quarta-feira, 6 de maio de 2009

Poema da buganvília .- António Gedeão

Gioconda diz:
4/Mai/2009 13:22
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Olá, amigo Victor, espero que a direita já esteja operacional (a sua mão, é claro! lol). Vim trazer buganvílias e um beijinho em cada face.

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Poema da buganvília

Algum dia o poema será a buganvília
pendente deste muro da Calçada da Graça.
Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a família,
e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa.

Mas antes desse dia há-de secar a buganvília
e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo.
Depois cairá o muro.
E como o tempo passa
mesmo contra a vontade,
também há-de acabar a Calçada da Graça
e o resto da cidade.

Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso
que é o mais leve de tudo que se pode supor,
será esse o momento de o poema ser flor,
mas já não é preciso.



António Gedeão
Obra Poética
Edições João Sá da Costa
2001

http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/


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