domingo, 13 de dezembro de 2015

Do pião que assobiava ao pónei azul. - Memórias de Natal


DN pediu a quase quatro dezenas de figuras públicas que revelassem qual a prenda que mais gostaram de receber no Natal e que estivesse associada a algum momento especial.

As memórias voaram quase sempre até à infância e à adolescência, onde deixaram marcas a caixa de lego, a bicicleta, o piano, o carrinho Fórmula 1, a casa de bonecas. Mas o 25 de dezembro também está emocionalmente ligado ao nascimento de um filho ou neto, ou simplesmente a uma carta recebida

Gisela João, fadista
"O melhor presente que já recebi foi um pónei azul-bebé e que cheirava muito bem! Eu era menininha e delirava com a bonecada (ainda deliro!) e aquele pónei era o que eu mais queria e nem sonhava que ia ter."

Dulce Félix, maratonista
"Todos os anos, o que mais quero é que possamos estar juntos com a família. Quando era miúda, o brinquedo que mais me marcou foi um piano que os meus pais me ofereceram. É uma relíquia que ainda tenho. Recordo o dia em que o recebi e a emoção de abrir as prendas na infância."

Ana Jorge, ex-ministra da Saúde
"Teria 4 ou 5 anos e lembro-me de ter recebido uma boneca numa caixa enorme e com rebuçados e chocolates. Na altura não havia muitas possibilidades, não tinha muitas bonecas. Lembro-me da alegria que senti a mostrá-la às outras crianças na rua."

José Manuel Anes, professor universitário
"Teria uns 6 ou 7 anos quando o meu pai me ofereceu uma miniatura de uma casa, feita por um seu colega e amigo, ao mesmo tempo hábil artesão - o senhor Procópio, se bem me lembro -, miniatura com cerca de meio metro por meio metro, cuja casa, em jeito de mansão de um filme, tinha dois andares com uma imponente entrada com degraus e muitas janelas das quais se podia enxergar o interior. A casa ficava no meio de um jardim com flores e muitas árvores frondosas que tinha candeeiros e bancos."

Maria do Céu Guerra, atriz e encenadora
"Em 1979, A Barraca foi a Moçambique e fez uma enorme digressão de dois meses. No fim estávamos muito cansados. Então, eu tive um convite para passar umas pequenas férias em Pemba, que tem uma praia de Wimbe que é a praia mais linda que já vi na minha vida. Passei ali oito dias, incluindo o Natal, com um calor extraordinário e um mar maravilhoso."

José Magalhães, ex-deputado do PS
"Ganhei a vida! Escapei por um triz de ser morto no Brasil e pude viver com gente honesta o Natal de 2012. Existe uma versão softcore desta história no meu livro Homem de Leis Perdido nos Trópicos Procura Senhora Honesta.

Marcelo Rebelo de Sousa, candidato presidencial
"O nascimento do meu primeiro neto. Tenho um fraquinho por ele, é o único rapaz, um analista político nato com 12 anos... Foi sobretudo porque se seguiu de muito perto ao grande desgosto da morte do meu pai e da minha mãe e serviu para atenuar [a dor]."

J. Tablada de la Torre, embaixadora de Cuba
"Os olhos belos e curiosos do nosso primeiro filho, Carlos Eugénio, recém-nascido no Natal de 2001. Desejava muito ser mãe mas não sabia quão grandiosa seria a sua chegada."

Bryan Ruiz, jogador do Sporting
"Quando era mais novo sempre gostei muito de carros, mas recebia sempre bolas de futebol. Uma vez, já não me lembro se foram os meus pais ou outros familiares, deram-me um carro de Fórmula 1, uma das prendas de que mais gostei quando era criança."

Graça Freitas, subdiretora-geral da Saúde
"Recebi um presente que me deixou muito satisfeita aos 6 anos. Tinha pedido um fogão e recebi uma cozinha completa. Tinha fogão, frigorífico, louça de plástico. E lembro-me de ter um franguinho assado, um bolo e mais alguns moldes. Sei que brinquei muito com ela até voltar a cozinhar, já muitos anos mais tarde, por necessidade.

Mário Cordeiro, pediatra
"Dar um presente é estar presente na vida do outro. Um dia, uma amiga ofereceu-me um cabaz de Natal - nada de mais. Só que, para lá do costume, estavam pequenos objetos personalizados - um livro, um CD, brinquedos para as crianças. Na altura não dei o devido valor, mas depois percebi o que era estar presente na vida do outro. Essa pessoa é agora a minha mulher..."

