* Miguel Esteves Cardoso
Com este serviço de livros à porta podemos viver um bocadinho com os livros
Só estive alguns minutos a provocar o catálogo de livros da Rede BLX das Bibliotecas de Lisboa e fiquei logo cheio de vontade de ler oito ou nove livros, alguns deles esgotados e difíceis de encontrar. Não vou dizer quais são porque ainda posso ser tentado a ir levantá-los.
Eu disse “ir levantá-los”? Desculpem, eu queria dizer “pedir para mos virem trazer a casa”. E quanto é que me vai custar a brincadeira? Que tal nada? Nada está bem para si?
Não, não está a sonhar. E não é só em Lisboa. Escolhem-se os livros em casa e é a casa que os vão levar. Se um dos livros não agrada, passa-se logo para o outro. Como não investimos dinheiro naquele livro, não há culpabilidade que nos leve a demorarmos mais tempo com ele do que nos apetece.
É bom abandonar um livro que não nos está a trazer nada porque assim pode-se saltar imediatamente para outro livro.
O que interessa é provar. Depois, há livros que valem por um capítulo e outros que ganham em ser lidos pela rama e até há livros que são só para folhear.
Numa livraria podem-se provar dezenas de livros mas (felizmente) há inibições que nos impedem de passar mais tempo com os livros apetecidos nas mãos.
Com este serviço de livros à porta podemos viver um bocadinho com os livros, partilhá-los com quem vive connosco, formar opiniões, tirar apontamentos, até fotografar uma página ou outra.
É o êxito destas maravilhosas iniciativas que, como diz Miguel Azevedo da Biblioteca Municipal da Maia, aquece a alma.
As pessoas em casa podem ter muita coisa para ver e ler mas, mesmo em casas com muitos livros, faltam sempre livros novos, porque não há nada como pegar num livro, sentarmo-nos com ele e abri-lo pela primeira vez.
As pessoas gostam de ler. Mas faltam-lhes livros.
Colunista
21 de Fevereiro de 2021, 6:34
https://www.publico.pt/2021/02/21/opiniao/cronica/visitas-livros-1951501
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