sábado, 5 de janeiro de 2013

António Gedeão - Lágrima de Preta

Lágrima de pretaPDFImprimire-mail
António Gedeão - Poemas

"Encontrei uma preta
Manuscrito lágrima de preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.


Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio."

António Gedeão, in Máquina de fogo

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