* Carlos Vale
"Segundo uma das
figuras da " esquerda intelectual britânica ", Tariq Ali - The Extreme Center: À Warning, Nova York,
Verso, 2015 - o extremo centro é a aliança onde “centro-esquerda e
centro-direita concordam em preservar o status quo; uma ditadura do capital que
reduz os partidos políticos ao estatuto de mortos-vivos”. Por trás de discursos
muitas vezes melosos, a política do “extremo centro” visa, “custe o que
custar”, levar á prática o mais possível
, um liberalismo económico sem limites,
sob a liderança de um executivo com tendências autoritárias." "Em resposta às reivindicações
populares, as classes dominantes utilizam o Estado como garante dos seus
interesses particulares, dotando-se, “ao mesmo tempo”, de um sistema mediático
capaz de travar uma guerra ideológica de alta intensidade."
Este fim de
semana foi fértil na propaganda do "extremo
centro " , com o Congresso do PSD e a campanha eleitoral no PS .
Ao ouvi-los parece que o
país não precisa de crescimento
económico , de melhores salários e pensões , de um serviço nacional de saúde e
de uma escola pública de qualidade , que
o país não precisa de melhorar substancialmente a
distribuição do rendimento nacional. Do que o país precisa é de moderação.
Há mesmo uma competição entre os actores políticos para se
apresentarem , cada um mais moderado do que o outro... Cavaco diz que é um adepto entusiasta da social democracia moderada , Ferreira
Leite afirma que não estamos em de tempos de radicalismos , Monte Negro define
se como um moderado ...
A moderação isto é
não tocar nos privilégios dos
dominantes , dos grandes senhores do dinheiro , no sistema financeiro ,
na banca e nas grandes fortunas é a nova
, velha panaceia do conservadorismo reaccionário que embala o PSD e grande
parte do PS .
Mas esta dita moderação é
na verdade de um radicalismo sem
fronteiras quando se trata de defender os grandes interesses e de passar a
factura para cima dos trabalhadores , pequenos empresários e camadas médias
como vimos , por exemplo , na crise de
2007 / 2009 com o sistema bancário
ou no tempo da Troika em que foi tudo a
eito , salários , pensões , subsidio de férias ...e até feriados .
Quem toca ou
ameaça tocar nos privilégios é no dizer deles , dos seus politólogos e da
sua imprensa , extremista e , como tal
, demonizado ou silenciado .
Eles sim são os
extremistas . o extremo centro , o centrão do cifrões , o Bloco central das negociatas ,
o Bloco central dos grandes interesses , o extremismo dos bem sentados à mesa do orçamento cuja digestão é por vezes
interrompida por tal ou tal incursão do Ministério Público. Eles são os das
palavras pias para com os pobrezinhos em tempo de Natal e sempre a dizerem em
abstrato que a economia portuguesa não se pode fundar nos baixos salários . A
sua governação é conhecida e , pode se dizer que nos últimos anos só com a dita geringonça . mesmo com limitações , os trabalhadores e as camadas populares
tiveram algum alivio .
A campanha
eleitoral já começou e o debate
político, entre várias opções, é reduzido ao máximo, em favor de escolhas
apresentadas como técnicas, visando fazer acreditar que só existe uma política
possível , a da moderação a do Statu quo .
Os trabalhadores e os jovens devem, portanto, submeter-se
inevitavelmente às falsas opções do "centrão" que monopoliza cada vez mais a riqueza
produzida – em nome da “eficiência” ou da ilusão de um melhor bem-estar, ou
mesmo da “justiça”.
Mais do que nunca o que vai ser decisivo é que se verifique
uma maioria de esquerda na assembleia da Republica com uma relação de forças
favorável ao Partido mais consequente .
o PCP, a CDU .
Quando se formou a Geringonça o PS tinha perdido as eleiçóes
! ... "
Do Facebook de
https://foicebook.blogspot.com/2023/11/o-extremo-centro.html
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