui aura tué le monstre. Pendant ce temps, N. réformera profondément Elbe et préparera son retour, éphémère, au pouvoir. Un homme d’esprit face à un homme brillant d’actions. U n combat perdu d’avance.



Dans ce livre à la fois d’histoire extraordinairement documenté et roman psychologique et historique, Ferrero sait nous emmener sur des chemins de traverse qui nous donne à voir Napoléon sous un jour différent et surtout, Napoléon, en tant qu’homme fait de chair et de sang, en proie à ses doutes, ses amertumes, ses regrets mais toujours tourné vers l’action, assoiffé d’avenir fait de gloire. Car il ne fur rien d’autre que cela : un mégalomane de génie, visionnaire, d’une énergie rare, au leadership que rien ne pouvait arrêter sauf son ambition dévorante.



Certes le livre, à force de détails et de minutie, est un peu long mais tout amateur d’histoire et tout passionné du grand homme, dont je suis, se doivent de lire ce roman à part.


. . .Il baby-Napoleone raccontato alla piccola Betsy
di Francesca Marani, la Repubblica, 26/05/2006


Lo spunto è storia. Napoleone, esiliato nel 1815 a Sant'Elena, fa amicizia con una tredicenne inglese, Betsy Balcombe.

La storia viene oggi raccolta e raccontata, curiosamente, in due versioni molto diverse. In un kolossal hollywoodiano in lavorazione, l'imperatore amerà Betsy (interpretata da Scarlett Johansson) di un amore tutt'altro che filiale.

In questo libro di Ernesto Ferrero, il più noto biografo italiano di Napoleone (dal suo bestseller N, è stato tratto un altro film, di Paolo Virzì, sull'esilio all'Isola d'Elba), la relazione fra Bonaparte e Betsy è assolutamente casta e diventa il punto di partenza per un romanzo sulla formazione dell'imperatore.

Il giovane Napoleone è appunto la storia dell'infanzia e dell'adolescenza di Bonaparte raccontata da lui stesso alla piccola amica. Gli anni in Corsica, i sorrisi e i rimproveri della madre, i fratelli e i loro giochi. Poi il primo "esilio", in collegio in Francia, e l'inizio di una nuova vita come giovane ufficiale.

Il libro è un lungo dialogo fra Betsy e Boney (così la ragazzina chiamava Napoleone), il romanzo intimo, e istruttivo, di un adolescente tenace, scritto per i ragazzi di due secoli dopo.


article.boston.com

'Napoleon' has charm enough to intrigue

December 20, 2007|Mark FeeneyGlobe Staff
    •  
    • Print
"Napoleon and Me" can't quite decide what it wants to be. Set on Elba during Napoleon's brief exile there, it has elements of costume spectacle, domestic comedy, period piece, drama of ideas, and that old French favorite, the sentimental education.
Certainly, the movie's 21-year-old hero, Martino (Elio Germano), stands in a long Gallic line. This is despite the fact that "Napoleon and Me" is based on an Italian novel, "N," by Ernesto Ferrero, and an Italian filmmaker, Paolo Virzi, directed it and helped write the screenplay.

