Assunto: | A FORÇA DO INEVITÁVEL... |
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Data: | 31/Jan 15:47 |
ATRAVESSO O DIA TENTANDO NÃO ENCONTRAR AS PALAVRAS AFIADAS, QUE SE ESPETAM NA ALMA, QUE ME BAPTIZAM DO QUE NÃO SOU, QUE FAZEM DE MIM CARTA MARCADA,QUE ME JOGAM ÁS ALTURAS PARA CAIR DESAMPARADA, QUE GRITAM DE MIM AO MUNDO, QUE DE MIM RIEM, QUE EM MIM BATEM, QUE ME DESPREZAM E CALUNIAM.NÃO FOI SEMPRE ASSIM, MAS ESQUECI OS ANTIGOS CAMINHOS ONDE A LUZ ERA O CÂNTICO DA PAZ, ONDE ME CRUZAVA COM A ALEGRIA E A ESERANÇA NO AMANHÃ.UM DIA ACORDEI E NÃO LEMBRAVA. SIMPLES ASSIM.E POR ISSO ESTA TENTATIVA DE ME DEFENDER. É DIFÍCIL CONSEGUIR. ELAS ESTÃO EM TODOS OS CANTOS, TODAS AS TRAVESSAS E VIELAS, SE ENCONTRAM MESMO NAS GRANDES AVENIDAS.INEVITÁVEL É QUE ME ENCONTREM.POR MAIS QUE TENTE CORTAR-LHES AS VOLTAS ELAS ESTÃO LÁ. LANÇAM-SE SOBRE MIM COMO ABUTRES SOBRE CARNIÇA, E EU NEM TENTO FUGIR. NÃO HÁ PARA ONDE. DEIXO QUE SACIEM A FOME DO DIA....QUANDO SE ESTÁ CONSCIENTE DA POUCA FORÇA QUE SE TEM, HÁ QUE RECONHECER QUANDO O ADVERSÁRIO NOS TRANSCENDE...EM ANEXO UM BEIJO!
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Distribuído por Moranguinho Pereira (hi5)
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COM FÚRIA E RAIVA .
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Com fúria e raiva acuso o demagogo E o seu capitalismo das palavras . Pois é preciso saber que a palavra é sagrada Que de longe muito longe um povo a trouxe E nela pôs sua alma confiada . De longe muito longe desde o início O homem soube de si pela palavra E nomeou a pedra a flor a água E tudo emergiu porque ele disse . Com fúria e raiva acuso o demagogo Que se promove à sombra da palavra E da palavra faz poder e jogo E transforma as palavras em moeda Como se fez com o trigo e com a terra .
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Sophia de Mello Breyner Andresen, in “O Nome das Coisas”
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Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
domingo, 31 de janeiro de 2010
Com fíria e raiva - Sophia de Mello Breyner
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♥Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ♥ - Feяmina - BOA NOITE / GOOD NIGHT
Assunto: | RE: BOA NOITE / GOOD NIGHT |
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Data: | 31/Jan 0:37 |
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Não sejas o de hoje - Cecília Meireles
Assunto: | TOTAÇÃO... |
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Data: | 30/Jan 17:38 |
ANDO VAGAROSAMENTE EM VOLTA DE MIM PRÓPRIA. OLHO COM ATENÇÃO, ANALISO, ESTENDO AS MÃOS E TODO-ME, EXPERIMENTANDO A ROBUSTEZ DAQUI E DALI.SEI QUE NO MEU CORPO RESIDE A FORTALEZA E A FRAGILIDADE. NÃO ME POSSO ENGANAR. TENHO DE DESCOBRIR QUE PARTE É A MAIS FORTE PARA SAIR E ENFRENTAR A TEMPESTADE DA VIDA COM ELA A SERVIR-ME DE ESCUDO...EM ANEXO UM BEIJO!
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Distribuódo por Moranguinho Pereira (hi5)
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NÃO SEJAS O DE HOJE
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Não sejas o de hoje. Não suspires por ontens... Não queiras ser o de amanhã. Faze-te sem limites no tempo. Vê a tua vida em todas as origens. Em todas as existências. Em todas as mortes. E sabe que serás assim para sempre. Não queiras marcar a tua passagem. Ela prossegue. É a passagem que se continua. É a tua eternidade... É a eternidade... És tu. . . CECÍLIA MEIRELES
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Memórias de quem sofreu na pele - Hans Jürgen Massaquoi
DW World - Cultura | 14.11.2002
Memórias de quem sofreu na pele
Neger, Neger, Schornsteinfeger! (Negro, negro, limpador de chaminés!). Esta rima aparentemente inofensiva, conhecida por todas as crianças na Alemanha, é o título da tradução alemã das memórias de Hans Jürgen Massaquoi, que se chamam no original Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany (Destinado a testemunha: crescendo negro na Alemanha nazista).
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Trata-se da descrição plástica, detalhada, fascinante e convincente das vivências de um garoto que, apesar do nome alemão, tinha um defeito grave na Alemanha nazista: sua pele era escura.
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Hans Jürgen nasceu em Hamburgo em 1926, filho de uma enfermeira alemã e neto do cônsul da Libéria na Alemanha. Nos primeiros anos de sua vida, cresceu protegido, na mansão do avô. Quando sua família liberiana retornou à pátria, pouco antes da subida dos nazistas ao poder, o garoto foi morar com a mãe num bairro operário.
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No pátio da escola, aos seis anos, foi confrontado pela primeira vez com o fato de ser "diferente": quando as crianças começaram a gritar em coro Neger, Neger, Schornsteinfeger! toda vez que o viam. Custou para que elas se acostumassem com sua aparência e o deixassem em paz. Mas Hans Jürgen nunca chegou a "fazer parte" do grupo, de grupo nenhum naquela época.
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"O Führer vai dar um jeito para que a Alemanha nunca mais dê abrigo a essa gentinha traidora e não-ariana como os judeus, os negros e outros excluídos", discursava o diretor da escola perante todos os alunos, olhando firme para o garoto de pele escura.
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Maldição e bênção – Foi por causa da cor da pele que Hans Jürgen não pôde entrar para a Juventude Hitlerista, o que queria fazer em seu primeiro entusiasmo pelo regime. Mas tampouco pôde prestar serviço militar, deixando assim de ser convocado para a guerra, da qual muitos dos seus ex-colegas não regressaram. Os bombardeios, o frio, a fome, porém, também fizeram parte de suas vivências até 1948, o último ano que ele aborda em suas memórias.
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Massaquoi foi viver nos Estados Unidos, onde fez carreira como jornalista. Ele se sente alemão, mas a cor da pele continua sendo seu estigma, uma vida inteira, mesmo décadas após o fim do regime nazista.
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Mais artigos sobre o tema
DW-WORLD.DE
WWW
Growing Up Black in Nazi Germany
The Remarkable Life of Hans Massaquoi.
By AUDREY FISCHER
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A picture may be worth a thousand words, but the photograph taken in 1933 of a brown-skinned boy wearing a swastika in a schoolyard in Hamburg, Germany, does not begin to tell the story of the remarkable life of Hans J. Massaquoi. Mr. Massaquoi, former managing editor of Ebony magazine, has now told the story himself in his new book, Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany.
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"When I first heard about the book, I stopped in my tracks," said Yvonne Poser, associate professor of German at Howard University, who interviewed Mr. Massaquoi in the Pickford Theater on Feb. 16 as part of the Library's African American History Month program. "His is a victim's story that had yet to be told."
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The question of how Massaquoi came to be raised in Nazi Germany is one he has been asked "millions of times." Grandson of the Liberian consul general to Hamburg, Mr. Massaquoi was born in 1926 to a well-to-do African father and a German mother. His early life was one of privilege, befitting the grandson of a diplomat.
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"I associated black skin with superiority, since our servants were white," said Mr. Massaquoi. "My grandfather was 'the man,'" he joked.
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His circumstances changed dramatically when his father and grandfather returned to Liberia in 1929. Refusing to expose her sickly son to a tropical climate, Mr. Massaquoi's mother chose instead to raise her son in Germany as best she could on her meager wages as a nurse's aide.
