domingo, 23 de dezembro de 2007

Literatura Policial - alguns autores

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Polícias e ladrões

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Advogados, detectives, criminosos, simples curiosos: a literatura policial e criminal está cheia de figuras que se tornaram mais conhecidas que os seus próprios autores.



Maigret

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O inspector Maigret é uma das mais célebres personagens da literatura policial. Como Sherlock Holmes ou Poirot, tornou-se objecto de culto graças aos 84 mistérios de que foi protagonista.

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Maigret é, originalmente, de uma zona rural. Foi para Paris para estudar medicina, mas acabou por se juntar à Polícia, tendo chegado ao cargo de superintendente. Amante da boa comida (a sua mulher é uma excelente cozinheira), é também um grande bebedor. Ao longo das páginas das novelas de Simenon, são consumidas muitas cervejas (contas feitas, mais do que parece ser possível) para além de vinho e Calvados, acompanhados, no curso dos interrogatórios, por indispensáveis sanduíches e por um cachimbo.

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As novelas de Maigret apresentam quase sempre crimes violentos, centrando-se a análise humana nos motivos que levam uma pessoa a matar outra. Apesar de tudo, há um lado optimista, nostálgico e esperançoso da vida que Simenon deixa transparecer. Entre os livros mais célebres do inspector Maigret encontra-se O Homem Que Via Passar os Comboios (1938).

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Tom Ripley

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Tom Ripley, personagem de Patricia Highsmith que surgiu já em vários romances da autora, tem a particularidade de ser protagonista e simultaneamente o criminoso da história. Mas um crimonoso muito especial.Ripley surge em O Talentoso Mr. Ripley como um homem que, fascinado pelo modo de vida de uma classe abastada, um mundo a que tem acesso através de Dickie Greenleaf, decide que quer ser Greenleaf, e todos os meios se justificam para conseguir permanecer nesse mundo. Ripley age sem que qualquer compulsão moral conduza os seus actos, e é esta amoralidade que faz dele uma personagem ao mesmo tempo repugnante e simpática. Acompanhamos a justificação dos seus actos e vemos o mundo pelos seus olhos; entramos num mundo que não se rege pelas mesmas regras.

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Perry Mason

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O advogado Perry Mason, criado por Erle Stanley Gardner, surgiu como personagem no início dos anos 30, depois de alguns anos de histórias policiais de estilo sensacionalista publicadas pelo autor, também ele advogado. Perry Mason é um advogado criminalista capaz, nas novelas iniciais, de utilizar a força e métodos menos ortodoxos para conseguir provar a inocência dos seus clientes perante o tribunal. A personagem tornou-se, com o passar do tempo, mais branda nos seus métodos, sem com isso perder a obstinação que o levava, por meio de raciocínios e interrogatórios brilhantes às testemunhas, a sair triunfante e a ilibar os seus clientes.

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Perry Mason não actuava sozinho. Da sua equipa faziam parte o investigador Paul Drake e Della Street, a secretária fiel. As relações possíveis entre Mason e Della são um dos ingredientes activos das novelas: os leitores especulavam sobre qual a natureza do seu relacionamento - estritamente profissional? E iria Gardner, alguma vez, casá-los? A indefinição mantinha-se; Mason chega, por duas ou três vezes, a declarar-se a Della, mas esta não o aceita como marido, embora seja capaz de fazer tudo por ele, alegando que ele não é o tipo de homem feito para ser casado.

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Perry Mason tornou-se o mais célebre advogado protaagonista de romances policiais. Adaptações a teatro, a cinema e a televisão ajudaram a popularizá-lo ainda mais.

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Veja aqui alguns dos mistérios de Perry Mason.

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Sherlock Holmes

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O mais famoso dos detectives, a mais célebre figura da literatura policial, a grande criação de Arthur Conan Doyle, que o lança em 1887. Tão célebre que existe hoje, para esta personagem, um museu, em Londres, e inúmeras sociedades a ele dedicadas.

