Sustenido
#, aqui o tom é meio elevado.
Thursday, September 27, 2007
Quero contar pra todo mundo o que aconteceu. Eu estava dando tudo de mim, esforçando-me ao máximo nesse emprego, que eu já achava que era meu. Até porque era só uma semana de teste, e uma semana já havia se passado (sexta passada completou-se). Já estávamos na terça e uma funcionária de um cargo um pouco maior, mas que não é gerente me chama para dizer algo importante: Não vai dar para você ficar.
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Eu, que já era anti-capitalismo, agora senti na pele e estou mais raivosa ainda, quero dar um chute nesse sistema ridículo, no qual as pessoas só pensam em si mesmas e no qual as empresas não tem a mínima ética ou bom senso nas relações pessoais.
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Desde que cheguei na locadora eu notei várias coisas erradas ali dentro. Os funcionários que deveriam ser apenas atendentes e vendedores têm que se virar em mil,têm que limpar o chão, passar pano, vassoura e até lavar o banheiro! Não, isso não é normal. Eu limparia o chão numa boa, desde que isso estivesse incluso no combinado. Eles não dizem nada sobre isso na entrevista. O salário dos funcionários é uma vergonha, um pouco mais de um salário mínimo e eles (donos) recebem cerca de 1.000 reais nas terças e quintas e 1,050 nos outros dias da semana, e acredito que varia de 1,200 a 1,500 nas quartas, sextas e sábados. Esses números multiplique por 3, que é o número de locadoras do mesmo dono. Isso dá mais de 200.000 mil reais!
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Mesmo assim, dia de terça e quinta não pagam o segurança para economizar. Um absurdo nos dias de hoje, uma loja sem segurança. Pagam faxineira dois dias na semana apenas, para que nos outros dias os funcionários tenham o trabalho que deveria ser dela.
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Ninguém gosta do supervisor e a fofoca rola solta. Ele que me chamou, ele que deveria me demitir. Mas não, nem teve essa dignidade. Mas ainda preciso perguntar para ele o "motivo" da demissão. Sendo que ele já tinha me dado o papel com os documentos necessários para o contrato. Não entendi nada mesmo. Ou entendi.
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Passei pelas 3 lojas existentes na cidade, e na segunda loja a gerente um dia me chamou para uma reunião, juntamente com o "M", outro garoto em teste. Ela ficou falando por mais de 1h e eu perguntava coisas o tempo todo, enquanto o "M" ficou calado o tempo inteiro. Isso claramente a assustou. Nesse mesmo dia ela viu que eu falo inglês, idioma que ela (gerente) não fala. Eu notei que a maioria dos funcionários tem pouco "conhecimento", por assim dizer.
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Não sou preconceituosa nem me acho melhor que ninguém, mas eu tenho sim mais conhecimento (inclusive sobre cinema) do que a grande maioria dos funcionários dali. Inclusive eu sei mais que a gerente e eu percebi desde esse dia que ela se sentiu ameaçada, sendo que qualquer funcionário pode crescer na empresa. Então ela escolheu o "M" (mas não soube disso logo, me transferiram para o Renascença e me enrolaram mais um pouco).
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Eu fiz de tudo ali com o maior gosto, atendia os clientes com simpatia e presteza, aprendi muita coisa em apenas uma semana, arrumava o paredão, indicava filmes, conversava com os clientes, até com as crianças, não tive nenhuma falta nos dias em que abri o caixa, chegava no horário (o único dia em que cheguei 5 minutos atrasada eu liguei antes para avisá-los, como eles ordenaram), quando tinha qualquer dúvida perguntava para os mais "experientes", e o mais importante: tratava o cliente como gente, e não como um meio de ganhar dinheiro. MUITOS clientes me elogiaram e disseram gostar do meu atendimento e de minhas indicações. Até porque, eu quis levar para a locadora algo que eles não tinham: atendentes que viam o cinema como arte. Quando algum cliente chegava e queria um filme de arte, eu sabia o quê indicar, coisa que ninguém mais sabia ali.
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Já "M" foi criticado por outros funcionários, pois o mesmo só pensava em vender videocheques para ser elogiado no fim do mês, só gosta de ficar no caixa; não atende bem os clientes, não gosta de ir ao salão indicar filmes, não entende muito de cinema, não entende nada de diretores, só sabe dizer que o filme é "massa" ou "não tem fundo(?)", não sabe falar português direito, usa muitas gírias, não gosta de arrumar filmes... enfim.
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Eu, que já era anti-capitalismo, agora senti na pele e estou mais raivosa ainda, quero dar um chute nesse sistema ridículo, no qual as pessoas só pensam em si mesmas e no qual as empresas não tem a mínima ética ou bom senso nas relações pessoais.