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Although he had spent his early years in a villa, Mr. Massaquoi at first found life in a cold-water flat "interesting." What distressed him most was being the "oddity on the block."
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"It was a constant problem," he said. "I was always pointed at because of my exotic looks. I just wanted to be like everyone else." Like other boys, he wanted nothing more than to join the Hitlerjugend (Hitler Youth Movement).
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"The Nazis put on the best show of all the political parties. There were parades, fireworks and uniforms — these were the devices by which Hitler won over young people to his ideas. Hitler always boasted that despite parents' political persuasion, Germany's youth belonged to him."
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Mr. Massaquoi was dealt a crushing blow when he learned that the Hitlerjugend as well as the local playground were not open to "non-Aryans."
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Two events that occurred during the summer of 1936 gave him "a genuine pride in my African heritage at a time when such pride was extremely difficult to come by." Two young black American athletes, boxer Joe Louis and Olympic runner Jesse Owens, dominated the news. Mr. Massaquoi initially supported Germany's Max Schmeling, who was scheduled to fight Louis but quickly switched his allegiance to "the Brown Bomber" in the wake of racist remarks attributed to Schmeling. His classmates had taken to calling him "Joe," which gave him welcomed prestige.
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"I think I was more crushed than Louis when he lost to Schmeling," joked Mr. Massaquoi. In a rematch several months later, Louis knocked out Schmeling in the first round.
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Mr. Massaquoi took similar pride in Jesse Owens's now legendary performance at the 1936 Olympic games in Berlin. He had the good fortune to be included when the father of one of his classmates took a group of boys to the games. The triumph of a "non-Aryan" over German athletes was not what Hitler hoped to capture on film when he commissioned German filmmaker Leni Riefenstahl to make a documentary of the Olympic games.
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Years later, while working as a journalist, Mr. Massaquoi met Owens and Louis and thanked them "for allowing me to walk a little taller among my peers that summer."
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As he grew to adulthood, Mr. Massaquoi was barred from joining the German military, pursuing an education or a preparing for a professional career. Instead he became a machinist's apprentice. After World War II, he immigrated to the United States on a student visa. Although not a citizen, he was ordered to report for military service because of a clerical error and served for two years as a paratrooper in the 82nd Airborn Division during the Korean War. He subsequently took advantage of the GI bill and earned a degree in journalism from the University of Illinois, which paved the way for a nearly 40-year career at Ebony magazine.
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Asked how he survived Hitler's reign of terror, Mr. Massaquoi credits two factors. The fact that there were so few blacks in Germany at the time made them a low priority for mass extermination. Additionally, the rapid advance of the allied troops gave Hitler "more to worry about than Hans Massaquoi."
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What does he think about Germany today? "I love it. It's my homeland." His opinion of Joerg Haider, the newly elected leader of Austria's right-wing Freedom Party whose views have been likened to the Nazis, is far different: "He must be repudiated. The whole world must show that we won't tolerate this type of ideology." (Mr. Haider has since resigned as his party's chairman.)
Ms. Fischer is a public affairs specialist in the Public Affairs Office.
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http://www.loc.gov/loc/lcib/0003/black_nazi.html
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sábado, 30 de janeiro de 2010
♥Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ♥ Feяmina - Inspirational
Assunto: | Inspirational |
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Data: | 30/Jan 13:33 |
Longing for a Better Country . Every one of those people died. But they still had faith, even though they had not received what they had been promised. They were glad just to see these things from far away, and they agreed that they were only strangers and foreigners on this earth. When people talk this way, it is clear that they are looking for a place to call their own. . If they had been talking about the land where they had once lived, they could have gone back at any time. But they were looking forward to a better home in heaven. That's why God wasn't ashamed for them to call him their God. He even built a city for them. . Hebrews 11:13-16 . . Come unto me, all ye that labour and are heavy laden, and I will give you rest. Take my yoke upon you, and learn of me; for I am meek and lowly in heart: and ye shall find rest unto your souls. For my yoke is easy, and my burden is light. . Matthew 11:28-30 . . |
Fim de Semana... - Cioconda do Porto
Assunto: | Fim de Semana... |
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Data: | 29/Jan 19:36 |
Olá, venho apenas desejar um Bom Fim de Semana e enviar beijinhos de amizade! Br.Funscrape.Com | Mais Fim De Semana Recados |
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Há 50 anos, morria Albert Camus, outsider inesquecível - Gianni Carta
Vermelho - 25 de Janeiro de 2010 - 14h49 Cinquenta anos atrás morria, num acidente de automóvel, Albert Camus. Naquele dia 4 de janeiro o autor de O Estrangeiro acomodara-se no banco dianteiro do Facel Vega 3B, a limusine branca pilotada pelo seu editor, Michel Gallimard. No banco traseiro, Janine e Anne, mulher e filha de Gallimard, participavam da conversa animada.
Há 50 anos, morria Albert Camus, outsider inesquecível
Cinquenta anos atrás morria, num acidente de automóvel, Albert Camus. Naquele dia 4 de janeiro o autor de O Estrangeiro acomodara-se no banco dianteiro do Facel Vega 3B, a limusine branca pilotada pelo seu editor, Michel Gallimard. No banco traseiro, Janine e Anne, mulher e filha de Gallimard, participavam da conversa animada.
Por Gianni Carta, em Carta Capital
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Segundo testemunho de Janine (Camus morreu no acidente e Gallimard uma semana mais tarde), os quatro debatiam com humor e gargalhadas assuntos um tanto mórbidos: a morte, a utilidade ou inutilidade de possuir um seguro de vida, embalsamentos...
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Camus, então com 46 anos, estava animado. O filósofo do absurdo é descrito pelos seus biógrafos como um homem enigmático, distante. Mas a vida lhe sorria naquele dia ensolarado. Ele já tinha recebido seu Prêmio Nobel de Literatura. Era celebrado como dramaturgo, ensaísta e jornalista. A vida amorosa ia, à sua maneira, de vento em popa. E uma fortuna considerável lhe dera a possibilidade de comprar a casa de Lourmarin, na Provença. Ademais, Camus lidava estoicamente com sua tuberculose crônica.
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Mas talvez mais importante para Camus naquela estreita estrada entre Lyon e Paris perfilada por imponentes plátanos castanho-avermelhados, era, naquele dia 4 de janeiro de 1960, o conteúdo da pasta que levava no colo: as 144 páginas do manuscrito do Le Premier Homme, romance que vinha há tempos remoendo. Estava inacabado, mas o projeto era essencial para Camus. O romance era retorno à sua infância e adolescência na Argélia natal.
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Além disso, escrever sobre a Argélia, no fim dos anos 50, tornara-se ainda mais primordial: a guerra de independência naquele País consumia a alma do escritor, que postulava uma democracia que incluísse os muçulmanos: neste contexto, segundo Camus, o problema colonial seria resolvido.
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Os violentos ataques contra esta posição de quem lutou na Resistência contra o nazismo, foi comunista e jornalista engajado, o deprimiam. Críticos se esqueciam de que ele era de origem francesa por parte de pai (a mãe era de Minorca), havia estudado em escolas francesas na Argélia e se considerava francês.
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Além disso, se não se definia pela independência da Argélia escreveu vários artigos criticando as injustiças e brutalidades cometidas pela metrópole contra os nacionalistas argelinos que pediam o fim do sistema colonialista. (A Guerra da Argélia foi concluída com sua independência em 1962.)
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Debaixo das críticas, Camus optou pelo silêncio. E a vida na Provença, além de a luminosidade semelhante à da Argélia a inspirá-lo para escrever Le Premier Homme, era uma forma de se afastar das flechadas parisienses. Seu consolo – e alívio – era ter conseguido resgatar, no manuscrito no seu colo, momentos fugazes, como tons da luz do céu da Argélia, odores nas ruas, expressões de homens nos balcões de bares em Argel.
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A conversa rolava solta com os Gallimard. O Cadilac corria a 150 quilômetros quando um pneu furou. O condutor perdeu o controle do automóvel, que se chocou contra um plátano. A filha de Camus, Catherine, publicaria Le Premier Homme em 1994, pela Gallimard. As cinzas de Camus estão em Lourmarin, onde vive Catherine. Ele se dizia não crente, mas não ateu. Não houve cerimônia religiosa.
