< VICTOR HUGO http://www.escolavesper.com.br/victor_hugo.htm
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Nascido em Besançon em 1802 ( "o século tinha apenas dois anos "), victor Hugo era filho de um general do Império. Muito jovem, ainda, compôs numerosos poemas. Aos quinze anos recebeu um prêmio em um concurso de poesia da Academia Francesa. A partir desse momento resolveu dedicar-se à carreira literária: "serei um Chateaubrian ou não serei nada ". Apaixonado, generoso e dotado de uma extraordinária capacidade de trabalho, Hugo escreveu uma obra colossal e variada. A partir de 1822, integrou-se ao romantismo e em breve se transformou no porta-voz desse movimento. Nos seus escritos reserva lugar preponderante aos estados de alma. Demonstra uma forte tendência ao estranho, ao maravilhoso, ao exótico e ao pitoresco. Em 1830 estréia Hernani obra teatral que representa o fim do classicismo, e desencadeia uma polêmica apaixonada.Essa obra expressa novas aspirações da juventude. para Hugo começa então um período de fecundidade. Rival de Lamartine, deseja se afirmar como o único e maior poeta lírico da França.
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A partir de 1835, empreende várias viagens pela Europa. Ao mesmo tempo escreve ainda numerosas obras de teatro. Sua glória de poeta é finamente consagrada em 1841, com a sua eleição para a Academia Francesa. No mesmo ano Luís Felipe o nomeia par de França. A essa altura, Victor Hugo é um homem bem sucedido, leva uma vida burguesa e dedica-se muito pouco a toda criação verdadeiramente nova. Mas ao ser deflagrada a revolução se 1848, se entusiasma com os valores revolucionários das camadas miseráveis e rompe-se com o parido da situação. Torna-se deputado, e se destaca por sua eloquência e por sua radical oposição a Luís Napoleão Bonaparte. Quando ocorre o golpe de Estado de 2 de dezembro de 1851, Hugo combate nas barricadas e quando "Napoleão, o pequeno"se torna imperador, vê-se obrigado a exilar-se.
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Refugiado em Guernesey, Hugo redige ferozes panfletos contra o regime imperial. Mas também escreve grandes "painéis" novelescos e poéticos, em particular A Lenda dos Séculos (1859-1883). Esta obra épica evoca a história do mundo e mistura constantemente a lenda com a realidade. Para ele, o mundo é o terreno onde se defrontam os mitos, o bem e o mal, a bondade e a crueldade. Do mesmo modo, escreve alguns romances,entre eles Os Miseráveis ( 1862). Quando explode a guerra de 1870 e o Império se desmorona, Hugo regressa à França: é um símbolo da resistência republicana. Sua atividade literária se reduz então consideravelmente. Quando morre, em 1885, a república lhe presta homenagens fúnebres nacionais. Com ele desaparece um dos grandes gênios da língua francesa. Victor Hugo despertou imenso entusiasmo e fervor popular e deixou sua marca na literatura de todo o século XIX, e ainda em boa parte do século XX.
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RESUMO
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Após cumprir 19 anos de prisão com trabalhos forçados por ter roubado comida, Jean Valjean é acolhido por um gentil bispo, que lhe dá comida e abrigo. Mas havia tanto rancor na sua alma que no meio da noite ele rouba a prataria e agride seu benfeitor, mas quando Valjean é preso pela polícia com toda aquela prata ele é levado até o bispo, que confirma a história de lhe ter dado a prataria e ainda pergunta por qual motivo ele esqueceu os castiçais, que devem valer pelo menos dois mil francos. Este gesto extremamente nobre do religioso devolve a fé que aquele homem amargurado tinha perdido. Após nove anos ele se torna prefeito e principal empresário em uma pequena cidade, mas sua paz acaba quando Javert, um guarda da prisão que segue a lei inflexivelmente, tem praticamente certeza de que o prefeito é o ex-prisioneiro que nunca se apresentou para cumprir as exigências do livramento condicional. A penalidade para esta falta é prisão perpétua, mas ele não consegue provar que o prefeito e Jean Valjean são a mesma pessoa. Neste meio tempo uma das empregadas de Valjean (que tem uma filha que é cuidada por terceiros) é despedida, se vê obrigada a se prostituir e é presa. Seu ex-patrão descobre o que acontecera, usa sua autoridade para libertá-la e a acolhe em sua casa, pois ela está muito doente. Sentindo que ela pode morrer ele promete cuidar da filha, mas antes de pegar a criança sente-se obrigado a revelar sua identidade para evitar que um prisioneiro, que acreditavam ser ele, não fosse preso no seu lugar. Deste momento em diante Javert volta a perseguí-lo, a mãe da menina morre mas sua filha é resgatada por Valjean, que foge com a menina enquanto é perseguido através dos anos pelo implacável Javert.
