sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ESTE INFERNO DE AMAR ! - Almeida Garrett

Foram Garrett e Beethoven, e Domingos Sequeira e Camilo (a minha mãe punha à venda livros da Guimarães editores, mas ninguém comprava, desforrava-se a família) que me levaram até ao romantismo, era eu uma pobre púbere provinciana. (Já tinha visto aquela tua mensagem no blog) Beijo grande. E viva Garrett!

ESTE INFERNO DE AMAR !

“Este inferno de amar — como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra; o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… — foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei
Mas nessa hora a viver comecei…”

Almeida Garrett, in Folhas Caídas
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Enviado por Guilhermina Abreu (hi5)
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