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“A nostalgia de Deus, sua ausência, seu mutismo o obcecam e o irritam”, escreve Alain Vircondelet em Albert Camus: Fils d’Alger (Fayard, 383 págs., 19,90 euro). Em Le Mythe de Sysiphe (1942), Camus aprofunda sua tese sobre o absurdo: “O absurdo nasce dessa confrontação entre o apelo humano e o silêncio despropositado do mundo”.
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Essa noção de que o homem vive num mundo no qual ignora sua razão de existir é linha condutora das obras de Camus. De fato, nas linhas iniciais de O Mito, Camus escreve: “Julgar se a vida vale ou não vale a pena de ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia”.
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Camus, figura absurda por excelência, queria viver. Por uma simples razão, por ele mesmo elaborada: o absurdo cria energia. O homem absurdo, portanto, agarra-se à vida com todas as suas forças. Vive o momento, não o futuro. Faz projetos para dar sentido ao existir. Mas para o homem absurdo, impossível é controlar seu destino, por causa da possibilidade de uma morte absurda.
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Em L’Homme Révolté, publicado em 1951, Camus aprofunda sua tese sobre a razão de existir: a revolta. Trata-se de uma revolta humanista. Ele a desenvolve baseado na sua postura contra a violência do pós-Guerra: as bombas atômicas, a pena de morte ainda em vigor na França, a brutal repressão na Argélia e atrocidades cometidas pelo regime de Stálin. Esta foi a gota-d’água para Jean-Paul Sartre, que rompeu com Camus.
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A ira do papa do Existencialismo, e de sua neomusa Simone de Beauvoir, cresceu quando Camus venceu o Nobel, que dedicou a um professor argelino. Escreveu Sartre a Camus: “Essa mescla de sofrimento sombrio e essa sua vulnerabilidade sempre o desencorajou a dizer as verdades inteiras... Talvez o senhor tenha sido pobre, mas já não é mais. O senhor é um burguês (...) como eu...’’
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A pobreza Camus conheceu. Seu pai morreu na Primeira Guerra Mundial antes que ele completasse 1 ano de vida. Catherine, a mãe, era quase muda, surda e analfabeta. Criou Camus e o irmão, na casa de sua própria mãe, mulher autoritária, no minúsculo apartamento sem toalete e água corrente. Ali também moravam os dois irmãos de Catherine, um deles surdo.
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Belcourt, o bairro pobre onde a família residia em Argel, contrastava com aqueles de seus colegas de escolas francesas. Camus envergonhava-se de sua pobreza, nunca levou um colega para sua casa. Levava uma vida dupla. Excelente aluno, ávido leitor (Conrad, Joyce, Proust, Nietzsche, Dostoievski e Tolstoi). Enfim, aluno da faculdade de filosofia.
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Na Argélia, franceses e árabes residiam em zonas separadas. Em contraste com a pobreza, a exuberante natureza. O Mediterrâneo era, aos olhos de Camus, tão azul quanto o céu, e o separava da mítica França. Mas quando finalmente mudou-se para a França, em 1940, passou a sentir falta de sua Argélia. “Eu não sou daqui”, repetia em uma Paris de céu cinzento.
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A partir daí é a Argélia, não mais a França, que permeia seus pensamentos, e vira seu mito condutor: angústia e solidão persistem do outro lado do Mediterrâneo. Mas é com a mãe que Camus “tem um elo sagrado”, como escreve Vircondelet. Em sua saborosa biografia sobre Camus, José Lenzini conta como quando o filho convida a mãe para ir viver com ele na Provença, esta lhe lança um olhar terno e levanta os ombros. Essa cumplicidade entre os dois era pontuada por longos silêncios que pareciam valer mais do que palavras. Sobre a mãe, Camus escreveu: “Ela é o que há de mais verdadeiro de tudo o que amei neste mundo”. Ele dedicou Le Premier Homme à mulher que não poderia ler seu livro.
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Camus, anota Vircondelet, nunca teria sido Camus sem suas contradições, fonte de sua condição de outsider. Talvez por isso sua obra continue sendo imensamente superior à de Sartre. E Nicolas Sarkozy, hábil em atrair esquerdistas para sua esfera conservadora, quer realizar mais uma conquista: levar as cinzas de Camus para o Panthéon. Embora os filhos do escritor, Catherine e Jean, achem que o pai não aprovaria a ideia.
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Camus, então com 46 anos, estava animado. O filósofo do absurdo é descrito pelos seus biógrafos como um homem enigmático, distante. Mas a vida lhe sorria naquele dia ensolarado. Ele já tinha recebido seu Prêmio Nobel de Literatura. Era celebrado como dramaturgo, ensaísta e jornalista. A vida amorosa ia, à sua maneira, de vento em popa. E uma fortuna considerável lhe dera a possibilidade de comprar a casa de Lourmarin, na Provença. Ademais, Camus lidava estoicamente com sua tuberculose crônica.
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Mas talvez mais importante para Camus naquela estreita estrada entre Lyon e Paris perfilada por imponentes plátanos castanho-avermelhados, era, naquele dia 4 de janeiro de 1960, o conteúdo da pasta que levava no colo: as 144 páginas do manuscrito do Le Premier Homme, romance que vinha há tempos remoendo. Estava inacabado, mas o projeto era essencial para Camus. O romance era retorno à sua infância e adolescência na Argélia natal.
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Além disso, escrever sobre a Argélia, no fim dos anos 50, tornara-se ainda mais primordial: a guerra de independência naquele País consumia a alma do escritor, que postulava uma democracia que incluísse os muçulmanos: neste contexto, segundo Camus, o problema colonial seria resolvido.
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Os violentos ataques contra esta posição de quem lutou na Resistência contra o nazismo, foi comunista e jornalista engajado, o deprimiam. Críticos se esqueciam de que ele era de origem francesa por parte de pai (a mãe era de Minorca), havia estudado em escolas francesas na Argélia e se considerava francês.
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Além disso, se não se definia pela independência da Argélia escreveu vários artigos criticando as injustiças e brutalidades cometidas pela metrópole contra os nacionalistas argelinos que pediam o fim do sistema colonialista. (A Guerra da Argélia foi concluída com sua independência em 1962.)
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Debaixo das críticas, Camus optou pelo silêncio. E a vida na Provença, além de a luminosidade semelhante à da Argélia a inspirá-lo para escrever Le Premier Homme, era uma forma de se afastar das flechadas parisienses. Seu consolo – e alívio – era ter conseguido resgatar, no manuscrito no seu colo, momentos fugazes, como tons da luz do céu da Argélia, odores nas ruas, expressões de homens nos balcões de bares em Argel.
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A conversa rolava solta com os Gallimard. O Cadilac corria a 150 quilômetros quando um pneu furou. O condutor perdeu o controle do automóvel, que se chocou contra um plátano. A filha de Camus, Catherine, publicaria Le Premier Homme em 1994, pela Gallimard. As cinzas de Camus estão em Lourmarin, onde vive Catherine. Ele se dizia não crente, mas não ateu. Não houve cerimônia religiosa.
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“A nostalgia de Deus, sua ausência, seu mutismo o obcecam e o irritam”, escreve Alain Vircondelet em Albert Camus: Fils d’Alger (Fayard, 383 págs., 19,90 euro). Em Le Mythe de Sysiphe (1942), Camus aprofunda sua tese sobre o absurdo: “O absurdo nasce dessa confrontação entre o apelo humano e o silêncio despropositado do mundo”.
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Essa noção de que o homem vive num mundo no qual ignora sua razão de existir é linha condutora das obras de Camus. De fato, nas linhas iniciais de O Mito, Camus escreve: “Julgar se a vida vale ou não vale a pena de ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia”.
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Camus, figura absurda por excelência, queria viver. Por uma simples razão, por ele mesmo elaborada: o absurdo cria energia. O homem absurdo, portanto, agarra-se à vida com todas as suas forças. Vive o momento, não o futuro. Faz projetos para dar sentido ao existir. Mas para o homem absurdo, impossível é controlar seu destino, por causa da possibilidade de uma morte absurda.
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Em L’Homme Révolté, publicado em 1951, Camus aprofunda sua tese sobre a razão de existir: a revolta. Trata-se de uma revolta humanista. Ele a desenvolve baseado na sua postura contra a violência do pós-Guerra: as bombas atômicas, a pena de morte ainda em vigor na França, a brutal repressão na Argélia e atrocidades cometidas pelo regime de Stálin. Esta foi a gota-d’água para Jean-Paul Sartre, que rompeu com Camus.
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A ira do papa do Existencialismo, e de sua neomusa Simone de Beauvoir, cresceu quando Camus venceu o Nobel, que dedicou a um professor argelino. Escreveu Sartre a Camus: “Essa mescla de sofrimento sombrio e essa sua vulnerabilidade sempre o desencorajou a dizer as verdades inteiras... Talvez o senhor tenha sido pobre, mas já não é mais. O senhor é um burguês (...) como eu...’’
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A pobreza Camus conheceu. Seu pai morreu na Primeira Guerra Mundial antes que ele completasse 1 ano de vida. Catherine, a mãe, era quase muda, surda e analfabeta. Criou Camus e o irmão, na casa de sua própria mãe, mulher autoritária, no minúsculo apartamento sem toalete e água corrente. Ali também moravam os dois irmãos de Catherine, um deles surdo.
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Belcourt, o bairro pobre onde a família residia em Argel, contrastava com aqueles de seus colegas de escolas francesas. Camus envergonhava-se de sua pobreza, nunca levou um colega para sua casa. Levava uma vida dupla. Excelente aluno, ávido leitor (Conrad, Joyce, Proust, Nietzsche, Dostoievski e Tolstoi). Enfim, aluno da faculdade de filosofia.
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Na Argélia, franceses e árabes residiam em zonas separadas. Em contraste com a pobreza, a exuberante natureza. O Mediterrâneo era, aos olhos de Camus, tão azul quanto o céu, e o separava da mítica França. Mas quando finalmente mudou-se para a França, em 1940, passou a sentir falta de sua Argélia. “Eu não sou daqui”, repetia em uma Paris de céu cinzento.
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A partir daí é a Argélia, não mais a França, que permeia seus pensamentos, e vira seu mito condutor: angústia e solidão persistem do outro lado do Mediterrâneo. Mas é com a mãe que Camus “tem um elo sagrado”, como escreve Vircondelet. Em sua saborosa biografia sobre Camus, José Lenzini conta como quando o filho convida a mãe para ir viver com ele na Provença, esta lhe lança um olhar terno e levanta os ombros. Essa cumplicidade entre os dois era pontuada por longos silêncios que pareciam valer mais do que palavras. Sobre a mãe, Camus escreveu: “Ela é o que há de mais verdadeiro de tudo o que amei neste mundo”. Ele dedicou Le Premier Homme à mulher que não poderia ler seu livro.
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Camus, anota Vircondelet, nunca teria sido Camus sem suas contradições, fonte de sua condição de outsider. Talvez por isso sua obra continue sendo imensamente superior à de Sartre. E Nicolas Sarkozy, hábil em atrair esquerdistas para sua esfera conservadora, quer realizar mais uma conquista: levar as cinzas de Camus para o Panthéon. Embora os filhos do escritor, Catherine e Jean, achem que o pai não aprovaria a ideia.
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Sartre e o Nobel
25/01/2010 21h14Salvo enganom,seu comentário leva concluir que Sartre ficou com dor-de-cotovelo pela ´conquista`do prêmio Nobel, por Albert Camus.Se foi isso, o nobre articulista deveria saber o que até as pedras da Candelária e da Sé, sabem, que Sartre deu a maior esnobada da sua vida, ao recusar o ´ignóbel` da academia sueca.Lamentou, depois, que poderia ter aceito o prêmio e doar esse dinheiro em favor da guerra de libertação da Argélia. Homens como ele, colossos morais costumam nascer somente a cada cem anos...RibeiroAlto Alegre - PR..
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
"Eichmann em Jerusalém" - Hannah Arendt
Banalidade do Mal
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Banalidade do Mal é uma expressão criada por Hannah Arendt (1906-1975), teórica política alemã, em seu livro "Eichmann em Jerusalém", cujo subtítulo é "Informe sobre a Banalidade do Mal".
Índice. |
Os Antecedentes da Frase
No ano de 1961, em Israel, é iniciado o julgamento de Adolf Eichmann por crimes de genocídio contra os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial. Este julgamento foi recheado de grande polêmica e controvérsias. Quase todos os jornais do mundo enviaram jornalistas para cobrir as sessões que foram tornadas públicas pelo governo israelense. Além de crime contra o povo judeu, ele foi acusado de crimes contra a Humanidade, e de pertencer a um grupo organizado com fins criminosos.
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Eichmann foi condenado por todos estes crimes e enforcado em 1962, nas proximidades de Tel Aviv.
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Uma das correspondentes presente ao julgamento, como enviada da revista The New Yorker, era Hannah Arendt.
O Livro
Em 1963, baseado em seus relatos do julgamento e em cima de todo o seu conhecimento filosófico-político ela escreveu um livro ao qual denominou "Eichmann em Jerusalém".
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Nele, ela descreve não somente o desenrolar das sessões, mas faz uma análise do "indivíduo Eichmann".
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Segundo ela, Adolfo Eichmann não possuía um histórico ou traços anti-semita e não apresentava características de uma pessoa com caráter distorcido ou doentio. Ele agiu como agiu por desejo de ascender em sua carreira profissional e seu atos foram resultados de cumprimento de ordens superiores. Ele era um simples burocrata que cumpria ordens sem racionalizar em suas conseqüências. Para Eichmann, tudo era realizado com zelo e eficiência, e não havia nele o sentimento de "bem" ou "mal" em seus atos.
A Frase
Para Hannah, ele não era o "monstro", o "poço de maldade" com que era julgado pela maior parte da imprensa. Os atos de Eichmann não eram desculpáveis e nem ele era inocente, mas estes atos não foram realizados por um ser dotado de imensa capacidade de crueldade, mas sim por um funcionário burocrata dentro de um sistema baseado em atos de extermínio.
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Em cima desta análise ela cunhou a expressão "Banalidade do Mal" para indicar que alguns indivíduos agem dentro das regras do sistema a que pertencem sem racionalizar sobre seus atos. Eles não se preocupam com as conseqüências destes, só com o cumprimento das ordens. A tortura, a execução de seres humanos ou a prática de atos do "mal" não são racionalizados em seu resultado final, desde que as ordens para executá-los advenham de estâncias superiores.
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Hannah Arendt discorre sobre a complexidade da natureza humana e alerta que é necessário estar sempre atento para o que chamou de "banalidade de atos do mal" e evitar a sua ocorrência.
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Hoje a frase é utilizada com significação universal para descrever o comportamento de alguns personagens históricos que cometeram atos de extrema crueldade e sem nenhuma compaixão para com outros seres humanos, e que em suas vidas pregressas não foram encontrados traços de traumas ou quaisquer desvios de personalidade que justificassem os seus atos. Em resumo: eles eram "pessoas normais".
Bibliografia
- Hannah Arendt, [Eichman in Jerusalem : A Report on the Banality of Evil, New York, The Vinking Press, 1963]
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Hannah Arendt.
Ligações Externas
- Biografia de Hannah Arendt
- Sobre a "Banalidade do Mal" na Internet Encyclopedia of Philosophy, em inglês
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Banalidade_do_Mal"
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sábado, 11 de Agosto de 2007
A Banalidade do Mal
Publicado em 1963, Eichmann em Jerusalém. Uma reportagem sobre a banalidade do mal, pretende ser um relato jornalístico sobre o processo de Adolph Eichmann em Jerusalém, a partir dos contributos de Hannah Arendt enquanto correspondente de Jerusalém para a revista norte-americana The New Yorker.
