Gioconda diz:
4/Mai/2009 13:22
.
.
Olá, amigo Victor, espero que a direita já esteja operacional (a sua mão, é claro! lol). Vim trazer buganvílias e um beijinho em cada face.
Poema da buganvília
Algum dia o poema será a buganvília
pendente deste muro da Calçada da Graça.
Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a família,
e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa.
Mas antes desse dia há-de secar a buganvília
e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo.
Depois cairá o muro.
E como o tempo passa
mesmo contra a vontade,
também há-de acabar a Calçada da Graça
e o resto da cidade.
Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso
que é o mais leve de tudo que se pode supor,
será esse o momento de o poema ser flor,
mas já não é preciso.
António Gedeão
Obra Poética
Edições João Sá da Costa
2001
.
Sem comentários:
Enviar um comentário