Cultura | 18.07.2010
A história começa com dor, piercings e sangue. O livro é para ser lido em fragmentos de apenas poucas linhas, tendo como protagonista um personagem de nome Zwirbler. Os adeptos do Facebook, contudo, podem modificar a história como quiserem, ou simplesmente comentar o que foi escrito ou o que está acontecendo. O resultado pode ser, às vezes, poético e penoso.
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Os co-autores têm a opção de continuar a linha de pensamento do autor ou de desviar a história para um lado completamente diferente. Ou podem dar conselhos. Como no primeiro registro, em que Zwirbler cogita receber assistência médica. O próximo participante do romance aconselha que ele vá ao hospital, já que é de madrugada.
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"Espero aprender muito, ler muitas ideias interessantes oferecidas pelos usuários e ter agradáveis surpresas", disse à Deutsche Welle o autor Gergely Teglasy a respeito de suas expectativas em relação ao romance escrito em tempo real.
Novo fio na rede interativa
Romances interativos existem aos montes na internet, mas o autor Gergely Teglasy (ou TG, como ele se autointitula), de 40 anos, diz que o seu é o primeiro no Facebook. Lançado no início deste mês, em alemão, para usuários acima de 17 anos, o romance já contabiliza mais de três mil pessoas entre aqueles que "curtiram" a página. Os fãs podem ainda assinar um podcast semanal dos episódios.
Novo fio na rede interativa
Romances interativos existem aos montes na internet, mas o autor Gergely Teglasy (ou TG, como ele se autointitula), de 40 anos, diz que o seu é o primeiro no Facebook. Lançado no início deste mês, em alemão, para usuários acima de 17 anos, o romance já contabiliza mais de três mil pessoas entre aqueles que "curtiram" a página. Os fãs podem ainda assinar um podcast semanal dos episódios.
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Teglasy procura adicionar sempre uma novidade no Zwirbler, como um novo capítulo, por exemplo, a fim de manter a página suficientemente atraente para os leitores, embora tome o cuidado de não congestionar o feed de notícias deles.
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"Todos nós somos fãs de certas páginas do Facebook, mas geralmente de forma passiva. Com o Zwirbler, os usuários podem colocar-se em ação. Quanto mais gente envolvida, mais interessante fica", diz Teglasy.
Bildunterschrift:
O autor salienta que, embora a internet tenha modificado o hábito de leitura das pessoas nas últimas décadas, isso não significa que o tenha restringido. Ao contrário, afirma, o Facebook pode enriquecer a experiência com a literatura, ao incentivar as pessoas a continuarem lendo.
Amigos distantes
Alguns críticos do Facebook apontam que a comunidade online seria um substituto para uma comunidade real. Seguindo esse raciocínio, o romance Zwirbler de Teglasay poderia ser visto como um mero substituto da literatura real? "Não", responde prontamente o autor. "É literatura em uma nova forma, sem o propósito de tomar o lugar da literatura tradicional, mas sim de complementá-la".
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O autor – que nasceu em Budapeste, mas estudou Teatro, Cinema e Mídia em Viena – observa que muita gente não tem mais tempo para ler um romance longo, no formato tradicional, embora essas pessoas fiquem felizes com uma leitura rápida no Facebook, quando estão sentados diante de seus computadores ou usando seus iPhones.
O romance de Teglasay não se assemelha, contudo, às obras escritas apenas com mensagens de texto, em linguagem abreviada. Nem tampouco é composto, como é o caso de romances recentes, apenas de e-mails trocados entre os personagens.
O autor é o chefe
Mesmo que o romance Zwirbler soe pioneiro, poderia-se suspeitar que tudo não passa de preguiça do autor, que delega aos usuários continuar a história quando ele não está se sentindo inspirado o suficiente para escrever ele próprio alguma coisa.
O romance de Teglasay não se assemelha, contudo, às obras escritas apenas com mensagens de texto, em linguagem abreviada. Nem tampouco é composto, como é o caso de romances recentes, apenas de e-mails trocados entre os personagens.
O autor é o chefe
Mesmo que o romance Zwirbler soe pioneiro, poderia-se suspeitar que tudo não passa de preguiça do autor, que delega aos usuários continuar a história quando ele não está se sentindo inspirado o suficiente para escrever ele próprio alguma coisa.
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Afinal, como comenta o diário Welt Kompakt, quando Teglasy "empaca" em algum momento da história, ele simplesmente pode delegar a seus leitores (os "amigos" do Facebook) a função de continuar a narrativa. Ou, ainda, alterar a linha narrativa simplesmente excluindo contribuições que não lhe agradam.
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Mas o autor diz que só deleta posts no Facebook quando estes não estão diretamente relacionados com o tema do romance, como por exemplo registros que são, na verdade, publicitários. Todo o resto é permitido, garante.
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"E isso é que é a coisa mais interessante: há coisas que podem ser ditas no Zwirbler, que eu, pessoalmente, jamais diria. O personagem irá certamente acabar pensando e agindo de uma forma que eu jamais teria experimentado ou que me é estranha, até detestável", completa o autor.
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O nome tanto do romance quanto do protagonista – Zwirbler – significa em alemão retorcer, enrolar. Um Zwirbler é alguém que gira, entrelaça. Neste sentido, cada pessoa que contribui para escrever o romance no Facebook mantém a narrativa enredada e retorcida.
Autora: Louisa Schaefer (sv)
Revisão: Alexandre Schossler
.Autora: Louisa Schaefer (sv)
Revisão: Alexandre Schossler
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