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http://www.feranet21.com.br/livros/resumos_ordem/os_miseraveis.htm
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COMENTÁRIO Em toda a obra literária de Victor Marie Hugo há uma mensagem de fundo humano, talvez única. No romance «Os Miseráveis» (começado a redigir em 1845 e só terminado em 1861 mas publicado logo no ano seguinte) o escritor eleva-se a um patamar raras vezes atingido por qualquer dos principais mestres das letras universais. Victor Hugo conduz-nos, como leitores, à situação social chocante da França que emergiu depois da derrota de Napoleão em Waterloo. Choca-nos, na sua descrição de acontecimentos que expõem todas as facetas da alma humana quando o conflito a incendeia. Em «Os Miseráveis», o conflito é permanente. Pegar neste romance é tirar um curso das mil facetas do sentir dos homens, é aprender a conhecê-los, na sua cobardia e na sua grandeza, na sua capacidade para sofrer mas também para ferir, na sua ambição, na sua generosidade e na sua fraqueza perante valores materiais, na sua ignorância, na sua quase impossibilidade de fugir ao chamamento individualista que o martiriza desde o princípio da grande aventura no mundo. O cadastrado Jean Valjean possuia qualidades que ele próprio desconhecia. Mas à saída do presídio ainda não passava de uma fera que o sistema prisional esperava que regressasse com novos crimes às costas. Entretanto, o bispo que recusa denunciá-lo pelo furto de dois candelabros em prata e acaba por lhe os oferecer para afugentar esforços policiais, surge-lhe no caminho como homem de Deus, dá-lhe uma lição de solidariedade e trata-o como filho. Logo aqui, Victor Hugo demonstra o seu apego ao que tem como grandes valores da alma humana - essencialmente, quando ela se reduz perante a superioridade de um gesto generoso e desinteressado. Valjean, diminuído e engrandecido pela acção do bispo que o salvou, partiu para novas paragens onde acabaria por encontrar-se na situação de homem industrial que, evidentemente, não podia deixar de explorar os operários que o serviam. Também aqui, Victor Hugo foge ao conflito de classes e, fiel a si próprio, dá-nos a imagem bondosa e solidária de um bom patrão que, tendo sofrido, sabia avaliar as dores que vinham de fora mas ignorava aquelas que se criavam no interior da sua própria fábrica. Porém, desolado perante o drama de uma das suas operárias que recorre à prostituição para tentar defender e sustentar a criança de que é mãe (Cosette), decide salvar essa criança mas já não vai a tempo de impedir a morte da mãe. A justiça, entretanto, persegue-o. Javert, o inflexível e persistente agente policial, desconfia daquele que é, agora, «maire» da autarquia local. Para este, entretanto, tudo o que importa é a salvação de Cosette que a mãe confiara à guarda do casal Thenardier. Estes, são simplesmente escroques que escravizam a pequenita e a forçam a trabalhos impróprios para a sua tenra idade. Possuem relíquias do campo de batalha de Waterloo onde se apropriaram de despojos e não hesitaram em saquear os bolsos dos soldados mortos. Apercebendo-se da «qualidade» dos Thenardier, o «maire» resgata Cosette contra uma soma importante, mas cria novos inimigos. Decide, então, aproveitando a considerável fortuna que já possui, reentrar em fuga e iludir Javert que nunca deixa de persegui-lo. Para Victor Hugo, o homem que decide fazer o bem quando outros não recuam no intuito de fazer-lhe mal, tem de ser uma figura poderosa. O verdadeiro Jean Valjean nunca seria capaz de arrostar com as trágicas situações que lhe surgiram se, efectivamente, não possuisse riqueza. Aqui, Victor Hugo mostra-se cativo da ambição que vive um pouco em todos nós – sermos poderosos para defendermos os que não podem fazê-lo por si próprios. Para criar Cosette e dela fazer uma «menina», o ex-forçado recorre a novas identidades e a meios de fortuna sempre abundantes. Mas Cosette descobriria o amor em Marius, um jovem oriundo de famílias aristocráticas que, entretanto, não era