segunda-feira, 2 de março de 2015

Frei António das Chagas - À Vaidade do Mundo

* Frei António das Chagas


É a vaidade, Fábio, desta vida 
Rosa que na manhã lisonjeada 
Púrpuras mil com ambição coroada 
Airosa rompe, arrasta presumida; 

É planta que de Abril favorecida 
Por mares de soberba desatada, 
Florida galera empavezada, 
Surca ufana, navega destemida; 

É nau, enfim, que em breve ligeireza, 
Com presunção de fénix generosa, 
Galhardias apresta, alentos preza. 

Mas ser planta, rosa e nau vistosa 
De que importa, se aguarda sem defesa 
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa? 

Frei António das Chagas, in 'Antologia Poética' 

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