segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Rosa Branca - António Gedeão



Teu corpinho adolescente cheira a princípio do mundo.
Ainda está por soprar a brisa que há-de agitar a tua seara.
Ainda está por romper a seara que há-de rasgar o teu solo fecundo.
Ainda está por arrotear o solo que há-de sorver a água clara.
Ainda está por ascender a nuvem que há-de chover a tua chuva.
Ainda está por arder o sol que há-de evaporar a água da tua nuvem.

Mas tudo te espera desde o princípio do mundo:
a doce brisa, a verde seara, o solo fecundo.
Tudo te espera desde o princípio de tudo:
a água clara, a fofa nuvem, o sol agudo.

Tu sabes, tu sabes tudo.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
Tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo
que desde o princípio do mundo sabem tudo.
O teu cabelo sabe que há-de crescer
e que há-de ser louro.
As tuas lágrimas sabem que hão-de correr
nas horas de choro
Os teus peitos sabem que hão-de estremecer
no dia do riso.
O teu rosto sabe que há-de enrubescer
quando for preciso.

Quando te sentires perdida
fecha os olhos e sorri.
Não tenhas medo da Vida
que a Vida vive por si.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo.
A tua inocência sabe tudo.
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http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/antonio_gedeao/rosa_branca.html
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