O 1984 de Orwell, ou o 1933 de Adolf?
(Carlos Marques, in comentários na Estátua de Sal, 21/11/2023)Em que ano estamos? Vamos lá ver o que se passa, para ver se chegamos a uma conclusão.
Mais de 13 mil civis assassinados,
dos quais 5500 crianças, num só mês. Um exército a cercar e a invadir
hospitais, a bombardear escolas das Nações Unidas, a fazer uma limpeza étnica
de dois milhões de pessoas, numa invasão a um campo de concentração. Um regime
de apartheid em que se diz ser o povo escolhido, superior aos restantes.
Isto é o que se passa. É factual.
Mas, se eu não chamar os bois pelos nomes, um leitor desatento poderia ficar na
dúvida se estou a falar da Alemanha Nazi de Hitler… Não. Estou a falar da
Israel naZionista de Netanyahu.
Hoje vi 30 segundos de MainStreamMedia portuguesa,
15 segundos em cada canal. Primeiro vi dois PRESStitutos, um pivot
e um comentador, a trocar palavras, dizendo algo como “Orbán, a voz de Putin na
Europa, é um problema”. E não, não foi o comentador a dizer está alarvidade.
No outro canal, estavam a dar numa
reportagem sobre os coitadinhos familiares dos “civis raptados” a 7 de Outubro
pelo Hamas. Nem uma palavra sobre os mapas da ONU que mostram que, sob todos os
pontos de vista, aquelas cidades “Israelitas” são a Palestina ocupada; portanto
quem lá está é invasor/colono ilegal, e por isso eles não são civis, nem
inocentes, nem foram raptados. São invasores, são os culpados pelo início da
agressão, e são prisioneiros de guerra.
E, imagino eu, nem uma palavra
nesta MainStreamMerdia sobre as mais de 800 crianças
palestinianas, essas sim raptadas, e todos os anos colocadas em condições de
tortura psicológica nas prisões/gulags do invasor naZionista.
Nem sobre os milhares de cidadãos palestinianos presos só por serem quem são. E
nem uma palavra sobre o Bamba e de como a lei internacional dá a milhões de
palestinianos o direito de regressar. Ora, se pela frente têm muros,
colonos/invasores ilegais armados, acompanhados de militares genocidas, como é
que regressam às casas que lhes foram roubadas? Tem de ser o Hamas a abrir
caminho.
É esta a situação. Um lado quer viver
em paz. O outro quer invadir ainda mais, e fazer guerra até destruir tudo e
matar todos os que estão no caminho dos seus planos: como prova o mapa que
Netanyahu, o naZionista-mor, apresentou na ONU, só com Israel e sem
Palestina nenhuma, nem Gaza nem Cisjordânia, nem Hamas nem Fatah. Uma limpeza
étnica completa.
E é para atingir esse objetivo que o
chefe do império genocida ocidental, os EUA, tem na região um total de mais de
70 navios de guerra e de mais de 200 aviões. Nem vou dizer o número de mísseis
(armas de destruição em massa) nem de bases ilegais, invadindo vários países
contra a vontade dos respetivos povos.
Da EUropa, nem uma única
sanção, nem uma única arma dada a quem resiste. Pelo contrário, os países EUropeus/NATO com
assento no Conselho de Segurança da ONU, votaram contra o cessar-fogo. Só
aprovaram “pausas humanitárias”. Ou seja, traduzindo de língua de porco
diplomata mas genocida, para língua de gente intelectualmente honesta: votaram
a favor de um horário de guerra contra civis, em que, na maior parte do tempo,
há genocídio, e nas pausas do genocídio há limpeza étnica: a deslocação forçada
de toda a população com vista à sua substituição.
Para completar, a cereja no topo
deste bolo de m*rda, avança a censura e o cancelamento de quem
discordar do império genocida ocidental e do naZionismo. Na EUropa proibem-se
manifestações pacíficas a favor da libertação da Palestina. Em Portugal
promove-se uma Web Summit em que o Irlandês que se atreveu a dizer um facto
(que Israel comete crimes de guerra) perdeu o lugar no evento que o próprio
criou, e foi substituído por uma cadela com pedigree da CIA.
E, nós próprios EUA, a cartilha obrigatória já foi entregue a reitores de
universidades e a CEO de empresas, para que se ataque os indivíduos que se
atrevem a criticar quem assassinou mais de 5500 crianças. Se o fizerem, esses
jovens dos EUA, perdem as suas oportunidades de vida, ficam sem carreira, e os
que já a tiverem iniciado ficam sem emprego.
Bem-vindos a 1984.
Aqui, o libertador Mandela é
“terrorista”, mas o nazi Bandera e os seus seguidores neoNazis são
“heróis”.
Guerra é “paz”.
Belicismo é “segurança”.
Dinheiro para salários é
“extrema-esquerda”.
Assassinar russos é “investimento”.
Censura é “liberdade”.
Fake News e propaganda são “factos”.
Combater nazis é “injustificado”.
Resistir a naZionistas é
“terrorismo”.
A China é uma “ameaça”.
O império genocida (EUA) é um “aliado
bem-intencionado”.
A €Uro-ditadura é a “representação
exemplar dos cidadãos”.
Partidos capitalistas neoliberais das
privatizações, ataques ao direito laboral, e mercado desregulado, são
“socialismo”.
Ter 41% de votos (que em 50% de
abstenção são só 21% de eleitores) é ter “maioria absoluta”.
Uma procuradoria que, trocando um
nome numa montanha de escutas que pariram um rato, deita abaixo um governo, é
“estado de direito”.
Defender o próprio país (Hungria) e
apelar à paz, é ser “a voz de Putin na EUropa”.
Ter uma lei, representativa da
vontade da maioria, que manda tapar boa parte do cabelo da mulher com um lenço,
é “fanatismo religioso de um regime perigoso”, mas bombardear campos de
refugiados em nome da Torah é ser “a única democracia do Médio Oriente”.
Enviar médicos para países
necessitados é ser “país terrorista”, mas construir muros e jaulas para
emigrantes esfomeados é “defender os direitos humanos”.
As alterações climáticas são uma
emergência, mas evitar jatos privados ou evitar uma guerra nuclear nem por
isso…
Agora que cheguei ao fim, fiquei na
dúvida. Será o 1984 de Orwell, ou o 1933 de Adolf? Ou será uma nova era que
ficará na memória das próximas gerações como algo ainda pior que os dois
exemplos referidos?
PS: Para a Argentina, o ano é 1973. O
golpe Pinochetista/CIA neste momento já não precisa de botas
cardadas. Bastam fake news na MainStreamMedia, bits e mentiras nas
redes sociais, uma boa dose de guerra/terrorismo económico, e um bando de
“mercados internacionais” a piar de acordo com os 1% donos deste Mundo, e está
feita a receita.
Depois, basta só um governo
incompetente, levar ao forno durante 4 anos, a oposição moderada não comparecer
ao jantar, e o fascista/NeoLiberal e globalista/traidor come
tudo. Eles comem sempre tudo.
Se Milei fizer tudo o que prometeu,
haverá mais argentinos a passar fome daqui a 4 anos, do que houve russos nessa
situação após o “Milei bêbado de Moscovo” (ala Yeltsin) ter sido o eleito para
aplicar essa receita: capitalismo neoliberal de choque antidemocrático só com o
fim de agradar à oligarquia do império genocida ocidental.
https://estatuadesal.com/2023/11/21/o-1984-de-orwell-ou-o-1933-de-adolf/
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