SEGUNDA-FEIRA, 28 DE MARÇO DE 2016
JOÃO DAMASCENO
Da poesia de João Damasceno (1955-2010) conhecia um poema apenas, publicado na antologia "Sião". Agora chegou-me pela mão do meu amigo António Cravo, o livro "Corpo Cru".
A sua poesia é uma pedrada que nos atinge com força inesperada. Uma voz notável e completamente ignorada e que aqui vai aparecer com frequência, por certo.
Em terra de cegos quem tem um olho é rei;
quem tem os dois é frequentemente abatido
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Afirmávamos o delírio
dissemos palavras nuas,
provocámos a crise nas onsciências assustadas
Éramos os descobridorea das auroras negras
que transportam no seie e enlouquecem os espíritos
Desdenhámos da natureza,
Perguntámos-lhe os limites
Introduzimos as dúvidas que geram crimes,
explorámos a angústia
Depois era frio:
a cabeça recolhida entre os joelhos, fitávamos a costura das calças
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