estranho aos meios revolucionários parisienses. Ao descobrir que o amor de Cosette não podia ser combatido, Valjean, apesar da presença de Javert, vai retirar Marius das barricadas e tranporta-o, bastante ferido, através dos esgotos de Paris conseguindo, a grande custo, iludir o sempre inflexível agente. É nestas circunstâncias que surge a figura do pequeno parisiense, Gavroche, figura iniludível de rapaz das ruas que está com a revolução e por ela morre com um sorriso nos lábios. Na descrição de Gavroche e das condições em que existe, Victor Hugo demonstra com toda a clareza e com rara imponência o seu amor à humanidade e à cidade de Paris. Evidentemente, Javert acaba por convencer-se de que toda a sua perseguição de décadas não passa de um crime contra «um homem de Deus» e suicida-se. Jean Valjean morre com Marius e Cosette junto a si. Mas os candelabros sobrevivem a todo o drama.
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DO SITE: Manoel de Lencastre - http://www.pcp.pt/avante/20020307/475t2.html
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< VICTOR HUGO http://www.escolavesper.com.br/victor_hugo.htm
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Nascido em Besançon em 1802 ( "o século tinha apenas dois anos "), victor Hugo era filho de um general do Império. Muito jovem, ainda, compôs numerosos poemas. Aos quinze anos recebeu um prêmio em um concurso de poesia da Academia Francesa. A partir desse momento resolveu dedicar-se à carreira literária: "serei um Chateaubrian ou não serei nada ". Apaixonado, generoso e dotado de uma extraordinária capacidade de trabalho, Hugo escreveu uma obra colossal e variada. A partir de 1822, integrou-se ao romantismo e em breve se transformou no porta-voz desse movimento. Nos seus escritos reserva lugar preponderante aos estados de alma. Demonstra uma forte tendência ao estranho, ao maravilhoso, ao exótico e ao pitoresco. Em 1830 estréia Hernani obra teatral que representa o fim do classicismo, e desencadeia uma polêmica apaixonada.Essa obra expressa novas aspirações da juventude. para Hugo começa então um período de fecundidade. Rival de Lamartine, deseja se afirmar como o único e maior poeta lírico da França.
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A partir de 1835, empreende várias viagens pela Europa. Ao mesmo tempo escreve ainda numerosas obras de teatro. Sua glória de poeta é finamente consagrada em 1841, com a sua eleição para a Academia Francesa. No mesmo ano Luís Felipe o nomeia par de França. A essa altura, Victor Hugo é um homem bem sucedido, leva uma vida burguesa e dedica-se muito pouco a toda criação verdadeiramente nova. Mas ao ser deflagrada a revolução se 1848, se entusiasma com os valores revolucionários das camadas miseráveis e rompe-se com o parido da situação. Torna-se deputado, e se destaca por sua eloquência e por sua radical oposição a Luís Napoleão Bonaparte. Quando ocorre o golpe de Estado de 2 de dezembro de 1851, Hugo combate nas barricadas e quando "Napoleão, o pequeno"se torna imperador, vê-se obrigado a exilar-se.
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Refugiado em Guernesey, Hugo redige ferozes panfletos contra o regime imperial. Mas também escreve grandes "painéis" novelescos e poéticos, em particular A Lenda dos Séculos (1859-1883). Esta obra épica evoca a história do mundo e mistura constantemente a lenda com a realidade. Para ele, o mundo é o terreno onde se defrontam os mitos, o bem e o mal, a bondade e a crueldade. Do mesmo modo, escreve alguns romances,entre eles Os Miseráveis ( 1862). Quando explode a guerra de 1870 e o Império se desmorona, Hugo regressa à França: é um símbolo da resistência republicana. Sua atividade literária se reduz então consideravelmente. Quando morre, em 1885, a república lhe presta homenagens fúnebres nacionais. Com ele desaparece um dos grandes gênios da língua francesa. Victor Hugo despertou imenso entusiasmo e fervor popular e deixou sua marca na literatura de todo o século XIX, e ainda em boa parte do século XX.
