O Domingo na Poesia
Poema que Aconteceu
Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.
A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.
A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.
Carlos Drumond de Andrade
Domingo irei para as hortas na pessoa dos outros,
Contente da minha anonimidade. Domingo serei feliz — eles, eles... Domingo... Hoje é quinta-feira da semana que não tem domingo... Nenhum domingo. — Nunca domingo. — Mas sempre haverá alguém nas hortas no domingo que vem. Assim passa a vida, Sutil para quem sente, Mais ou menos para quem pensa: Haverá sempre alguém nas hortas ao domingo, Não no nosso domingo, Não no meu domingo, Não no domingo... Mas sempre haverá outros nas hortas e ao domingo! |
Álvaro de Campos
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Domingo no parque
O rei da brincadeira - ê, José
O rei da confusão - ê, João
Um trabalhava na feira - ê, José
Outro na construção - ê, João
O rei da brincadeira - ê, José
O rei da confusão - ê, João
Um trabalhava na feira - ê, José
Outro na construção - ê, João
A semana passada, no fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar
Capoeira
Não foi pra lá pra Ribeira
Foi namorar
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar
Capoeira
Não foi pra lá pra Ribeira
Foi namorar
O José como sempre no fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana, seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana, seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, dançando no peito - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, dançando no peito - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, girando na mente - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, girando na mente - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
Juliana girando - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
O amigo João - João
Oi, na roda gigante - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
O amigo João - João
O sorvete é morango - é vermelho
Oi, girando, e a rosa - é vermelha
Oi, girando, girando - é vermelha
Oi, girando, girando - olha a faca!
Oi, girando, e a rosa - é vermelha
Oi, girando, girando - é vermelha
Oi, girando, girando - olha a faca!
Olha o sangue na mão - ê, José
Juliana no chão - ê, José
Outro corpo caído - ê, José
Seu amigo, João - ê, José
Juliana no chão - ê, José
Outro corpo caído - ê, José
Seu amigo, João - ê, José
Amanhã não tem feira - ê, José
Não tem mais construção - ê, João
Não tem mais brincadeira - ê, José
Não tem mais confusão - ê, João
Não tem mais construção - ê, João
Não tem mais brincadeira - ê, José
Não tem mais confusão - ê, João
Gilberto Gil
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Domingo
em que, movido o olhar à santidade, parávamos no campo vendo correr a água e adubar-se o caule que abrirá sua roda de sustento à fadiga do homem, que uma coroa de aves reconhece no ar, de estar aberto à cálida saúde da passagem. Depois da missa, pelo domingo adentro, crescia esta saudade fresquíssima de estarmos tão atentos à tarefa que, sem nós, a tarde cumpre na terra. E mesmo ao pensamento que amadurece nas árvores, tocadas longe, no estremecimento que se enreda por nós e em nós se abre. Ficou-lhe a paz. O doce movimento que nos inclina para a primeira idade. |
Fernando Echevarria
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Um dia de Domingo...
Domingo não deveria existir,para quem sente saudade.
Já tomei o meu café,é o meu último cigarro...
E o Domingo,acaba de começar.
O meu "hobby",é sentir saudade.
Não tenho idade para tanto saudosismo,mas a minha alma
é bem mais "madura",do que essa que escreve.
O Domingo,é um vilão...ele não é dia de nada.
Ele é a minha busca,dos que "partiram" de mim..
Da tempestade vermelha,e da tempestade arroaceira,que me
trouxe e me levou você.
Quero um outro cigarro,mas a padaria...está fora dos meus planos.
Os meus enganos,os meus traumas,são só meus agora.
Eu queria uma sombra,uma árvore gigantesca,eu queria o teu colo,
o teu ombro,o teu cheiro, a tua poesia.
Ah...como eu queria um Domingo diferente,só nosso.
Me leva daqui...eu não suporto..."gente",rindo de programas de auditório,eu quero muito mais que isso.
Quero o compromisso,de rir,sempre...de mim mesma.
Não quero quatro pratos na mesa,nem comida eu quero hoje.