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Arendt, filósofa política alemã e judia, está longe de querer com este livro condenar o regime nazi pelos massacres perpetrados ao povo judeu e de aumentar a bibliografia sobre relatos de judeus que foram vítimas do regime. O que lhe interessou foi o julgamento de Eichmann, avaliando a sua legitimidade a partir dos seguintes aspectos: 1) a procura de uma justificação para o facto de o réu não ter sido julgado por um tribunal internacional, 2) uma inquirição sobre a natureza jurídica do crime, que não se trata de nenhum crime de guerra, como foram acusados os réus do Tribunal de Nuremberga, mas de um crime contra a humanidade sem precedentes, 3) a legitimidade do castigo infligido.
Arendt, filósofa política alemã e judia, está longe de querer com este livro condenar o regime nazi pelos massacres perpetrados ao povo judeu e de aumentar a bibliografia sobre relatos de judeus que foram vítimas do regime. O que lhe interessou foi o julgamento de Eichmann, avaliando a sua legitimidade a partir dos seguintes aspectos: 1) a procura de uma justificação para o facto de o réu não ter sido julgado por um tribunal internacional, 2) uma inquirição sobre a natureza jurídica do crime, que não se trata de nenhum crime de guerra, como foram acusados os réus do Tribunal de Nuremberga, mas de um crime contra a humanidade sem precedentes, 3) a legitimidade do castigo infligido.
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A polémica em torno do livro/reportagem, após a sua publicação, prendeu-se com a incompreensão da objectividade com que Arendt lidou com o processo de Eichmann, tendo sido acusada de o desculpabilizar, o que é na verdade um argumento insustentável. Jamais Arendt fez esta reportagem com um móbil egoísta de querer fazer justiça pelas mãos de uma judia, fazendo das vítimas mártires de um regime diabólico, envolvendo-as num clima de transcendência após a humilhação. O estilo da filósofa confundiu os judeus da época, ávidos pelos hinos à sua condição, pois imprimiu imparcialidade, moderação, reflexão crítica, evitando a banalização de lugares-comuns.
Adolf Eichmann foi um dos altos funcionários do regime nazi, responsável pelo Departamento Judaico e um dos implicados na organização da Solução Final do problema judaico (Endlosung), participante na Conferência de Wannsee, em 1942, sendo, por isso, conhecido como 0 "Executor Chefe do Terceiro Reich" com vista a tornar a Alemanha num território Judenrein, ou seja, limpo de judeus.
A polémica em torno do livro/reportagem, após a sua publicação, prendeu-se com a incompreensão da objectividade com que Arendt lidou com o processo de Eichmann, tendo sido acusada de o desculpabilizar, o que é na verdade um argumento insustentável. Jamais Arendt fez esta reportagem com um móbil egoísta de querer fazer justiça pelas mãos de uma judia, fazendo das vítimas mártires de um regime diabólico, envolvendo-as num clima de transcendência após a humilhação. O estilo da filósofa confundiu os judeus da época, ávidos pelos hinos à sua condição, pois imprimiu imparcialidade, moderação, reflexão crítica, evitando a banalização de lugares-comuns.
Adolf Eichmann foi um dos altos funcionários do regime nazi, responsável pelo Departamento Judaico e um dos implicados na organização da Solução Final do problema judaico (Endlosung), participante na Conferência de Wannsee, em 1942, sendo, por isso, conhecido como 0 "Executor Chefe do Terceiro Reich" com vista a tornar a Alemanha num território Judenrein, ou seja, limpo de judeus.
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Após o final da Segunda Guerra Mundial, Eichmann conseguiu fugir para a Argentina, sob o pseudónimo de Ricardo Klement. No dia 11 de Maio de 1960, um grupo de membros dos serviços secretos israelitas capturaram-no e enviaram-no para o Estado de Israel, com vista a ser julgado pelos seus crimes. O julgamento durou quatro meses; em Dezembro de 1961 foi pronunciada a sentença de morte.
Na obra As origens do Totalitarismo, de 1951, Arendt ao reflectir sobre os Estados totalitários remete-se para o conceito de mal radical, articulado com a noção de superfluidade. Porém, uma década mais tarde, a autora parece desviar-se desta concepção de mal, enquanto realidade que contém algo de demoníaco e de diabólico, para introduzir uma nova noção que aparece no subtítulo da obra de 1963, a banalidade do mal. Os leitores interessados neste problema clássico da Filosofia, ficarão certamente desiludidos ao depararem com um texto que nos apresenta os contornos do processo de Eichmann e a reconstituição/contextualização histórica dos crimes, pouco havendo de dissertação sobre o mal. Contudo, será no Epílogo e no Pós-Escrito que a autora nos fornece a chave de interpretação para a tese da banalidade do mal, a partir de um único indivíduo e da sua consciência moral. Ora, não se trata de um "mal em série", concentrado e mobilizado, mas de um mal situado, na mais evidente normalidade de um sujeito, com sentimentos humanos, com boa-fé, agindo com boas intenções, que afirmou nunca ter matado ninguém, que sempre orientou a sua conduta por sentimentos de simpatia pelo povo judaico, mas que apenas cumpriu ordens. O carácter submisso de Eichmann, que Arendt chega a desconfiar, não serve para mostrar a sua inocência perante os crimes. O réu chegou a ser submetido à avaliação psiquiátrica e deu mostras de ser um indivíduo saudável do ponto de vista mental, logo, imputável. Por estas razões, Arendt entende a banalidade do mal pela incapacidade de julgar de um indivíduo mentalmente são, a incapacidade de distinguir o bem do mal por um indivíduo responsável por actos conscientes e intencionais, cujo pensamento se vê desautorizado por uma incapacidade de autonomia, visível nas declarações finais de Eichmann, no momento em que estava a ser executada a sentença:
Após o final da Segunda Guerra Mundial, Eichmann conseguiu fugir para a Argentina, sob o pseudónimo de Ricardo Klement. No dia 11 de Maio de 1960, um grupo de membros dos serviços secretos israelitas capturaram-no e enviaram-no para o Estado de Israel, com vista a ser julgado pelos seus crimes. O julgamento durou quatro meses; em Dezembro de 1961 foi pronunciada a sentença de morte.
Na obra As origens do Totalitarismo, de 1951, Arendt ao reflectir sobre os Estados totalitários remete-se para o conceito de mal radical, articulado com a noção de superfluidade. Porém, uma década mais tarde, a autora parece desviar-se desta concepção de mal, enquanto realidade que contém algo de demoníaco e de diabólico, para introduzir uma nova noção que aparece no subtítulo da obra de 1963, a banalidade do mal. Os leitores interessados neste problema clássico da Filosofia, ficarão certamente desiludidos ao depararem com um texto que nos apresenta os contornos do processo de Eichmann e a reconstituição/contextualização histórica dos crimes, pouco havendo de dissertação sobre o mal. Contudo, será no Epílogo e no Pós-Escrito que a autora nos fornece a chave de interpretação para a tese da banalidade do mal, a partir de um único indivíduo e da sua consciência moral. Ora, não se trata de um "mal em série", concentrado e mobilizado, mas de um mal situado, na mais evidente normalidade de um sujeito, com sentimentos humanos, com boa-fé, agindo com boas intenções, que afirmou nunca ter matado ninguém, que sempre orientou a sua conduta por sentimentos de simpatia pelo povo judaico, mas que apenas cumpriu ordens. O carácter submisso de Eichmann, que Arendt chega a desconfiar, não serve para mostrar a sua inocência perante os crimes. O réu chegou a ser submetido à avaliação psiquiátrica e deu mostras de ser um indivíduo saudável do ponto de vista mental, logo, imputável. Por estas razões, Arendt entende a banalidade do mal pela incapacidade de julgar de um indivíduo mentalmente são, a incapacidade de distinguir o bem do mal por um indivíduo responsável por actos conscientes e intencionais, cujo pensamento se vê desautorizado por uma incapacidade de autonomia, visível nas declarações finais de Eichmann, no momento em que estava a ser executada a sentença:
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« Adolf Eichmann subiu ao cadafalso com grande dignidade. (...) Mantinha um domínio absoluto sobre si mesmo, ou melhor, mais do que isso: era completamente ele próprio. Nada o poderia ter demonstrado de forma mais convincente do que as suas últimas palavras, de uma imbecilidade grotesca. Começou por afirmar, com grande solenidade, que era um Gottglaubiger, querendo com isto significar, em termos tipicamente nazis, que não era cristão nem acreditava na vida para além da morte. Depois, prosseguiu, 'Muito em breve, senhores, voltaremos a encontrar-nos. Tal é o destino de todos os homens. Viva a Alemanha, viva a Argentina, viva a Áustria. Não as esquecerei.' Encontrara, assim, diante da morte, o cliché usado nas cerimónias fúnebres. Já no cadafalso, a sua memória pregou-lhe uma última partida; sentiu-se 'eufórico' e esqueceu-se de que estava no seu próprio funeral.
« Adolf Eichmann subiu ao cadafalso com grande dignidade. (...) Mantinha um domínio absoluto sobre si mesmo, ou melhor, mais do que isso: era completamente ele próprio. Nada o poderia ter demonstrado de forma mais convincente do que as suas últimas palavras, de uma imbecilidade grotesca. Começou por afirmar, com grande solenidade, que era um Gottglaubiger, querendo com isto significar, em termos tipicamente nazis, que não era cristão nem acreditava na vida para além da morte. Depois, prosseguiu, 'Muito em breve, senhores, voltaremos a encontrar-nos. Tal é o destino de todos os homens. Viva a Alemanha, viva a Argentina, viva a Áustria. Não as esquecerei.' Encontrara, assim, diante da morte, o cliché usado nas cerimónias fúnebres. Já no cadafalso, a sua memória pregou-lhe uma última partida; sentiu-se 'eufórico' e esqueceu-se de que estava no seu próprio funeral.
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Foi como se, naqueles derradeiros minutos, recapitulasse a lição que nos ensinou este longo estudo sobre a maldade humana - a lição se uma realidade terrível, que se situa além daquilo que as palavras podem exprimir e o pensamento pode conceber: a banalidade do mal.» (pp. 328-329)
Foi como se, naqueles derradeiros minutos, recapitulasse a lição que nos ensinou este longo estudo sobre a maldade humana - a lição se uma realidade terrível, que se situa além daquilo que as palavras podem exprimir e o pensamento pode conceber: a banalidade do mal.» (pp. 328-329)
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»» Valter BoitaNoutro sentido, a banalidade do mal signifca a impossibilidade de se pensar sobre o mal num contexto político totalitário. Indivíduos normais perdem a sua capacidade para julgar e de prever as consequências dos seus actos. Eichmann é, assim, a prova do significado da banalidade do mal.
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Hannah Arendt considera ainda que a única forma de instituir justiça neste tipo de processo seria através de um tribunal internacional. Por outro lado, ao tratar-se de crimes contra humanidade, ainda que de escritório, como os que se aplicam a Eichmann, e não crimes de guerra, ou meros actos desumanos, torna-se difícil à consciência humana avaliar moralmente estes crimes e, consequentemente, proceder a um juízo jurídico razoável. Os crimes cometidos não tinham precedentes, porque não se tratou apenas de genocídio, assim:
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"O problema, no caso de Eichmann, era que havia muitos como ele, e que estes muitos não eram perversos nem sádicos, pois eram, e ainda são, terrivelmente normais, assustadoramente normais. Do ponto de vista das nossas instituições e dos nossos valores morais, esta normalidade é muito mais aterradora do que todas as atrocidades juntas, pois ela implica que este novo tipo de criminoso, sendo na realidade, um hostis humanis generis, comete os seus crimes em circunstâncias tais que lhe tornam impossível saber ou sentir que está a agir erradamente." (pp. 355-356)
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A partir do momento em que Arendt demonstra o fracasso de julgamento de Eichmann, sobretudo por se tratar de um crime ainda não registado na história da humanidade, não existindo leis que se lhe aplicassem, torna a reflexão muito mais interessante com implicações em filosofia da acção, teoria da decisão , ética e filosofia do direito. É verdade que a filósofa judia não chegou a completar estes argumentos posteriormente, nem sequer se chegou a defender das incompreensões em torno do princípio da banalidade do mal. Contudo, torna-se premete reler esta obra para se tentar compreender a natureza do binómio crime/castigo, num contexto em que as avaliações psicológicas e sociológicas foram inteiramente descartáveis e se pedia um contributo esclarecedor da ideia de justiça.
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A actualidade deste tipo de julgamento permanecerá. A autora auspicia a contiguidade deste tipo de práticas criminosas com o desenvolvimento económico e civilizacional da humanidade: "Há uma coincidência assustadora entre a actual explosão demográfica e a descoberta de meios técnicos que, graças à automatização, não só tornarão 'supérflua', a nível de trabalho, uma grande parte da população, como também, por causa da energia nuclear, permitirão resolver esta dupla ameaça mediante a utilização de engenhos ao lado dos quais as câmaras de gás der Hitler parecerão toscos brinquedos de crianças. Isto, só por si, deveria ser suficiente para nos fazer tremer" (p. 352).
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http://cafefilosoficodeevora.blogspot.com/2007_08_01_archive.html
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Se eu fosse padre - Mário Quintana
Assunto: | MAR... |
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Data: | 29/Jan 17:45 |
SENTADA Á BEIRA DO MAR, TODAS AS SEREIAS, AS CONCHAS, OS BÚZIOS, AS ALGAS E OS PEIXES VIERAM ME RODEAR, AO VER-ME TÃO TRISTE.NADA ME PERGUNTARAM POIS TINHO ESCRITO NO ROSTO TODAS AS RAZÕES...SORRIRAM CARINHOSAMENTE, E AS SEREIAS INTERROGARAM OS ASTROS PORCURANDO NELES O FUTURO.SUAS LONGAS CABELEIRAS ME ABRAÇAVAM E EU SENTIA CARINHO ENTRANDO POR MEUS POROS, SUAVEMENTE. DEPOIS CONTARAM-ME HISTÓRIAS DE OUTRAS QUE, COMO EU, ALI VIERAM PROCURANDO REFÚGIO PARA SEUS PESARES E QUE POUCO TEMPO MAIS TARDE VOLTARAM, FELIZES, PARA AGRADECER.EM SEGREDO, CONFIDENCIARAM-ME QUE É NO MAR QUE MORA O ELIXIR DO AMOR, NA POSSE DE IEMANJÁ,E QUE A RAINHA, AO VER-ME, DERA AUTORIZAÇÃO PARA QUE DELE ME TROUXESSEM UM POUCO. A PEQUENA ONDA QUE ME ACARICIAVA OS PÉS O TRANSPORTAVA E SENTI UM DELICADO PERFUME ME RODEAR, COLANDO-SE Á MINHA PELE, COMO PARA ME PROTEGER.AS ALGAS RECOLHERAM MINHAS LÁGRIMAS CARINHOSAMENTE, E DENTRO DELAS FOI UM POUCO DA DÔR, DA DESCRENÇA, DO DESAMOR E DO MEDO DA TRAIÇÃO. PERGUNTEI PORQUE AS QUERIAM, SE TANTA ÁGUA JÁ TINHAM...ONDULANDO, AS ONDAS ME RESPONDERAM - PARA O MAR FICAR MAIOR...EM ANEXO UM BEIJO!
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Moranguinho Pereira (hi5)
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SE EU FOSSE UM PADRE . Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões, não falaria em Deus nem no Pecado — muito menos no Anjo Rebelado e os encantos das suas seduções, não citaria santos e profetas: nada das suas celestiais promessas ou das suas terríveis maldições... Se eu fosse um padre eu citaria os poetas, Rezaria seus versos, os mais belos, desses que desde a infância me embalaram e quem me dera que alguns fossem meus! Porque a poesia purifica a alma ...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte — um belo poema sempre leva a Deus! . MÁRIO QUINTANA
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Manuel Alegre, política e Lisboa - mcor Celeste Ramos
heróis da guerra do Ultramar
Manuel Alegre - um DESERTOR +mcor
Sr maj-general da FAP
Não sei o que é FAP (forças armadas portuguesas ?)
