sábado, 23 de agosto de 2008

25 de Abril - «olhares» - «entrevistas» - «verdades»- NEGAGE E O PIONEIRO SENHOR JOÃO FERREIRA (34.1)

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Negage



From: Carlos Tronco (Sep 07, 2003 05:00 EDT)
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Para quem vinha de Camabatela: primeiro a Igreja, depois o Guedes, em seguida o Felisbelo da Silva, o Melitao, a terceira companhia de caçadores, a escola primaria da Dona Maria Candida, O admistrador...

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From: reinrami@clix.pt (Apr 07, 2004 07:06 EDT)

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.para lembrar ao jovem Carlos Tronco,que deve ser filho do Tronco do Dimuca, que está certo visto de frente, mas por traz ve-se o Desportivo, o campo de jogos, a Camara Municipal e no quintal da Camara as casas do Baganha e do Barros e a repartição de cadastro da Camara, onde eu trabalhava.

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From: zemaria (Oct 14, 2003 11:52 EDT)
Là em baixo ao fundo nao é a escola Silva Freire?


From: ftroncolobomau@aol.com (Oct 14, 2003 15:04 EDT)
...Claro que é! Ao lado do presbitério onde moravam os capuchinhos italianos, mas antes de lhe acrescentarem un primeiro andar que serviu mais tarde de liceu...

From: studio6555@hotmail.com (Mar 16, 2005 04:07 EST)

.Orkidea Embora a tua mensagem tenha o meu email, não fui eu que a escrevi [sorrisos] O nome da rua [principal] era "João Ferreira" João Ferreira [neto]

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From: reinrami@clix.pt (Apr 07, 2004 07:16 EDT)
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A rua principal do Negage era a Rua da Capopa ,principalmente a partir do café Transmontano para os Costas. Fui responsável pela parte tècnica da Camara e realmente não li nos documentos oficiais nenhum nome particular. Se tivésse poderia ser João Ferreira ou Fernando Santos.


in

sanzalangola.com/galeria/albuo62/Negage


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Fernando Paula Vicente

MGeneral da Força Aérea Portuguesa (Ref.)

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Não tenho o prazer de conhecer pessoalmente o Sr. Rotivsaile, aparentemente o autor deste texto sobre "Negage", mas permita-me que, com a melhor das intenções, teça algumas considerações sobre o conteúdo do seu artigo sobre o Negage. A informação de carácter geral é correcta, todavia, no que se refere ao Sr. João Ferreira, pioneiro da colonização local, que já não vive para poder defender-se e que, mesmo que fosse vivo, me não teria passado procuração para o defender, creio que há alguns reparos a fazer. Não tive oportunidade de conhecer pessoalmente o Sr. João Ferreira, mas conheci muito bem um seu sócio de muitos anos e muitas outras pessoas que com ele privaram, entre eles o meu sogro, Sr. António Cordeiro de Oliveira, seu contemporâneo e amigo, igualmente pioneiro, fundador da vizinha vila do Songo. E a minha mulher e eu mantemos até uma relação de amizade com uma sua filha. É certo que o Sr. Rotivsaile não deixa de mencionar que poder-se-á tratar de meras lendas à volta desta figura de pioneiro do Norte de Angola. O problema das lendas é que, como as mentiras, à força de serem repetidas acabam por se tornar "verdades" e o Sr. João Ferreira, como cada um de nós, tem direito ao seu bom nome. Para além da informação que já possuía, antes de escrever estas linhas fiz questão de conversar demoradamente com algumas pessoas que conheceram de muito perto o Sr. João Ferreira e, tudo somado, posso assegurar-lhe que, por exemplo, a pretensão de ter um fato confeccionado com a "pele de um, dois ou três negros" é absolutamente falsa e profundamente ofensiva da memória da pessoa. Da mesma forma, a afirmação de que comprava hoteis apenas para colocar os directores no desemprego não tem o menor fundamento: que publicamente se saiba, João Ferreira nunca teve um hotel. Efectivamente, no Negage existiram 3 hoteis: o primeiro, o Avenida (e aqui peço desculpa se troco os nomes, mas há 45 anos que não penso nisso), que era propriedade de Gaspar & Fernandes; o segundo, o Grande Hotel do Negage, comprado pela Força Aérea Portuguesa em 1961 para instalar a Messe de Oficiais, era propriedade de Fernando Santos e o terceiro, o Hotel Tuambuaza (que na língua indígena significa "café"), construído já por volta de 1970, era propriedade de um outro célebre pioneiro do Norte de Angola, o Sr. Costa do Bungo. De facto, o Sr. João Ferreira era rico, mas não era "desmesuradamente podre de rico" e se, durante algum tempo, foi o maior produtor agrícola do Negage, foi posteriormente suplantado por pelo menos duas outras companhias, a maior delas sendo a Companhia Congo Agrícola, cujos proprietários eram (e os que estão vivos ainda são) meus grandes amigos. Também, não teve fora do casamento essa miríade de filhos de todas as cores mencionadas. Pelo que me dizem, teve alguns mulatos. Mas é necessário que se diga que, tanto quanto publicamente corre, num gesto de decência, para a época até muito louvável, tê-los-á perfilhado todos, depois de lhes ter dado a educação disponível, penso que, num caso ou outro, até de nível universitário. Mas tem razão quando escreve que João Ferreira era impetuoso: ele tinha de facto um modo de ser temperamental. Contam-me os meus amigos que, um dia, tendo a senhora sua esposa ido ao talho local para comprar uns lombinhos, e o talho não os tendo na altura, para castigar o talhante abriu o seu próprio talho (o que é substancialmente diferente de comprar um hotel para pôr o director na rua). Ou que, tendo-se zangado com a direcção do Grupo Desportivo do Negage, criou o Sporting Clube do Negage, o que, numa povoação do tamanho do Negage, era uma receita para o desastre do concorrente, por falta de suporte financeiro. Sabe-se também que, ao estilo da época, cometeu alguns excessos no seu relacionamento com a comunidade indígena, mas nada que possa assemelhar-se ao que o Rei Leopoldo praticou na ex-Congo Belga e que tão bem fica retratado no livro "O Fantasma do Rei Leopoldo": o senhor não era propriamente um facínora. Tudo isto para lhe dizer que, em minha opinião, há que exercer um escrupuloso cuidado quando se fala de terceiros sem os conhecer. Mas tem toda razão: a figura de João Ferreira é, não só em relação ao Negage, mas também em relação à colonização do Norte de Angola, uma figura incontornável. Se o senhor tem essa vocação, pesquisar o percurso deste pioneiro, com as suas virtudes e seus defeitos, como todos nós temos, e escrever a sua biografia seria produzir um importante subsídio para a história da colonização do Norte de Angola e da presença portuguesa naquele território.

