Gustave Jean Jacquet
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um olhar sonhador
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Amor
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Ele me amava, mas não tinha dote,
só os cabelos pretíssimos e uma beleza
de príncipe de histórias encantadas.
Não tem importância, falou meu pai,
se é só por isto, espere.
Foi-se com uma bandeira
e ajuntou ouro para me comprar três vezes.
Na volta me achou casada com D.Cristovão.
Estimo que sejam felizes, disse.
O melhor do amor é sua memória, disse meu pai.
Demoraste tanto, que...disse D.Cristovão.
Só eu não disse nada,
nem antes, nem depois.
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Adélia Prado
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Ele me amava, mas não tinha dote,
só os cabelos pretíssimos e uma beleza
de príncipe de histórias encantadas.
Não tem importância, falou meu pai,
se é só por isto, espere.
Foi-se com uma bandeira
e ajuntou ouro para me comprar três vezes.
Na volta me achou casada com D.Cristovão.
Estimo que sejam felizes, disse.
O melhor do amor é sua memória, disse meu pai.
Demoraste tanto, que...disse D.Cristovão.
Só eu não disse nada,
nem antes, nem depois.
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Adélia Prado
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13 de novembro de 2009
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Eugen von Blass
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um olhar do eterno feminino
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Monemvassiá, pátria de Yannos Ritsos
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O preço da beleza, nestas ruínas amorosamente
reerguidas, é sem preço. O calcário em pedra solta
e firmes angulares, a talha rasando rente
e os volumes que como harmónio em volta
um só concerto tangem. E a rocha em frente
à pedra impõem a pequenez, enorme nessa rota
que faz a baía tecer de azul fremente
o belo impoluto na mais pura nota.
Até os pássaros no vinhedo prestam o tributo
debicando os bagos, e o majestoso pinheiro
no silêncio ergue seu hino. Lazareto outrora,
hoje este canto do passado ao presente faz o luto,
a ele trazendo a exacta medida do dinheiro,
do que vale e não vale, e do que vale a Hora.
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Aurélio Porto
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O preço da beleza, nestas ruínas amorosamente
reerguidas, é sem preço. O calcário em pedra solta
e firmes angulares, a talha rasando rente
e os volumes que como harmónio em volta
um só concerto tangem. E a rocha em frente
à pedra impõem a pequenez, enorme nessa rota
que faz a baía tecer de azul fremente
o belo impoluto na mais pura nota.
Até os pássaros no vinhedo prestam o tributo
debicando os bagos, e o majestoso pinheiro
no silêncio ergue seu hino. Lazareto outrora,
hoje este canto do passado ao presente faz o luto,
a ele trazendo a exacta medida do dinheiro,
do que vale e não vale, e do que vale a Hora.
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Aurélio Porto
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12 de novembro de 2009
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Thomas Lawrence
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Margaret, Condessa de Blessington
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Por Ana Roque às 10:17 de 12 de novembro de 2009 |
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o segredo da espuma
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Só o fogo e o mar podem olhar-se
sem fim. Nem sequer o céu com as suas nuvens.
Só o teu rosto, só o mar e o fogo.
As chamas, e as ondas, e os teus olhos.
Serás de fogo e mar, olhos escuros.
De onda e chama serás, negros cabelos.
Conhecerás o desenlace da fogueira.
E saberás o segredo da espuma.
Coroada de azul como a onda.
Aguda e sideral como a chama.
Só o teu rosto interminavelmente.
Como o fogo e o mar. Como a morte.
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Eduardo Carranza
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Só o fogo e o mar podem olhar-se
sem fim. Nem sequer o céu com as suas nuvens.
Só o teu rosto, só o mar e o fogo.
As chamas, e as ondas, e os teus olhos.
Serás de fogo e mar, olhos escuros.
De onda e chama serás, negros cabelos.
Conhecerás o desenlace da fogueira.
E saberás o segredo da espuma.
Coroada de azul como a onda.
Aguda e sideral como a chama.
Só o teu rosto interminavelmente.
Como o fogo e o mar. Como a morte.
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Eduardo Carranza
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