quarta-feira, 9 de março de 2016
* Carlos Barbosa de Oliveira
O abcesso e o antibiótico
Todos os que por aqui passam sabem que não votei Marcelo e que lhe tenho feito múltiplas críticas ao longo dos anos.
Essa constatação não me impede, porém, de me sentir aliviado. A saída de cena de Cavaco é um alívio para mim e - penso eu- para o país não troglodita.
Sinto-me como se me tivesse visto livre de um abcesso, depois de tomar um antibiótico.
Marcelo é o antibiótico de que o país precisava para aliviar as dores que lhe foram provocadas pelo abcesso Cavaco.
Não sou tão ingénuo, ao ponto de confundir Marcelo com um redentor. O seu mérito é ser culto, humano, inteligente e revelar alguma sensibilidade com os problemas das pessoas, receita que parece suficiente para nos aliviar da boçalidade, arrogância e dor provocada pelo abcesso que hoje foi extirpado em Belém.
O facto de Passos Coelho ter recusado ir ao almoço de Marcelo, demonstra bem que os últimos meses mudaram muito mais neste país, do que se vê à vista desarmada.
Precisamos, no entanto, de estar conscientes que os antibióticos fazem desaparecer os abcessos, mas não curam as infecções.
Eu sei que se não tratar o dente, passado algum tempo o abcesso regressa. Porventura com mais dores e obrigando a uma extracção dolorosa.
Não nos deixemos, pois, adormecer pelas palavras bonitas e pelos sinais de esperança que Marcelo hoje enviou aos portugueses. Precisamos de continuar atentos e não descurar o tratamento do dente infectado que continua a minar a nossa democracia.
Por uns instantes sentimos o alívio da dor, mas as causas da infecção permanecem.
Temos um presidente e um pm civilizados, mas não temos uma democracia consolidada, suficientemente robusta para combater as desigualdades e erradicar a pobreza. E nunca a teremos se entregarmos essa tarefa a um antibiótico.
Postado por Carlos Barbosa de Oliveira às quarta-feira, março 09, 2016
http://cronicasdorochedo.blogspot.pt/2016/03/o-abcesso-e-o-antibiotico.html
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