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RESUMO
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Após cumprir 19 anos de prisão com trabalhos forçados por ter roubado comida, Jean Valjean é acolhido por um gentil bispo, que lhe dá comida e abrigo. Mas havia tanto rancor na sua alma que no meio da noite ele rouba a prataria e agride seu benfeitor, mas quando Valjean é preso pela polícia com toda aquela prata ele é levado até o bispo, que confirma a história de lhe ter dado a prataria e ainda pergunta por qual motivo ele esqueceu os castiçais, que devem valer pelo menos dois mil francos. Este gesto extremamente nobre do religioso devolve a fé que aquele homem amargurado tinha perdido. Após nove anos ele se torna prefeito e principal empresário em uma pequena cidade, mas sua paz acaba quando Javert, um guarda da prisão que segue a lei inflexivelmente, tem praticamente certeza de que o prefeito é o ex-prisioneiro que nunca se apresentou para cumprir as exigências do livramento condicional. A penalidade para esta falta é prisão perpétua, mas ele não consegue provar que o prefeito e Jean Valjean são a mesma pessoa. Neste meio tempo uma das empregadas de Valjean (que tem uma filha que é cuidada por terceiros) é despedida, se vê obrigada a se prostituir e é presa. Seu ex-patrão descobre o que acontecera, usa sua autoridade para libertá-la e a acolhe em sua casa, pois ela está muito doente. Sentindo que ela pode morrer ele promete cuidar da filha, mas antes de pegar a criança sente-se obrigado a revelar sua identidade para evitar que um prisioneiro, que acreditavam ser ele, não fosse preso no seu lugar. Deste momento em diante Javert volta a perseguí-lo, a mãe da menina morre mas sua filha é resgatada por Valjean, que foge com a menina enquanto é perseguido através dos anos pelo implacável Javert.
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http://www.feranet21.com.br/livros/resumos_ordem/os_miseraveis.htm
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COMENTÁRIO Em toda a obra literária de Victor Marie Hugo há uma mensagem de fundo humano, talvez única. No romance «Os Miseráveis» (começado a redigir em 1845 e só terminado em 1861 mas publicado logo no ano seguinte) o escritor eleva-se a um patamar raras vezes atingido por qualquer dos principais mestres das letras universais. Victor Hugo conduz-nos, como leitores, à situação social chocante da França que emergiu depois da derrota de Napoleão em Waterloo. Choca-nos, na sua descrição de acontecimentos que expõem todas as facetas da alma humana quando o conflito a incendeia. Em «Os Miseráveis», o conflito é permanente. Pegar neste romance é tirar um curso das mil facetas do sentir dos homens, é aprender a conhecê-los, na sua cobardia e na sua grandeza, na sua capacidade para sofrer mas também para ferir, na sua ambição, na sua generosidade e na sua fraqueza perante valores materiais, na sua ignorância, na sua quase impossibilidade de fugir ao chamamento individualista que o martiriza desde o princípio da grande aventura no mundo. O cadastrado Jean Valjean possuia qualidades que ele próprio desconhecia. Mas à saída do presídio ainda não passava de uma fera que o sistema prisional esperava que regressasse com novos crimes às costas. Entretanto, o bispo que recusa denunciá-lo pelo furto de dois candelabros em prata e acaba por lhe os oferecer para afugentar esforços policiais, surge-lhe no caminho como homem de Deus, dá-lhe uma lição de solidariedade e trata-o como filho. Logo aqui, Victor Hugo demonstra o seu apego ao que tem como grandes valores da alma humana - essencialmente, quando ela se reduz perante a superioridade de um gesto generoso e desinteressado. Valjean, diminuído e engrandecido pela acção do bispo que o salvou, partiu para novas paragens onde acabaria por encontrar-se na situação de homem industrial que, evidentemente, não podia deixar de explorar os operários que o serviam. Também aqui, Victor Hugo foge ao conflito de classes