Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Greve Geral da Administração Pública
Deste modo, a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública e os Sindicatos da Função Pública do Norte, do Centro, do Sul e Açores e dos Consulados e Missões Diplomáticas iniciaram já o processo de mobilização dos trabalhadores que representam para a participação nesta nova jornada de luta.
Numa altura em que o Governo se mostra intransigente no que toca aos aumentos salariais, tentando impôr percentagens que confirmam a perda de poder de compra já registada em anos anteriores; numa altura em que se perspectiva a entrada em vigor de um novo sistema de avaliação de desempenho que é apenas e só um instrumento de coacção dos trabalhadores; numa altura em que se prepara a destruição do vínculo público e dos sistemas de carreiras e de remunerações, a luta dos trabalhadores da Administração Pública é determinante.
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STAL e STML em Greve também
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Os dilemas da revolução soviética
por Augusto Buonicore*
Lênin, desde 1915, já havia aventado esta possibilidade ao defender que a revolução proletária mundial poderia se iniciar pelos elos mais fracos da cadeia imperialista e não necessariamente nos países capitalistas mais desenvolvidos. Mesmo assim, após a revolução russa de 1917, continuou apostando numa rápida vitória da revolução socialista no ocidente, começando pela Alemanha. Até aquele momento não acreditava na possibilidade da existência prolongada de um Estado socialista na Rússia numa Europa ainda imperialista.
Num primeiro momento, a perspectiva de uma revolução socialista européia iminente parecia bem real. A revolução operária e popular alemã de 1918 desenhava-se como uma repetição do fevereiro russo e mesmo as derrotas de 1919 (e a queda da República Socialista da Baviera) parecia-lhes uma repetição da derrota provisória ocorrida em julho na Rússia. Para a maioria dos revolucionários o Outubro vermelho alemão ainda estaria por vir. Apenas em 1923, com as derrotas das rebeliões comunistas, essas esperanças se desvaneceram. A República dos conselhos na Hungria também se encaixava neste esquema e também foi derrotada. O mesmo aconteceu com a experiência dos conselhos de fábrica na Itália.
Sem a vitória das revoluções européias, a jovem República Soviética ficou isolada - cercada por países capitalistas hostis. Depois de 1917 ela sofreu o ataque de 14 países e diversos exércitos brancos. Entre 1919 e 1920 a situação era dramática e o país dos sovietes se viu reduzido às cercanias da Petrogrado e Moscou. A grande imprensa aristocrática e burguesa já dava como certa a derrota bolchevique.
Apenas em 1921, a Rússia revolucionária conseguiu se ver livre de seus inimigos, vencendo-os numa guerra civil sangrenta, que lhe custou milhões de vidas. A situação era catastrófica. Seu parque industrial estava reduzido a 13% do que era antes da I Grande Guerra. Parte de sua classe operária – a mais consciente e combativa – havia desaparecido na guerra civil. A população de Petrogrado, capital da revolução, caiu de 2 milhões para 720 mil pessoas. A de Moscou de 1,5 milhão para 1 milhão. Houve um processo de desindustrialização e desproletarização em grande escala. O poder soviético perdeu uma importante base material (a grande indústria) e social (o proletariado revolucionário).
O chamado “Comunismo de Guerra” (1918-1921), necessário para enfrentar a contra-revolução armada, mostrou-se inconveniente para a grande tarefa de reorganização da economia. Nasceu assim a proposta da Nova Política Econômica (NEP), visando superar o atraso econômico do país utilizando-se amplamente de recursos oferecidos pelo próprio capitalismo. A prioridade era a constituição de uma indústria pesada e o Capitalismo de Estado alemão se tornou o paradigma do desenvolvimento econômico russo na etapa primaria de construção do socialismo.
A NEP se baseava nas concessões de forças produtivas russas aos capitalistas nacionais ou estrangeiros; criação de cooperativas agrupando pequenos e médios produtores rurais e urbanos, que teriam liberdade de comercializar o que produziam; montagem de empresas mistas, associando capital privado e do Estado – além, da incorporação nas indústrias russas do fordismo, taylorismo, dos altos salários para especialistas e técnicos, e empréstimos bancários juntos aos grandes bancos estrangeiros. Seria o conjunto dessas medidas que Lênin chamaria de Capitalismo de Estado nas condições russas.