Duarte Nuno Vieira, diretor da Faculdade de medicina de Coimbra
"Houve uma "prenda" que me tocou e sensibilizou particularmente. Um singelo cartão que recebi no primeiro Natal após a então ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, ter cessado as minhas funções como presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, em 2013, assinado por muitos dos médicos, especialistas superiores, administrativos, técnicos, que nele trabalhavam. Nele assinalavam o seu apoio incondicional, o seu profundo lamento pela opção ministerial e o seu agradecimento por tudo o que tinha feito pela medicina legal e pelas ciências forenses."

Rui Bragança, lutador de taekwondo
"Em pequeno, a preferida foi uma bicicleta. Mas a melhor, a que dei mais uso nos últimos anos, foi um iPod. Passo o tempo a ouvir música, nas competições ou nas viagens."

João Duque, economista
"A primeira caixa de Lego, do ponto de vista material. Preparou-me para muitas coisas que a vida me exigiu: imaginação, criatividade, planeamento, cálculo mental, superação das dificuldades com restrições, análise, experimentação e erro, repetição de exercício."

Sandra Correia, CEO da Pelcor
"Recebi há alguns anos um cão-d"água, na altura com 9 meses. A Corky é a minha melhor amiga e companheira no trabalho e foi-me oferecida por uma criadora. Obriga-me a levantar às sete da manhã. É muito dócil e já deu mesmo origem a uma marca, a Corky by Pelcor, que faz pulseiras e colares para cães."

Ribeiro e Castro, ex-líder do CDS
"Há anos começámos o "amigo secreto" pelo Natal. Família grande, cada um compra só um presente. Teto: 15 euros. Mais caro, não. A seguir ao almoço, cada um cria uma adivinha em rima, para se descobrir o seu amigo secreto. De avós a netos, e já bisnetos, de 30 a 40, a ronda dura hora e meia. Todos os anos, é o melhor presente de Natal."

Filipa Neto, fundadora da Chic by Choice
"Sem dúvida estar com a família. Não existe nada que me dê mais alegria, força e energia do que estar com quem para mim é mais especial."

Margarida Rebelo Pinto, escritora
"É sempre o mesmo todos os anos: a 24 de dezembro a minha mãe e os netos escrevem uma peça de Natal e representam-na após o jantar. Tudo improvisado e os temas têm que ver com o que se passou nesse ano. Quando uma personagem é muito boa, reaparece no ano seguinte, fora de contexto, tipo Monty Phyton. É um delírio. Não há melhor presente."

Ascenso Simões, deputado do PS
"A melhor prenda foi em 1980 um computador ZX80. Por ter sido um dos primeiros "catraios" vila-realenses a ter um pré-computador doméstico e por ter sido pago pelos meus pais com imenso sacrifício (custou 110 libras, cerca de 150 euros), o que impediu que nesse ano tivessem tido férias e obrigou a fazer muitas horas extraordinárias."

M. Ribeiro Ferreira, chairman do grupo Fonte Viva
"Ver o espetáculo de nós, sete irmãos, cada um com o seu sapatinho, a abrir os presentes na manhã do dia 25. Um autêntico mar de presentes, com cada um à procura do seu sapatinho."

Tanaka, futebolista Sporting
"A prenda mais original que recebi foram umas luvas de boxe. Foi algo fora do normal. Normal eram carros, bolas, livros, roupa, e nesse ano deram-me umas luvas de boxe. Uma prenda diferente, não digo se foi a de que mais gostei, mas foi uma das que ficaram na memória."

Duarte Marques, deputado do PSD
"As prendas que mais gostava de receber eram carros e aviões da Mecano e da Lego Technic para montar. Mas a melhor foi mesmo a primeira pista de carros elétricos."~

Fernando Pimenta, canoísta
"Uma das melhores prendas foi a camisola dos Jogos Olímpicos de 2012. Para mim é algo com muito significado. Em pequeno era diferente, recebia carrinhos e essas coisas: recordo a expectativa de querer saber o que ia sair dos embrulhos."

Nuno Melo, eurodeputado do CDS-PP
"Gostei muito de uma mesa de mistura [música] há seis ou sete anos..."

Graça Morais, pintora
"Nunca esquecerei a minha primeira caixinha de aguarelas que recebi quando tinha 9 anos. Também não esqueço a curiosidade que eu e os meus cinco irmãos sentíamos quando, ainda de madrugada, acordávamos e íamos a correr à lareira, no dia 25 de dezembro, para vermos o que o Menino Jesus nos deixava nas botinhas. "

Miguel Araújo, músico
"O presente de Natal da minha vida foi, sem dúvida, no Natal de 1990, quando tinha 12 anos, quando os meus pais me ofereceram uma guitarra, um violão acústico, que era uma Fender redonda, feita na Coreia, de imitação, mas foi a guitarra em que eu aprendi a tocar."