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Desde que cheguei na locadora eu notei várias coisas erradas ali dentro. Os funcionários que deveriam ser apenas atendentes e vendedores têm que se virar em mil,têm que limpar o chão, passar pano, vassoura e até lavar o banheiro! Não, isso não é normal. Eu limparia o chão numa boa, desde que isso estivesse incluso no combinado. Eles não dizem nada sobre isso na entrevista. O salário dos funcionários é uma vergonha, um pouco mais de um salário mínimo e eles (donos) recebem cerca de 1.000 reais nas terças e quintas e 1,050 nos outros dias da semana, e acredito que varia de 1,200 a 1,500 nas quartas, sextas e sábados. Esses números multiplique por 3, que é o número de locadoras do mesmo dono. Isso dá mais de 200.000 mil reais!
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Mesmo assim, dia de terça e quinta não pagam o segurança para economizar. Um absurdo nos dias de hoje, uma loja sem segurança. Pagam faxineira dois dias na semana apenas, para que nos outros dias os funcionários tenham o trabalho que deveria ser dela.
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Ninguém gosta do supervisor e a fofoca rola solta. Ele que me chamou, ele que deveria me demitir. Mas não, nem teve essa dignidade. Mas ainda preciso perguntar para ele o "motivo" da demissão. Sendo que ele já tinha me dado o papel com os documentos necessários para o contrato. Não entendi nada mesmo. Ou entendi.
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Passei pelas 3 lojas existentes na cidade, e na segunda loja a gerente um dia me chamou para uma reunião, juntamente com o "M", outro garoto em teste. Ela ficou falando por mais de 1h e eu perguntava coisas o tempo todo, enquanto o "M" ficou calado o tempo inteiro. Isso claramente a assustou. Nesse mesmo dia ela viu que eu falo inglês, idioma que ela (gerente) não fala. Eu notei que a maioria dos funcionários tem pouco "conhecimento", por assim dizer.
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Não sou preconceituosa nem me acho melhor que ninguém, mas eu tenho sim mais conhecimento (inclusive sobre cinema) do que a grande maioria dos funcionários dali. Inclusive eu sei mais que a gerente e eu percebi desde esse dia que ela se sentiu ameaçada, sendo que qualquer funcionário pode crescer na empresa. Então ela escolheu o "M" (mas não soube disso logo, me transferiram para o Renascença e me enrolaram mais um pouco).
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Eu fiz de tudo ali com o maior gosto, atendia os clientes com simpatia e presteza, aprendi muita coisa em apenas uma semana, arrumava o paredão, indicava filmes, conversava com os clientes, até com as crianças, não tive nenhuma falta nos dias em que abri o caixa, chegava no horário (o único dia em que cheguei 5 minutos atrasada eu liguei antes para avisá-los, como eles ordenaram), quando tinha qualquer dúvida perguntava para os mais "experientes", e o mais importante: tratava o cliente como gente, e não como um meio de ganhar dinheiro. MUITOS clientes me elogiaram e disseram gostar do meu atendimento e de minhas indicações. Até porque, eu quis levar para a locadora algo que eles não tinham: atendentes que viam o cinema como arte. Quando algum cliente chegava e queria um filme de arte, eu sabia o quê indicar, coisa que ninguém mais sabia ali.
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Já "M" foi criticado por outros funcionários, pois o mesmo só pensava em vender videocheques para ser elogiado no fim do mês, só gosta de ficar no caixa; não atende bem os clientes, não gosta de ir ao salão indicar filmes, não entende muito de cinema, não entende nada de diretores, só sabe dizer que o filme é "massa" ou "não tem fundo(?)", não sabe falar português direito, usa muitas gírias, não gosta de arrumar filmes... enfim.
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Então, qual seria o motivo além de que sou uma ameaça? Parece que estou me auto-afirmando, mas eu realmente não fui a única a pensar assim. Todos concordaram comigo. É a velha lógica capitalista: os porcos burgueses contratam os burros para trabalharem como loucos e sem reclamar, como acontece no clássico "A revolução dos bichos" de George Orwell.
.Não querem pessoas eficientes, inteligentes e que entendem de arte, apesar de ser uma empresa que vende arte, mas os próprios nem sabem disso. Fizeram a escolha errada, vão se ferrar. Apesar de demorarem para se tocar, alguns funcionários já estão se cansando de tanta exploração e um dia as coisas vão reverter... "finally the tables are starting to turn", como diz Tracy Chapman.
.Ao mesmo tempo que sinto raiva, sinto alívio. Vou poder estudar melhor, estou livre de algo com o qual não concordava, não vou ajudar os porcos capitalistas a ganharem dinheiro; vou poder tirar minha soneca pela tarde e ter mais tempo para a família e os amigos, que é o que realmente importa para mim.
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Nunca mais piso naquele mundinho que fede a dinheiro, aquele mundo que para os clientes parece ser uma maravilha, mas que para os funcionários nada mais é que uma necessidade sofrida.
.É. Eu realmente não nasci para a burguesia. Nem na peneira deles eu passei.
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posted by V.S @ 3:59 PM
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