domingo, 3 de maio de 2009

Estrela da Tarde - Ary dos Santos

Assunto: ESPERANÇA... QUE ÉS UM RIO!
Data: 1/Mai 13:33

LANCEI A ÂNCORA AO MAR DA VIDA NO LUGAR QUE A FADA ME INDICOU. PERGUNTEI-LHE QUANTO TEMPO DEMORARIAS.....SORRIU E EVAPOROU. PRIMEIRO FIQUEI DE PÉ - QUERIA QUE ME VISSES ALTIVA COMO A PROA DE UM NAVIO E QUISESSES EMBARCAR....MAS OS PONTEIROS DO TEMPO ME OBRIGARAM A SENTAR. SORRI A QUEM FOI PASSANDO, P'RA CAUSAR BOA IMPRESSÃO, ATÉ QUE OS LÁBIOS SE RECUSARAM A FAZER O QUE NÃO QUERIAM E SE CERRARAM, CANSADOS.JÁ SÓ RESTAVA O OLHAR E A ONDA DE DESILUSÃO QUE NO MEU PEITO CRESCIA....AMOR NUNCA TERIA...ATÉ AS FADAS SE ENGANAM...LANCEI OS OLHOS P'RA LONGE....PARA O SOL E PARA O MAR...ENTÃO A LÁGRIMA NASCEU...DEVAGAR FOI DESLIZANDO....E NA TUA MÃO SUMIU!

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Distribuído por Moranguinho Pereira (HI5)

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ESTRELA DA TARDE

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

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José Carlos Ary dos Santos
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