quinta-feira, 12 de novembro de 2009

De Relance, O Alentejo - Jorge de Sena

.
Um céu abafadiço, um ar de ausência

esperando nuvens imóveis no céu baixo.

A terra, já das ceifas recolhida,

alonga-se manchada a flores tardias,

roxas, vermelhas, amarelas, brancas,

como penugem de esquecida Primavera.
.

.
Por entre os campos, os cordões rugosos

dos caminhos para toda a parte,

menos para os campos, que pacientemente evitam.

Na linha do horizonte próxima ou distante

conforme as ténues cristas da planura imensa,

um claror de céu, um tufo de arvoredo,

alternadamente se tocam e se afastam.
.
.

De súbito, num alto que a planície esconde,

as casas surgem brancas e compactas.

Como surgem, mergulham

na sombra poeirenta de azinhagas em ruínas.

Ainda se demora uma torre antiga,

escura, com ameias e janelas novas,

caiadas.

Um rio se advinha. Mas, de ao pé da ponte.

de novo apenas o ondular da terra,

um crespo recordar só de searas idas.
.
.
Enviado por Cecília (hi5)
.
.

Sem comentários: