Assunto: | A TEIA DE ARANHA |
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Data: | 26/Jan 15:09 |
MUITAS VEZES, O HOMEM QUE QUER VENCER PENSA QUE VAI NA DIRECÇÃO ONDE ESTÁ A VITÓRIA,SÓ PORQUE ESSE É O CAMINHO MAIS CLARO,E, AFINAL, O QUE O ESPERA NO FIM É A DERROTA E A MORTE. A LUZ PODE ENGANAR.SURGE, A QUEM PARA ELA OLHA, COMO UMA FINA TEIA DE ARANHA - BELA, OFUSCANTE PELAS GOTAS DE ORVALHO QUE A ENFEITAM E COMPLEXA NAS SUAS VOLTAS E CONTRAVOLTAS, MAS OFUSCA, ENLEIA E MATA QUEM A ELA SE DIRIGIU LEVADO SÓ POR ESSAS RAZÕES ATRAENTES, MAS ILUSÓRIAS. NEM SEMPRE O MAIS BRILHANTE ENCERRA EM SI A GLÓRIA QUE PROMETE...EM ANEXO UM BEIJO!
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Distribuído por Moranguinh Pereira (hi5)
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RUA DO OURO
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Ai dele que tanto lutou e afinal está tão só. Tão sòzinho. Chora. Direcção da Companhia Tantos de Tal. Cincoenta e três anos. Chove, lá fora. . Chora, porquê? Ora, chora. Uma crise de nervos, coisa passageira. É, talvez, pela mulher que o adora? (A êle ou à carteira?) . Seis horas. Foi-se o pessoal. O homem que venceu está sòzinho. Mas reage:que diabo. Afinal... E olha para o cofre cheínho. . Sim estou só ainda bem porque não? ele diz batengo com os punhos na mesa. Lutei e venci. Sou feliz E bate com os punhos na mesa. . Seis e meia. Ó neurastenia o homem que venceu está de borco e sente uma grande agonia que afinal é da carne de porco que comeu no outro dia. . É da carne de porco ele diz vendo a chuva que cai num saguão. É da carne de porco. Sou feliz. E ampara a cabeça com as mãos. . Durante toda a vida explorou o semelhante. Por causa dele arruinaram-se uns cem. Agora, tem medo. E o farsante diz que é feliz diz que está muito bem. . Sim, reage. Que diabo. Terei medo? E vê as horas no relógio vizinho. Mas, ai, não é tarde nem cedo. Ele, que venceu, está sòzinho. . Venceu quem? Venceu o quê? Venceu os outros Os outros, os que o queriam vencer! Arruinou-os, matou-os aos poucos. Então não o queriam lá ver? . Sim, reage: Esta noite a Leonor amanhã de manhã o Sàlemos e depois? Ah o novo motor veremos veremos veremos . Mas pouco do que diz tem sentido. Tudo hoje lhe é vago uniforme miudinho. O homem que venceu está vencido. O dinheiro tapou-lhe o caminho. . Os filhos? esperam que êle morra. A mulher? espera que êle morra. O sóciuo? Pede a Deus que êle morra! Só a Anita não quer que êle morra! . Ai, maldita carne, murmura vendo a água que há no saguão. Tinha demasiada gordura! E veste o casaco e o gabão. . Passa os olhos pelo lenço. Acabou-se. Vai sair. Talvez vá jantar? É inverno. Lá fora, faz frio. . O homem que venceu matou-se na margem mais escura do rio ao volante dum belo Packard . .
MÁRIO CESARINY
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Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Rua do Ouro - Mário Cesarinny
Etiquetas:
Literatura,
Mário Cesariny,
Moranguinho Pereira,
Poesia
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