e, fiel a si próprio, dá-nos a imagem bondosa e solidária de um bom patrão que, tendo sofrido, sabia avaliar as dores que vinham de fora mas ignorava aquelas que se criavam no interior da sua própria fábrica. Porém, desolado perante o drama de uma das suas operárias que recorre à prostituição para tentar defender e sustentar a criança de que é mãe (Cosette), decide salvar essa criança mas já não vai a tempo de impedir a morte da mãe. A justiça, entretanto, persegue-o. Javert, o inflexível e persistente agente policial, desconfia daquele que é, agora, «maire» da autarquia local. Para este, entretanto, tudo o que importa é a salvação de Cosette que a mãe confiara à guarda do casal Thenardier. Estes, são simplesmente escroques que escravizam a pequenita e a forçam a trabalhos impróprios para a sua tenra idade. Possuem relíquias do campo de batalha de Waterloo onde se apropriaram de despojos e não hesitaram em saquear os bolsos dos soldados mortos. Apercebendo-se da «qualidade» dos Thenardier, o «maire» resgata Cosette contra uma soma importante, mas cria novos inimigos. Decide, então, aproveitando a considerável fortuna que já possui, reentrar em fuga e iludir Javert que nunca deixa de persegui-lo. Para Victor Hugo, o homem que decide fazer o bem quando outros não recuam no intuito de fazer-lhe mal, tem de ser uma figura poderosa. O verdadeiro Jean Valjean nunca seria capaz de arrostar com as trágicas situações que lhe surgiram se, efectivamente, não possuisse riqueza. Aqui, Victor Hugo mostra-se cativo da ambição que vive um pouco em todos nós – sermos poderosos para defendermos os que não podem fazê-lo por si próprios. Para criar Cosette e dela fazer uma «menina», o ex-forçado recorre a novas identidades e a meios de fortuna sempre abundantes. Mas Cosette descobriria o amor em Marius, um jovem oriundo de famílias aristocráticas que, entretanto, não era estranho aos meios revolucionários parisienses. Ao descobrir que o amor de Cosette não podia ser combatido, Valjean, apesar da presença de Javert, vai retirar Marius das barricadas e tranporta-o, bastante ferido, através dos esgotos de Paris conseguindo, a grande custo, iludir o sempre inflexível agente. É nestas circunstâncias que surge a figura do pequeno parisiense, Gavroche, figura iniludível de rapaz das ruas que está com a revolução e por ela morre com um sorriso nos lábios. Na descrição de Gavroche e das condições em que existe, Victor Hugo demonstra com toda a clareza e com rara imponência o seu amor à humanidade e à cidade de Paris. Evidentemente, Javert acaba por convencer-se de que toda a sua perseguição de décadas não passa de um crime contra «um homem de Deus» e suicida-se. Jean Valjean morre com Marius e Cosette junto a si. Mas os candelabros sobrevivem a todo o drama.
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DO SITE: Manoel de Lencastre - http://www.pcp.pt/avante/20020307/475t2.html
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Nascido em Besançon em 1802 ( "o século tinha apenas dois anos "), victor Hugo era filho de um general do Império. Muito jovem, ainda, compôs numerosos poemas. Aos quinze anos recebeu um prêmio em um concurso de poesia da Academia Francesa. A partir desse momento resolveu dedicar-se à carreira literária: "serei um Chateaubrian ou não serei nada ". Apaixonado, generoso e dotado de uma extraordinária capacidade de trabalho, Hugo escreveu uma obra colossal e variada. A partir de 1822, integrou-se ao romantismo e em breve se transformou no porta-voz desse movimento. Nos seus escritos reserva lugar preponderante aos estados de alma. Demonstra uma forte tendência ao estranho, ao maravilhoso, ao exótico e ao pitoresco. Em 1830 estréia Hernani obra teatral que representa o fim do classicismo, e desencadeia uma polêmica apaixonada.Essa obra expressa novas aspirações da juventude. para Hugo começa então um período de fecundidade. Rival de Lamartine, deseja se afirmar como o único e maior poeta lírico da França.
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A partir de 1835, empreende várias viagens pela Europa. Ao mesmo tempo escreve ainda numerosas obras de teatro. Sua glória de poeta é finamente consagrada em 1841, com a sua eleição para a Academia Francesa. No mesmo ano Luís Felipe o nomeia par de França. A essa altura, Victor Hugo é um homem bem sucedido, leva uma vida burguesa e dedica-se muito pouco a toda criação verdadeiramente nova. Mas ao ser deflagrada a revolução se 1848, se entusiasma com os valores revolucionários das camadas miseráveis e rompe-se com o parido da situação. Torna-se deputado, e se destaca por sua eloquência e por sua radical oposição a Luís Napoleão Bonaparte. Quando ocorre o golpe de Estado de 2 de dezembro de 1851, Hugo combate nas barricadas e quando "Napoleão, o pequeno"se torna imperador, vê-se obrigado a exilar-se.
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Refugiado em Guernesey, Hugo redige ferozes panfletos contra o regime imperial. Mas também escreve grandes "painéis" novelescos e poéticos, em particular A Lenda dos Séculos (1859-1883). Esta obra épica evoca a história do mundo e mistura constantemente a lenda com a realidade. Para ele, o mundo é o terreno onde se defrontam os mitos, o bem e o mal, a bondade e a crueldade. Do mesmo modo, escreve alguns romances,entre eles Os Miseráveis ( 1862). Quando explode a guerra de 1870 e o Império se desmorona, Hugo regressa à França: é um símbolo da resistência republicana. Sua atividade literária se reduz então consideravelmente. Quando morre, em 1885, a república lhe presta homenagens fúnebres nacionais. Com ele desaparece um dos grandes gênios da língua francesa. Victor Hugo despertou imenso entusiasmo e fervor popular e deixou sua marca na literatura de todo o século XIX, e ainda em boa parte do século XX.
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RESUMO
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Após cumprir 19 anos de prisão com trabalhos forçados por ter roubado comida, Jean Valjean é acolhido por um gentil bispo, que lhe dá comida e abrigo. Mas havia tanto rancor na sua alma que no meio da noite ele rouba a prataria e agride seu benfeitor, mas quando Valjean é preso pela polícia com toda aquela prata ele é levado até o bispo, que confirma a história de lhe ter dado a prataria e ainda pergunta por qual motivo ele esqueceu os castiçais, que devem valer pelo menos dois mil francos. Este gesto extremamente nobre do religioso devolve a fé que aquele homem amargurado tinha perdido. Após nove anos ele se torna prefeito e principal empresário em uma pequena cidade, mas sua paz acaba quando Javert, um guarda da prisão que segue a lei inflexivelmente, tem praticamente certeza de que o prefeito é o ex-prisioneiro que nunca se apresentou para cumprir as exigências do livramento condicional. A penalidade para esta falta é prisão perpétua, mas ele não consegue provar que o prefeito e Jean Valjean são a mesma pessoa. Neste meio tempo uma das empregadas de Valjean (que tem uma filha que é cuidada por terceiros) é despedida, se vê obrigada a se prostituir e é presa. Seu ex-patrão descobre o que acontecera, usa sua autoridade para libertá-la e a acolhe em sua casa, pois ela está muito doente. Sentindo que ela pode morrer ele promete cuidar da filha, mas antes de pegar a criança sente-se obrigado a revelar sua identidade para evitar que um prisioneiro, que acreditavam ser ele, não fosse preso no seu lugar. Deste momento em diante Javert volta a perseguí-lo, a mãe da menina morre mas sua filha é resgatada por Valjean, que foge com a menina enquanto é perseguido através dos anos pelo implacável Javert.