A derrota da revolução no ocidente recolocou novamente o angustiante dilema: é possível construir o socialismo num país atrasado como a Rússia sem o apoio da revolução vitoriosa na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos? Vários bolcheviques, como Trotsky, se colocavam categoricamente contra tal hipótese. Lênin, revisando suas posições anteriores, procurou construir alternativas que permitissem iniciar a construção do socialismo nas condições adversas. Uma posição que seria assumida e radicalizada por Stalin no final dos anos 1920.
Neste quadro internacional e nacional inusitados, tornou-se ainda mais necessário o desenvolvimento acelerado das forças produtivas. Sem isso a revolução isolada estaria definitivamente derrotada.
É claro que, as sucessivas opções de desenvolvimento econômico feitas pelos dirigentes soviéticos, a NEP (1921-1928) e o da industrialização forçada (1928-1953) também tiveram implicações no campo das relações sociais e no desenvolvimento da democracia soviética. Muitas delas foram bastante negativas.
Como era de se esperar, após a revolução, o projeto da República Soviética só poderia ter como referência a Comuna de Paris. Infelizmente, as condições históricas não permitiram que os sovietes russos fossem modelos ampliados – em escala nacional ou multinacional – da comuna parisiense.
É sabido que não constava do projeto original bolchevique a construção de um sistema político assentado no unipartidarismo. Este, inicialmente, foi uma imposição da sangrenta guerra civil e da ocupação militar estrangeira que se seguiram à revolução de outubro. Neste processo os partidos burgueses e socialistas pequeno-burgueses de direita se aliaram aos exércitos contra-revolucionários e foram fechados. Por sua vez, as organizações socialistas pequeno-burgueses (de esquerda) foram cassadas quando tentaram organizar um golpe de Estado contra o governo soviético, durante as difíceis negociações do Tratado de Brest-Litovsky.
Visando impedir a assinatura do tratado de paz e assumirem o poder, os social-revolucionários de esquerda – com apoio dos anarquistas - assassinaram do embaixador alemão, explodiram a sede do Partido Comunista em Moscou - matando dezenas de pessoas e ferindo Bukharin. Terroristas social-revolucionários assassinaram Uritsky, comandante da Cheka e atentaram contra a vida de Lênin, Trotsky e outros importantes dirigentes bolcheviques. A esses atentados seguiu-se uma dura repressão contra a “oposição armada”.
Logo após a revolução os bolcheviques deram-se conta que a guarda vermelha, composta por trabalhadores fiéis ao regime e sem uma rígida hierarquia, era impotente para enfrentar a poderosa contra-revolução armada apoiada pelo imperialismo. Então constituíram, não sem controvérsias, um exército regular nos moldes tradicionais. Re-introduziram a hierarquia e a rígida disciplina militar (eliminou-se o princípio eletivo, voltaram as patentes e a pena de morte no front). Vários antigos oficiais tzarista retomaram postos de comandos importantes – com suas respectivas patentes e altas remunerações. Trotsky foi o principal idealizador e comandante deste novo exército Vermelho.
Neste conturbado processo, o controle operário de baixo foi substituído pelo planejamento e controle dos operários pelo alto. Tivemos a volta dos especialistas (técnicos e engenheiros) com salários bem acima do que ganhavam os operários manuais. Foi restabelecido o poder unipessoal nas fabricas. Trotsky chegou mesmo, levando esta tendência ao extremo, defender a militarização do trabalho e a subordinação dos sindicatos ao Estado. Estes, decerto, eram tidos como imperativos da produção num país cercado por potências imperialistas inimigas e que precisava rapidamente desenvolver as suas forças produtivas. A eclosão da II Guerra Mundial e a ocupação da URSS parecia comprovar integralmente esta tese.
Nota
Este texto foi preparado especialmente para o Seminário Internacional “O capitalismo contemporâneo e a nova luta pelo socialismo”, promovido pelo PCdoB e o Instituto Maurício Grabóis e realizado em São Paulo entre os dias 19 e 20 de novembro de 2007. Ele teve por base os livros do professor Luís Fernandes e o artigo do filósofo comunista italiano Domenico Losurdo, publicado no último número da revista Princípios. Veja a bibliografia abaixo.
Bibliografia
Fernandes, Luís – URSS: ascensão e queda, Ed. Anita Garibaldi, 1991.
------------------ O enigma do socialismo real, Ed. Mauad, 2000
-------------------“O desafio da democracia e da produtividade no socialismo” (entrevista) in Princípios, nº92, out/nov/2007.
Losurdo, Domenico – “Marx, Cristóvão Colombo e a revolução de outubro” in Princípios, nº 92, out/nov/2007.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Ary dos Santos - Os Putos
Os putos
.* Ary dos Santos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
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ouvir Os Putos - interpretação de Carlos do Carmo e não só
cujo editor diz [serem] «Poemas do meu Mundo que ardem vivos em meu olhar que no coração escavam bem fundo e que não o deixam pulsar...»
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Clique na imagem, retirada de Poemas de Amor e Dor
um blog com uma apresentação animada e agradável.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Sophia - Cantata de paz
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
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Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror
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A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças
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D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados
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Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
PRANTO PELO DIA DE HOJE
SOPHIA DE MELLO BREYNER: UMA LEITURA DE GRADES
Reprodução autorizada de artigo publicado na Brotéria/Cultura e Informação, 114 (2), 1982
INTRODUÇÃOEsta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
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E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Forarn necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
No poema «As pessoas sensíveis» (pp. 39-40) denunciando quem come com o trabalho dos escravos, Sophia Iembra o versículo do Génesis
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«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
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4.2. A traição e a podridão moral
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Era um Cristo sem poder
Sem espada e sem riqueza
Seus amigos o negavam (pp. 39-40)
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Ó cheios de de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
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Há um murmúrio de combinações
Uma telegrafia
Sem gestos sem sinais sem fios
O mal compra o mal e ambos se entendem
Compram e vendem
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O velho abutre é sábio e alisa as suas penas
A podridão lhe agrada e seus discursos
Têm o dom de tornar as almas mais pequenas (p. 41)
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5. A Procura de Justiça e de Verdade
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A procura de Justiça é um combate permanente para quem ousa enfrentar as forças destrutivas instaladas no interior do homem, na sociedade e no poder. A positividade de Sophia manifesta-se no incentivo de lutar sem violência, com força interior, traduzida em actos, para intervir na vida do seu país. Vejamos o que nos diz o poema Esta Gente (pp. 57-58) .
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Faz renascer meu gosto
de Iuta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
E em frente desta gente...
Meu canto se renova
e recomeço a busca
dum pais liberto
Duma vida limpa
e dum tempo justo
Os valores liberdade, nitidez/limpidez e justiça pertencem à esfera da luta num «país ocupado» «cheio de mágoa», na «vida suja, hostil inutilmente gasta» da cidade impregnada de injustiças. País, vida e tempo são convergentes para se deixarem transformar positivamente através da luta e do combate pela justiça. Os inimigos estão simbolizados nos animais portadores de morte e podridão - o abutre e o milhafre -, de viscosidade traiçoeira e mortífera - a cobra - e de sujidade.
O risco que envolve a aventura deste combate, de quem «vive e canta no mau tempo», está presente na alegoria da procelária que
«não busca a rocha o cabo o cais Mas faz da insegurança sua força E do risco de morrer seu alimento» (Procelária, pp. 53.54) «voa firm e certa como bala» (Ibidem) |
A própria autora, no final do mesmo poema, considera a procelária como a imagem justa de quem ousa lutar arriscando-se permanentemente a ser destruído
«Por isso me parece imagem justa
Para quem vive e canta no mau tempo»
(Ibidem)
A justiça como tema de reflexão, como prática realizada por uma heroína popular do Alentejo e como busca contínua, está admiravelmente sintetizada no poema Catarina Eufémia (vide também in Dual, p. 75) cujo primeiro verso tem um carácter didáctico e imediatamente introduz o discurso dirigido a Catarina
«O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta...
estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente»
Todo o poema desenvolve a sua lição de intrepidez, de superioridade de espírito em relação ao comum das mulheres ( «não ficaste em casa a cozinhar intrigas»), a recusa da manipulação, da calúnia no momento da luta, a sua «inocência frontal que não recua». A figura e a lição de Catarina insere-se na escassa tradição dos que lutam sem violência, para restabelecerem a justiça; é incentivo para continuar a procurar a justiça. Daí a seguinte conclusão do poema
«Antígona poisa a sua mão sobre o teu ombro no instante [em que morreste
E a busca da justiça continua» .
Intrepidez envolve tarnbém a eliminação do abuso, da mentira e, implicitamente, a procura de verdade, não revelada, mas adquirida lentamente através da luta pela justiça. Encontramos referências em fragmentos do poema Catilina (p. 11), por exemplo:
Caminho sem medo e sem mentira
6. A coerência marginalizada
Porque os outros se mascaram mas tu não Porque ou outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não |
Utilizando paralelismo de construção, estabelece a oposição entre o comportamento colectivo («os outros» ) e o comportamento raro de quem procura coerência entre palavras e actos.
O espaço mais vasto do poema é, logicamente, o do comportamento da maioria, sendo a minoria («tu» ) a dizer não ao culto da aparência, à falsa virtude (20) , ao medo, à podridão moral disfarçada, à submissão injusta, ao aviltamento de se comprar e de se vender, ao artifício hábil, à excessiva autoprotecção, ao abuso do cálculo nos actos.
Todo o poema está impregnado de valores morais, que analisámos, por exemplo, na figura de «Crsto», e também de Catarina Eufémia; esses valores postos em prática por uma escassa minoria, por vezes uma pessoa isolada, que põe na base da sua luta a crucial procura da eliminação progressiva da violência no contexto social e culturral em que vive. Esta parece-nos também ser o centro da procura de Sophia de Mello Breyner.
A introdução e o conteúdo deste artigo confirmam a afirmação de Sophia que «toda a poesia é uma moral».
A poesia de Sophia é duplamente formativa porque ajuda o leitor a tomar consciência da realidade social e política, e a procurar formas de luta que procuram não redobrar as cadeias da violência mas eliminá-la progressivamente.
O ponto de partida é a frontalidade de ser, a coragem de ser, a integridade moral que irá Iprojoctar-se na vida social. Sendo a poesia, para Sophia de Mello Breyner, a expressão da «inteireza, do ser, o de estar na terra» (21), são possíveis outras dimensões de leitura diferentes da envolvência moral, no plano individual e social.
«Porque propõe ao homem a verdade e a inteireza do seu estar na terra toda a poesia é revolucionária» (22) .
NOTAS
(1) Publicações D. Quixote, edição proibida pela censura.
(2) 3ª ed., Moraes, Lisboa, pp. 233-235.
(3) Sophia, Antologia, 3ª ed., Moraes, Lisboa, pp. 233-234.
(4) lbid., Antologia, 3ª ed., Moraes, Lisboa, p. 234.
(5) lbid., Antologia, 3.. ed., Moraes, Lisboa, p. 234.
(6) In «Cantar», Grades, pp. 45-46.
(7) In «Esta gente», ibid., p. 58.
(8) In Livro Sexto, 4ª ed., Moraes, Lisboa, p. 25.
(9) Cfr. o poema «Marinheiro sem Mar», em O Tempo Dividido.
(10) Grades, p.13.
(11) Ibid., p. 35.
(12) Sophia traduziu O Purgatório de Dante.
(13) Grades, p. 25.
(14) lbid., p. 19.
(15) lbid., p. 15.
(16) lbid., pp. 71-72.
(17) Cfr. finais do Canto.
(18) «Nestes últimos tempos», in O Nome das Coisas, p. 71.
(19) Cfr. por exemplo, «Marinheiro Sem Mar» in Mar Novo.
(20) Cfr. «As vestes dos Fariseus», Grades.
(21) In O Nome das Coisas, p. 78.
(22) Ibid., p. 79.
http://www.triplov.com/sophia/grades.html
http://catedral.weblog.com.pt/arquivo/2005_05
domingo, 25 de novembro de 2007
Bertold Brecht - Ouvimos dizer que estás cansado...
Ouvimos dizer que estás cansado...
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Ouvimos dizer que estás cansado
Ouvimos dizer que estás arrasado.
Que já não podes andar de cá para lá.
Que estás muito cansado.
Que já não és capaz de aprender.
Que estás liquidado.
