* Armando Silva Carvalho
Num poema curto a corrente do sangue corria
como um planeta levando no dorsal
a filosofia pública da hora,
e a luz nua e directa incidia sobre o corpo,
real, absoluta.
Hoje o poema teima sempre em ser maior,
e a história, o tempo, a memória e o verso porque é velho,
ocultam-lhe a idade nas curvas irreconhecíveis
dum vulto.
É sempre cada vez mais longa a maratona,
e as insistentes palavras
parecem desistir enquanto avançam.
De A Sombra do Mar, (Assírio & Alvim).
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