* António Gil
Os líderes políticos actuais do ocidente foram escolhidos num casting
Disso mesmo se gabou várias vezes Klauss Schwab, o patrão do Fórum Económico Mundial
.Se é verdade -como acredito que é - que a qualificação para a sobrevivência dos indivíduos, como dos povos, depende em larga medida da capacidade de adaptação a novas circunstâncias, então devo dizer que a civilização no seio da qual nasci parece irremediavelmente comprometida
Há um número indeterminado - mas grande - de indivíduos europeus, canadianos, americanos, australianos e neo-zelandeses que parecem ter ficado presos num tempo em que a URSS e os EUA putativamente decidiam os destinos do mundo. Bom, nem nessa época isso era verdade, imaginem agora, mais de uma geração depois.
Podemos certamente acusar os sistemas educativos e a propaganda ocidentais de tudo, certamente, menos de sofisticação. Não há nuances nem flexibilidade mental nas formas de conceber o mundo geo-político actual nas massas ocidentais. Só o preto e branco, sem sequer a qualidade imagética de Eisenstein, esse genial realizador que deixava os tons de cinzento implícitos, no seu gosto pelos grandes contrastes.
É tudo tão primitivo que ainda vemos gente falando sobre ditaduras comunistas e lutadores pela liberdade (anti-comunistas, dentro desse esquema simplista). E sim, para muitos a Rússia permanece comunista e os EUA os campeões do livre mercado, não importa quantas tarifas imponham aos produtos que …importam.
Tudo o que aconteceu depois do colapso do muro de Berlim? é como se não tivesse existido! se isto não representa um caso de estado coma mental, nem sei o que chamar-lhe. E não, isto não é uma percepção de ‘camponeses’, de gente iletrada, pelo contrário. Na verdade, esta visão foi imposta de cima para baixo, os ‘camponeses’ apenas papagueiam o que dizem suas supostas elites.
Nada disto seria novo, não se desse o caso de parecer cada vez mais evidente que as ditas ‘elites’ parecem realmente acreditar no que dizem. Em épocas históricas não tão distantes assim, a elite parecia ter -pelo menos - a noção que havia duas ‘realidades’ imiscíveis:
1- O que era preciso dizer à populaça para que esta se mantivesse ordeira. As elites do passado não acreditavam naquilo que diziam, mas sabiam o que era preciso dizer para manterem seus privilégios.
2- A realidade propriamente dita, que as elites conheciam e mantinham em circuito fechado, longe do conhecimento público. Essa realidade não era desprezada, dentro de um certo círculo, era mesmo estudada e aprofundada, com o mesmo objectivo: a manutenção ou ampliação dos privilégios próprios.
Hoje isso não parece acontecer. A própria elite parece acreditar piamente nas suas mentiras. Como explicar isso?
Bom, na minha opinião a ‘elite’ que temos é pouco mais que um punhado de camponeses deslumbrados, pagos a peso de ouro mas nem por isso cientes do que dizem e do que fazem. Não são pessoas que alguma vez tivessem recebido (como os aristocratas do passado) qualquer rudimento da arte de governar, são ‘celebridades’, promovidas pelos mesmos processos que consagraram artistas da música pop ou do cinema. E tal como a maioria destes, vindos dos extractos mais baixos da sociedade. Talvez as chamadas democracias ocidentais se resumam a isto, afinal: pessoas escolhidas num casting para interpretarem o papel de governantes. E quando o casting falha, quem paga o ‘filme’ anula a escolha e avança com protagonistas de seu agrado, como aconteceu recentemente na Roménia.
mar 16, 2025
https://antoniojfgil.substack.com/p/the-current-political-leaders-of?
Sem comentários:
Enviar um comentário