Não se pode exigir de ti que faças mais
Pois fica sabendo: nós exigimo-lo.
Se estiveres cansado e adormeceres
ninguém te acordará, nem
dirá: levanta-te, está aqui a comida.
Porque é que a comida havia de estar ali?
Se não podes andar de cá para lá, ficarás estendido.
Ninguém te irá buscar e dizer : houve uma Revolução.
As fábricas esperam por ti.
Porque é que havia de haver uma Revolução?
Quando estiveres morto, virão enterrar-te,
quer tu sejas ou não culpado da tua morte.
Tu dizes: que já lutaste muito tempo.
Que já não podes lutar mais.
Pois ouve: quer tu tenhas culpa ou não,
se já não podes lutar mais serás destruído.
Dizes tu: que esperaste muito tempo.
Que já não podes ter esperanças.
Que esperavas tu? Que a luta fosse fácil?
Não é esse o caso: a nossa situação
é pior do que tu julgavas.
É assim: se não levarmos a cabo o
sobre-humano, estamos perdidos.
Se não pudermos fazer o que ninguém
de nós pode exigir afundar-nos-emos.
Os nossos inimigos só esperam que
nós nos cansemos.
Quando a luta é mais encarniçada é
que os lutadores estão mais cansados.
Os lutadores que estão cansados demais,
perdem a batalha.
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Bertolt Brecht
sábado, 24 de novembro de 2007
Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (2)
Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (2)
* Victor Nogueira
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Quanto ao que escrevi, tirando a opinião sobre o caso de Mondlane [e a informação sobre Mueda, noutro blog], nada foi desmentido. Mas fiquei a saber que há quem, «democraticamente, ache que os fins justificam os meios.
Ninguém está cobrando ao PS/PSD/CDS nem fica cobrando a toda a hora os crimes e comprovados actos de ingerência dos EUA por todo o mundo, incluindo o lançamento de duas bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasáqui, feito que se preparam para repetir no Irão.
Ninguém aqui fica cobrando ao PS/PSD/CDS e dizendo que eles são responsáveis pelas chacinas de povos inteiros em resultado de achamentos ou descobertas e que em Portugal queriam fazer o mesmo que seus partidos «irmãos» fizeram noutros países.
Quanto à guerra na África «portuguesa», somos forçados a concluir que o Papa, que recebeu os movimentos de libertação, os EUA, os países nórdicos, o Reino Unido, a França e todo o Conselho de Segurança da ONU não passavam de anjinhos, ceguetas a soldo de Moscovo.
Eu não «justifico» as mortes, seja qual for o lado, mas exponho o que lhes deu origem. O senhor Pires não desmente mas, numa de guerra preventiva, agora utilizada pelos EUA e condenada pelo Direito Internacional e pela Carta das Nações Unidas, entende que mais vale prevenir que remediar, entregando-se a exercícios de futurologia divinatória para «justificar»/desculpar o passado.
E, num passe de mágica, se repete a história ou fábula do lobo e do cordeiro: se não foste tu foi o teu pai, e assim o Lobo abocanha o inocente cordeiro.
Continua em Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (2)
O texto anterior é a resposta ao texto/rebate de José Pires, que está por mim colocado colocado nos comentários do post -> Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (1)
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (1)
* Victor Nogueira
A guerra não é uma partida de xadrez ou damas calma e bucolicamente disputada à sombra dum imbondeiro, dum coqueiro ou duma azinheira.
Entre os mortos e outras vítimas há os «profissionais» da guerra e aqueles que lhe sofreram as consequências, por estarem livre ou conscientemente ou não dum dos lados em confronto, quaisquer que sejam as razões que assistam a cada um deles.
Não tenho e não sei se existe o balanço das vítimas do «corporativismo» português de Salazar e Caetano, designadamente dos civis ditos «portugueses» negros (sem direitos de cidadania no Portugal do Minho a Timor) que foram mortos pela polícia política (leia-se PIDE/DGS, Flechas e similares) e pelas Forças Armadas Portuguesas nos teatros de guerra ou não a partir de 1960.
Quantas vítimas de chacinas como a de Wiriamu (Moçambique - Dezembro de 1972 - cerca de 400 mortos segundo a revista Time de Jul. 30, 1973) houve
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Ver texto completo em:
Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (1)