Maria de Belém, candidata presidencial
"Por proposta da minha filha, a decisão familiar vai este ano no sentido de não se gastar qualquer verba na compra de presentes e na troca, canalizando a totalidade dessa verba para donativos à Cáritas."

Eugénio Fonseca, presidente das Cáritas Portuguesa
"O melhor presente foi há nove anos ter recuperado de uma doença grave de que fui acometido e que poderia ter sido fatal. Graças à medicina e, porque sou um homem crente, à intervenção divina, superei essa dificuldade. Passei esse Natal no hospital. Em miúdo, a melhor prenda era ter roupa nova para vestir no Natal porque era de uma família modesta."

Almeida Rodrigues, diretor nacional da PJ
"Um boneco de corda, que rodopiava sobre si mesmo, curvava-se e levantava o chapéu. Tinha 6 anos, os tempos eram difíceis para as famílias e aquele foi o meu primeiro brinquedo a sério."

Sónia Morais Santos, blogue Cocó na Fralda
"O melhor foi a noite de Natal do ano passado, em que, além da família que há muitos anos se junta, consegui reunir o meu pai, a minha madrasta, a minha irmã, cunhado e sobrinho. Durante muitos anos eu e o meu pai estivemos de relações cortadas, de modo que ter todos à mesma mesa foi realmente emocionante e bonito. Éramos 25, nessa noite."

Ana Borges, jogadora do Chelsea
"Quando tinha uns 11 ou 12 anos recebi o equipamento do Sporting e fiquei doidinha, porque é o meu clube e, claro, sendo uma criança mais valor lhe dava. Nem o queria despir e muito menos pô-lo a lavar."

Michael Seufert, ex-deputado do CDS-PP
"A melhor prenda que recebi foi, provavelmente, em 1995, um canivete suíço. Não era um canivete qualquer, era um canivete igual ao do MacGyver. Não sei se o pedi ao Pai Natal ou se foi o pai Seufert que percebeu sozinho o meu fascínio."

Isabel Alçada, escritora
"O melhor presente foi a minha filha que nasceu a 26 de dezembro. Da minha infância lembro-me de que os meus pais mandaram fazer uma mobília de quarto para mim e para as minhas irmãs. Devia ter 7 ou 8 anos e nunca mais me esqueço de que chegámos à chaminé e estava lá a mobília com tudo e dentro das gavetinhas da cómoda e pendurado no roupeiro estava roupa igual às nossas para as bonecas. Foi inesquecível."

F. Carvalho Rodrigues, engenheiro e cientista
"Um pião que me deram quando eu era um garoto, tinha uns 6 ou 7 anos. Quando se atirava, ele ficava a rodar e assobiava uma música. A segunda melhor foi um Mecano, mais tarde, já tinha uns 10 anos."

Susana C. Gaspar, presidente da Amnistia Internacional Portugal
"O nosso melhor presente é quando as pessoas dedicam um minuto do seu dia a assinar uma carta ou petição para proteger os direitos de outros."

Rui Horta, coreógrafo e bailarino
"Lembro-me de num dos meus natais de criança ter recebido um maravilhoso avião de plástico, com uma hélice movida por um elástico, e que se elevava no ar durante longos voos. Tinha-o cobiçado durante meses e os meus pais guardaram a surpresa para a tão ansiada manhã do dia 25. Passei as férias a brincar com ele e acabei por destruí-lo antes do recomeço das aulas. Foi uma perda enorme que acentuou ainda mais a chatice do recomeço escolar. Mais tarde comprei vários assim, os quais lançava com os meus filhos e essa emoção repetia-se, talvez mais ainda a minha do que a deles... Passados uns anos fiz um solo de dança para um magnífico bailarino canadiano ao qual chamei The boy with the airplane.

Kirsty Hayes, Embaixadora Britânica
"O melhor presente de Natal deu-mo o meu marido nos primeiros anos de casados: Nínive e as Suas Ruínas, escrito por um antepassado meu. Perante a profanação de lugares únicos como Nínive e Nimrud (Iraque) ou Palmira (Síria) pelo Estado Islâmico, este precioso fragmento de história torna-se ainda mais valioso. Viverei este Natal com um sentimento de gratidão pelos feitos dos nossos antepassados e confiante de que a esperança e o espírito de humanidade se vão sobrepor às forças de má índole e destruidoras."

http://www.dn.pt/sociedade/interior/do-piao-que-assobiava-ao-ponei-azul-memorias-de-natal--4927380.html

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