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http://www.feranet21.com.br/livros/resumos_ordem/os_miseraveis.htm
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COMENTÁRIO Em toda a obra literária de Victor Marie Hugo há uma mensagem de fundo humano, talvez única. No romance «Os Miseráveis» (começado a redigir em 1845 e só terminado em 1861 mas publicado logo no ano seguinte) o escritor eleva-se a um patamar raras vezes atingido por qualquer dos principais mestres das letras universais. Victor Hugo conduz-nos, como leitores, à situação social chocante da França que emergiu depois da derrota de Napoleão em Waterloo. Choca-nos, na sua descrição de acontecimentos que expõem todas as facetas da alma humana quando o conflito a incendeia. Em «Os Miseráveis», o conflito é permanente. Pegar neste romance é tirar um curso das mil facetas do sentir dos homens, é aprender a conhecê-los, na sua cobardia e na sua grandeza, na sua capacidade para sofrer mas também para ferir, na sua ambição, na sua generosidade e na sua fraqueza perante valores materiais, na sua ignorância, na sua quase impossibilidade de fugir ao chamamento individualista que o martiriza desde o princípio da grande aventura no mundo. O cadastrado Jean Valjean possuia qualidades que ele próprio desconhecia. Mas à saída do presídio ainda não passava de uma fera que o sistema prisional esperava que regressasse com novos crimes às costas. Entretanto, o bispo que recusa denunciá-lo pelo furto de dois candelabros em prata e acaba por lhe os oferecer para afugentar esforços policiais, surge-lhe no caminho como homem de Deus, dá-lhe uma lição de solidariedade e trata-o como filho. Logo aqui, Victor Hugo demonstra o seu apego ao que tem como grandes valores da alma humana - essencialmente, quando ela se reduz perante a superioridade de um gesto generoso e desinteressado. Valjean, diminuído e engrandecido pela acção do bispo que o salvou, partiu para novas paragens onde acabaria por encontrar-se na situação de homem industrial que, evidentemente, não podia deixar de explorar os operários que o serviam. Também aqui, Victor Hugo foge ao conflito de classes e, fiel a si próprio, dá-nos a imagem bondosa e solidária de um bom patrão que, tendo sofrido, sabia avaliar as dores que vinham de fora mas ignorava aquelas que se criavam no interior da sua própria fábrica. Porém, desolado perante o drama de uma das suas operárias que recorre à prostituição para tentar defender e sustentar a criança de que é mãe (Cosette), decide salvar essa criança mas já não vai a tempo de impedir a morte da mãe. A justiça, entretanto, persegue-o. Javert, o inflexível e persistente agente policial, desconfia daquele que é, agora, «maire» da autarquia local. Para este, entretanto, tudo o que importa é a salvação de Cosette que a mãe confiara à guarda do casal Thenardier. Estes, são simplesmente escroques que escravizam a pequenita e a forçam a trabalhos impróprios para a sua tenra idade. Possuem relíquias do campo de batalha de Waterloo onde se apropriaram de despojos e não hesitaram em saquear os bolsos dos soldados mortos. Apercebendo-se da «qualidade» dos Thenardier, o «maire» resgata Cosette contra uma soma importante, mas cria novos inimigos. Decide, então, aproveitando a considerável fortuna que já possui, reentrar em fuga e iludir Javert que nunca deixa de persegui-lo. Para Victor Hugo, o homem que decide fazer o bem quando outros não recuam no intuito de fazer-lhe mal, tem de ser uma figura poderosa. O verdadeiro Jean Valjean nunca seria capaz de arrostar com as trágicas situações que lhe surgiram se, efectivamente, não possuisse riqueza. Aqui, Victor Hugo mostra-se cativo da ambição que vive um pouco em todos nós – sermos poderosos para defendermos os que não podem fazê-lo por si próprios. Para criar Cosette e dela fazer uma «menina», o ex-forçado recorre a novas identidades e a meios de fortuna sempre abundantes. Mas Cosette descobriria o amor em Marius, um jovem oriundo de famílias aristocráticas que, entretanto, não era estranho aos meios revolucionários parisienses. Ao descobrir que o amor de Cosette não podia ser combatido, Valjean, apesar da presença de Javert, vai retirar Marius das barricadas e tranporta-o, bastante ferido, através dos esgotos de Paris conseguindo, a grande custo, iludir o sempre inflexível agente. É nestas circunstâncias que surge a figura do pequeno parisiense, Gavroche, figura iniludível de rapaz das ruas que está com a revolução e por ela morre com um sorriso nos lábios. Na descrição de Gavroche e das condições em que existe, Victor Hugo demonstra com toda a clareza e com rara imponência o seu amor à humanidade e à cidade de Paris. Evidentemente, Javert acaba por convencer-se de que toda a sua perseguição de décadas não passa de um crime contra «um homem de Deus» e suicida-se. Jean Valjean morre com Marius e Cosette junto a si. Mas os candelabros sobrevivem a todo o drama.
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DO SITE: Manoel de Lencastre - http://www.pcp.pt/avante/20020307/475t2.html
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