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Alguns elementos são fundamentais para a caracterização de Holmes: o chapéu, o cachimbo, o violino (que tocava terrivelmente, mas sem o qual não passava), e Watson. Watson é o companheiro fiel das suas aventuras de investigação criminal. Sem Watson, Sherlock não seria o mesmo. É este quem quase sempre narra a s suas aventuras e nos apresenta o mestre do disfarce e da dedução lógica. A partir de um simples detalhe, insignificante para qualquer outra pessoa - como uma mancha de lama num vestido, por exemplo - Holmes é capaz de concluir inúmeros factos sobre a vida daqueles que o consultam ou com quem se cruza no decurso das investigações. Como chega ele às suas conclusões? «Elementar, meu caro Watson!», é a sua resposta mais famosa. Nos contos e novelas que protagoniza, e segundo as palavras de Watson, Holmes eleva a dedução lógica à categoria de ciência exacta.

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Homem de hábitos britânicos, Holmes é também dono de um espírito agitado e capaz de todos os imprevistos quando se trata de resolver mistérios. Só ocupando a sua mente consegue fugir do estado melancólico que o ataca quando está entediado. Quase tão importante quanto Watson é o professor Moriarty, mestre do crime e seu inimigo mortal, o único capaz de fazer frente e Holmes. Mais do que a oposição entre o Bem e o Mal, trata-se aqui do confronto entre dois espíritos brilhantes.

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Veja aqui as obras completas de Sherlock Holmes.

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Hercule Poirot
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Hercule Poirot, a mais célebre personagem de Agatha Christie, não é francês, mas belga. Um pormenor mais numa figura que deve muito da sua fama aos pormenores. Como em tantas outras grandes figuras da literatura criminal, há alguns traços que repetidamente nos definem este detective: o bigode, artístico e perfeitamente simétrico; o gosto pela geometria (que se vê, por exemplo, na decoração da sua casa) e pela organização. De hábitos firmados, Poirot aprecia o conforto moderno da sua casa em Londres, as suas tisanas, a eficiência de Miss Lemon, a secretária, e a companhia do seu amigo inglês, Hastings, que, tal como Watson nas novelas de Sherlock Holmes, funciona como contraponto para o detective.

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A obsessão pela resolução de todos os pormenores dos seus casos é uma exigência da sua mente brilhante, capaz de deduzir, de analisar a natureza humana, de conceber e encenar esquemas que obrigam as outras personagens a denunciar-se e a revelar os seus segredos.

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Tal como Sherlock Holmes e Perry Mason, Poirot conheceu grande sucesso nas adaptações à televisão.

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Conheça aqui algumas das obras protagonizadas por Poirot.

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Pepe Carvalho

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Pepe Carvalho, uma criação literária do escritor espanhol Manuel Vázquez Montalbán, é já um clássico. De ascendênca portuguesa, Carvalho vive em Barcelona. É um homem que entra já na meia idade, um desencantado, por vezes cínico. Possui uma vasta biblioteca, mas, desiludido da literatura, utliza os livros para acender a lareira - para o prazer de, por exemplo, queimar hoje um Stendhal, amanhã qualquer outro clássico.

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O seu maior prazer vem da comida - para além de um bom garfo, é um excelente cozinheiro, e Montalbán presenteia-nos com as descrição dos petiscos que prepara para si e, por vezes, para Biscuter, seu ajudante, ou para Charo, uma prostituta com quem está envolvido.

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O mundo de Carvalho é o da Espanha actual, e especificamente o de Barcelona, que percorre nas páginas das novelas. Deslocando-se por vezes a destino exóticos, como em Os Pássaros de Banguecoque, nem por isso os dramas e vícios do mundo ocidental deixam de estar no centro da intriga. Carvalho é um homem duro, mas capaz de se emocionar com o sofrimento alheio e, acima de tudo, com um humor corrosivo: Montalbán apresenta situações hilariantes, ou ridículas, no meio da tragédia das vidas humanas.

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