Escrevi-vos o que pensava (muito pouco) de M.Alegre dizendo que meu irmão – menino – de 18 anos embarcou no 1º barco saído de Alcântara em 1961, tendo eu dito que meu irmão não FUGIU para Paris – foi para o Dondo + Carmona + Nambuangongo + sei lá onde, não quero lembrar-me de mais do que não consigo esquecer – ele fez a guerra, mas também eu fiz OUTRA e tratei dele como sabia – pois NINGUÉM havia para o fazer
Nem mesmo depois (menos ainda) da construção do mamarracho aos “heróis da guerra do Ultramar” a cujos encontros só começou a ir muito tarde pois nem queria AVIVAR memórias que só ele tinha e guardou em silêncio
Assim, como entre os que escrevem para os Heróis do Mar há 2 Celeste (eu-celeste ramos – Lisboa – e outra senhora celeste amado que, creio, ser de São Paulo) – mas não tem importância, nem é grave – só esclareço - e escrevo sempre mcor A pouco e pouco cada um vai dando mais “pormenores de quem é quem e onde habita” e o que pensa sobre “como vai este país” – quer habitem o Brasil e/ou Portugal, e até Alemanha, creio
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Assim, tenha eu dito o que disse, não recordo ter chamado DESERTOR, embora não me incomode o termo, mas não quero ser muito “juiz” dos outros com “nome” – mas o artigo de hoje conta timtim por timtim o que foi alegre desde “menino”, sem falar em quantas reformas completas acumula, como se tivesse 5 vidas, (não falo claro do que usufrui do que escreve e publica que não vem aqui para o caso)
E não guardo os mails que envio – guardo apenas os que recebo
E embora eu seja altamente crítica desde há muitos anos penso que estará a pensar na Srª D.Celeste Amado (S.Paulo) e não eu
Assim só quero dizer que fiquei de “boca aberta” com o artigo de hoje (28 janeiro) sobre quem muito de perto conviveu com o poeta – como eu não conheço senão pelo que publicamente MOSTRA e por ser amigo de uma amiga e colega que o acolheu (escondeu) nas sua fuga (era e é amiga dele e minha) e um dia quiz-me dizer “coisas” (quando estive em casa dela de férias – no norte) mas calou-se e eu não quis saber
Para algumas pessoas basta-me conhecê-las pela OBRA que deixam – não se esconde o que é tão visivel
Os Heróis do mar como disse no meu 1º mail INVADIRAM-ME o meu mail e como achei graça à designação de Heróis do MAR - respondi praticamente sempre excepto quando não sei sequer o que dizer pois que – da guerra – vivi apenas a RECTAGUARDA – por ter um irmão lá (Angola) e pelas consequências de que nunca se livrou já que, qual stress de guerra qual carapuça, ele até era silencioso, mas ao regressar vi muita coisa que, igualmente continuou a transtornar-me já que era irmão ÚNICO que já cá não está para nos “olharmos e falarmos em silêncio” tal era o nosso entendimento interior
MAS posso chamar o que me apetecer ao senhor alegre – até parece o programa – como está senhor alegra – como está ser feliz – não si quê não sei quê – o meu país – com o que se tornou um parvalhão brejeiro
Estou cansada e já tenho por hoje q.b. porque o FRIO não me faz nada bem, embora tenha nascido em terra fria de Santarém (e meu irmão fez a tropa na Escola Prática de Cavalaria e um CURSO diabólico de comandos em Lamego
Mas eu odeio Santarém e marialvas e outras coisas elo que não sairia de Lisboa por nada do mundo, tal me habituei a este clima excepcional de Lisboa que está mudando, e muito, há 2 ou 4 anos e Lisboa é a “cidade do meu encantamento” para onde vim estudar e nunca mais deixei – embora esteja irreconhecível em coisas boas mas muito pior em coisas inacreditáveis, fruto da ignorância e arrogância de quem a tem GOVERNADO e permitido destruir porque isto de ser presidente da municipalidade tem muito que se lhe diga e mesmo tendo arqtº como vereadores + economistas + outras coisas – desfizeram a Cidade porque não sabem ORDENAMENTO urbano e gerem a cidade como um condomínio camarário +++ etc
Assim, como o sr. coronel, eu também estou na linha da FRENTE para “abalar” e nos dias “não” ,fico mais triste por ver que vou MORRER com a CIDADE que, ela também, nasceu para morrer
E poderia ser uma das mais belas do mundo, porque é a 1ª cidade moderna do MUNDO que o sr.Marquês sabia entender a quem solicitar como a RESTAURAR e fazer OUTRA, após 1755
MAS nunca vi um só presidente da CML) nem importa de que partido e vereação – sobretudo do urbanismo – disseram coisas tão parvas como os mais ILETRADOS não dizem, e muito menos fazem
Por acaso, e como me especializei em “ordenamento urbano” em 1981 de entre 63 equipes concorrentes, fui parte de uma equipe (só eu + 1 arqtº) em que do júri fez parte o arqtº Távora de que ninguém duvida a sua excelência e competência mas também já cá não está
Hoje todos sabem tudo e improvisam e decidem sem saber (nem estudar mais nem terem equipe interdisciplinar mais competente + etc – ídolos cada um no seu nicho e tão seguros de si mesmos sem se darem conta que outros ficam sem grande qualidade de vida porque têm toas as ideias feitas)
Assim não é só ver “alegre” como PR pois que todos os PR passam e a CIDADE fica – DESMANTELADA e, que eu saiba, (ou deveria ser), nenhum projecto é executado sem a aprovação da CML e conhecimento de ??? de quem ??’ do presidente ???
Quando o coronel não conhece os soldados se calhar também é menos coronel do que os que os conhecem, e com eles falam
Pois é, estamos ambos na “linha da frente” e não teremos tempo de ver o país RESTAURADO em todos os sentidos pois os Free-port são CRIMES ecológicos, os condomínos fechados como o do mau bairro (talvez dos 1ºs da cidade do tempo em que era Presidente da VML João Soares (que subiu de ESCADA e anda lá para as EU – como se os piores fossem xutados pela escada acima, ou para o esconderijo que é a CGDepósitos e a EU ou são MEDALHADOS com as maiores distinções, só porque é “tradição” condecorar os primeiros ministros, mesmo que tenham sido NÓDOAS, como foi quando presidente da CM de Figª da FOZ + de Lisboa + sei lá o quê)
Cada macaco no seu galho e a pior arrogância é atingir um certo POSTO e não saber olhar para BAIXO e ver quem sabe OUTRAS coisas importantes e que são os OBREIROS do país, já que quem manda, manda, mão não tem a sabedoria de todos os saberes necessários que uma cidade exige, e os seus habitantes, ou seja, não sabe mandar
Mandam só porque lhes é legalmente permitido e para tanto foram eleitos – mas não são OS eleitos – são uns TRABALHADORES de outro degrau da pirâmide e só pelo lugar pensam que SABEM tudo – pena – pois que não é ASSIM
O que é que sabe e fez a Helena Roseta que só foi política e já nem bocas diz ?? e percorreu todos os partidos à procura de quê ??
E são tão viajadas e nem ao menos sabem olhar as belas cidades europeias que não se assassinam como se assasssina LISBOA ??