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Falando ainda do Negage, tomo a liberdade de lhe enviar uma apresentação de slides sobre essa terra, produzida por uma pessoa que eu não conheço pessoalmente, mas que "encontro" com frequência na Internet, o Sr. Vítor Elias, meu camarada da Força Aérea Portuguesa que naquela Unidade serviu uns anos na década de 1960. A fotografia não é a melhor, mas sempre dá para matar saudades. E, já agora, ainda a propósito do Negage, uns amigos de minha mulher visitaram em grupo aquela região (Carmona, Negage e Songo) há uns 4 ou 5 anos e fizeram um longo vídeo do qual eu tenho uma cópia. Das três terras mencionadas, o Negage estava na altura irreconhecivelmente destruído, nomeadamente a Base Aérea, a cujos hangares e outros edifícios foram roubadas as coberturas de chapa, deixando as infraestruturas com aspecto de filme de terror. É pena!

Lisboa, 22 de Agosto de 2008

Fernando Paula Vicente

MGeneral da Força Aérea Portuguesa (Ref.)


2008/8/6 PORTUGALCLUB.ORG www.portugalnoticias.com

Negage

- A cidade do Negage situa-se no Norte de Angola, a cerca de 37 quilómetros da cidade do Uíje - antiga Carmona -, a capital provincial, sendo parte de um sistema montanhoso que a eleva a 1.300 metros de altitude.

* - As suas principais actividades económicas, num passado ainda recente, eram o cultivo e a secagem do café, a agricultura e a pecuária. Foi, no tempo "colonial", uma zona militar por excelência, considerando-se o facto de nela estarem estacionados o Aeródromo Base nº. 3; a 3ª. Companhia de Caçadores do Capitão Xavier; o Pelotão de Apoio Directo nº. 248; o Pelotão de Artilharia Anti Aérea nº. 984; o Pelotão de Intendência nº. 168 ou a Companhia de Artilharia nº. 749.

* - Em 1961, o Negage foi uma das regiões do Norte de Angola mais atingidas pela barbárie da guerra de terror, que colocou toda a zona a ferro e fogo. Muita gente ainda sentirá o pânico que foi verem passar nas ruas verdadeiras hordas de bandidos, armados com canhangulos e catanas, arcos e flechas, para além das armas que iam roubando das Fazendas que haviam atacado indistintamente.

* - Nas imediações do Negage encontram-se os municípios do Quitexe, Puri e Bungo, também martirizados pelo terrorismo.

* - Contam-se muitas histórias àcerca da figura de João Ferreira, um mítico caçador e o maior produtor agrícola do Negage, de entre as quais a historieta de que, por ser um homem desmesuradamente podre de rico, como era, pretenderia mandar confeccionar um fato com a pele de um, dois ou três negros. Não passará de uma das muitas lendas que se contavam sobre este residente, especialmente por parte das facções do MPLA, que jamais veio a ter as boas graças deste Transmontano ricaço, pai de miríades de filhos, brancos, pretos e mulatos, com mais netos que a aldeia poderia suportar, que comprava hotéis só para mandar os directores para o desemprego e tantas outras fantasias que fazem de João Ferreira alguém que se deveria procurar conhecer muito bem.

* - No sentido Negage-Camabatela, logo à saída da cidade, no local onde a estrada faz uma bifurcação com a estrada para a cidade do Uíje, encontra-se o impressionante aglomerado populacional da Aldeia da Missão Católica do Negage. Existiam, igualmente, dois estádios, um pertencente ao Grupo Desportivo do Negage e o outro ao Sporting Clube do Negage, ambos situados à saída da cidade pelo lado da Capoupa, já na estrada para o Quisseque e o Pinganho, onde também havia um campo de Tiro, com fosso olímpico, prancha Trapp, várias máquinas de lançamento de pratos, etc.

* - Sabe-se que hoje, por iniciativa dos vários sectores da sociedade angolana, entre os quais o governo do MPLA, está a ser implementada a reconstrução da cidade, em todos os parâmetros das necessidades locais e com a abertura de novas valências comerciais e industriais. O café já não será o "OURO NEGRO" de que tanto se orgulhava Angola, pois era um produto reconhecido nas quatro partidas do mundo... mas as feridas vão cicatrizando, lentamente, é certo, mas definitivamente.

Rotivsaile (Vitor Elias)

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