domingo, 21 de fevereiro de 2021

Miguel Esteves Cardoso - Visitas de livros

 * Miguel Esteves Cardoso   
 
Com este serviço de livros à porta podemos viver um bocadinho com os livros
 
Só estive alguns minutos a provocar o catálogo de livros da Rede BLX das Bibliotecas de Lisboa e fiquei logo cheio de vontade de ler oito ou nove livros, alguns deles esgotados e difíceis de encontrar. Não vou dizer quais são porque ainda posso ser tentado a ir levantá-los.

Eu disse “ir levantá-los”? Desculpem, eu queria dizer “pedir para mos virem trazer a casa”. E quanto é que me vai custar a brincadeira? Que tal nada? Nada está bem para si?


Não, não está a sonhar. E não é só em Lisboa. Escolhem-se os livros em casa e é a casa que os vão levar. Se um dos livros não agrada, passa-se logo para o outro. Como não investimos dinheiro naquele livro, não há culpabilidade que nos leve a demorarmos mais tempo com ele do que nos apetece.

É bom abandonar um livro que não nos está a trazer nada porque assim pode-se saltar imediatamente para outro livro.

O que interessa é provar. Depois, há livros que valem por um capítulo e outros que ganham em ser lidos pela rama e até há livros que são só para folhear.

Numa livraria podem-se provar dezenas de livros mas (felizmente) há inibições que nos impedem de passar mais tempo com os livros apetecidos nas mãos.

Com este serviço de livros à porta podemos viver um bocadinho com os livros, partilhá-los com quem vive connosco, formar opiniões, tirar apontamentos, até fotografar uma página ou outra.

É o êxito destas maravilhosas iniciativas que, como diz Miguel Azevedo da Biblioteca Municipal da Maia, aquece a alma.

As pessoas em casa podem ter muita coisa para ver e ler mas, mesmo em casas com muitos livros, faltam sempre livros novos, porque não há nada como pegar num livro, sentarmo-nos com ele e abri-lo pela primeira vez.

As pessoas gostam de ler. Mas faltam-lhes livros. 

Colunista
21 de Fevereiro de 2021, 6:34

https://www.publico.pt/2021/02/21/opiniao/cronica/visitas-livros-1951501

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