quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Livros analisam trajetória da esquerda em busca da revolução

Cultura

Vermelho - 17 de Setembro de 2010 - 10h00 

Ao revisar a trajetória de artistas e intelectuais que compõem certa intelligentsia brasileira de esquerda ao longo do século XX, o sociólogo Marcelo Ridenti especula tal “utopia de brasilidade”, segundo a qual a formação histórica da sociedade brasileira traz consigo potencialidades para a construção de uma nova civilização, notabilizada pela valorização da igualdade de direitos, da expressão popular e outros ideais de ordem nacionalista e socialista.

O resultado desta reflexão está em “Brasilidade Revolucionária: um século de cultura e política”, editado pela Unesp, que terá lançamento nacional na quinta-feira (23), às 19 horas, na Ponto do Livro – Livraria, Café & Arte, em Pinheiros.

Em livro anterior, “O fantasma da revolução brasileira”, também pela Unesp, que será relançado no mesmo evento, Ridenti desvenda os significados e as raízes sociais da luta dos grupos de esquerda, especialmente os armados, entre 1964 e 1974.

Com base em 35 entrevistas com ex-militantes e em estatísticas decorrentes do projeto “Brasil: Nunca Mais”, o autor mapeia o movimento de esquerda e mostra como o fantasma de uma revolução derrotada repercutiu à época e ainda ecoa em nossa matriz cultural, sobretudo na música, teatro, cinema e literatura.

Para debater o tema, Ridenti convidou os professores da USP Francisco de Oliveira (sociologia) e Marcos Napolitano (história). “Alguns estudiosos da democracia apontam um elo entre o projeto político do atual governo e a proposta do Partido Comunista antes de 1964, caracterizada por um poli-classicismo empenhado em tirar o país do atraso social, embora outros analistas condenem este mesmo governo de ter despolitizado movimentos populares e evitado fortes críticas ao capitalismo”, observa o autor.

A análise de Ridenti não se restringe às organizações autodenominadas “de vanguarda”, nem julga suas ações e protagonistas. Destaca a participação da intelectualidade e dos movimentos estudantil, feminino, operário, camponês e militar no projeto revolucionário.

Dissipando a imensa bruma que encobre o significado histórico, social e político na luta das esquerdas armadas, descobre-se como a ditadura militar “feriu de morte o florescimento cultural e político” do Brasil. “A ditadura representou o bloqueio deste projeto de desenvolvimento com base em princípios nacionalistas e socialistas”, completa.

“O Fantasma...” mostra ainda a perda de enraizamento social dos grupos armados, que entraram numa dinâmica ambígua, de sobrevivência e autodestruição, tanto por suas ações como pelos atos repressivos e ideológicos da ditadura, na situação do “milagre econômico”.

Em “Brasilidade Revolucionária...”, Ridenti discute como se formou e depois se esvaiu uma relativa hegemonia cultural de esquerda. Traça um panorama de ideias e movimentos em busca de uma “revolução brasleira”, desde a militância anarco-comunista do jornalista gráfico Everardo Dias durante a República Velha, passando pela atuação de artistas e intelectuais no auge da Guerra Fria, até o período do golpe militar, seguido da redemocratização.

Sobre o autor

Marcelo Ridenti é professor titular de sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Ensinou na Unesp, campus de Araraquara (1990-1998) e da UEL (1983-1990). Autor e organizador de vários livros como “História do marxismo no Brasil - volumes 5 e 6” e “Partidos e movimentos após os anos 1960”, ambos pela editora da Unicamp e em parceria com Daniel Aarão Reis, “Intelectuais e Estado”, pela editora UFMG e em parceria com Elides Rugai Bastos e Denis Rolland, e “Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV” (Record, 2000).

Serviço


Lançamento dos livros “Brasilidade Revolucionária: um século de cultura e política” e “O fantasma da revolução brasileira”.
Autor: Marcelo Ridenti
Editora: Unesp
Data: Quinta-feira, 23 de setembro
Horário: 19 horas
Local: Ponto do Livro – Livraria, Café & Arte (rua Alves Guimarães, 1322, Pinheiros)
.
.

Sem comentários: