sábado, 25 de agosto de 2007

CANTIGA, PARTINDO-SE

* João Roiz de Castel-Branco

Senhora partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tam tristes, tam saudosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes
tam fora d'esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

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João Roiz de Castel-Branco, Cancioneiro Geral, III, 134
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NOTA - O Cancioneiro Geral, publicado por Garcia de Resende em 1516, é o repositório da maior parte da produção poética portuguesa que está entre o fim do período literário medieval e o início do período clássico. Estão representados mais de duzentos poetas, entre eles o próprio Garcia de Resende com as famosas Trovas à morte de Inês de Castro.
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Se quiser saber mais sobre os Cancioneiros pode visitar:
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http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/C/cancioneiro.htm

http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/epocas?tipo=1&p=1

http://www.dim.uchile.cl/~anmoreir/escritos/siglo_oro/trova.html

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Estudei na velhinha Filipa de Vilhena, do Covelo, no Porto e sempre gostei de Poesia, muito...
Arregalava os olhos todas as vezes que os livros me davam a conhecer desde os medievais até aos modernos
e recordo esta Cantiga; era das primeiras e fazia parte do programa estabelecido!
Deu-me saudade das Professoras de Português e História, mulheres de garra que me marcaram!
Obrigada Victor.
Maria Mamede