sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Senhora do Lago

Segunda-feira, Setembro 04, 2006

Lar doce lar...

Já sei onde está o mal que me aflige! Descobri-o hoje ao entrar em casa, quando o meu estado de espírito se alterou assim que pisei a tijoleira... O meu mal está neste chão, nestas paredes, neste recesso que me aborrece, que me tira a visão do Sol, da claridade, do ar lá de fora. Estou fartinha de estar em casa! Mas o que fazer depois de tomado o cafézinho?! Qualquer coisa serviria, na verdade... qualquer coisa, menos vir novamente para casa! Mas falta-me iniciativa... e passividade tenho-a aos molhos. Assim, depois de errado o caminho que me levaria ao pé do mar, aceito o erro com resignação e abafo-me novamente em casa, onde o ar não circula, onde nem as janelas me apetece abrir, onde simplesmente deixei de ser...

Quinta-feira, Agosto 24, 2006

Uma questão de espaço

Sinto saudades do tempo em que escrevia sem receios, em que simplesmente libertava a minha necessidade de falar sobre as coisas, por mais tontas que parecessem aos olhos de quem me lia. Passei, supostamente, a ter coisas mais importantes, valores mais altos que me sujeitam a uma repressão que ninguém me pede ou exige. Coisas que perdi em troca de coisas que ganhei. Julgo que deve ser assim que as coisas devem acontecer, no entanto, hoje, talvez por não ter ainda conseguido dormir, lembrei-me do tempo em que, tal como agora, me custava a adormecer. Causas muito diferentes me tiravam o sono, mas o sentimento de angústia é semelhante. Deitada na cama, num enorme esforço por manter a mente completamente vazia, tento concentrar-me em nada e não consigo. Vejo imagens, ouço frases, penso em estratégias de acção e, num acto de quase desespero, desisto de tentar dormir. Pôr roupa a lavar é uma forma de me sentir um pouco mais útil. Há dias precisei de limpar a casa e de ir às compras, mal o dia amanheceu. Uma necessidade infinita de fazer alguma coisa que me fizesse sentir bem comigo mesma ou, pelo menos, melhor. Pena que o estímulo não se estendesse ao "passar a ferro", mas, menos mal, já não foi mau de todo..

Tenho desvalorizado algumas coisas que sempre me deram prazer, coisas a que agora me apanho a achar patetas ou sem importância. Pequenos momentos que dedicava exclusivamente à arte de ser tonta. E se os fizer já quase não são tema de conversa. Falo menos, rio-me menos, digo menos parvoíces, tornei-me (quase) uma "senhora". E esqueci-me que era nesses momentos que era mais feliz. Precisava de "brilhar" para me sentir amada. Descobri recentemente que esse tipo de sentimento não é exclusivo, que a maioria das mulheres sente o mesmo, mas nem por isso, vivo melhor com o assunto no momento em que me apercebo que há outras pessoas que também querem e precisam de brilhar, de dizer patetices, de se sentirem, como eu, amadas, queridas pelos outros. Julgo que preciso apenas de encontrar o meu espaço nesta nova dimensão. Deixei de ser o bôbo (não me enganei no acento) da corte, aceito-o ou, eventualmente, encontro outras formas de continuar a ser tonta sem me reprimir por isso. Preciso aceitar que, embora haja quem faça melhor do que eu, eu ocupo um espaço meu, um espaço indispensável à minha sobrevivência. O problema não está, certamente, em quem ocupa muito espaço, mas sim em quem não consegue manter o seu!

Depois de dormir, provavelmente, arrepender-me-ei disto que aqui deixei, mas hoje vou permitir-me fazê-lo, apenas porque pôr roupa a lavar não foi suficiente..
publicada por Senhora_d0_Lago @ 10:11 AM

2 comentários:

A OUTRA disse...

Deixa-me rir!...
Senhora do Lago:
Deixe a roupa, vá para a rua a seuguir ao cafezinho vá dar uma volta, nem que seja ao quarteirão, converse com quem primeiro aparecer, olhe para o Céu e vejo o azul ou o cinzento se chuver, faça precisamente o que não lhe apetecer, mas por amor do Criador viva o melhor que lhe for possível.
A roupa não foje, fica à sua espera, os pratos, não se lavam sozinhos, vá para a rua, vá ver o mar, é ao ar livre que as neuras se curam.
BOM ANO
Maria

A OUTRA disse...

Desculpem-me os erros no comentário que fiz na Senhora do Lago, foi a pressa com que escrevi e não conferi para ver se tinha metido o pé na argola.
Lá por ser Fim de ano, juro que não tinha ainda bebido alcoól, até porque é coisa de que não gosto.
Esta explicação é só para que a Senhora do Lago, apesar de eu a ter maltratado tanto não fique ainda mais triste por ver que eu lhe escrevi sem o cuidado que devia ter.
Ela até me merece muita consideração e cpmpreendo a sua vida.
Um bj para a Senhora do Lago da Maria