As an imaginative creation, Martino is three parts Stendhal to one part Truffaut: impulsive, idealistic, smitten with being smitten. He's been enjoying a comically tempestuous affair with the much older Baroness Emilia (Monica Bellucci). An even greater passion is his hatred of the tyrant Napoleon. Martino has Romantic urges to go with his Enlightenment beliefs. He literally dreams of killing the deposed emperor.
Soon enough, he gets his chance - or chances. Martino's republican ideals have gotten him fired as a schoolteacher. One of his sister's suitors wangles him a job as Napoleon's literary secretary.
Alas, just as no man is a hero to a villain, neither is he a villain to his secretary. What Martino finds is not a tyrannous monster but a short, tubby man who's every bit as self-involved as he is. Daniel Auteuil, who plays Napoleon, bears a disconcerting resemblance to Joe Pesci wearing a fancy hat. This may or may not be intentional, but it has the desired effect, regardless. Martino's loathing is neutralized. Whether it should be is another matter. A much-admired teacher of Martino has his own ideas about imperial assassination - and the baroness about imperial seduction. These factors further complicate Martino's relationship with Bonaparte, who, lest we forget, will soon be meeting his Waterloo. Will Martino be meeting his?
"Napoleon and Me" is always lively and often charming. Virzi has a weakness for dark interiors, swoony camera movement, and Beethoven on the soundtrack (he uses the "Ode to Joy" to particularly vulgar effect). Neither Bellucci nor Auteuil takes things too seriously - while Germano, as befits his character, takes everything too seriously. That emotional imbalance is appropriate but also limiting.
The Museum of Fine Arts is presenting the film in conjunction with its exhibition "Symbols of Power: Napoleon and the Art of the Empire Style, 1800-1815." Museumgoers are better advised to see the movie before the show. Hors d'oeuvres, after all, are intended to be eaten before the meal itself - and "Napoleon and Me" is very much an hors d'oeuvre.
Mark Feeney can be reached at mfeeney@globe.com.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Penelope Fitzgerald - A Livraria


QUINTA-FEIRA, 15 DE SETEMBRO DE 2011

A Livraria (Penelope Fitzgerald)

Determinada a encontrar na mudança um objectivo de vida, Florence Green decide abrir uma livraria em Hardborough. O problema é que os habitantes do lugar não vêem com bons olhos a abertura de um negócio tão invulgar no seu meio pequeno e, juntando a isto o interesse de Mrs. Gamart - figura social de destaque - em fazer da Old House um centro de artes, o que Florence encontrará será uma série de dificuldades - quando não a hostilidade aberta dos habitantes de Hardborough. Florence está disposta a persistir, ainda assim. Mas será possível vencer quando o adversário é a quase totalidade da população?

Há uma mensagem que se destaca ao longo de toda esta leitura, e é uma mensagem de persistência, de luta contra a adversidade e de determinação nos valores, mesmo quando todos em volta se gerem por comportamentos e posições algo questionáveis. Assim, e tendo em conta as muitas dificuldades levantadas aos objectivos de Florence, é muito fácil criar empatia para com a mulher que pretende apenas levar os livros aos que a rodeiam, mas que se vê atacada e questionada por (quase) todos. Cria-se, pois, uma curiosidade em ver de que forma o sucesso aparecerá, por fim, na vida de Florence. Porque somos levados a esperar que, mais cedo ou mais tarde, a bondade prevaleça.

E depois a autora surpreende com um final que, tendo em conta todos os problemas e dificuldades, é, ao mesmo tempo, o menos desejado e o mais adequado. Não há conclusões de "felizes para sempre" nem reconciliações com os "vilões" da narrativa. Na verdade, nem mesmo as personagens que, aparentemente, se encontram do lado de Florence, são tão boas como se querem mostrar. E há algo de muito triste, mas também de muito real, na forma como a autora encerra uma história onde a esperança acaba por se entrelaçar com uma necessária resignação.

Há, portanto, uma grande história nas páginas deste livro. Personagens de diferentes valores e formas de carácter, um caminho de dificuldade e aceitação... tudo isto contribui para uma narrativa que é, do início ao fim, marcante e interessante. Fica, contudo, a impressão de que muitos aspectos poderiam ter sido mais desenvolvidos, já que as pequenas batalhas de Florence e até a forma como os seus adversários conquistam a posição que lhes permite atacar são apresentadas de forma relativamente sucinta, dando a impressão de que, por vezes, tudo acontece demasiado depressa.

Um livro interessante, com uma história marcante do ponto de vista emotivo e que, de forma bastante simples, reflecte bem a forma como interesses e atritos mesquinhos podem, por vezes, destruir todo um sonho. Poderia, talvez, ser uma história bastante mais extensa. É, ainda assim, uma boa leitura.