22 de setembro de 2009
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Um Papa do século XVII, Clemente X (1670), disse a respeito de Vieira: “Devemos dar muitas graças a Deus por fazer este homem católico, porque so não fosse poderia dar muito cuidado à Igreja de Deus”.
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Essa era a fama de Vieira em sua época. E, sem dúvida, é o maior orador sacro em língua portuguesa e nosso principal autor barroco.
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Biografia
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Antônio Vieira nasceu em Lisboa, mas já em 1614 mudava-se com a família para a Bahia. Estreou no púlpito (sermão pregado em 1633, na Bahia) um ano antes de sua ordenação sacerdotal. A partir de 1641 estava novamente em Lisboa, onde seria nomeado Pregador Real e Tribuno da Restauração (lembre-se de que a Restauração da Coroa portuguesa inicia-se em 1640, com D. João IV). Em 1646 e 1647 Vieira foi incumbido de missões secretas na França e na Holanda.
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Entre o final de 1652 e o final de 1661, esteve no Maranhão, chefiando a missão jesuítica. Sua ação foi decisiva para a promulgação da “Lei da Liberdade dos Índios”, de 1655.
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A um homem tão brilhante e politicamente tão eficiente não poderiam faltar as perseguições: preso pela Inquisição, permaneceu recluso entre 1665 e 1668. Uma sentença do Tribunal do Santo Ofício cassou-lhe a palavra em 1667.
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Partiu então para Roma, onde ficou durante seis anos, conseguindo afinal que Clemente X o isentasse da Inquisição. Os últimos dezesseis anos de sua via passou-os na Bahia, organizando suas obras para publicação. Morreu em Salvador em 18 de julho de 1697.
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Um breve comentário
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O modelo do pregador alimenta-se da ironia, da sátira, do ataque (sutil ou explícito) contra vícios morais e administrativos dos representantes do rei na Colônia do Brasil. Assim é que, no “Sermão do Bom Ladrão”, Vieira fala de políticos e administradores que furtam, roubam e enforcam, escondendo suas próprias falcatruas.
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Nos dias atuais, Vieira falaria dos grandes ladrões que, sendo gestores públicos, agem debaixo da proteção do poder econômico e fraudam os recursos das áreas sociais como educação, saúde, saneamento, segurança, dentre outras, produzindo, assim, uma legião de pequenos ladrões e marginais que atormentam a vida dos cidadãos contribuintes do nosso país.
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Essa era a fama de Vieira em sua época. E, sem dúvida, é o maior orador sacro em língua portuguesa e nosso principal autor barroco.
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Biografia
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Antônio Vieira nasceu em Lisboa, mas já em 1614 mudava-se com a família para a Bahia. Estreou no púlpito (sermão pregado em 1633, na Bahia) um ano antes de sua ordenação sacerdotal. A partir de 1641 estava novamente em Lisboa, onde seria nomeado Pregador Real e Tribuno da Restauração (lembre-se de que a Restauração da Coroa portuguesa inicia-se em 1640, com D. João IV). Em 1646 e 1647 Vieira foi incumbido de missões secretas na França e na Holanda.
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Entre o final de 1652 e o final de 1661, esteve no Maranhão, chefiando a missão jesuítica. Sua ação foi decisiva para a promulgação da “Lei da Liberdade dos Índios”, de 1655.
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A um homem tão brilhante e politicamente tão eficiente não poderiam faltar as perseguições: preso pela Inquisição, permaneceu recluso entre 1665 e 1668. Uma sentença do Tribunal do Santo Ofício cassou-lhe a palavra em 1667.
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Partiu então para Roma, onde ficou durante seis anos, conseguindo afinal que Clemente X o isentasse da Inquisição. Os últimos dezesseis anos de sua via passou-os na Bahia, organizando suas obras para publicação. Morreu em Salvador em 18 de julho de 1697.
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Um breve comentário
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O modelo do pregador alimenta-se da ironia, da sátira, do ataque (sutil ou explícito) contra vícios morais e administrativos dos representantes do rei na Colônia do Brasil. Assim é que, no “Sermão do Bom Ladrão”, Vieira fala de políticos e administradores que furtam, roubam e enforcam, escondendo suas próprias falcatruas.
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Nos dias atuais, Vieira falaria dos grandes ladrões que, sendo gestores públicos, agem debaixo da proteção do poder econômico e fraudam os recursos das áreas sociais como educação, saúde, saneamento, segurança, dentre outras, produzindo, assim, uma legião de pequenos ladrões e marginais que atormentam a vida dos cidadãos contribuintes do nosso país.
LADRÕES
17 de setembro de 2009
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Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim. — Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? — Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
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O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento, distingue muito bem S. Basílio Magno: Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. — Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.
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Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: — Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. — Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas! Quantas vezes se viu Roma ir a enforcar um ladrão, por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes?
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(Texto extraído de Sermão do bom ladrão, de Pe. Antonio Vieira)
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