PRESIDIO
Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem ou ave, ao tacto sempre pouco?…
E o ventre, inconsistente como o lodo?…
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não. Meu amor… Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo…
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
vulto da primavera em pleno Outono…
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
David Mourão-Ferreira, "Lira de Bolso"
Antonioni
Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem ou ave, ao tacto sempre pouco?…
E o ventre, inconsistente como o lodo?…
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não. Meu amor… Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo…
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
vulto da primavera em pleno Outono…
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
David Mourão-Ferreira, "Lira de Bolso"
Antonioni
Part5ilhado por isabel reis
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