segunda-feira, 7 de março de 2016

António Gedeão “Todo o tempo é de poesia.

* António Gedeão

“Todo o tempo é de poesia.

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia.

Todo o tempo é de poesia.

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobam.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação do caos
à confusão da harmonia.”

In: Gedeão, António. “Poesias Completas”, (1956 – 1967). Livraria Sá da Costa Editora (Nona edição), 1983. Lisboa.“Movimento Perpétuo” - 1956

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/tempo-de-poesia-antonio-gedeao-90447

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