* Fábio Ferreira
Na cruz da inocência
grita a voz da Memória
á sombra da existência
que canta ainda uma História:
“ nestes campos de Baleizão
que são vermelhos de amor e de traição,
onde o trigo apenas mata a fome
de quem lhe rouba e lhe consome.”
Sempre no mês de Maio
uma andorinha junto das serranas vem chorar
sobre dezanove lágrimas de maio,
e o trigo que nesse dia, não se vai bulhar.
Chama aos gritos as terras do Alentejo
pelo nome que da morte se fez em pão
onde o campo, ao seu corpo deu-lhe um beijo
que foi no vento, espalhado sementes de trigo e compaixão.
A um penedo amargo, foi-lhe dado o nome de carrajola
onde junto dele, a doce Ceifeira cantava a sua fome.
Num acto de raiva e impotência, com a forma de uma pistola
o vil penedo se deu em três violentas fúria de dome.
Nos muros brancos caiados ainda se pode ouvir
a quente e justa voz, da Ceifeira do Alentejo;
onde o seu Coração nas nossas mãos se consegue sentir
e a negra andorinha trás nas suas asas aquele antigo desejo.
Poema de:
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