A JUVENTUDE
E GOUVEIA E MELO, O ALMIRANTE DAS VACINAS, por José Manuel Correia Pinto
A nossa
juventude parece desconhecer que a situação em que hoje se encontra, apesar das
dificuldades e de algumas carências inegáveis, é incomparavelmente melhor -
muitíssimo melhor - do que a da juventude há 50 anos.
Essa melhoria
gradualmente alargada a todas as camadas da população deve- se - é bom nunca o
esquecer - à generosa e corajosa acção de um grupo de jovens militares que
derrubou um governo retrógado e instalou, com o apoio popular, um regime de
igualdade de direitos para todos, dando voz a quem nunca a tinha tido. A
primeira grande conquista que esses jovens militares alcançaram foi a que pôs
termo a uma guerra injusta, que se arrastava há treze anos, e que mantinha
refém dela toda a juventude portuguesa.
Depois veio a
paz, a juventude foi gradualmente esquecendo a guerra, até ter chegado à triste
situação de acreditar estar esse problema resolvido para sempre,
desinteressando -se dele, como assunto que deixava de lhe dizer respeito.
Erro fatal da
juventude. Se a juventude não tomar em suas mãos a defesa da paz não faltará
agora, como sempre, quem a queira mergulhar na guerra, fazendo dela a primeira
vítima desses tenebrosos propósitos.
Por isso o
apelo que faço à juventude, a toda a juventude e não apenas à que frequenta as
universidades, é que leiam o discurso proferido em Aveiro, pelo do Chefe do
Estado Maior da Armada, Gouveia e Melo, conhecido como o almirante das vacinas,
e se revoltem contra o belicismo criminoso de quem quer fazer de vós carne para
canhão.
Portugal não
está ameaçado por nenhum país. Porém, Portugal pertence a uma organização
militar, agressiva, que desde há trinta anos não tem feito outra coisa que
agredir Estados e fomentar a guerra.
No actual
momento histórico a situação é particularmente grave por ter incentivado uma
guerra na Europa, que lhe está a correr muito mal, e por isso se prepara para
nela intervir directamente por vosso intermédio, enviando-vos para o campo de
batalha com o falso pretexto de que ireis defender-nos dos que nos querem
atacar .
É mentira. O
que se passa é exactamente o contrario. Se a juventude não quiser ser a
primeira vítima do massacre em grande escala que dessa guerra resultará, ela
terá de lutar pela paz, denunciar e expulsar dos lugares de responsabilidade
todos aqueles que querem fazer a guerra.
Se esse combate
não for travado hoje, amanhã já será tarde.
Está nas vossas
mãos, nas mãos da juventude, viver em paz ou morrer na guerra .
Não será depois
de terdes sido mobilizados para combater no campo de batalha que o protesto
pode ser feito. Para ser eficaz, ele terá de começar imediatamente e somente
terminar quando o espectro da guerra tiver sido afastado
Viver em paz ou
morrer na guerra depende vós, apenas de vós, e não de qualquer militar ou de
qualquer politico!
https://www.facebook.com/josemanuel.correiapinto.9/
Gouveia e Melo assume a necessidade
de a Marinha e as forças armadas estarem em estado de prontidão, preparando as
reservas e olhar para o serviço militar. A ameaça é real, por Alexandra
Machado, Texto, e Luis Soares, Texto
12 maio. 2024,
"Não haverá manteiga nas nossas mesas sem canhões que as garantam", declarou Gouveia e Melo.
A Marinha está a considerar “bastante” a possibilidade de poder “entrar em operações reais”, pelo que “encara” o futuro “numa perspetiva de maior prontidão”. Henrique Gouveia e Melo, chefe do Estado Maior da Armada, fez estes avisos este domingo em Aveiro, dizendo ser necessário preparar as forças armadas para o que aí vem, nomeadamente preparando as reservas materiais e humanas.
“Na perspetiva da Marinha importa perceber que, pela primeira vez em muitos anos, a possibilidade de poder vir a entrar em operações reais é bastante considerada”, havendo, pois, “a necessidade de apressar o aprestamento dos navios, reforçar o treino e preparar as reservas, sejam materiais ou humanas. Vamos viver tempos difíceis com elevada tensão e incerteza que nos obrigarão a encarar o nosso futuro numa perspetiva de maior prontidão”.
Sublinhando não pretender ser “pessimista ou alarmista”, acrescentou, num discurso em Aveiro, onde a Marinha recebeu a medalha de ouro do município, que “a dissuasão é certamente a melhor estratégia e o reforço do nosso espírito anímico para cumprirmos com os deveres que nos são exigidos será posto à prova. Tenho a certeza que a marinha portuguesa essencialmente a sua componente humana estará à altura dos acontecimentos, esteja Portugal também à altura deles”.
“Os tempos que se avizinham são perigosos, ignorá-los não é uma opção, estamos perante um momento em que dois pilares, a nossa segurança e prosperidade, NATO e União Europeia, poderão vir a ser submetidos às maiores provações e testes de stress” e Portugal “deverá ter em conta que na sua posição geoestratégica, apesar de aparentemente afastada da linha da frente de batalha, não poderá ignorar as tempestades que se aproximam”.
Gouveia e Melo pede reação da sociedade e que saia “do estado de comodismo e de indiferença e de uma certa preocupação inconsequente em que nos encontramos”. E clama que se ponha em marcha “um plano efetivo”.
“A defesa dos nossos interesses, as nossas vidas exige mais do que nunca uma atitude ativa e vigilante. Anseio que a Europa e Portugal, à dimensão dos nossos interesses, perscrutemos o horizonte, colocando em marcha um plano efetivo, percebendo que o conflito tampão da Ucrânia é decisivo para a segurança europeia”, e, por isso, é “importante desenvolver rapidamente um forte complexo militar e industrial europeu, olhar para o sistema de recrutamento e conscrição [por regra associado ao serviço militar obrigatório] generalizada e prepararmo-nos para reforçar de vez o pilar europeu da NATO.
As declarações de Gouveia e Melo sobre o serviço militar obrigatório têm vindo a suscitar algum debate público. Primeiro, em artigo de opinião no Expresso, em março deste ano, defendeu que este tipo de recrutamento poderá ter de ser reequacionado. Para mais tarde explicar que “o modelo antigo [do Serviço Militar Obrigatório] é precisamente isso, o modelo antigo. Tem que se encontrar uma nova resposta. Isso não é algo que se encontre amanhã, tem que ser discutida, tem que ser uma resposta que o poder político aceite, que a população aceite, porque só todos nós em conjunto podemos dar uma resposta que seja uma resposta do próprio país”, explicou em abril.
Explicou, novamente, em Aveiro as
suas preocupações. “O chapéu protetor dos EUA será posto em causa não só por
Donald Trump como pelos desafios que os EUA enfrentam no Pacífico. Não havendo
espaço para cooperar, na Europa dissuadir será sempre melhor e mais económico
que combater. É tempo de perceber que não haverá manteiga nas nossas mesas sem
canhões que as garantam”.
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