Eu quero mesmo,é ter você...saborear o teu beijo,ser o teu desejo.
Desligar essa televisão insuportável...seja amável comigo,vamos fugir
desse Domingo insano,que nos separa.
Hoje...vou esperar a Segunda-Feira,para ser mais feliz.~
Já tomei o meu café,é o meu último cigarro...
E o Domingo,acaba de começar.
O meu "hobby",é sentir saudade.
Não tenho idade para tanto saudosismo,mas a minha alma
é bem mais "madura",do que essa que escreve.
O Domingo,é um vilão...ele não é dia de nada.
Ele é a minha busca,dos que "partiram" de mim..
Da tempestade vermelha,e da tempestade arroaceira,que me
trouxe e me levou você.
Quero um outro cigarro,mas a padaria...está fora dos meus planos.
Os meus enganos,os meus traumas,são só meus agora.
Eu queria uma sombra,uma árvore gigantesca,eu queria o teu colo,
o teu ombro,o teu cheiro, a tua poesia.
Ah...como eu queria um Domingo diferente,só nosso.
Me leva daqui...eu não suporto..."gente",rindo de programas de auditório,eu quero muito mais que isso.
Quero o compromisso,de rir,sempre...de mim mesma.
Não quero quatro pratos na mesa,nem comida eu quero hoje.
Eu quero mesmo,é ter você...saborear o teu beijo,ser o teu desejo.
Desligar essa televisão insuportável...seja amável comigo,vamos fugir
desse Domingo insano,que nos separa.
Hoje...vou esperar a Segunda-Feira,para ser mais feliz.~
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Poema destinado a haver domingo
Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-laE a cor dum navio em movimento
E como flor, qualquer odor no vento.
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.
Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.
Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre
Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.
Natália Correia
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.
Natália Correia
Poesia Completa -Publicações Dom Quixote -1999
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Dava a última camisa por um poema
Dava a última camisa por um poema.
Domingo ao fim da tarde só restam cinzas.
Todos. Tudo inteiramente consumido. Tudo,o quê?
Segunda, sobrava alguma palavra intacta na lareira?
Terça
tão comprida como um ano
quarta, outra vez a esperança
Não, sem poema não se pode viver!
Quinta a memória entra em pânico
A pouca claridade que restava anoiteceu
também na sexta as vagonetas com o meu minério
perdem-se no túnel.
Sábado:
trabalho em vão!
Domingo tudo recomeça e voltava a dar
a última camisa por um poema
Jan KostraEslováquia
TRAD.: ERNESTO SAMPAIO
Domingo ao fim da tarde só restam cinzas.
Todos. Tudo inteiramente consumido. Tudo,o quê?
Segunda, sobrava alguma palavra intacta na lareira?
Terça
tão comprida como um ano
quarta, outra vez a esperança
Não, sem poema não se pode viver!
Quinta a memória entra em pânico
A pouca claridade que restava anoiteceu
também na sexta as vagonetas com o meu minério
perdem-se no túnel.
Sábado:
trabalho em vão!
Domingo tudo recomeça e voltava a dar
a última camisa por um poema
Jan KostraEslováquia
TRAD.: ERNESTO SAMPAIO
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É domingo hoje
mas nós não saímos
é o único dia
que não repetimos
e que dura menos
Mas põe o teu rouge
que eu mudo a camisa
não como quem
de ilusão
precisa
tomaremos chá
leremos um pouco
e iremos à varanda
absortos
mas nós não saímos
é o único dia
que não repetimos
e que dura menos
Mas põe o teu rouge
que eu mudo a camisa
não como quem
de ilusão
precisa
tomaremos chá
leremos um pouco
e iremos à varanda
absortos
António Reis
~~~~~~~~~
Eu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Pra sentar e conversar
Depois andar de encontro ao vento
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo
Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo
Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar a voz do coração
Te encontrar de qualquer jeito
Pra sentar e conversar
Depois andar de encontro ao vento
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo
Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo
Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar a voz do coração
GAL COSTA
Composição: Michael Sullivan e Paulo Massadas
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