"Um dia encarcerado:
Mil anos lá fora”.
Não é vã palavras
este provérbio antigo.
Quatro meses na cela
destruíram meu corpo
mais que dez anos de vida.
Quatro meses de fome,
quatro meses de insônia,
sem mudar de roupa
sem poder me lavar.
Abandonou-me um dente,
cabelos branquearam,
negro, magro, faminto,
vestido de sarna e de feridas.
Mas paciente sou,
duro, rijo,
sem recuar um palmo.
Materialmente miserável,
o moral, firme.
"Poemas do Cárcere" (ed. Laemmert, Rio, 1968), traduzido por Coema Simões e Moniz Bandeira
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