sexta-feira, 24 de agosto de 2007

António Aleixo - Quadras





Eu não sei porque razão
certos homens, a meu ver,
quanto mais pequenos são
maiores querem parecer.

Como um só não é bastante
Nós vamos ter , brevemente,
Dois guardas por habitante,
P´ra que não roubem a gente.

Sem que discurso eu pedisse,
ele falou, e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
do que disse não gostei

Quantas sedas aí vão,
quantos brancos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos!

Da guerra os grandes culpados
Que espalham a dor da terra,
São os menos acusados
Como culpados da guerra.

Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência!

A quadra tem pouco espaço
Mas eu fico satisfeito
Quando numa quadra faço
Alguma coisa com jeito.
.
António Aleixo, poeta popular algarvio
1899-1949
.
António Aleixo - desenho de Tóssan

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Grande filósofo! Enorme sabedoria!!


Bj

Maria Mamede