E agora o que vão fazer ao RIO ??? e as suas margens , que já está, a margem norte, entulhada de mammarrachos dos arqt. TAÍNHAS (tão bons mas ignorantes do que é o rio e a paisagem e os direitos de TODOS os cidadão e não apenas das “elites” para quem desenham e constroem +++ etc
Não há nada mais ignorante (e arrogante) do que um arqtº - faz belos edifícios isoladamente – mas no LOCAL mais errado
É mais grave do que fazer mau edifício em local certo já que, repito, o arqtº passa, tudo passa, e a TERRA fica
São 04h e falam de Obama e do Afeganistão – os USA não ganharão a GUERRA do Afeganistão nem do Iraque – são outros VIETNAM – programa que é repetido há já alguns dias – não quero VER
Acho que a mais importante guerra de OBAMA é a saúde e o ensino dos habitantes do seu país, o que tem mais “cadeias” per capita no mundo e ainda têm Pena de Morte – são DEUSES mas não abrandam o CRIME gratuito dos meninos das escolas secundárias que matam professores e colegas
E Portugal – os meninos – começam a IMITAR, também eles, o pior dos outros países – imitam os MENINOS e os grandes que “mandam” na vida de cada um – RAIS os parte –
No entanto hoje aconteceu algo bonito com “meninos”
Por baixo do prédio onde habito há uma bela pastelaria onde vou ler o jornal e, hoje, ao entrar, havia um “bando de meninas e menos meninos” a falar normal, em bicha a tomar a sua vez para pagarem o seu “almoço”
Como fui professora (part time) de pequenos e grandes, não tenho a menor dificuldade em abordar os Jóvens quando me apetece
E ao ver tal ordem e depois sentadinhos a comer por impulso perguntei na mesa ao lado que “porcarias” estavam a comer e a beber para almoçar ???
Foram tão imediatos como eu e lá estivemos em conversa sobre os seus estudos (e notas -se calhar aldrabaram-me mas não faz mal pois o que queria saber não passava por aí) e acabei por falarmos em “enxurradas” e coisas do quotidiano e pareciam uma ESPONJA a ouvir, em silêncio – lindos - e para já nem sabiam o que era enchurrada – lá expliquei – depois de disseram que era tão simples o que eu dizia mas lá foram “preocupados” em não entrar tarde na Escola que há aqui no Bairro
Há muitas escolas neste bairro desde creche até Universidade pelo que de vez em quando há BANDOS de meninos, alguns que se portam muito mal como se não houvesse mais ninguém e os paizinhos (e prof) não lhes tivessem dito que em casa não é igual a estar na rua e que, nem num nem noutro local, é indiferente o comportamento
Estes “dias e situações como a de hoje” compensam os “alegres”, mas nunca se sabe se, ao crescerem, a atitude muda
Pois é – quem gosta do país, e dos outros, e das cidades, pelo menos a que habita, quem tem sentido de bem estar e qualidade do colectivo, fica TRISTE ao ver “patetas alegres”
Pois que o ambiente, tanto quanto consigo perceber, marca mais do que a herança genética que temos
O “ambiente faz o ladrão” (a ocasião)
Pois é sr.coronel, acho que não está errado
Mas se eu quizer pensar em quem poderia “enfrentar” o lugar de PR – não votaria em Marcello
Andando apenas um bocadinho para trás, votaria em Sampaio que quando presidente da CML até se notou que aprendeu muito, se calhar em coisas em que não tinha tido tempo de pensar já que de origem é advogado, mas vê-se que aprendeu pelo que disse – e FEZ
E se quizer ir mais atrás ainda, não posso esquecer um homem de honra – EANES – que tão vilipendiado, e maltratado foi pelos “intelectuais” e muito gostaria eu de saber se teriam sido capazes de REGER a orquestra que ele regeu no tempo histórico em que se estava
E até nem deixou de estudar e ir para a universidade, já bem tarde, mas foi, e não anda por aí a pavonear-se – pena – se calhar ainda tem muito para dar e “ensinar”
E se alguém deu um PASSO (grande) por TIMOR, foi ELE – e toda a gente esquece
De pavões só gosto dos pavões de Jardim e de repente lembro que um dia fiz o cenário para exterior de um filme português (amigo que já cá não está) – o cenário de exterior era um JARDIM – que construí dentro da TOBIS, com aquela luz e calor infernal – e tinha um lindo pavão AZUL – majestoso
Por acaso o filme foi premiado como Leopardo de Oiro de Locarno, o 1º, creio, que o país recebeu – o meu jardim “mereceu” uma quota parte disse – filme OBOBO de Alexandre Herculano transposto para o séc XX
Nunca tinha feito nada tão imprevistamente atrevido – sozinha com 2 “ajudantes” – o filho de O’Neil e o filho de Fernando Lopes – não quis mais ajudas – fiz tudo no mesmo DIA – de rajada sem ninguém a xatiar e dar bocas – para substituir o HORRIVEL que tinha sido feito por empresa que levou caro, vi o desconsolo na cara do realizador (que já cá não está) que de facto não gostou e a quem, impulsivamente disse se me deixava fazer o que nunca tinha feito – deixou e gostou e nunca abriu a coca senão quando acabei e perguntei – que TAL ??
E foi por isso que o jardim até mereceu UM PAVÃO AZUL
Pena mas nunca mais este filme voltou aos écrans
Alias este realizador tina anteriormente feito, para a Gulbenkian – um filme sobre Vieira da Silva (com entrevista com ela e ArpadZen) fantástico – “Ma femme chamada Bicho” – não foi um filme sobre ela – foi filme sobre arte e história, e Lisboa e a Vieira e seu marido – relíquia da Gulbenkian que o mostrou mais do que uma b«vez – mas terá mais de 40 anos – mas acho que não envelheceu – há coisas “sem tempo” – falam de essências
Por hoje “estejamos” alegres da forma possível
mcor Celeste Ramos - sex 29-01-2010 11:51
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
2000 - 2009 - Uma década na Literatura
Literatura >>> Literatura em 2000-2009 . O início da década do novo século, obviamente, seria "assombrado" pela literatura do século anterior. Assim, os primeiros anos da década de 2000 assistiriam a reedições de monstros como Guimarães Rosa (pela Nova Fronteira, com direito a exposição no Museu da Língua, Centenário e 50 anos do Grande Sertão); Nélson Rodrigues (que continuaria crescendo pós-Ruy Castro, com edições de Caco Coelho, e mudança da Companhia das Letras para a Agir); Rubem Fonseca (com bons livros de contos, romances medianos e também migração para a Agir); e Dalton Trevisan (com obras como Pico na Veia e Macho Não Ganha Flor, merecendo, ainda, o epíteto de mestre do conto, e mantendo-se na Record). Mais para o final da década, seriam reeditados, igualmente, Jorge Amado, Vinicius de Moraes e Jorge Luis Borges, pela Companhia das Letras. Graças ainda à editora de Luiz Schwarcz - acompanhada de quase todas as grandes -, a década de 2000 ficaria conhecia como aquela em que o livro de bolso, finalmente, decolou no Brasil (com selos como Companhia de Bolso e Sabor Literário). Também a década dos eventos literários, capitaneados pela Flip; e dos prêmios literários, com destaque para o Portugal Telecom. A Geração 90 continuaria assombrando, com seus autores de qualidade duvidosa, e a chamada Geração 00 ficaria eternamente associada à internet (aos sites literários e aos blogs). O principal autor internacional do período continuaria sendo Philip Roth (mais um Nobel-que-não-foi). E o principal autor nacional do período seria Milton Hatoum, com Dois irmãos, Cinzas do Norte e Órfãos do Eldorado. Ainda se destacariam, na prosa, Cíntia Moscovich, Michel Laub e Daniel Galera; na poesia, Paulo Henriques Britto, Douglas Diegues e Fabrício Carpinejar (este oscilando um pouco); e, na crônica, Ricardo Freire, Antonio Prata e Ana Elisa Ribeiro. A principal editora a surgir, entre as tantas ligadas à internet, seria a Livros do Mal - que, além do mesmo Galera, revelaria Daniel Pellizzari e Clarah Averbuck. O principal crítico literário, no Brasil, se revelaria Sérgio Rodrigues, de NO. e NoMínimo; e, dos anos 2000, Paulo Polzonoff Jr., com passagens pelo Rascunho, por este Digestivo, por blogs e por livros como O Cabotino. A década veria, ainda, a consolidação de editoras (com, por exemplo, as aquisições do Grupo Ediouro); e a chegada das espanholas, como Planeta e Prisa-Santillana. E se pairou a ameaça da digitalização de volumes, promovida pelo Google, o livro atravessaria a década longe da pirataria (ao contrário de CDs e DVDs, no mesmo período). A nova década, contudo, acenaria com o Kindle - e o negócio do livro, então, mudaria para sempre... >>> Mais Literatura . . |
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Júlio Daio Borges,
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